quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O versátil e poderoso Snapdragon 820 - o novo motor do seu smartphone

Sempre desconsiderei comparações entre o universo dos computadores (MACs ou PCs) e smartphones. São mundos distintos, mas, verdade seja dita, há uma zona de uso comum e até substituição para algumas funções. Mas jamais um pode ser totalmente usado no lugar do outro. Isso acontece também na engenharia de cada um deles. Por motivos óbvios o grau de integração e miniaturização das plataformas para smartphones é muito mais intensa.

Está para chegar ao mercado uma leva de dispositivos que usam o Snapdragon 820, uma solução muito elaborada e sofisticada feita pela tradicional empresa Qualcomm. Sendo breve, se você não sabe quem é Qualcomm, eu te digo apenas uma coisa. É a empresa que detém as patentes da tecnologia 3G e 4G entre centenas de outras. Fantástico.


No universo da computação móvel a busca desenfreada é sempre fazer muito mais por muito menos, ou seja, mais funcionalidades e velocidade consumindo cada vez menos energia. Essa é para mim a grande beleza de toda a indústria de tecnologia. Neste contexto e com essa ideia em mente a Qualcomm desenvolveu sua plataforma Smartdragon 820, evolução de uma já competente família.

Smartdragon 820

O caminho para trazer melhor desempenho e eficiência energética para o mundo da mobilidade passa obrigatoriamente por concentrar muitas funcionalidade em um único elemento, muito bem arquitetado. Este é o conceito do SoC, ou seja, “system on a chip”. A Qualcomm vem aprimorando sua família de soluções para dispositivos móveis e com a chegada do Snapdragon 820 pretende surpreender o mercado com destacados resultados.

DSP, ISP, GPU, X12, LTE, 802.11ad são apenas algumas siglas que os iniciados no assunto de SoC entendem, mas que resumem apenas algumas das tecnologias embarcadas no 820. A ideia de aproximar todos os subsistemas que compõem uma plataforma para dispositivos móveis, construindo todos eles dentro do mesmo chip, tem como grande vantagem a proximidade. Não falo de algumas frações de milímetros. Soluções mais antigas tinham cada um destes sistemas residindo em diferentes chips, cada um deles com uma interface, conexões, etc. Quando está tudo integrado de imediato há grande economia de energia e cada um dos elementos podem cooperar com o sistema final de maneira mais intensa (e mais rápida).


figura 01 – modelo da arquitetura do Snapdragon 820


Isso é análogo a uma equipe de trabalho em uma empresa que cada grupo fica em uma sala diferente, sendo necessário se deslocar para outros ambientes para interagir e solicitar execução de tarefas. Se todos estão na mesma sala a comunicação é direta e imediata. Desde que não falem todos ao mesmo tempo (função essa que um coordenador ou bom gerenciador resolve). De uma forma simples, isso é o SoC Snapdragon 820, a evolução de uma família que vem sendo aprimorada ao longo do tempo, geração a geração.

Os processadores (SoC) da Qualcomm ganharam importante espaço entre os dispositivos móveis. Dados indicam que sua participação no mercado é acima de 40%, um número muito expressivo. Mas o mercado é dinâmico e um grande fabricante, Samsung, recentemente optou por usar um processador próprio em seu lançamento da família S6. A Qualcomm com o 820 mostra para o mercado que trouxe um salto substancial de tecnologia e que dispositivos que visam o mercado high end poderão com sua adoção o conquistar excelência em qualidade que se espera destes produtos.

Segundo a Qualcomm há cerca de 60 modelos de dispositivos já em fase final de projeto que usarão a plataforma 820. Muito possivelmente estes produtos serão apresentados em primeira mão na CES 2016 em Las Vegas e chegarão às prateleiras para o consumidores ao longo do primeiro quadrimestre de 2016.

Não quero ser detalhista ou técnico demais, mas algumas das características dessa família merecem destaque. A começar pela arquitetura escolhida. O processador tem 4 núcleos. Muitos processadores do mercado têm 8 e isso pode causar alguma confusão. Em princípio quanto mais “motores” tem o smartphone mais rápido ele pode ser. Desde que a frequência de operação seja compatível e que o gerenciamento destes núcleos todos seja primoroso. A Qualcomm optou por 4 núcleos nesse projeto que rodam em alta frequência, 2.2 Ghz e a “orquestração” de tarefas entre os núcleos é muito otimizada. Dessa forma se obtém o dobro do desempenho quando comparado com a geração anterior (810) e ao mesmo tempo consumindo 30% menos de energia. São dados ambiciosos que precisam ser confirmados na prática, mas é fantástico.

Há evolução em várias outras áreas. Por exemplo, além do WiFi padrão “ac” (que é retro compatível com todos os outros padrões b, g, n e a), operando em 2.4 Ghz e 5.0 Ghz, o 820 traz o novíssimo padrão “ad”, que opera a 60 Mhz, prometendo velocidades nominais maiores que 3 Gbps e mais que suficiente para receber transmissão de vídeo 4K (3840 x 2160 pixels – 8 megapixel) com sobra de capacidade.

Enquanto 2020 não chega, e com ele o novo padrão de comunicação 5G, o LTE (4G) segue sendo aperfeiçoado e o Snapdragon tem a capacidade de trabalhar com agregação de sinal e assim chegar a teóricos 600 Mbps de velocidade de download (33% mais que Snapdragon 810) e 150 Mbps de upload (200% mais que Snapdragon 810). Para isso usa o 4G em mais de uma frequência, que não é ainda o caso do Brasil (teremos mais frequências disponíveis em 2017 com o final das transmissões de TV analógica). De toda forma notável evolução.

O Snapdragon 820 integra no seu hardware um subsistema de segurança, que auxiliado por uma simples camada de software tem a capacidade de realizar análises comportamentais de aplicativos ou módulos de software de forma a identificar ações consideradas suspeitas e assim proteger o dispositivo principalmente das ameaças “0 day”, ou seja, aquelas que acabaram de ganhar as ruas e não têm ainda “rastro genético” (assinatura da ameaça no software de segurança). Há sistemas que podem fazer isso usando recursos na nuvem, mas são mais demoradas e exigem conexão de dados para uma análise.


figura 02 – visão conceitual do sistema de proteção do Snapdragon 820


Confesso que eu não sabia que seria possível embutir funcionalidades usadas por câmeras, tratamento de imagens, captura em situação de baixa luminosidade, alta resolução, etc. dentro do processador. É o que o módulo ISP (Image Signal Processing) faz. E o ISP do 820 traz evolução grande neste sentido visando melhor captura de fotos e vídeos em todas as situações. Estou muito curioso em relação a isso, pois tirar fotos com smartphone em ambiente externo e bem iluminado, quase todos são bem competentes, mas em situação de baixa luminosidade, é tarefa que muito poucos fazem bem feito! Vou precisar esperar chegar em minhas mãos um dispositivo que use o Snapdragon 820 (e que tenha também tenha uma boa lente) para dar esta resposta. Mas há grande potencial segundo a evolução da plataforma.

Exemplificando o meu ponto de vista, o módulo DSP (Digital Signal Processor) é responsável pelo processamento avançado das imagens. Segundo a Qualcomm “em situações de baixa luminosidade, o Snapdragon 820 usará o ISP e DSP de forma a adaptar o brilho das áreas da imagem que normalmente ficariam escuras demais. Isso foi projetado para acontecer 3 vezes mais rápido e gastando apenas 10% da energia quando comparado com a geração anterior”. Um exemplo disso pode ser visto na imagem abaixo.


figura 03 – exemplo de tratamento de imagens – ajuste dinâmico de iluminação

Avaliando o desempenho do Snapdragon 820 - benchmarks

Tive a grata oportunidade de testar por duas horas um dispositivo construído usando o Snapdragon 820. Era um modelo de referência da Qualcomm, não um produto final de mercado. Mas isso já foi suficientemente bom  para realizar uma sessão de benchmarks e poder emitir minhas primeiras impressões.

Mas preciso primeiro tecer algumas considerações sobre softwares de benchmark. Por mais que tentem, nunca são capazes de simular perfeitamente um padrão de uso natural do dia a dia. Também porque cada pessoa tem o seu próprio perfil de uso. Sempre chamo a atenção disso quando testo durabilidade e bateria de smartphones. Um benchmark consiste em uma sucessão de medidas de ações isoladas que irão ser compostas por algum critério de ponderação e resultarão em um índice. Isso é bom? É uma boa referência. Mas não é perfeito.

Imagine que um atleta fosse submetido a testes e se descobrisse qual sua capacidade muscular, sua força da perna fosse capaz de levantar 50 quilos de peso. Consegue mover a perna para cima em 0.7 segundos. Consegue voltar a perna para a posição original em 0.5 segundos. Seu passo tem 116 centímetros... Estes dados biomecânicos podem indicar se são comparáveis aos dados de um atleta vencedor. Mas se todas as ações serão executadas com harmonia e precisão, se este atleta poderá desafiar o Usain Bolt, isso nunca poderemos saber com certeza, mesmo que este supere individualmente os valores do jamaicano voador! O teste de conjunto, o uso real, é no fundo o que mais importa. Os testes individuais, mesmo que inteligentemente associados e ponderados podem não nos dar esta certeza. Por isso eu vejo os benchmarks com ressalvas. Mas a despeito disso têm grande valia no sentido de indicar características potencialmente muito desejáveis. Ressalva feita, vamos conhecer alguns dos dados do Snapdragon 820.
  

figura 04 – testes feitos com o modelo referência do Snapdragon
  
O dispositivo que usamos para os testes era um phablet de 7 polegadas no qual havia alguns softwares populares de benchmark instalados como AnTuTu, Geekbench 3, GFXBench, Octane 2.0 e Kraken. Por minha própria conta instalei mais alguns como o CF-Bench, o Vellamo e o 3DMark.

Não existe motivo algum para a Qualcomm divulgar resultados positivos que não sejam a pura expressão da verdade. Mas quis usar outros benchmarks para fazer a contra prova, certificar-me de que o impacto positivo é mesmo do tamanho que vem sendo anunciado.

Comparo os resultados do Snapdragon 820 com outras duas plataformas. Um MediaTek MT6735 (1.30 Ghz 8 núcleos ARM Cortex A53 fabricado em 28 nm) presente em um Lenovo Vibe A7010 e um Snapdragon 615 (até 1.7 GHz 8 núcleos ARM® Cortex A53 fabricado em 28 nm) presente em um Asus Zenfone Selfie. Estas bases de comparação foram estrategicamente escolhidas? Não, apenas eram os smartphones que eu tinha disponíveis no momento do teste. Smartphones com o Snapdragon 615 chegaram ao varejo em meados de 2014 e com o MediaTek MT6735 no começo de 2015. O Snapdragon 820 chegará ao varejo no começo de 2016. Compararei diretamente com o MediaTek, que é mais recente e no final apresentarei os dados completos com as 3 plataformas.

No teste GeekBench 3 obtive o índice 2261 para o teste de apenas UM núcleo e 4975 para todos os núcleos (neste caso 4). No Mediatek MT6735 obtive nos mesmos testes, 610 e 2635. O Snapdragon 820 é respectivamente 270% e 90% mais rápido. Os resultados mostram o 820 intensamente mais veloz.
    

figura 05 – resultados dos testes com o GeekBench 3

Convém citar que estou bastante satisfeito com o desempenho do Lenovo Vibe no dia a dia. E se um smartphone com o 820 pode ser entre 90% e 270% mais veloz, é garantia de sossego no uso de uma ou muitas aplicações ao mesmo tempo. Baixe o GeekBench 3 em seu Android e compare, possivelmente vai obter resultado semelhantes ao meu.

No GFXBench, um teste mais voltado em aferir o desempenho do sistema gráfico (GPU), os dados falam por si. Dividem-se em testes de alto nível e baixo nível. São muitos números, nem vale a pena entrar em detalhes, mas vou me concentrar nos seguintes resultados “Manhattan” e “Texturing”. Comparando os mesmos índices obtidos no Lenovo Vibe temos diferenças gigantescas a favor do 820 de 599% e 799% (127 x 887 e 856 x 7702)!!!!!
    

figura 06 – resultados dos testes com o GFXbench no 820
   
O software AnTuTu é uma das referências do mercado. Mas os índices nele obtidos não podem ser comparados diretamente, pois a versão usada é nova, ainda não disponível (beta) e como as bases de análise foram alteradas, não adianta confrontar com teste feito em outro smartphone com a versão atual.

Já no teste com o Vellamo percebi fatos bem interessantes. Ele afere 3 índices e áreas distintas, eficiência Multicore, Metal (teste de apenas um núcleo) e Browser (no caso Chrome) que indica eficiência no uso de navegação e renderização de páginas. O 820 foi respectivamente 127%, 230% e 115% mais rápido.


figura 07 – resultados dos testes com o Vellamo comparados com Lenovo Vibe (direita)
      
 
O Vellamo dá uma informação a mais muito interessante, uma visão comparativa com outros smartphones de mercado, em cada uma das áreas. Vejam as telas abaixo.


figura 08 – resultados dos testes com o Vellamo comparados com o  820 (clique para ampliar)

Apenas me fixando em um modelo, o ótimo Samsung Galaxy S6 está presente nos 3 testes entre os mais rápidos (mais rápido em duas categorias). O nosso modelo de referência contendo o Snapdragon 820 foi nas categorias Multicore, Metal e Browser respectivamente 22%, 39% e 67% mais rápido!!! O S6 é um dos smartphones de referência do mercado por sua agilidade, performance e também qualidade da sua câmera. Vale ressaltar que cada fabricante ainda poderá fazer as suas próprias otimizações e obter ainda melhores resultados.

Por fim, a Qualcomm nos disse que um browser ainda mais aperfeiçoado que o Chrome foi desenvolvido para ser usado nos smartphones com o 820. Fui conferir este outro browser no teste do Vellamo, vejam na imagem abaixo.


figura 09 – comparação de vários browsers rodando no dispositivo com o 820
    
Podemos ver que o browser com otimizações (índice 6676) é quase 13% mais rápido que o Chrome (5952) e 27% mais rápido que o browser nativo do Android. Todos rodando no mesmo dispositivo com o Smartdragon 820. Isso mostra como algumas otimizações podem fazer diferença no dia a dia.

Segue abaixo a visão comparativa dos testes realizados. Na segunda coluna da tabela existe o valor observado no teste e na última coluna um comparativo “base 100” sendo que o valor 100 foi atribuído ao Snapdragon 615.


figura 10 – testes feitos com o 820 comparados com outras plataformas


Conclusão

Embora relativamente injusta a comparação direta entre estas 3 plataformas, devido às idades de cada uma delas, o 820 está nascendo e as outras têm presença no varejo há 8 e 16 meses, faz sentido para mim. Estes meses de diferença são responsáveis por um incremento entre 3 e quase 6 vezes em alguns testes. Esta evolução é fantástica.

Ressalvas que já fiz ao uso de benchmarks, explicado alguns parágrafos acima, estou confiante em afirmar que o salto de eficiência e desempenho do 820 é mesmo de grande intensidade. Retomando a minha metáfora do “atleta”, as medidas de força e tempo dos “movimentos das pernas” me fazem pensar que Usain Bolt que se cuide! Quando chegarem às ruas os dispositivos com o Snapdragon 820 a “corrida de 100 metros” poderá ser de fato realizada e todas as virtudes pontuais do 820 poderão ser confirmadas!

Convém relembrar que as inovações não são apenas quantitativas (desempenho puro), mas também qualitativas. Estão também presentes recursos novos, suporte a padrões de comunicação mais avançados, maior eficiência energética (economia de energia), etc.

Citei no começo da sessão de benchmark deste texto que o smartphone que estou testando neste momento, um Lenovo Vibe A7010, que usa o Mediateck MT6753 está 100% adequado, bom desempenho, tarefas executadas com fluência, etc. Mas destaco que um carro com motor 1.0 também me leva por toda a cidade, posso viajar para o Rio de Janeiro com ele. Vou chegar lá sem o menor problema. Mas se eu transportar 5 pessoas, estiver em uma íngreme subida ou se precisar acelerar vigorosamente para realizar uma ultrapassagem, vou ficar sem resposta!! Por isso a sensação de “satisfação momentânea” é perigosa.  Vai acontecer um dia de você precisar de uma boa dose de potência extra (aplicativos mais pesados, jogos, muitos apps abertos ao mesmo tempo, etc.) que apenas uma plataforma robusta e evoluída como, por exemplo, o Snapdragon 820, poderá atender. Estou ansioso para correr os 100 metros (e quem sabe até uma maratona) com um smartphone contendo o 820!!

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Quantum Go – um smartphone simplesmente diferente

É bom ser surpreendido de vez em quando. E por isso mesmo este texto sobre o Quantum Go será diferente. A começar pela explicando a marca. Quem é “Quantum”?? Pode acreditar, trata-se de um projeto genuinamente nacional desenvolvido por jovens empreendedores que pensaram em construir um smartphone sofisticado, bonito, leve, fino, com ótimo desempenho e que tivesse um custo bastante acessível. Não é que eles conseguiram!!

Estes empreenderes visionários, Marcelo Reis (General manager), Thiago Miashiro (Head of Business) e Vinicius Grein (Head of Products) mostraram seu projeto para a empresa POSITIVO (também nacional) visando uma parceria. Mas pela qualidade do produto e do projeto a POSITIVO se tornou sócia do empreendimento, sendo o smartphone Quantum hoje sendo fabricado em sua planta.

Figura 01 – modelos e cores do Quantum Go

O lançamento do Quantum já ocorreu há alguns meses e muitos sites já fizeram vários textos, avaliações e vídeos muito bem feitos e competentes sobre o produto. Mas como venho usando o Quantum desde então (de várias formas), vou contar a minha experiência para os leitores. Mas para começar, segue um breve descritivo das caraterísticas do Quantum Go.

Características gerais


Figura 02 – Principais características

Minha primeira reação ao segurar o Quantum Go em minhas mãos foi pensar tratar-se de um modelo, um “mockup”, algo não funcional por causa da extrema leveza do aparelho. Essa foi a minha primeira impressão e de várias pessoas para quem mostrei o aparelho. Pelo peso parece que a bateria fora removida. Mas não, este é o aparelho real e 100% operacional.

Superado o “susto”, logo ao ligá-lo percebo que ele utiliza uma interface muito limpa, até despojada. Pode-se se dizer que até menos enfeitada ou sofisticada quando comparada a outros smartphones do mercado. Isso tem explicação. Seu fabricante optou por usar uma versão do Android 100% pura, sem customizações da interface, sem penduricalhos visuais. Citando nomes, fabricantes como Asus, Samsung, LG, etc. desenvolvem muitos refinamentos visuais, temas, efeitos com movimentos visando diferenciar a experiência em seus aparelhos. Isso é bem legal e até presta bom serviços. Mas tem o outro lado da moeda.

Uma interface mais rebuscada pode vir a conter “bugs”, pode gerar mais consumo de energia (por conta de efeitos visuais e sonoros). Além disso toda vez que existe uma atualização de versão do Android os fabricantes que customizam sua versão do sistema operacional devem no mínimo testar ou até mesmo reescrever estas customizações e por isso raramente disponibilizam atualização rapidamente. O Quantum tem capacidade de potencialmente receber atualizações do Android quase que imediatamente. É ótimo ter um smartphone com a “cara bonitinha”, mas ser “clean” também tem suas vantagens.



Figura 03 – telas da interface do Quantum Go
 
  
A imagem acima merece um destaque. Ele comprova o que eu falei sobre a interface ser “limpa” e me permite dar uma dica. Eu gosto de ter na linha superior do aparelho o percentual da bateria disponível. Mas acredite, isso não existe no Android “puro”. Só dá para ver esta informação entrando no menu de configuração e escolher a visualização da bateria. Aquele número “70” em verde na primeira linha da tela é algo que para aparecer precisei instalar um pequeno aplicativo e assim ter este dado sempre à vista.

O Quantum tem espaço para 2 chips que são acessados por uma pequena gavetinha na lateral do aparelho. Acho isso mais prático do que ter que tirar a tampa do smartphone. Da mesma forma uma mini gaveta na outra lateral pode hospedar o cartão de memória microSD.


Figura 04 – Quantum Go vista frontal e lateral
A experiência de uso
        

Eu já tinha me acostumado com smartphones maiores, de 5.5 ou 6 polegadas. Já nem me lembrava mais de como era um smartphone menor. Ainda mais tão leve como o Quantum. Adaptei-me novamente à tela um pouco menor, apenas e tão somente isso. Como ele tem 32 GB de memória interna, o processo de instalação dos quase 90 aplicativos diversos que tenho memorizados na minha conta Google, demorou um pouco. Mas tudo foi instalado com sucesso e pelo fato dele tem 2 GB de memória RAM, em nenhum aplicativo percebi lentidão nem morosidade. Pelo contrário, o uso do meu pacote habitual de aplicativos funcionou magistralmente bem!! Importante destacar que eu não tenho jogos em meu smartphone.

Seu WiFi é do tipo B/G/N e portanto não trabalha com APs de 5 Ghz, os mais novos e mais rápidos (padrões “a” e “ac”). Isso é uma pena, pois conectar-se a APs de 5 Ghz conferem maior velocidade de acesso. Há certo preciosismo nesta minha crítica, pois tudo que precisei usar com seu WiFi foi rápido e fluente.

Acompanha o Quantum um pequeno “dongle”, uma engenhoca que funciona como antena de TV digital. Há em São Paulo cerca de 15 a 20 canais abertos que podem ser captados. A resolução é 320x200 (padrão 1-SEG) que é adequada para uma tela pequena, com qualidade mediana. Uma atualização futura para padrão Full-SEG é desejável (HD). É bem interessante e versátil ter uma TV aberta literalmente no nosso bolso.
      

Figura 05 – Quantum Go na minha mão

Aplicativos que usam GPS são muito importantes para mim. A começar pelo navegador WAZE. Já testei smartphone cujo GPS invariavelmente reportava posição com 4 a 5 segundos de atraso e isso vivia me fazendo perder conversões e me levando a dar voltas e perder tempo. O GPS do Quantum, a despeito de seu pequeno tamanho e espessura (apenas 6.5 mm) não tem nenhum destes problemas. Perfeito. Da mesma forma uso aplicativos de corrida como o Nike Plus e o soürun. Também tenho relógios com GPS (Garmin) e as distâncias medidas pelo Quantum não se afastaram mais que 1% das medidas pelos aplicativos rodando no smartphone. Isso é MUITO importante!

Duração da bateria
           

Eu costumo fazer um teste muito minucioso, extenso, muitos dias (pelo menos 20 ou 30). Assim tenho testado smartphones. O teste da bateria do Quantum precisou ser um pouco abreviado porque tive que iniciar testes com outros dispositivos, mas segui usando o Quantum no dia a dia, não em regime integral (mais detalhes adiante).

Detalhista que sou ainda estou tentando descobrir um modelo matemático que associe tempo de uso de GPS, tempo de tela ligada (sendo exibida) e tempo de uso com os principais aplicativos com a duração da bateria. Ainda não cheguei lá dessa vez. Mas o Quantum me ajudou a trazer ainda mais dados.

Falei que o WAZE é fundamental para mim. Ao mesmo tempo este aplicativo é o maior triturador de carga de baterias que existe. É o meu teste extremo. O Quantum se usado 100% do tempo com o Waze o levaria a ter uma autonomia média de 5 horas e 46 minutos. Falando de outra forma, cada 1% da carga da bateria é drenada em 3 minutos e 35 segundos. Em termos de comparação,  Asus Zenfone 5 esgota sua bateria com WAZE em 2 horas e 37 minutos. Não testei seu recente sucessor, o Zenfone Go 5, mas imagino que deve ter evoluído nessa área.

O outro extremo do teste da bateria é a análise de “stand-by”, smartphone ligado todo o tempo, mas sem uso. Nesta situação o Go ficou 123 horas em funcionamento (5 dias e 3 horas). Isso pode não significar muita coisa, pois não é prático ter um smartphone ligado e não usá-lo. Mas adicionando o cenário do WAZE fica muito bem estabelecido o limite máximo e mínimo entre praticamente 6 horas e 123 horas a autonomia do Quantum Go, apenas dependendo da forma de uso. Observação importante. O teste de standby foi feito com a tela ligada em brilho mínimo. Se deixada desligada (cenário da figura abaixo) o Quantum ficaria mais de 10 dias em funcionamento!


Figura 06 - Exemplo de teste com standby parcial e ainda assim perto de 5 dias de autonomia

Em regime de uso normal, ou seja, um mix composto por uso de Waze, whatsapp, ler e responder e-mails, ler conteúdo de sites, tirar fotos, usar redes sociais, falar ao telefone e também manter o dispositivo em standby por alguns momentos, segundo o MEU PERFIL de uso (que certamente não é idêntico ao do leitor), obtive em 13 dias de testes contínuos, autonomia de bateria entre 10 horas e 5 minutos e 16 horas e 27 minutos. Na média obtive 13 horas e 47 minutos de autonomia.

Isso é mais do que suficiente para um dia de trabalho e uso em regime misto, como descrito acima. Mas e se precisar fazer a carga da bateria? O Quantum GO não dispõe do recurso “fast charge” como alguns smartphones já têm. Ele demora cerca de 3 horas e meia para ser totalmente abastecido com energia. Um smartphone com carga “rápida”, em 45 minutos, por exemplo, vai acrescentar perto de 65% de carga enquanto o Quantum acrescenta perto de 24% de energia.
  

Figura 07 – resumo dos dados de duração da bateria

Câmera fotográfica

Especificações à parte, o que interessa para o consumidor é a praticidade e a qualidade das fotos. O diminuto tamanho (espessura) do Quantum Go me sugeria que a câmera não fosse lá essas coisas. Eu me enganei. Registra rapidamente a foto e tem ótima sensibilidade. Em uma escala de 0 a 10, situando todos os smartphones que já testei, a câmera do Quantum Go recebe uma menção entre 8.5 e 9. Não vai desapontar ninguém.

Fiz alguns registros em modo automático (o mais comum), em 13 MP. Vejam os resultados e julgue por si mesmo.


Figura 08 – paisagem urbana – muitos detalhes, luz natural e sem sol
 
  

Figura 09  – detalhe da foto acima

Fotos internas costumam ser difíceis. Seguem 3 exemplos. O primeiro em um quarto quase escuro, luz muito fraca. Algum ruído se observa, mas não muito. Segunda foto, do mesmo objeto, mas com flash. Cores tendem a se artificializar, mas não há ruído. A última foto, com a janela aberta, boa iluminação natural (embora sem sol – dia nublado). No final um detalhe da terceira foto.


Figura 10  – porta lápis fotografado em quarto quase escuro – bem pouca luz
   

Figura 11 – mesmo  porta lápis fotografado com flash



Figura 12 – mesmo  porta lápis fotografado com luz natural – riqueza de cores

   

Figura 13 – detalhe da foto do porta lápis retirado da foto acima – riqueza de cores

Qualidade de foto passa por uma avaliação parcialmente subjetiva. Eu fiquei muito satisfeito com os resultados. Mas cada um pode avaliar as fotos exemplo acima e tirar suas conclusões.

Concluindo

Como eu testo muitos smartphones acaba sendo difícil eu dizer que tal modelo é “o meu telefone”. Sou o rei do Google Play!! Vivo instalando e reinstalando aplicativos em inúmeros dispositivos que sigo testando. Após ter avaliado o Quantum Go ele teve um destino diferente de outros que recebi para testes. Ele mesmo sem SIMCARD ganhou morada definitiva em meus bolsos. Pelo seu tamanho e incrível leveza, ótima qualidade de fotos, boa navegação WiFi, ele virou meu telefone de apoio. Fotos, gravação de som, entrevistas, análise de WiFi, navegação em sites, rádio pela Internet, música... Acabo de testar o bom Zenfone Selfie e estou neste momento testando o Samsung ON7. Mas o Go está sempre comigo também. Ele conquistou este espaço comigo! Sem contar seu design que me agradou muito!! Ele é muito elegante!!
     

Figura 14 – Quantum Go – design elegante (clique para ampliar)

 
Seu tempo de carga de bateria não é muito rápido, é verdade. Mas pelo atual baixo uso eu não preciso carregar tanto assim. Se um dia eu acabar de testar smartphones (grandes – 5.5 ou 6 polegadas) o Quantum poderá voltar ao seu posto de titular comigo. Sua interface leve, sem grandes enfeites e efeitos “pirotécnicos” me agrada. A duração da bateria é impressionante ainda mais se levado em conta que pelo seu peso ele parece que nem bateria tem!!!

Inicialmente a empresa estava realizando a venda somente por venda direta em seu site www.meuquantum.com.br. Aliás neste site existem vários acessários disponíveis como capas em várias cores, adaptador veicular, carregadores, etc. O modelo que testei, 4G com 32 GB de armazenamento custa R$ 899 (disponível nas cores Steel Gray e Frozen White). O modelo 3G, com 16 GB de armazenamento custa R$ 699 (disponível nas cores Steel Gray e Champagne Gold). Mas desde o começo de novembro ele também pode ser encontrado em diversos pontos de vendas como Extra, Submarino, Ponto Frio, Shoptime, Casas Bahia, etc. além de Quiosques Quantum em alguns Shopping Centers no Brasil.

Na ocasião do lançamento seus idealizadores disseram ser este o primeiro modelo de uma família que vai crescer. Estou muito curioso para ver o que estes dedicados e visionários empresários brasileiros vão fazer dessa vez. Quem disse que smartphone tem que ser apenas iPhone ou de origem coreana ou chinesa!


Figura 15  – Quiosque de venda do Quantum




terça-feira, 17 de novembro de 2015

Positivo Duo ZX3060 – conversível com ultra mobilidade

Tenho testado vários equipamentos do tipo “conversível” ou “dois em um” e por conta disso percebo agora que existem diferentes categorias dentro deste mesmo grupo. O Dell Inspiron 7348, recém avaliado por mim pode ser considerado um notebook que vira tablet (rebatendo a tela), pela sua configuração e por seu tamanho. Já o Positivo Duo ZX3060, objeto deste texto se enquadra em outra categoria. É o oposto. Trata-se de um tablet que se transforma em notebook. Isso merece mais explicação.


Figura 01 – Positivo Duo na forma “notebook”

É um dispositivo cuja tela tem 10.1 polegadas, ultra leve e com fantástico talento em aplicações de mobilidade. Vamos resumir suas caraterísticas:
  • Conversível 2 em 1 com tela destacável
  • Tela de 10.1 polegadas resolução 1280x800
  • 2 GB de memória RAM
  • 32 GB de armazenamento em memória flash
  • Conectores mini USB e mini HDMI
  • 1 conector USB comum (na base do teclado)
  • Aceita cartão de memória MicroSD
  • Conectividade WiFi (802.11n) e Bluetooth
  • Sistema operacional Windows 10
  • Processador Intel Atom Z3735F de 1.33 Ghz
  • Webcam


A Positivo o classifica como dispositivo “Modo Continuum”, ou seja, todo o conteúdo e poder de processamento no modo tablet. Na prática isso significa que toda sua “capacidade pensante” permanece na tela, bem como seu armazenamento e processador, que confere a mesma capacidade no modo tablet (diferente de um outra categoria de conversível).

Seu processador merece destaque. É o ultra econômico Intel Atom Z3735F que tem frequência base de 1.33 Ghz, mas pode trabalhar a 500 Mhz em situações de baixa demanda e se solicitado acelera a até e frequência de 1.83 Ghz. Esta estratégia está presente em toda a linha da Intel, mas os processadores cuja aplicação se concentram em dispositivos focados em mobilidade, privilegiam a economia de energia. O limite máximo teórico de consumo de energia deste processador é de 2.2 Watts apenas. Incrível!! Algo parecido com o que gasta uma daquelas diminutas lâmpadas de enfeites de natal.

Figura 02 – informações sobre o processador Intel Atom Z3735F
   
   
Sua tela de 10.1 polegadas me pareceu muito adequada por dois motivos. Este tamanho de 10 polegadas é uma dimensão que para uso no modo tablet é bastante natural, leve e manuseio muito confortável (ao contrário de alguns conversíveis não destacáveis que dobram a tela sob a base do teclado). Mas além disso o brilho e definição da tela me impressionaram sobremaneira. Mérito da tecnologia usada neste painel que permite usar no dia a dia a regulagem de brilho da tela abaixo da metade. Isso é ótimo, pois menor uso do brilho consumo ainda menor energia.


Figura 03 – Positivo Duo na forma destacada - tablet
 
   
Por conta disso precisei adaptar meu teste de consumo de energia (mais detalhes adiante) usando o nível de brilho confortável e não 70% como vinha fazendo (seria irreal testar dessa forma). E por fim, esta característica da luminosidade da tela favorece o uso em ambientes externos, os quais muitas vezes não é favorável no caso de outros dispositivos com telas menos brilhantes.

A memória de 2 GB pode não parecer muito, frente à configuração de outros dispositivos. Mas pelo fato de usar o Windows 10, sistema que foi bastante aprimorado, tanto para uso em sistemas cuja mobilidade é foco, como pela otimização de recursos e memória, é uma configuração que atende perfeitamente bem o modelo de uso proposto.

 
Figura 04 – Positivo Duo – Windows 10

Da mesma forma pode parecer apertado haver apenas 32 GB de área de armazenamento no Positivo Duo. Mas consideremos.  Trata-se de um SSD de 32 GB, ou seja, não é um disco, mais lento, com componentes mecânicos que se desgastam e sim memória flash de alta velocidade. É uma linha de menor custo da Samsung (BWBC3R) que é muito mais rápida que HDs tradicionais (cerca de 160 MB/s de taxa de transferência). Isso se traduz em tempo de acesso, tempo de carga do Windows (liga em segundos) e muita agilidade na execução de programas. Um leitor de cartão de memória MicroSD permite elevar a área de armazenamento com mais 16, 32, 64 ou até 128 GB adicionais.
     

Figura 05 –  Detalhe do teclado com as teclas com tamanhos diferentes (em baixo à direita)

  
O modelo de uso do Positivo Duo não requer mesmo imensa área de armazenamento. Ele é extraordinário como dispositivo para consumir informação e não para acumular arquivos. Sua tela (ou modo tablet) é ótima para consultas na Internet, acesso a sites, notícias, entretenimento e leitura (seja de sites, PDFs ou mesmo eBooks). E a nuvem é uma forma natural de ampliar capacidade de armazenamento de forma virtualmente infinita.

O sistema de toque da tela é do tipo múltiplo com 5 pontos simultâneos, adequado aos hábitos já criados por quem usa tablets ou computadores com recurso de “touch”. Ações como mover páginas, rolar sites, movimento de pinça para usar zoom (ampliar ou reduzir) são naturais e funcionam perfeitamente.

O teclado do Positivo Duo é menor que um teclado normal. Isso é óbvio uma vez que o dispositivo tem dimensão reduzida. Teclados assim são comuns em equipamentos deste tamanho. Exige um tempo de adaptação, mas que é rápido. Tanto isso é verdade que estou escrevendo este texto sobre o Positivo Duo nele mesmo, usando uma versão do Word pré-instalada. Já digitei quase 16000 caracteres e mais de 2500 palavras usando praticamente como se fora um dos meus notebooks. Isso confirma o talento do Positivo Duo também para produção de conteúdo. No modo “notebook”, com seu teclado, fazer anotações breves ou mesmo um texto mais extenso como este não só e possível, mas bastante natural.

Mas preciso fazer aqui duas críticas relacionadas à usabilidade. Por razões de engenharia e projeto, para fazer caber todas as teclas no pequeno espaço (o teclado tem cerca de 25 cm de largura), algumas teclas, concentradas no lado direito têm tamanho menor. Por exemplo a letra “M” e os símbolos “, . ; ? / : > <” tem dimensão reduzida. Tudo é questão de adaptação e  isso é possível. Tanto que escrevo este texto com fluência e apenas poucas “escorregadas” por conta dessas teclas menores. Sei que é muito difícil conciliar, mas se em futura versão ao menos a letra “M” fosse do mesmo tamanho que as demais, seria algo muito bom. A segunda crítica diz respeito ao touchpad.


Figura 06 – 
Positivo Duo na forma tablet sem destacar o teclado – visão do conector USB na parte inferior

Preciso confessar que não gosto de touchpads de forma alguma. Raríssimos foram aqueles que eu tolerei usar. Então atenue minha crítica já tendo isso em mente. Mas não achei o touchpad do Positivo Duo com precisão suficiente. Algumas vezes tentava clicar e arrastar e não conseguia. Às vezes tentava mudar o tamanho de algo e acabava por move-lo. Não me incomodo de dizer que ao escrever este texto, para ter mais liberdade e mais fluência (produtividade) conectei um mouse USB na base do teclado e estou usando neste momento desta forma. Ao contrário do touch da tela que é ótimo!!! Fica a dica, mesmo usando em modo notebook, valha-se da interface de toque da tela, é muito melhor.


Figura 07 – conectores mini USB, micro HDMI, fone e leitor de cartões

Ao escrever este texto já precisei fazer consultas na Web, procurar por fotos, capturei minhas próprias fotos do Positivo Duo. Por conta disso usando o aplicativo gratuito Paint.NET. Cortei, redimensionei e aprimorei algumas dessas fotos e imagens. Também em momentos lúdicos, um intervalo entre um parágrafo e outro, ouvi música e assisti vídeos no Youtube. Faço este registro para ressaltar a personalidade ampla e a adequação do Positivo Duo ou modelo de uso de consumo de conteúdo, produção de textos, edição simples de imagem, leitura de notícias... ou seja, tudo aquilo que um dispositivo móvel com esta característica se destina.


Versatilidade

Existe uma grande versatilidade no uso do Positivo Duo. É mais que Duo. Além da forma notebook e da forma tablet destacado, algumas outras combinações são possíveis. Na foto acima pode ser visto o Positivo Duo como tablet, mas sem destacar o teclado, apenas com a tela virada (montada ao contrário). Na foto abaixo podemos ver outra personalidade do Duo. A tela pode ser encaixada dos dois lados, ou seja, virada para o teclado ou para o lado externo. Dessa forma torna-se um interessante para realizar apresentações ou para ver filmes.

 

Figura 08 – Positivo Duo na forma notebook com a tela do outro lado – bom para apresentações ou filmes

   
Importante ressaltar que ao ser destacado o Windows 10 faz a pergunta “Quer usar o dispositivo no modo Tablet?”. Isso significa que a interface normal do Windows 10 é substituída por outra mais apropriada para tablets, com ícones grandes e privilegiando o recurso do toque. A mudança de uma forma para a outra pode ser automática ou deixar que o Windows sempre pergunte.


Figura 09 – Positivo Duo com a interface de tablet do Windows 10 – questionamento do Windows

Processamento bruto

Não é de jeito nenhum o foco deste tipo de equipamento. Mas sempre submeto os dispositivos que testo ao programa SUPERPI (cálculo do número irracional PI com 1 milhão de casas decimais). O Positivo realizou a tarefa em respeitáveis 47 segundos. Notebooks tradicionais fazem a mesma tarefa em um quarto deste tempo (ou menos). Mas um conversível cujo modelo de uso é predominantemente tablet não precisa em momento algum de poder extremo de processamento matemático. O mais perto que ele chega disso é quando eu o usei para redimensionar imagens (processo no qual cálculos matemáticos são necessários – mas em escala mediana) e essa função, relativamente esperada (embora não muito comum) foi realizada de forma quase instantânea, ou seja, mais do que adequada. Ninguém jamais pode considerar o uso de um equipamento assim para edição de vídeo, por exemplo.

Duração da bateria

Claramente um dos atributos mais valorizados em um computador como o Positivo Duo é a sua autonomia de bateria. Seu usuário quer ter liberdade de levá-lo consigo na pasta, mochila ou mesmo bolsa feminina (ele é suficientemente pequeno para caber nas bolsas das mulheres – seja no modo tablet ou com teclado) e poder usar ao longo de todo dia.

Assim, seguindo minha metodologia de teste de baterias, submeto o equipamento a 3 cenários distintos que eu explico a seguir.

·      Força bruta: utilizo o software BATTERY EATER, que como o nome mesmo sugere estressa o computador usando o máximo possível os recursos. Ao mesmo tempo que executa constante e ininterruptamente cálculos matemáticos complexos ele trabalha em modo gráfico na tela uma figura 3D que fica sendo constantemente girada em seus eixos mostrando todas as suas faces. Essa conjunção de atividades leva o consumo do processador ao máximo (100%) por todo o tempo e da mesma forma sobrecarrega o sistema gráfico. Enfim, fica evidente que é o máximo esforço que um notebook ou tablet pode ser submetido. Nesta condição extrema o Positivo Duo de forma surpreendente permaneceu em atividade por 218 minutos, ou seja, 3 horas e 38 minutos.

·       “Idle – sem atividade”: é a forma mais conservadora e que demanda menos energia possível. O computador fica parado, sem executar tarefa alguma. Dessa forma consigo aferir o consumo mínimo para que ela permaneça ligada. Mas faço alguns ajustes. Não deixo o monitor ser desligado em tempo algum (algo que normalmente acontece após alguns minutos de inatividade) e deixo o WiFi ativado (embora sem tráfego de dados). Tive que fazer um ajuste no meu critério ao testar o Positivo Duo porque sua tela bastante brilhante me permitiu deixá-la em 40% do brilho máximo e não 70% como normalmente uso (40% seria a forma como eu o usaria no dia a dia) Nessa condição de “não uso” ele permaneceu ligado por 487 minutos, ou seja, 8 horas e 15 minutos.

·      “Uso natural”: como o próprio nome sugere é um modo de uso no qual o Positivo Duo é usado em tarefas corriqueiras. A própria atividade de elaborar este texto foi o objeto de trabalho. Produzi este texto no Word. Revisei, corrigi. Usei Excel para fazer os cálculos e montar a tabela resumo abaixo. Fiz pesquisas na Internet para saber mais sobre dispositivos conversíveis. Verifiquei meu e-mail (Gmail e Outlook.com). Consultei sites de notícias. Procurei por imagens e fotos do Positivo Duo. Como produzi minhas próprias fotos eu as cortei, redimensionei e fiz alguns ajustes para poder usar neste texto. E como ninguém é de ferro, fiz duas pausas para café e assisti a dois ou três vídeos no Youtube para descansar um pouco. Nessa condição de uso “natural” ele permaneceu ligado por 333 minutos, ou seja, 5 horas e 33 minutos.


Figura 10 – Resumo dos testes de duração de bateria

Ao olhar para esta tabela algumas considerações devem ser feitas. Casualmente eu nunca tinha visto dispositivo algum superar 3 horas e 30 minutos no teste de stress Battery Eater! Destaque para o Positivo Duo e seu muito esperto processador Atom Z3735F. Por outro lado, embora meu teste de “Idle” tenha sido com WiFi e tela ligados e 8 horas e 15 minutos ser uma autonomia respeitável, está longe das 14 horas do último conversível testado, o Dell Inspiron 7348 (de 13.3 polegadas).

Mas o que me impressionou foi o fato de ter obtido em uso natural, com consumo de conteúdo, produção de texto e planilhas e edição leve de imagens mais de 5 horas e meia de autonomia. Isso é fantástico. Ainda mais levando em conta que trabalhei este tempo todo de forma praticamente ininterrupta, com apenas duas pausas de 3 ou 4 minutos. Um usuário que leve consigo o Positivo Duo e o utilize de forma ainda mais “natural” que eu, de maneira mais intercalada, guardando-o em modo de suspensão, deixando a tela mais tempo inativa, retomando a atividade... poderá certamente se superar 8 horas de uso ou ainda mais.

Resumo e conclusão

Modelo de uso é tudo. Usar o dispositivo certo para a função certa. O Positivo Duo por ser um conversível do tipo destacável apresenta várias características oriundas dessa bipolaridade. Este tipo de equipamento concentra todo o poder de processamento e bateria na parte da tela (tablet) que de certa forma, pelo espaço físico, limita um pouco a dimensão da bateria e o poder do processador que ali pode ser usado. Mas o Positivo Duo demonstrou um equilíbrio muito interessante. Suas diferentes configurações, com a tela, sem a tela, com a tela rebatida ou montada do lado oposto... Tudo isso resulta em versatilidade.
   

Figura 12 – Positivo em modo notebook mas configurado para apresentações ou filmes

 

Partindo do princípio que o ótimo processador Atom Z3735F não serve para tarefas que demandem processamento concentrado podemos analisar os talentos naturais do Positivo Duo. Conforme relatei a produção de conteúdo em forma de texto, planilha ou mesmo ajuste simples de imagens são feitos muito bem neste dispositivo. Isso transcende o uso esperado do apenas consumir conteúdo, algo comum para um tablet que se robustece com uma base com teclado e USB.

Seu tamanho de 10.1 polegadas aliado ao seu diminuto peso (ainda mais leve com a tela destacada em modo tablet) torna-o uma excelente ferramenta de produtividade móvel. Pode ser levado com grande facilidade em uma pasta ou bolsa feminina. O teclado com algumas teclas menores exige alguma adaptação, mas não implica em maiores problemas. Apenas não gostei do touchpad, pois me pareceu impreciso. Possivelmente é questão de adaptação, mas no meu caso preferi usar um mouse de verdade no conector USB e bastante o recurso de toque.

A capacidade de memória (2 GB) e de armazenamento (32 GB) são bastante pertinentes ao tipo de uso proposto para o Positivo Duo. Estes 32 GB são de memória flash que confere agilidade e rapidez ao ligá-lo e no uso dos programas. Se estes 32 GB não forem suficientes as alternativas são usar armazenamento online em algum serviço de nuvem ou mesmo inserir um cartão de memória (MicroSD) ampliando a capacidade interna.

Por fim, a duração bateria avaliado em modo notebook (maior demanda) revelou um comportamento muito bom. Em stress máximo (Battery Eater) um dispositivo nunca havia chegado a 3 horas e meia!! Em modo “Idle” (sem uso mas com WiFi e tela ligados) superou as 8 horas. Mas o teste de uso “natural”, a propósito escrevendo este texto e mais várias outras atividades, foi o mais POSITIVO (sem fazer trocadilho com o fabricante), pois superou as 5 horas e meia de trabalho, atividade real! Muito bom!

O Positivo Duo ZX3060 é um conversível de grande mérito pela versatilidade e capacidade de realizar muitas das atividades necessárias no dia a dia (se não todas) de um usuário comum. Sua dualidade permite que seja explorado na forma de grande consumidor de conteúdo, mas também com capacidade real de produção de trabalhos, textos, etc. E tudo isso com grande poder de mobilidade!

domingo, 15 de novembro de 2015

Samsung Gear S2 – será que já vale a pena ter um smart watch? Essencial ou baboseira?

Venho acompanhando com atenção este segmento de relógios inteligentes, relógios conectados denominados pela expressão “smart watch”. Eu confesso que desde que Motorola, Apple ou Samsung, entre outros fabricantes (penso que estes são os mais importantes) trouxeram ao mercado seus produtos, meu pensamento era pura e simplesmente “isso é uma baboseira inútil e sem valor real algum para o consumidor”. Jeito estranho este de abrir um texto exatamente sobre um smart watch, mas é a mais pura verdade. Minha opinião estava formada.

Pode ser que esta fosse minha opinião porque de certa forma eu já venho há anos usando relógios inteligentes, mas de outro tipo. Meu esporte do coração é corrida de rua e há muito tempo uso relógio que mede distância, registra o tempo por quilômetro, pulsação a cada segundo, ritmo médio (pace), ritmo instantâneo, etc. No começo usava um relógio que se comunicava com um acelerômetro que ia amarrado no tênis. Depois passei a usar relógios com GPS.

Assim ao ver os primeiros smart watches quando foram lançados, eles me pareciam apenas e tão somente versões glorificadas e transformadas em “fashion” de algo que eu já usava há anos. OK, eu sei que os novos relógios se conectam com o smartphone de forma bidirecional. Recebem informações, acessam Internet, exibem e-mails, SMS, e mensagens de outros tipos. Mas a última coisa que eu quero durante a minha corrida é receber um e-mail ou SMS que me desvie o foco da corrida e do prazer da atividade física.

Depois de observar vários destes relógios fashion, conectados algum coisa mudou a minha forma de ver este tipo de produto. Neste mês de novembro a Samsung lançou no Brasil o Gear  S2 e apesar de eu não ter feito de fato o test-drive com ele (aliás algo que tenho grande interesse), pude interagir bastante com especialistas de produto da empresa e muitas dúvidas e curiosidades foram esclarecidas. Definitivamente mudei de opinião após conhecer o Gear S2. Smart watch não é baboseira.



figura 01 – Gear S2 em exposição


Mas o que me fez mudar de opinião? Inicialmente as funções que se aproximam ou mesmo substituem dos meus relógios especializados em corridas. Desde as primeiras versões vários smart watches já contam passos, estimam gasto de calorias e monitoram frequência cardíaca por meio de um sensor no verso do corpo do relógio. Isso é muito mais prático e confortável do que as cintas peitorais usadas pelos relógios de corrida (já existem relógios de corrida com sensor no pulso). Isso é feito pelo aplicativo nativo chamado S Health.


figura 02 – Gear S2 sensor de batimentos cardíacos na base do relógio

Vivemos em um mundo no qual software é TUDO!! Um conjunto de aplicações realmente úteis e bem concebidas são capazes de agregar muito valor ao dispositivo. O Gear S2 inicia automaticamente o registro de uma atividade física (corrida) ao perceber que isso está acontecendo. Interrompe o registro ao detectar a parada e os dados da atividade física estão disponíveis (todos aqueles que meus relógios de corrida fazem). Este é o aplicativo NATIVO do Gear S2, mas seu usuário pode, por exemplo, usar outros como, por exemplo, o conhecido NIKE PLUS para já alimentar suas estatísticas no completo site de mesmo nome.


figura 03 – Gear S2 – funções do ótimo aplicativo S Health

Apesar de muito inteligente para atividades físicas, isso não é suficiente para substituir meu relógio de corrida pelo Gear S2. Aí começam a aparecer diversas características que são desde inovadoras, inteligentes, práticas e a até mesmo algumas de utilidade duvidável, mas muito bonitas ou apenas interessantes. Por exemplo, o simples movimento de leve rotação do pulso faz o display do Gear S2 ser ligado. Afinal um smart watch também serve para ver as horas, certo? E dessa forma, quando seu proprietário não o tem na linha de visão, ele fica com o visor desligado, assim poupando energia. Aliás, assunto importante este. Segundo o especialista da Samsung o tempo médio de duração de sua bateria é entre 2 e 3 dias, eventualmente um pouco menos se for usado de forma muito intensa ou até um pouco mais em regime de uso moderado. Seu carregamento se dá por meio de uma base que se conecta a um carregador USB, mas o relógio apenas fica sobre a base. Não há encaixes, o carregamento é por indução magnética. Colocou o relógio sobre a base ele já está carregando.


figura 04 – Gear S2 sendo carregado por indução em sua base

Gostei da interface e forma de uso. Poucos botões e um intuitivo aro que se move na circunferência do relógio para avançar e retroceder na escolha de opções, além, é claro, do recurso de toque no visor. Inteligente a escolha deste aro, pois tudo só no toque não teria a mesma produtividade e usabilidade.

Falando em interface, a marca registrada de um smart watch é a sua total e absoluta capacidade de customização de sua aparência. Seu visor pode mostrar desde clássicos ponteiros analógicos, ponteiros modernosos, múltiplos mostradores esportivos, inúmeras variações de temas digitais e mesmo designs que em nada lembram relógios e mesmo assim ainda mostram as horas. Dependendo da ocasião ou do humor ou estado de espírito de seu usuário, o Gear S2 pode assumir a aparência que mais o agrada para cada momento. Há um grande conjunto de temas gratuitos e também muitos temas adicionais que podem ser comprados na loja digital da Samsung.

Aparência não é tudo. Embora Vinícius de Morais em seu poema “Receita de Mulher” dizia “As muito feias que me perdoem, mas beleza é fundamental. Precisa que haja qualquer coisa de flor em tudo isso...”.  Outras características capturaram minha atenção. Aquele recurso de receber notificações no relógio, mensagens, SMS, etc. é ruim para mim na hora da corrida. Mas um lembrete de compromisso da agenda, um SMS, um e-mail importante no contexto profissional e social é uma boa ideia. Ainda mais quando podemos usar os recursos de reconhecimento de voz para responder estas mensagens ditando brevemente a nossa resposta.

Importante destacar que estas funções mais avançadas do Gear S2 exigem que ele esteja pareado, ou seja, conectado a um smartphone que não necessariamente precisa ser Samsung. Qualquer Android acima da versão 4.4 (Kitkat) ou mais novo. Ele foi concebido para ser usado de forma autônoma para várias funções, mas quando ele estabelece comunicação via Bluetooth com o smartphone que todo o potencial do Gear S2 pode ser realizado. É muito rico o software de gerenciamento e configuração que é executado no smartphone.

Mais informações podem ser obtidas no site da Samsung, em página bastante com muitos detalhes e bem ilustrada por meio deste link.


figura 05 – Gear S2 – visão geral dos menus


Especificações

O sistema operacional do Gear S2 não é Android e sim o Tizen que é mais compacto e adequado a este tipo de dispositivo, inclusive mais econômico em termos de uso de energia. Sua conexão com smartphones é Bluetooth além de WiFi 802.11n . A tela é de 1.2” (30.2 mm – medida na diagonal), 360x 360 pixels, tecnologia AMOLED (ótimo brilho e contraste) construída em Gorila Glass 3.0 (maior resistência). Importante destacar que é a prova de água padrão IP68, ou seja, resiste até 30 minutos em profundidade de até 1.5 metros. Isso significa que tomar banho, água de chuva na atividade física ou um breve mergulho na piscina não vai prejudicar o relógio.

Tem 512 MB de memória RAM, 4 GB de espaço para armazenamento de dados e programas. Ainda conta com um grande número de sensores como acelerômetro, pedômetro, giroscópio, sensor de batimentos cardíacos, barômetro e intensidade de luz ambiente. Sua bateria tem capacidade de 250 mAh (parece pouco comparado com smartphone, mas o consumo é muito menor). Veja abaixo um resumo das características.


figura 06 – especificações do Gear S2


Modelos
     

O Gear S2 foi lançado no Brasil em dois diferentes modelos denominados Gear S2 Sport e Gear S2 Classic. São essencialmente iguais em termos de “mecanismo”, ou seja, eletrônica. Mas apresentam leve diferença no tamanho e peso.

Gear S2 Sport   42.3 x 49.8 x  11.4 mm, peso 47 gramas
Gear S2 Classic 39.9 x 43.6 x 11.4  mm, peso 42 gramas


Portanto a diferença evidente é visual. O Classic como o próprio nome sugere é mais “estiloso”, acabamento sofisticado, tem formato de uma engrenagem estilizada metalizada, pulseira de couro, ligeiramente menor e um pouquinho mais leve. O modelo Sport é menos sofisticado, acabamento em plástico e formato arredondado. Os preços de lançamento de cada modelo são R$ 1.899 para o Sport e R$ 2.099 para o Classic. Ambos podem ser pagos em 12 vezes na loja da Samsung.

Estou terminando este texto no domingo de manhã, dia 15/11 e na loja online da Samsung o modelo Classic já está esgotado! Incrível! Vejam as fotos dos modelos abaixo. Relembro que o visual do mostrador dos relógios é selecionável pelo usuário. Nada impede que o dono de uma versão Sport use o mesmo tema sugerido para o Classic ou vice-versa dentre dezenas de outros temas.



figura 07 – Gear S2 modelos Sport e Classic


figura 08 – Gear S2 modelos Sport e Classic

Conclusão

Este texto acabou ficando, para uma visão preliminar do produto, muito maior do que eu previra. Isso aconteceu por dois motivos. O profissional especialista no produto com quem conversei foi muito capaz em apresentar as características do Gear S2 e eu pude ter uma longa conversa com ele. Além disso o Gear S2 me pegou de surpresa. Ele é mais do que eu esperava. Não pela beleza, não pelas especificações, mas sim pela aparente ótima usabilidade e utilidade.

Como disse, minha opinião sobre smart watches era que seriam dispositivos supérfluos e sem sentido, praticamente uma baboseira! Mas meu contato preliminar com o Gear S2 retirou de minha cabeça a ideia de que estes relógios seriam ótimas soluções esperando um bom problema. Usabilidade, aplicações, software são essenciais e parece que a Samsung conseguiu. Não que os modelos anteriores fossem ruins. Nem posso dizer isso, pois nem dei para eles oportunidade e uma grande chance de minha análise ou crítica.

Mas esta é uma visão preliminar, pois ainda não pude fazer um test-drive real com o Gear S2. Assim que puder ter meus vários dias de uso com ele conseguirei aprimorar minha opinião, ratificando ou não minhas palavras. Mas acredito que posso afastar definitivamente o termo “baboseira” como qualificador deste smart watch. Apenas não estou certo se o nível de preço é correto. Parece-me exacerbado um dispositivo desses custar perto de R$ 2.000 (R$ 100 a menos o Sport e R$ 100 a mais o Classic). Mas o mercado é soberano e vai ensinar aos fabricantes essa lição. Convém lembrar que o Classic hoje está esgotado no site da Samsung!!!


figura 09 – Gear S2 sincronizado com o ótimo S6 Edge Plus


terça-feira, 10 de novembro de 2015

Intel Security FOCUS 15 – segurança máxima para os novos tempos

Houve um tempo que vírus era o mal a ser combatido. Faz tempo. Hoje nosso mundo é tremendamente mais complexo e as ameaças são de muitos tipos diferentes vindas de muitos lugares (até internas). Mas a primeira lembrança que tenho de software de segurança para empresas é do antivírus McAfee para PC. No começo dos anos 90 era capaz de identificar e lidar com incríveis 57 tipos diferentes de vírus!!! Se não me engano hoje já são dezenas de milhões de vírus catalogados. Lembro que vírus é hoje uma das ameaças menos graves.

Sistemas de defesa contra invasões, medidas contra roubo de dados, defesa contra negação de serviço, ambiente corporativo, ambiente de mobilidade... são tantas as áreas de contato com o mundo exterior que se proteger ficou algo, se não complicado, ao menos mais complexo. Some a isso tudo a expansão do uso de sistemas e recursos em nuvem, que entremeiam o universo externo com a própria empresa. Venho olhando com muita atenção isso tudo faz um bom tempo. Na última semana de Outubro passado pude participar do congresso FOCUS 2015, organizado pela Intel Security e muita informação  acerca de segurança pude reciclar e absorver.
     

A expertise da McAfee, exatamente aquela empresa , fundada em 1987, que no começo dos anos 90 era a minha referência em termos de segurança foi adquirida pela Intel em 2011 e veio de lá para cá sendo aprimorada. Eu conheço as duas empresas há muito tempo e esta fusão é fantástica para ambos os lados. Após estes poucos anos desde a aquisição já percebo claramente a integração.

Mas o que importa é o FOCUS 2015, suas novidades. Afinal mesmo eu que procuro me manter informado, fui surpreendido com uma série de anúncios e informações, as quais quero dividir com os leitores. Este texto está dividido em 2 partes diferentes. A primeira contém minhas impressões sobre o congresso FOCUS 15. A segunda parte, que será publicada em alguns dias, contém duas entrevistas que fiz com executivos da Intel Security, Vicent Weafer  (Sr. Vice President - Head of McAfee Labs) e  Lisa Matherly (VP, WW Partner Programs, Marketing & Operations). Estas ótimas entrevistas, informativas e até reveladoras estarão na parte 2 desta matéria em alguns dias. Já está feito o convite...


Direto do FOCUS 2015 – novidades – foco na segurança!!

Ocorreu uma mudança do paradigma de sistemas de segurança. Antes as pessoas e empresas se sentiam protegidas usando diversas camadas de defesa como em um castelo medieval. Havia o fosso que era um primeiro obstáculo. Depois as grandes muralhas. As torres de observação, uma segunda muralha. Sentinelas prontos para atacar e repelir invasores. Os bens mais valiosos trancados em um cofre no alto de uma torre com guardas na porta...  Essencialmente um sistema de firewall, antivírus, IPS, etc. têm essa característica, blindar o meio interno das ameaças que vem de fora.


figura 01 – castelo medieval – segurança plena só no passado

Porém hoje em dia este modelo está totalmente obsoleto, não funciona mais. Com a consumerização dos recursos de TI os equipamentos pessoais estão dentro das empresas que dificulta TI de ter total controle das fronteiras no uso dos recursos. Os dados estão em todos os lugares, no servidor, na nuvem, nos dispositivos móveis, bem como os acessos feitos dentro e fora das fronteiras da corporação. Como lidar com esta situação? Faz-se necessário implantar um novo e mais abrangente modelo de segurança que se caracteriza por gerenciar o acesso aos dados não importando de onde são acessados nem onde estão hospedadas as informações.

Isso é comparável ao modelo de segurança que existe em um grande aeroporto. Tente imaginar a quantidade de pontos de checagem, portas de acesso, integridade de dados, quem vem da cidade, quem chega pelo ar, o tráfego nas vias próximas, o tráfego aéreo na região... Isso impõe necessidades que vão além. É um desafio dentre outros muitos desafios!!
     

figura 02 – ambiente complexo com multiplicidade de pontos de acesso
       

Além disso tudo a inventividade dos invasores tem crescido sobremaneira. A título de exemplo, foi descoberta uma ameaça que é implantada por meio de um srcript (PowerShell) que usa recursos legítimos e necessários do um sistema de monitoração do Windows Server (WMI – Windows Management Strumentation) e que não deixa um rastro sequer que pudesse ser identificado por uma “assinatura”. Vejam só!!!

Outra preocupação, há algum tempo se intensificaram os ataques personalizados e persistentes. São iniciativas direcionadas a obter uma informação específica que pode ser desde dados pessoais para alguém se beneficiar com a identidade de outrem como acesso a e-mails visando espionagem industrial/gerencial, projetos, orçamentos, planos estratégicos... Estes ataques personalizados e persistentes podem durar dias, semanas, meses... até que o invasor logre êxito em seu objetivo. Por muitas vezes são utilizados mecanismos extremamente sutis e discretos. É algo com que realmente se deve preocupar.


figura 03 – nova realidade – ameaças personalizadas

Acionando os sistemas de defesa

A Intel Security desenvolveu um conjunto de soluções integradas que visam endereçar este tipo de situação. O desafio é obter extrema agilidade no processo por meio de um ciclo infinito que consiste em PROTEGER, DETECTAR e CORRIGIR, de forma contínua, incansável e o mais automática possível.

Um anúncio importante que aconteceu no FOCUS 15 foi a chegada do novo produto de segurança de endpoints, ou seja, as estações de trabalho e dispositivos móveis da empresa. O ENDPOINT é a evolução dos antigos antivírus, porém mais sofisticado, mais amplos e são gerenciados, ou seja, todo evento de segurança em cada dispositivo é acompanhado e ações podem ser tomadas partindo do administrador (ou por meio de resposta automática definida). Foi anunciada a versão 10.x que entre outras características apresenta:
       
  • Uso de CPU 89% melhor (menor consumo)
  • Tempo de boot 18% mais rápido
  • Arquivos DAT, assinatura das ameaça (rastro “genético”) 60% menor
  • AV-TEST índice 17.5 em 18 – veja mais aqui
  • Instalação entre 3 e 4 vezes mais rápida
  • Varredura inicial (em busca de ameaças) 30% mais rápida
  • Interface simplificada para usuário final e minuciosa para administrador



figura 04 – interface do administrador e do usuário final (clique para ampliar)

AV-TEST é uma entidade de pesquisa de segurança que avalia de forma independente sistemas de antivírus e antimalware. Em seu último teste submeteu o Endpoint 10 a 167 ameaças do tipo “zero-day” (criadas naquele dia – novas) e ele detectou e corrigiu 100% da amostra (0% de falha) sendo que segundo a AV-TEST a média de mercado é ter 2% de falha. Mais detalhes aqui.
      

figura 05 – apresentação do Endpoint 10.x

Este resultado, zero falhas para ameaças do tipo “zero-day” é extremamente importante. Por um simples motivo. Quando no começo dos anos 90 havia em certo momento 57 vírus conhecidos, em 2005 (há dez anos) eram criadas 25 ameaças por dia!! Acha que isso é muito? Em 2015 são geradas 496 mil ameaças POR DIA!! Parece inacreditável, por isso replico a tela abaixo!! Atualmente o submundo do crime digital utiliza meios quase que industriais para criar novos malwares e com algumas pequenas variações cria-se um novo elemento maléfico a partir do anterior.
      

figura 06 – apresentação do Endpoint 10.x e o crescimento das ameaças

Como lidar com esta quantidade insana de ameaças novas por dia? A Intel Security desenvolveu uma tecnologia chamada “McAfeeActive Response” que endereça essa necessidade . Veja mais detalhes no link anterior e aqui. Em resumo, trata-se de um processo que continuamente inspeciona possíveis ataques, dispara gatilhos de ações no caso da descoberta de um comportamento indesejado, adapta-se às diferentes condições. Automaticamente isola a possível ameaça e envia os dados para análise pelo laboratório da Intel Security, alerta o administrador do sistema de segurança na empresa e aparta o arquivo, link, documento, etc. para que ninguém mais na organização tenha acesso.

A propósito, em uma das demonstrações o Endpoint foi capaz de analisar, detectar e isolar um documento do tipo PDF que estava infectado com um malware. Você sabia que o tão usado arquivo PDF pode conter ameaças? Achou que estava imune? Os arquivos do Office com textos do Word ou planilhas do Excel tiveram seus dias de ameaças (vírus de macro). Este tipo de ameaça praticamente não existe mais. Mas nada impede que haja uma nova leva até mais sofisticada desse tipo de malware.


figura 07 – Endpoint descobrindo malware em PDF

Como o Endpoint trabalha com gerenciamento centralizado, a empresa pode optar por bloquear ou liberar recursos como HDs externos, pendrives, etc. de forma seletiva (somente alguns dispositivos previamente autorizados), bem como liberar ou proibir acesso a sistemas de disco virtual em nuvem como Dropbox, Google Drive, OneDrive, iDrive, etc. Isto é muito importante uma vez que este tipo de acesso é um canal que torna muito fácil a fuga de informações de dentro para fora da empresa. A tecnologia que endereça este tipo de problema se chama DLP (Data Loss Prevention).

Além disso, mesmo que autorizado, por exemplo o Dropbox, pode não estar de acordo com normas rígidas de segurança aplicadas na empresa no aspecto criptografia. Pude ver uma demonstração na qual o compartilhamento de arquivo via Dropbox fora bloqueado, mas o serviço BOX SYNC fora autorizado (por estar aderente a padrões mais rígidos de segurança).

O Endpoint consegue interceptar a ação de gravar no disco virtual da nuvem, autorizar ou não baseado em perfil de acesso e ainda obriga o usuário documentar o propósito daquela cópia, que certamente ficará associado com seu nome, data, hora e motivo. Ou seja, não sai dado da empresa sem que tenha sido autorizado e fica tudo documentado. Veja isso na tela abaixo.


figura 08 – Endpoint registrando e documentando o uso do disco virtual na nuvem
      
   
E se tudo isso não bastasse, uma grande revelação para mim foi a transformação de um mito em realidade! Eu ouvia com ceticismo e confesso que até com escárnio quando pessoas me perguntavam sobre vírus que atacaria impressora, roteadores e até computadores, mesmo sem carregar o sistema operacional. Isso era risível!! Mas não é mais. Para começar existe um dispositivo idêntico a um pendrive que ao ser inserido no computador acumula carga elétrica em um capacitor por algum tempo. Depois devolve de uma vez só esta carga queimando a porta USB e muitas vezes também a placa mãe do computador!!!!! Mas isso depende de um hardware feito especialmente para isso. É mais uma piada sem graça do que um ataque anônimo.

Mas foi descoberto um novo tipo de ameaça que, sem ser técnico para não aborrecer os leitores, explora por exemplo, uma vulnerabilidade chamada RowHammer e que permite que um malware se aloje no firmware, BIOS ou mesmo no Hypervisor de um sistema de virtualização de computadores. Estes locais são normalmente isolados do sistema operacional e, portanto, praticamente não detectáveis! A raiz para resolver este problema é realizar uma atualização da BIOS ou firmware do equipamento para eliminar esta vulnerabilidade.


figura 09 – hardware agora também pode ser vítima de malware!!


Uma cola poderosa unindo as camadas de segurança, o DXL

Está bastante claro que não apenas a quantidade de ameaças cresceu incrivelmente como os tipos e variedades dos ataques. Ainda mais claro que vivemos hoje em um mundo no qual o conceito do “castelo medieval” não é mais eficiente para se proteger contra todos os tipos de incidentes, invasões, perda de dados, espionagem, roubo de identidade, escravização de computadores, vírus, ataque de negação de serviço, sequestro de informações com cobrança de resgate (denominado de Ramsomware), ataque contra BIOS e firmware, etc. Mas a defesa contra todos estes tipos conhecidos de ameaças e principalmente contra as desconhecidas necessita de uma arquitetura mais robusta e com alto nível de integração.

O DXL oferece uma camada padronizada de integração e comunicação para uso por todos os produtos, seja qual for a arquitetura proprietária subjacente. Ele simplifica drasticamente as integrações, exigindo que se realize a configuração apenas uma vez, ao mesmo tempo que incentiva a participação aberta dos fornecedores. Com esse aumento de velocidade, agilidade e expansibilidade, é fortalecida a base da detecção e da resposta a ameaças no cenário de TI.
       

figura 10 – Integração de componentes de segurança por meio do DXL

Permite criar um ecossistema integrado de segurança que opera com várias soluções. Baseado em plataforma aberta, conecta produtos e soluções de segurança de vários fornecedores para oferecer compartilhamento bidirecional de informações de segurança. Une tecnologias de defesa diferentes em um único sistema coordenado reduzindo custos operacionais. Agiliza a proteção, a resposta e evita que recursos preciosos da equipe de segurança sejam desperdiçados em tarefas manuais e treinamentos para emergências. Também os componentes conectados pelo McAfee DXL compartilham informações de contexto instantaneamente ao mesmo tempo que oferecem proteção imediata contra ameaças.
     

figura 11 – Integração de componentes de segurança por meio do DXL incluindo soluções de terceiros

Vi com meus próprios olhos várias soluções de parceiros da Intel Security que já oferecem produtos que usam a camada DXL para integrar vários módulos e componentes, bem como se integrar com soluções da Intel Security. É um conceito muito forte e que ao meu ver poderá ampliar enormemente a capacidade de integração de soluções bem como as áreas de Inteligência para resposta a ataques e incidentes.


Previsões da evolução das ameaças para 2016

Uma pesquisa feita pela Intel Security, visando prever o comportamento deste cenário aponta que o ataque do tipo Ramsomware tende a crescer bastante em 2016. Também se prevê ataques aos dispositivos “vestíveis” (os wearables) como relógios inteligentes. Tendem a ser alvo dos ciber-criminosos uma vez que estes contêm muitos dados pessoais de seus proprietários e são relativamente inseguros podendo ser porta de ataque para os smartphones com os quais eles se conectam. Automóveis estão cada dia mais conectados e por isso também poderão ser alvo invasão com consequência extremamente danosas.


figura 12 – crescimento dos ataques do tipo Ramsomware – sequestro de informações


figura 13 – automóveis também na mira das ameaças

Já tendo sido objeto de ataque no passado, também se pode prever que infraestruturas críticas como sistemas de geração de energia e outros serviços públicos possam ser alvo dos ciber-ativistas digitais mal-intencionados. A guerra agora não se luta apenas nas trincheiras, no ar ou no mar, mas também fortemente nesta área, que pode comprometer muito um país e quem desferiu o ataque estar a milhares de quilômetros de distância

Outro aspecto a ser considerado é o grande crescimento dos dispositivos conectados em 2016, ainda mais intenso nos próximos 5 anos. Estamos engatinhando na tecnologia da Internet das Coisas (IoT), já começando a das os primeiros passos. Mas em 2020 são esperados mais de 200 bilhões de elementos conectados em todos os lugares. Isso tudo aumenta muito a superfície teórica de ataque se não houver medidas defensivas adequadas.
     

figura 14 – previsão do crescimento dos dispositivos

A íntegra dessa pesquisa pode ser lida no documento McAfeeLabs - Report - 2016 Threats Predictions. É um documento fascinante, muito interessante, que só foi liberado em 10 de novembro de 2015 (dia que estou finalizando a redação deste texto).

Conclusão

Temas e subtemas relacionados à segurança crescem da mesma forma exponencial que observamos o aumento das ameaças e quase que na mesma proporção das “coisas” conectadas até 2020. Foi um longo caminho desde aquela remota época na qual o perigo vinha apenas em disquetes de origem não comprovada e eram apenas algumas dezenas de vírus conhecidos. Mesmo assim naquela época o que se pretendia era chamar a atenção, causar algum pequeno dano ou espanto (como agiam os vírus da época). Hoje em dia tudo mudou. Mudou muito!!

Não é mais possível colocar mais e mais “trancas” na porta, bem como construir muros de proteção encastelando-se e ficar de fato seguro. Situações extremas exigem medidas extremas. E é assim que toda a indústria de segurança vem reagindo. No congresso FOCUS 15 eu percebi claramente que tive contato com uma diminuta parte desse imenso cenário. Mas também ficou claro para mim que a muito competente McAfee, de tantos anos na vanguarda e entre os líderes do segmento, ao ser incorporada pela Intel também já vem sofrendo suas transformações. A Intel tradicionalmente prevê o futuro e sempre acerta. Vide a “Lei de Moore”. Isso porque com uma pujança incrível ela faz acontecer aquilo que ela previu.

Senti este mesmo dinamismo na Intel Security que aprimorou a McAfee e com toda a capacidade e inteligência combinadas de ambas as empresas, traz para o mercado uma consistente e muito bem arquitetada plataforma e família de sistemas de segurança. UFA!! Ainda bem, pois os próximos anos não serão fáceis, ameaças crescentes, cuidados devem ser multiplicados. A indústria de segurança é forte, competente com seus vários players, reforçada ainda mais por tudo isso que vi no FOCUS 15 mostrado pela McAfee, ou melhor, Intel Security!!