terça-feira, 1 de maio de 2012

WiFi achado não é roubado

Andei falando recentemente sobre WiFi e isso fez uma história voltar em minha memória. No texto “Desembaraçando sua rede sem fio! Ufa! contei uma situação na qual o excesso de redes em determinado local me levou a decifrar uma um enigma. A história que conto agora vem nos primórdios das redes sem fio quando exatamente o contrário ocorria, não havia redes sem fio.

Hoje em dia WiFi é algo tão prosaico e parte de nosso dia a dia que é difícil pensar que um dia isso não existiu. Mas claro que não foi assim. Somente nos anos 2000/2001 começaram a surgir os primeiros produtos para uso doméstico. Isso porque o padrão de comunicação 802.11b (11 Mbps) foi ratificado pelo IEEE no final de 1999. O grande impulso para a adoção à tecnologia WiFi foi dado pela INTEL quando em 2003 introduziu a plataforma Centrino que continha o adaptador de rede sem fio embutido no próprio notebook. Mas antes disso WiFi era apenas assunto conhecido pelos usuários mais ligados às novidades, também chamados de  “entusiastas de tecnologia”. E confesso que quando ouvi falar de rede sem fio fiquei bastante entusiasmado. Queria experimentar isso imediatamente.

Em 2002, ou seja, dez anos atrás eu comprei um “kit WiFi” em uma viagem internacional que fiz. Paguei caro. Muito caro! Mas queria começar a usar o que imaginava poderia vir a ser uma tecnologia vencedora. Precisava conhecer, entender e usar aquilo. Por isso eu adquiri um Access Point DLINK DWL-1000AP e um adaptador USB para meu notebook. Apenas o Access Point me custou mais de US$ 400. Pelo adaptador WiFi USB paguei mais de US$ 150. E destaco que era o WiFi de velocidade 11 Mbps (802.11b). Hoje em dia o usuário compra no mercado americano um roteador (mais recursos que um simples Access Point) de velocidade 150 ou 300 Mbps (802.11n) por US$ 60 e um adaptador USB por míseros US$ 25 (lembrando que  hoje em dia todos os notebooks já contam com wireless).



O pioneiro Access Point DLINK DWL 1000AP




O pioneiro Access Point DLINK DWL 1000AP

Paguei caro, mas não me arrependo. Usei a tecnologia intensamente, de forma satisfatória  e com grande antecedência em relação à média do mercado. Exatamente por isso no começo eu nem pensava em segurança. Hoje em dia, no prédio que moro, se vasculhar a redes sem fio das redondezas vou achar facilmente mais de 40. Na época havia somente a minha!! Por isso mesmo deixei minha rede aberta, sem exigência de senha para acessá-la.

Algum tempo depois, quando começou a se popularizar a tecnologia meu vizinho veio conversar comigo a respeito. Ele era dentista e muito interessado em novidades e tecnologias. Usava um desktop e um notebook da Apple (precursor dos Macbooks). Ele me contou que contratara um técnico para instalar rede sem fio em seu apartamento, pois ele havia comprado “os aparelhos” (o Access Point e o adaptador USB). Comentei com ele que já usava havia um bom tempo, que funcionava muito bem. Contei para ele que para usar Internet em qualquer ponto da casa era ótimo. Apenas cópias de arquivos grandes eram morosas por conta da velocidade (11 Mbps). Ele ficou muito animado e disse que ia me contar quando estivesse tudo funcionando.

Passaram-se algumas semanas sem que eu o encontrasse, pois ele viajava muito. Naquela ocasião eu vivia uma das crises que tive com minha banda larga da TELEFONICA (Speedy) com desempenho oscilante. Foi neste contexto que eu o encontrei novamente. Ele me falou que a rede sem fio era muito mais simples do que ele imaginara!! Estava tudo funcionando às mil maravilhas. Nosso diálogo foi mais ou menos assim:

Este negócio é bom mesmo, eu uso nos meus Macs a Internet na sala, no quarto, na cozinha...

Até na cozinha e no banheiro se você quiser!

Nem precisei do técnico. Eu meti a cara e fui ligando tudo na tomada e quando vi tudo estava funcionando. Que coisa incrível. Dispensei o trabalho do técnico, economizei uma grana...

Mas e configuração do roteador/access point, você fez sozinho?

Olha eu liguei tudo nas tomadas, pluguei o USB em meu Mac, coloquei o CD. Deu tudo certo. Inclusive o tal roteador eu acabei vendendo, pois vi que não precisava.

Vendeu o roteador?? Como assim não precisava??

É que um belo dia ele ficou desligado e vi que o tal WiFi é forte mesmo, pega sem o roteador.

Neste momento eu percebi o que tinha havia se passado. Como ele não soube instalar o roteador/access point sozinho, ele achou que estava tudo funcionando e na verdade ele se conectara na MINHA REDE!! E até o roteador ele tinha vendido!! Eu até dei risada mas expliquei para ele o que acontecera.

Na verdade a oscilação de desempenho que eu vinha percebendo na minha conexão de banda larga não era (neste particular episódio) culpa da TELEFONICA. Era motivado pelo “sócio” que arrumei para a minha Internet!! Quando ele entendeu ficou até com vergonha, pediu desculpas... Não tinha porque ele ficar constrangido. Foi um acidente que com certeza pode ter acontecido com tantas e tantas outras pessoas.

A partir deste dia eu percebi que chegara a hora de ativar a segurança de minha rede sem fio. Eu o orientei a comprar novamente o roteador WiFi. Ajudei-o a instalar, também foi colocada senha para ele. A partir deste dia criamos um “pool de Internet”. Como seu provedor era NET Virtua e o meu TELEFONICA Speedy, quando eu tinha queda de conexão usava a rede dele. Quando ele tinha problema com sua Internet usava minha rede sem fio. Tínhamos as senhas um do outro.

A lição que aprendi com este episódio é que não se pode menosprezar a velocidade de adoção de uma tecnologia como eu fiz. Ignorei os mais básicos preceitos de segurança por saber que não havia outras pessoas usando os mesmos recursos que eu. Mas o tempo passa e meu vizinho, dentista, amante da tecnologia usurpou minha conexão, sem culpa e sem saber.

Este texto também seria um ótimo ponto de partida para a discussão sobre “WiFi livre”, como em algumas cidades do mundo grupos vem defendendo e provendo para seus moradores e com ajuda dos próprios munícipes que deixam sinal aberto e sinalizam isso por meio de bandeiras nas portas de suas casas. Mas isso já é outro assunto. De fato meu vizinho sem perceber se valeu do ditado “achado não é roubado”, mas o que ele achou foi o meu WiFi desprotegido!! Erro meu!

2 comentários:

  1. Daquelas "contando ninguém acedita.." hrs

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    1. Oi Paulo!! Pode acreditar!! :-) Coisas incríveis acontecem comigo e eu não deixo de contar em forma de textos !!! Abs

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