segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Micro SD 64 GB Sandisk, um negócio da China... que não foi!

Smartphones habitualmente demandam mais espaço para armazenamento. Por isso mesmo quis reforçar meu aparelho que já tem 32 GB com um cartão de 64 GB e assim ser capaz de usar esta nova área para fotos, vídeos, mapas de GPS e algumas outras coisinhas que demandam espaço.

Aqui no Brasil um cartão desses custa entre de R$ 180,00 e R$ 270,00 (dependendo do modelo). Não era algo prioritário para mim, mas uma vez que estava na China, mais especificamente em Shanghai, achei que seria uma boa ideia achar um bom negócio por lá. Afinal quem não quer mesmo fazer literalmente um “negócio da China”!!??

Vi alguns desses cartões de memória ofertados a CHY 280, equivalente a R$ 224. Isso não teria vantagem alguma, pois é o preço do Brasil. Mas eu fora avisado sobre o comércio local na China, em particular o local onde eu me encontrava. Era um lugar no qual a barganha é obrigatória.
  

Figura 01 – Centro comercial multi tudo onde comprei o cartão de memória

Como eu não estava definitivamente querendo comprar o cartão, perguntei o preço de forma descomprometida e se seguiu um diálogo, em inglês, mais ou menos assim:
     
Xandó: Qual o preço do cartão de memória micro SD Sandisk de 64 GB?

Vendedor: CHY 280. É de primeira linha, ótima qualidade.

Xandó: OK, mas não me interessa, está acima do preço que acho justo.

Vendedor: Quanto você quer pagar?

Xandó: Esquece, eu não quero mais...



Figura 02 – o cartão de memória que negociava com o vendedor Chinês

Vendedor: Faço CHY 225!!

Xandó: Não, não , mudei de ideia, obrigado

Vendedor: Quanto você paga?


Xandó: Eu não pago nada, não vou levar. Apenas quis saber o preço

Nessa hora algo bizarro aconteceu!! Eu saí da loja e o vendedor veio atrás de mim, segurando no meu braço!! Ele insistia muito enquanto eu andava pelos corredores do centro comercial. Ele não parava de diminuir o preço.

Vendedor: Faço por CHY 180!!

Xandó: Não, não, meus amigos estão indo embora e preciso pegar um ônibus com eles!!

Vendedor: CHY 150!!

Xandó: Não!!


Vendedor: CHY 140!! Quanto você oferece??

Xandó: Não quero mesmo!!

Vendedor: CHY 130? CHY 125?

Xandó: Não vou levar, estou com pressa!

Vendedor: CHY 110!? CHY 100!!! 100 é meu menor preço.


Quando ele chegou a CHY 100 a fiz a conta na minha cabeça. Eu nunca na minha vida iria comprar o micro SD de 64 GB por R$ 80,  e me deixei seduzir...

Xandó: Por CHY 100 eu compro, mas só posso pagar com cartão de crédito e só levo se eu puder TESTAR o cartão de memória!! E só tenho 2 minutos, preciso ir embora!


Vendedor: OK, OK, espere aqui, vou buscar a máquina do cartão de crédito.
    
Nesta hora eu abri a embalagem e montei o cartão micro SD de 64 GB em meu smartphone (Android). Ele foi prontamente reconhecido, estava presente e na capacidade certa. Cuidadoso que sou ainda mudei a configuração da câmera para gravar as fotos no cartão e tirei 4 ou 5 fotos. Pude achar as fotos no cartão e vê-las uma a uma.  Estava tudo certo.

Quando o vendedor voltou eu falei que tinha testado e tudo bem. Ele ao me dar a máquina do cartão para eu confirmar a compra ele tinha digitado CHY 200 e não CHY 100. Eu questionei:
     
Xandó: nós combinamos CHY 100 e não CHY 200. Pode corrigir!

Vendedor: o cartão já está no seu smartphone e funcionando, certo?  Só posso fazer esse preço CHY 100 se levar DOIS cartões e não um só!!

Malandro ele!! Eu falei que ia devolver, já fui desligando o smartphone para retirar o cartão e desfazer o negócio. Eu me senti enganado!!

Vendedor: OK, OK eu faço então um só por CHY 100!! Você é um negociador duro!!


Saí de lá todo contente por ter feito um ótimo negócio!! De fato eu não estava muito a fim de comprar e por isso fui bem “nem aí” durante a negociação. Meu smartphone estava agora super vitaminado, cheio de memória!!

Neste mesmo dia peguei o avião para retornar ao Brasil. Quando estava em Doha, no Catar, local de escala do voo para o Brasil desliguei o telefone para dar uma carga nele. Depois de um tempo eu o religuei, já com 100% de carga. Fui olhar as fotos e para minha surpresa não havia nenhuma! Cheguei a ficar em dúvida se eu tinha apagado, afinal eram apenas testes de funcionamento do cartão. Todas as 800 fotos tiradas na viagem à China ainda estavam na memória interna do aparelho.

Já no Brasil, para me certificar tirei mais algumas fotos. Eu as conferi gravadas no cartão de memória. Em seguida desliguei o aparelho e liguei de novo. TODAS AS NOVAS FOTOS SUMIRAM DO CARTÃO DE MEMÓRIA!! Resumindo eu fui vítima da venda de um cartão FALSO, ou no mínimo com defeito de fabricação que não vale nada!! TOMEI DA CABEÇA!! Perdi R$ 80 (CHY 100).


Figura 03 – o meu PRÓPRIO cartão de memória que só retém informação com o smartphone ligado

Este cartão falso/defeituoso deve custar algo perto de ZERO para ele. Se eu tivesse recusado os CHY 100 ele possivelmente baixaria ainda mais seu preço pois ainda assim estaria ganhando algo com este lixo de cartão!! A embalagem era perfeita, a aparência do cartão também era (para mim) perfeita. Fiquei bastante aborrecido por ter sido enganado!! Menos mal que o valor acabou sendo baixo. E o lado “bom” é poder contar esta história para os meus leitores para alertá-los!!

Quais são as lições aprendidas? A mais óbvia de todas. Quando o preço é baixo demais temos que desconfiar. Embora o golpe tenha sido ENGENHOSO, pois o cartão passava nos testes de reconhecimento, gravação e exibição das fotos. Mas ele só retinha o conteúdo enquanto o telefone permanecesse ligado!!!

Minha amiga, Mirian Aquino, jornalista de Brasília, brincando (ou não) me sugeriu vender este cartão de memória para algum político envolvido na operação LAVA JATO, afinal bastaria desligar o aparelho que as provas da falcatruas seriam apagadas!!!!!

Fazer o quê?!! Tomei na cabeça e aprendi (de novo) mais uma!! Fica a dica!!

Falando em dica, quem quiser saber mais sobre o motivo de minha viagem, o HCC 2015, Huawei Cloud Congress, pode ler o interessante relato “Huawei Cloud Congress 2015 - o presente e o futuro da Nuvem!”. Fica o convite!




Figura 04 – fiquei me sentindo assim!!


Figura 05 – é... eu pisei na bola mesmo!!

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Huawei Cloud Congress 2015 - o presente e o futuro da Nuvem!

O imenso desafio de uma empresa que cresce bastante é manter o foco e a coerência entre suas diferentes linhas de produtos. A gigante chinesa Huawei, fundada em 1987 por Ren Zhengfei, visionário empreendedor, nasceu nos anos 80 como fornecedora de equipamentos de telecomunicação de segunda linha e hoje é uma das grandes forças mundiais do setor desafiando e até superando em alguns aspectos as tradicionais gigantes deste mercado e hoje conta com produtos de ponta, primeira linha e tecnologias inovadoras.

Este texto vai percorrer as características da empresa e várias de suas tecnologias e produtos. Você pode lê-lo na íntegra ou os tópicos que sejam mais de seu interesse. No final as ideias serão todas confrontadas e associadas trazendo, espero eu, conclusões interessantes e esclarecedoras.

A empresa

Estive a convite da Huawei em duas de suas sedes na China. Visitei um centro de experimentação de soluções em Shenzhen e um laboratório de pesquisa e desenvolvimento em Shanghai, aliás um centro imenso, impressionante, com dezenas de milhares de metros quadrados, local onde nascem muitas de suas soluções.


figura 01 – Shanghai Huawei Technologies Corporate Campus

A empresa tem três áreas de atuação:
  • Carrier: Produtos para operadoras de telecomunicações (por exemplo as empresas que vendem serviço de telefonia móvel). Responsável por aproximadamente 67% de seu faturamento.
  • Enterprise: Soluções para empresas como switches, roteadores, firewall, storages, servidores, câmeras de segurança, etc., responsável por aproximadamente 7% de seu faturamento.
  • Consumer: Dispositivos móveis como smartphones, modems e tablets, responsável por aproximadamente 27% de seu faturamento.
A área de produtos Enterprise é o que mais vem crescendo na Huawei. Embora ainda com 7% na participação total das receitas, teve em 2012 US$ 1.5 Bi em receitas e na sequência, US$ 1.9 Bi em 2012, US$ 2.5 Bi em 2013 e fechou 2014 com US$ 3.1 Bi e, um crescimento de 112% em 3 a anos!
A empresa tem hoje segundo dados de 2014 a seguinte divisão geográfica de seu mercado: 
  • 37.8% na própria China
  • 35.0% EMEA (Europa, Oriente Médio e África)
  • 14.7% na região Ásia Pacífico
  • 10.7% nas Américas
Está presente em mais de 170 países. Conta com 170.000 empregados. Tem 16 centros de Pesquisa e Desenvolvimento e 45 centros de treinamento. Apenas em 2014 foram investidos perto de US$ 7 bilhões (CNY 40.8 bilhões) em pesquisa e desenvolvimento. São números que impressionam, mas não só de números depende o mérito das soluções das empresas. Precisa haver coes ão e sinergia. Voltando às diferentes áreas de negócios, segundo minha visão anterior estas divisões tinham atuações praticamente independentes. Não via conexão intensa entre estas áreas. Mas pude enxergar meu erro. Nesta visita também participei do HCC 2015, ou seja, “ Huawei Cloud Conference 2015” e por conta disso minha visão começou a mudar. 


figura 02 – Huawei Cloud Conference 2015 – Shanghai, China

 
Huawei e a Nuvem

A começar, qual a conexão da Huawei com sistemas de nuvem? Há muita relação. A saber, a empresa tem na China oferta de serviço de nuvem pública contratada por empresas locais, utilizando obviamente toda a sua própria tecnologia, toda sua vertical. Mundialmente a Huawei está fazendo alianças e parcerias para prover este tipo de serviço por meio de Operadoras de Telecomunicações locais. Não por acaso são as empresas que já são clientes de seus produtos da linha “Carrier”. Por exemplo, uma TELEFONICA poderá criar este serviço em vários locais do mundo tendo por base os produtos da empresa. Mas que produtos são estes que suportam a nuvem da Huawei? E devemos lembrar que no atual momento da evolução e maturidade da tecnologia a nuvem não é mais apenas uma base de virtualização e sim orientada e centrada em aplicações (conceito de “Cloud 3.0”).

Quando se fala em nuvem um dos imensos pré-requisitos envolvido é capacidade de comunicação em alta escala e velocidade. Mas este não é o único ponto crítico. Conectividade de rede,  processamento e armazenamento são pontos chave! Na linha de produtos Enterprise há oferta de switches e roteadores de alta capacidade com recurso para implantar SDN (Software Defined Network). Trata-se de uma infraestrutura lógica de rede cuja implantação e administração se faz por software (apenas configurações e parâmetros) reduzindo sobremaneira o esforço de implantação de redes complexas e principalmente agilidade no gerenciamento e nas modificações necessárias ao longo do tempo.


FusionSphere 6.0

Uma das importantes novidades do HCC 2015 foi a apresentação do FusionSphere versão 6.0, o sistema operacional para nuvem da Huawei, com mais de 2000 melhorias e aperfeiçoamentos. Integra a plataforma de virtualização FusionCompute e o software de gerenciamento de nuvem FusionManager. Como resultado, uma grande variedade de empresas pode consolidar horizontalmente recursos físicos e virtuais em data centers e otimizar verticalmente a plataforma de serviços. Com arquitetura convergente habilita o controle centralizado de recursos físicos e virtuais, gerenciamento de vários data centers e soluções completas para nuvens privadas, públicas e híbridas.


figura 03 – modelo conceitual do FusionSphere 6.0

   
É baseado no padrão aberto OpenStack cuja definição desenvolvida por um grupo de empresas (do qual a Huawei também faz parte) provê compatibilidade de hardware e software em um ecossistema abrangente, APIs abertas padrão e Systems Development Kit incorporado (eSDK) permitindo a integração de um grande número de equipamentos de muitos fabricantes diferentes (que também se fundamentam no OpenStack).

Por meio dessa solução empresas podem implementar sistemas de nuvem privada ou híbrida dentro das suas organizações. Mas a capacidade de escalabilidade do sistema também habilita provedores de serviços criarem sistemas robustos de nuvem pública e oferecerem para o mercado essa solução. É dessa forma que a Huawei pretende alcançar o mercado mundial, por meio de alianças e parcerias com operadoras de telefonia locais que queiram vender o serviço de nuvem pública ou híbrida para seus clientes.


figura 04 – FusionSphere – inovações mostradas nas HCC 2015


 Armazenamento em grande escala


Também por trás de um sistema de nuvem estão as “ilhas de armazenamento”. Fiquei bem impressionado com as soluções de Storage da empresa. Não apenas pelas formidáveis capacidades de armazenamento em reduzidos espaços (alta densidade), mas também pela capacidade absoluta em imensos conjuntos de discos com capacidade até de 60 PB (peta bytes) que a cada nova linha de produtos fica ainda maior. Um exemplo é o OceanStore9000 , modelo bastante flexível e escalável até estes limites incríveis de armazenamento. Detalhes mais técnicos podem ser obtidos no documento “OceanStor9000 Big Data Storage System”.

Porém não apenas capacidade é importante em um sistema de Storage. Precisa contar com gerenciamento do ciclo de vida da informação: camadas de armazenamento com caraterísticas apropriadas ao modelo de uso do dado – mais usado mais rápido, menos usado menos rápido e barato. Também suporte nativo a discos ultra rápidos como SSDs (que aliás a Huawei também fabrica apenas para seu próprio uso em seus sistemas de storage).


figura 05 – Huawei OceanStor 9000 –armazenamento de alta capacidade

      
Existe grande demanda para este tipo de Storage, com múltiplos nós e grande desempenho. A Huawei apresentou uma solução de sistema de edição e custódia de vídeos para produtoras ou sistemas de TV baseados em nuvem tendo este tipo de solução como plataforma, usada por uma empresa local na China. Sabemos que nada demanda mais espaço e capacidade de processamento que lidar com sofisticados vídeos, ainda mais na nuvem!

Servidores Convergentes  - FusionCube

Trata-se de um conceito relativamente novo, mas que já vem sendo abraçado por alguns dos importantes fabricantes de soluções e a Huawei tem uma família de produtos com essas características. Há casos que o desempenho, mais do que tudo é fundamental, por exemplo, processamento de SAP HANA. Para isso a solução é integrar diversos componentes para que estejam “intimamente” interconectados, da forma mais rápida e eficiente possível. Um servidor convergente integra servidor propriamente dito (processamento), o storage (armazenamento) e o subsistema de rede (switches) em um único gabinete, um único aparelho. Um exemplo disso é a solução FusionCube que reúne estas características mencionadas. Permite agregação entre múltiplos nós convergentes de computação e armazenamento (entre 3 e assim gerenciar entre 100 e 5000 máquinas virtuais (uso típico entre 300 e 500).
    

figura 06 – Huawei FusionCube – integração de processamento, storage e rede 

    
Esta plataforma de virtualização altamente integrada, segundo a Huawei, reduz os custos em 20% e o uso do espaço em 70%. Os componentes são pré-integrados e pré-instalados fornecidos em um único gabinete. Serviços podem ser provisionados em até 3 horas.

A alta integração entre tecnologias de software e hardware otimiza a infraestrutura de TI, que inclui uma plataforma de virtualização, data warehouse, área de trabalho na nuvem e data centers – tudo em um único gabinete em um sub-rack de 12U. Processadores de alto desempenho, servidores blade e switches conferem ao FusionCube uma vantagem competitiva significativa.

  
Evolução no campo Wireless, 5G e redes inteligente

Na linha “Carrier”, ou seja, mercado das operadoras, há um portfólio bastante grande e muito consolidado entre os consumidores. Mas dentre tantas possibilidades, conheci uma que capturou minha atenção. Trata-se do conceito de “Thinking network” também denominado “Zero Touch”. Endereça uma situação bastante interessante no gerenciamento da rede. Imagine um conjunto de células próximas que normalmente têm alguns trechos das áreas de cobertura comuns. Se uma das células fica sobrecarregada uma das células vizinhas ajusta suas características, potência e direção de emissão de sinal de tal forma a aumentar a área coincidente e assim “capturar” parte do tráfego da célula sobrecarregada equilibrando assim o fluxo de dados e atendendo as pessoas que estavam sem cobertura ou com sinal fraco. Interessante que isso acontece de forma automática, a negociação entre as células faz parte da “inteligência” da rede.


figura 07 – Redes inteligentes “Thinking Network”


4.5 G e 5G

Grande energia tem sido empreendida no desenvolvimento dos padrões 4.5G e 5G. No cronograma da Huawei o 4.5 deve nascer até 2016 e o 5G até 2020. As diferenças são grandes. O 4.5 prevê um aumento da capacidade de transmissão de 100 Mbps para 1 Gbps (10 vezes mais que o 4G) e permite até 100 mil conexões por quilômetro quadrado. O padrão 5G prevê até 10 Gbps de velocidade de transmissão, 1 milhão de conexões por quilômetro quadrado com latência menor que 1 milissegundo. E tudo isso podendo ser usado em um veículo que se desloca até 500  km/h (por exemplo um trem) com conexão estável!!! São esperados mais de 20 bilhões de dispositivos conectados entre 2020 e 2025.
    
figura 08– Tendências do 5G em 2020 e diferenças de latência entre 3G, 4G e 5G


Pode parecer um exagero e uma especificação sem sentido haver suporte (no caso do 5G) para 1 milhão de conexões por quilômetro quadrado. Nunca haverá tal concentração de pessoas assim. Porém quando começamos a pensar em Internet das Coisas (IoT) isso muda totalmente de figura. Estima-se que em poucos anos haja mais de 60 bilhões de dispositivos conectados. Por isso essa realidade também não pode ficar fora do radar da empresa.


Internet das Coisas (IoT) e a nuvem

Nada é por acaso. A Huawei e outros fornecedores já sabem que precisarão endereçar o incrível crescimento da demanda por recursos a começar pela banda de comunicação que tem aumentado cerca de 66% cada ano. Mas ainda há mais por vir. Muito mais!! Com a adoção em larga escala da Internet das Coisas a demanda por comunicação irá crescer ainda mais!!

A multiplicação de sensores, sistemas que alimentarão dados em tempo real, do chão de fábrica, carros inteligentes até os eletrodomésticos e utensílios das residências. Visando isso tudo há alguns meses a Huawei apresentou o LiteOS, um sistema operacional que pode ser tão pequeno quanto 10 Kb, é feito para rodar com o poder mínimo de processamento e energia, tornando-o ideal para uma grande variedade de dispositivos.

Mas além disso existe conexão com o mundo da nuvem. Certamente a tarefa de aquisição de dados é feita pelos dispositivos espalhados e conectados. Mas o armazenamento e processamento desta tonelada de informações residirá na nuvem, local mais que adequado a este tipo de aplicação.


figura 09– Internet das coisas – ilustração


Reflexões finais

Se formos perguntados sobre quais os mais volumosos núcleos populacionais que existem em nosso planeta (não obrigatoriamente apenas países) , qual seria a resposta? É algo surpreendente! Facebook o maior, e apenas 3 países entre os 10 primeiros grupos, China, Índia e EUA. Todos os outros grupos são entidades como WhatsApp, Alibaba, Amazon, Linkedin, etc. que moram na nuvem e acumulam quantidades imensas de usuários.
 
figura 10– Internet das coisas – ilustração

Isso abre meus olhos para um outro momento da história da evolução de nosso planeta. É a era da máxima informação. Vejamos alguns exemplos notáveis. Vivemos uma época na qual UBER não tem carros, FACEBOOK não gera conteúdo (próprio), ALIBABA não tem estoques e AIRBNB não tem imóveis (quartos ou hotéis). O que está por trás disso tudo é o imenso volume de processamento de informações.


Mas então como podemos prever o que mais pode acontecer? Alguns exercícios de futurologia também aconteceram no HCC 2015 e que gostaria de compartilhar com os leitores:

Em tempos de quantidade massiva de dados, seja pelo Big Data ou pelo fenômeno da Internet das Coisas, existe uma imensa necessidade e oportunidade em desenvolvimento em “data Science” (profissionais e conteúdo). 

Em 2025 perto de 50% de toda computação em nuvem estará sendo executado na fronteira da Internet com os usuários e serão por isso praticamente invisíveis e transparentes.


Em muito pouco tempo o desenvolvimento alcançado pelos sistemas e tecnologia de nuvem farão diminuir drasticamente os benefícios de ser dono dos seus próprios recursos de computação (já estamos esbarrando nessa realidade).  


Em 2030 o poder geral de processamento dos sistema em nuvem irão ultrapassar a capacidade de processamento de 7 bilhões de cérebros, a inteligência combinada da espécie humana.


Tudo isso me mostra de maneira inequívoca que nuvem é mais do que apenas um interessante recurso computacional e que não se trata de um modismo. É algo definitivo e irreversível. Por isso entendi claramente a estratégia da Huawei. Mal informado que era, eu achava que a empresa tinha áreas de atuação estanques e independentes. Grande engano de minha parte. 

Os investimentos em 4.5 G e 5G, redes inteligentes, servidores convergentes, dispositivos de armazenamento de alta capacidade, switches, firewalls nível Enterprise, recursos para implementar rede definida por software (SDN) e Datacenters, sistema operacional de nuvem (FusionSphere), sistema operacional para IoT... tudo isso aponta para o mesmo lugar, ou seja, grandes sistemas em nuvem. Mesmo a linha Consumer, smartphones, tablets, etc. são instrumentos para consumir toda informação proporcionada pelos sistemas descritos. Tudo bastante engenhoso e coerente. Aprendi com isso tudo que a pujança e eficácia da Huawei vai além de prover boas e modernas linhas de produtos de telecomunicação. É bem mais do que isso!




segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Ford colocando os carros à prova – rigor e respeito ao consumidor

Um automóvel antes de ser lançado precisa passar por um extenso conjunto de testes feitos por seu fabricante. Mas não só isso. Mesmo com o veículo já em produção sua qualidade e adequação aos parâmetros de projeto devem se manter constantes. Para isso uma fração dos carros que saem da linha de produção precisam ser constantemente analisados para monitorar e garantir a permanência da qualidade ao longo da produção. Este processo é relativamente parecido em todos os fabricantes. Porém alguns o fazem com maior ou menor detalhamento, minúcia e rigor. 

Tive a oportunidade de ver isso de perto em uma visita ao campo de provas da Ford em Tatuí, interior de São Paulo no mês de agosto passado no que ficou conhecido como “Ford Experience”. Fiquei sobremaneira impressionado com o que vi. Neste local com mais de 4.6 milhões de metros quadrados já foram percorridos mais de 250 milhões de quilômetros nos seus 37 anos de existência.


Vou tentar mostrar um pouco de cada posto de teste que visitei. Não pense você que um campo de provas se resume a uma pista com muitas condições de terreno. De fato, há dezenas de quilômetros (mais de 50 quilômetros) de pistas asfaltadas, de terra, com obstáculos, subidas, descidas, retas longas, curvas abertas, fechadas, etc.


Mas além disso existem “ilhas” de testes específicos em diferentes laboratórios equipados para a realização de mais de 100 testes, como desempenho e consumo de combustível, emissões, evaporação, arrefecimento, freios, penetração de água e poeira, cabines de névoa salina, nível sonoro interno e externo, dinâmica veicular, calibração e desenvolvimento de motores e durabilidade. Conta também com uma oficina experimental para a construção de protótipos.


Imagem 01 – Alguns dos pontos da pista de testes

O campo de provas existe desde 1978 e vem sendo aperfeiçoado de acordo com as necessidades. Por exemplo, os últimos lançamentos da Ford como o Focus Fastback, Focus Hatch, KA, KA+ e Ecosport passaram por estes testes, bem como os lançamentos dos últimos 37 anos, carros, picapes, caminhões, etc.


Uma visão geral do “Ford Experience”, minha vista ao Campo deProvas de Tatuí e seus diferentes laboratórios pode ser visto aqui neste interessante e lúdico vídeo que mostra os laboratório por meio de uma divertida metáfora de vídeo game.


Dirigibilidade: pistas de teste

Existem 50 km de pistas para testes de desenvolvimento e durabilidade que simulam diferentes tipos de ruas e estradas da América do Sul, relacionados com outros campos de provas da Ford no mundo. Há seções de pistas pavimentadas de alta e baixa velocidade, labirinto, colinas, rampas com diferentes ângulos de inclinação e estradas de terra e lama. O objetivo é garantir que os veículos cheguem ao mercado preparados para atender todos os requisitos de qualidade, funcionalidade e eficiência.

Todas as pistas são dotadas de um rígido sistema de segurança, que inclui sinalização especial, controle de acesso, cercas e passagens subterrâneas para animais silvestres e treinamento de todo o pessoal operacional e de apoio. Sua estrutura inclui também equipe médica e bombeiros com equipamentos para atendimento de urgência e resgate.


Imagem 02 – visão aérea parcial da pista de testes da Ford em Tatuí

Silêncio: qualidade sonora

Cada som emitido pelo carro, desde o ronco do motor, fechamento de porta ou sinal de pisca, ajuda a construir a “personalidade” do produto. O nível de ruído na cabine é importante para o conforto acústico e padrão de qualidade percebidos pelo consumidor.

Todos esses elementos são analisados e refinados nos carros da Ford no laboratório acústico com equipamentos e softwares que permitem registrar, quantificar e identificar cada tipo de som. Um desses novos equipamentos é o VisiSonics, que conta com múltiplos microfones e câmeras para gerar um mapa de 360 graus capaz de sobrepor sons e imagens. Com ele, os engenheiros da área de Ruídos, Vibrações e Asperezas (NVH) conseguem identificar a origem de sons em cada ponto da cabine e adotar ações para a melhora da sua qualidade ou anulação.

O objetivo é buscar o menor nível de ruído interno na cabine do veículo, considerando diferentes tipos de pistas, para permitir, por exemplo, uma melhor compreensão da fala entre os ocupantes e, consequentemente, um melhor conforto acústico”, diz Jorge Marano, engenheiro de testes de NVH.


Imagem 03 –laboratório de qualidade sonora

Conforto: simulador de rodagem

Para garantir o conforto ao dirigir em qualquer situação de solo, bem como avaliar eventuais rangidos na estrutura, suspensão e níveis de vibração, existe um laboratório que permite isolar e avaliar separadamente áreas chaves do veículo.

O simulador de pistas (também conhecido como "Four Poster") é composto de quatro pilares que sustentam e movimentam as rodas do veículo por meio de atuadores hidráulicos. Estes são controlados por softwares capazes de reproduzir mais de 30 tipos de pistas do Brasil e outros países.
 
Com ele é possível verificar como a suspensão de um protótipo se comporta, por exemplo, em uma estrada da China, Chile, Argentina, locais do Brasil..., sem precisar levar o carro até lá e sem interferências externas. O programa de simulação reproduz as mesmas forças e frequências do tipo de piso selecionado.

Na cabine, instalamos acelerômetros na direção, nos apoios de cabeça dos bancos, na alavanca do câmbio e no chassi, além de microfones para medir o nível de ruído e conforto do motorista e dos passageiros com a suspensão do carro em movimento", explica Wanderley Pella, engenheiro de Testes.
   

Imagem 04 –laboratório de simulação de rodagem por diversos tipos de piso

Eu fiz um breve vídeo durante minha visita neste laboratório que pode ser visto aqui. Tive também o meu momento de estar dentro do carro que foi submetido a um variado perfil de rodagem com deslocamentos verticais, horizontais, inclinações, etc. Muito prático e interessante.
   


Sustentabilidade: laboratório de emissões

O Brasil tem adotado normas cada vez mais rigorosas para o limite de emissões dos veículos bem como outros países do mundo. No Laboratório de Emissões a Ford realiza todos os testes desses gases para o desenvolvimento e calibração de motores, homologação de veículos, controle de qualidade da produção e acompanhamento da durabilidade de componentes.

O laboratório conta com modernos dinamômetros e sistemas analisadores de gases para ensaios de motores a gasolina, flex ou diesel, de acordo com as normas brasileiras e europeias. “Entre outras inovações, já estamos equipados para a homologação de veículos com a norma Euro 6 de motores diesel para a Argentina e o Chile, que só deverá ser adotada no Brasil em 2018”, diz Astor da Silva Filho, supervisor do Laboratório de Emissões.

A área também conta com uma câmara Shed (Sealed Housing for Evaporation Determination) para medir as emissões que o carro produz no ambiente quando está desligado. Ela simula as variações de temperatura ao longo do dia e mede a concentração de hidrocarbonetos na evaporação de combustível, pneus, graxa e outros componentes, com sensores e analisadores.


Imagem 05 –laboratório de emissão de gases e consumo de combustível

Economia: laboratório de consumo de combustível

No mesmo laboratório de emissão de gases também é o local onde é medido o consumo de combustível dos veículos. Este laboratório foi o que mais me chamou a atenção. Não que os outros não tenham capturado minha atenção. Nada disso, são extremamente sofisticados e interessantes. Mas o laboratório de aferição de consumo e emissões de poluentes me interessa particularmente.

Sempre fui muito ligado a este tipo de informação e bastante preocupado com estas características dos veículos. Aliás, pouco mais de um ano atrás eu compartilhei com os leitores minhas descobertas sobre como são aferidas as informações sobre emissões e consumo de combustíveis dos veículos e falei um pouco sobre esta metodologia. Relatei isso no texto “A tecnologia por trás da eficiência energética dos veículos”. Da mesma forma discuti o assunto economia de combustível no vídeo “Dicas para economizar combustível, do fusca ao Rolls Royce, apesar da tecnologia” em conversa com Guido Orlando do site Vida Moderna.


Mas dessa eu tive a oportunidade de ver com meus próprios olhos em detalhes como toda essa medida é feita. Estes testes de emissão e consumo são realizados seguindo normas rígidas determinadas pelo INMETRO e ABNT. O governo tem um programa de “etiquetagem” de eficiência energética (que eu explico no texto supra citado) que engloba não só carros, mas também todos os dispositivos que gastam energia e podem gerar emissão de poluentes.


Os dinamômetros e esteiras rolantes conduzem o carro (e seu piloto de testes) por ciclos padronizados de acelerações, desacelerações, pausas, retomadas, paradas, etc. de forma a simular um trajeto de condução em cidade. Da mesma forma existe o roteiro que simula trânsito em estrada com maior parte do tempo em velocidades constantes e algumas acelerações e desacelerações, como acontece ao se dirigir em uma rodovia. Assim reproduzir em ambiente controlado, passível de reprodução controlada, passa a ser possível. Assim podem ser comparados em total igualdade de condições diferentes versões do mesmo carro bem como comparar com veículos de outros fabricantes.


Eu fiz um breve vídeo durante minha visita neste laboratório que pode ser visto aqui. Neste vídeo eu mostro o processo de simulação de um percurso “urbano” e também como são coletados os gases de escapamento para análise.


Eu fiquei profundamente curioso com esta ferramenta neste laboratório. Pensei em propor para a Ford um ensaio para descobrir para cada carro qual seria a proporção ideal de combustível, parte gasolina e parte etanol, de forma a descobrir qual seria a proporção mais econômica em termos de gasto por quilômetro rodado... Mas ao conversar com o engenheiro responsável pelo laboratório ele me informou que há agenda tomada em três turnos para usar este ferramental muitos meses de hoje adiante. Mas fica a ideia. Será que a Ford toparia um estudo desses? Eu me habilito para acompanhar de perto!

Conclusão


Comecei este texto dizendo que campos de prova e laboratórios são usados por toda a indústria automobilística. Quis o destino que eu pudesse conhecer o campo da Ford em Tatuí. Com seus 37 anos pode se ver que vem sendo adaptado, modernizado e ampliado conforme surgem necessidades (por exemplo aferir emissões e consumo – algo mais recente). A diversidade de cenários, tipos de piso, características de rodagem, curvas, retas, aclives, etc. é para mim grande destaque.


Na parte final da visita andamos por 30 minutos em um Focus Fastback dirigido por um piloto de provas da Ford nessa pista com todas as variações que citei, em todas as velocidades. Desde muito devagar em pisos irregulares até 140 Km/h em retas e curvas de raio longo para perceber as reações do carro. Sensacional! E o Focus Fastback foi muito competente em todas as situações.


Imagem 06 – Ford Focus Fastback sendo submetido a testes na pista de provas

Saio desta visita bastante impressionado com o grau de detalhes, a minuciosidade das observações possíveis de serem feitas aqui e com o cuidado e respeito ao consumidor. O campo de provas tem uso contínuo, pois mesmo que se em algum momento não houver um modelo novo que requeira testes iniciais, a Ford submete um percentual de sua produção, de todos os modelos, continuamente para se certificar de que a qualidade do produto final permanece constante (dentro das pequenas margens de tolerância existentes). Espero ter sido a primeira de mais visitas que realizo neste campo de provas.

Imagem 07 – teste em progresso