sábado, 24 de agosto de 2013

Do Pong até os dias de hoje. Evitando malwares

A primeira vez na minha vida que vi um vírus... Faz muito tempo. Não eram chamados ainda de malware. Esta denominação apareceu anos depois quando surgiram as versões maldosas destes programas que causavam algum dano nos dados ou no computador e mais tarde roubavam dados e dinheiro das pessoas. Tentem imaginar o susto que eu levei quando ao usar um computador apareceu um ponto se movendo na tela e ricocheteando nas laterais ou onde havia alguma frase escrita!! Era o PONG, um dos primeiros vírus conhecidos!!! Uma amostra do PONG em ação pode ser vista neste vídeo.



figura 01 – vírus Pong em ação - clique aqui para ver o vídeo

Convém lembrar que estávamos na segunda metade os anos 80 e que Windows ainda não era usado (ele apenas se popularizou no Brasil a partir de 90/91). Usava-se MS-DOS versão 4 ou 5 nesta época. Alguns PCs nem tinha disco rígido, mas todos tinham leitor de disquete, meio essencial para transportar arquivos entre computadores. Vale também ressaltar que o MS-DOS (sistema operacional) era monotarefa, ou seja, executava apenas uma atividade por vez.


figura 02 – ambiente “sadio” do MS-DOS


Mas então como o vírus se disseminava??!! Muito simples, vale a pena contar o processo, pois é bem engenhoso. E isso vale para boa parte dos vírus desta época. Imagine que alguém lhe deu algum disquete com arquivos que eram necessários. Ao usar este disquete é extremamente comum esquecê-lo no drive (leitor de disquete). Assim quando a máquina fosse desligada e depois ligada de novo o PC por padrão tentava carregar o sistema operacional MS-DOS a partir do disquete. Para fazer isso ele lia o “setor de boot” do disquete. Só que em vez de ter apenas a mensagem “disco sem sistema” (normal nos discos apenas de dados) estava ali o vírus. Ele procurava o disco rígido, se implantava no começo do setor de boot do HD e se carregava em memória. Assim todo disquete que era inserido neste PC ao ser lido a primeira vez recebia uma cópia do próprio vírus no setor de boot. Este disquete ia para outra pessoas e o processo se repetia.

Não adiantava desligar o PC e ligar de novo sem o disquete virulento, pois nesta altura o vírus já se implantara na memória, no HD e estaria sempre de prontidão para infectar novos disquetes. O poder de propagação era imenso. Hoje em dia se fala que as ameaças são disseminadas pela tática de “engenharia social”, ou seja, usar subterfúgios para convencer as pessoas a fazerem o que não querem (se infectarem). O Pong e seus sucessores usavam a característica humana de “esquecer o disquete no drive” para obter seu intento.

Mas como se defender deste tipo de ameaça?? Difícil. No começo apenas havia os programas que faziam a varredura dos disquetes e HDs para encontrar vírus e removê-los. Não havia proteção “online”, residente em memória para impedir infecções. Se bem me lembro o primeiro antivírus que usei na vida foi o McAfee Virusscan, possivelmente versão 1.0. Para reparar um computador que estivesse com vírus era necessário iniciar o PC com um disquete de sistema MS-DOS reconhecidamente “limpo” (sem vírus), que contivesse o programa McAffe Virusscan. Lembro PERFEITAMENTE que o programa era capaz de reconhecer cerca de 29 ou 30 vírus conhecido à época. Eu achava espantoso haver tantos vírus assim.

Lembrem-se, não havia Internet. Obter atualizações das vacinas era complicado. Só quando surgiram os BBSs (predecessoras da Internet) que ficou “fácil” conseguir as novas vacinas, como era conhecida (hoje arquivo de definição de vírus). Também me lembro que quando este número de vírus conhecidos começou a crescer eu me espantava!! De29 passou para 38, 50, 98, 120... Pensava eu ONDE IREMOS CHEGAR. Estas dezenas de vírus eram variações do Pong, e tantos outros novos como Stoned, Michelangelo, Sexta Feira 13, Cascade, Flame, etc. Uma curiosidade, o STONED era um vírus de igual forma de disseminação (setor de boot), mas “inofensivo” (salvo seu poder de propagação), pois apenas fazia aparecer no começo do boot do computador a mensagem “Your PC is stoned“ e às vezes “Legalize Marijuana” (seu PC está chapado, legalizem a maconha).


figura 03 – Tela de um PC infectado pelo Stoned  (clique para ampliar)


Já o Sexta Feira 13 ficava dormente e apagava todos os dados do usuário na primeira 6ª feira 13 que acontecesse. Finalizando estes exemplos falo do interessante CASCADE dava sustos nos usuários fazendo despencar uma a uma as letras da tela como se fosse uma cascata. Isso pode ser visto neste vídeo (o fenômeno acontece em 1:10).



A novidade que surgiu na sequência foram os vírus de EXE, ou vírus que infectavam programas. Mais engenhosos ainda eram vírus que se anexavam em programas válidos. Por exemplo, se você recebesse de alguém um programa bonitinho que exibia um desenho na tela, um joguinho, etc., este tinha o DNA virulento em no começo de seu arquivo. Ao ser executado copiava parte de si mesmo para a memória e seguia a execução do programa original. Uma vez na memória TODOS os programas que eram executados tinham o DNA do vírus anexado ao seu começo e se tornavam também portadores do vírus. Até mesmo um antivírus legítimo poderia ser infectado. Um horror!! Por isso os antivírus passaram a contar com uma proteção de seu próprio arquivo (um dígito de controle era gerado e se o vírus se anexasse ao programa ele conseguia perceber a sua intrusão).

Vírus de Boot e vírus de EXE eram sofisticados e de difícil programação. Tinham que ser pequenos, de carga rápida, desenvolvidos em linguagem assembler (a mais difícil de todas também conhecida como linguagem de máquina), exigia programadores de talento ímpar. Mesmo assim houve a proliferação das pragas. Com a chegada do Windows você acha que tudo ficaria melhor, certo?? Nada disso!!!

O Windows trouxe como grande apelo a capacidade de executar vários programas ao mesmo tempo, recurso proporcionado pelo sistema operacional. As pessoas se distraiam com os ícones, ampulheta, etc. e ter mais um programa sendo executado em segundo plano nem era percebido pelo usuário. Os vírus podiam ser feitos usando uma linguagem mais fácil, podiam ser maiores que mesmo assim não seriam notados. Ser entrar em grandes tecnicismos, mas vale a explicação. Os programadores de vírus na época do MS-DOS tinham que “fazer chover” para simular ações multitarefa usando programação em nível de máquina usando as interrupções de hardware (como a 1C – clock tick do PC) ou interrupções do próprio DOS para interpor suas nefastas ações. Com o Windows (bem como qualquer sistema operacional multitarefa como MAC OS, Linux ou mesmo Android) proporcionando a capacidade de realizar várias coisas ao mesmo tempo, os desenvolvedores de vírus esfregaram suas mãos e sorriram de orelha a orelha, pois tinham o ambiente perfeito para as novas gerações de pragas virtuais.


Mas vamos avançar a história!!!!!!


Hoje dia 23 de agosto de 2013 fiz uma pequena pesquisa. Descobri que o arquivo de definições de vírus, as tais “vacinas” do produto Symantec Norton Antivírus está preparado para reconhecer mais de 23 milhões de ameaças!!


figura 04 – quase 24 milhões de ameaças conhecidas em agosto de 2013

Eu comentei que me impressionei MUITO quando o McAfee Virusscan (versão MS-DOS) do final dos anos 80 e começo dos anos 90 chegou a impressionantes 100 vírus conhecidos e hoje estamos nos aproximando de 24 milhões de ameaças!! Mas porque são tantas assim hoje em dia!!?? Como pode haver tantos vírus, malwares, trojans, etc. diferentes?? Existe resposta para isso.

No começo os vírus eram apenas e tão somente formas de programadores geniais, com talento e inteligências excepcionais se mostrarem por aí, algo do tipo “vejam o que sou capaz de fazer”. Fazer estes programas era difícil, para poucos e as pessoas não ganhavam nada como isso, salvo um pouco mais de fama e respeito dentro de suas tribos.

Faço uma analogia com os “hackers” (ou crackers) do início da era da Internet. Como os sistemas (servidores Web) eram mais frágeis, menos protegidos alguns elementos conseguiam ganhar acesso aos sites e realizavam o que ficou conhecido como “defeacement”, ou seja, desfigurar um site trocando seu conteúdo por palavras de protesto, ameaças, provocações, etc. Para mim era a expressão de uma pichação virtual.


figura 05 – exemplo de ataque do tipo “defeacement” em um site (clique para ampliar)

Eu contei para meus leitores no formato de uma “novela policial” o que aconteceu comigo vários anos atrás. Foi exatamente sobre um caso de “defeacement” seguido por uma tentativa de extorsão no texto “Invasão, destruição e extorsão – parte 1” (contada em 5 capítulos – interessante leitura – qual terá sido o final da história?).

Mas voltando aos malwares e vírus, hoje em dia praticamente este tipo de ataque não acontece mais. Embora os criminosos cibernéticos já davam mostra de que seus atos futuros iriam visar ganhos econômicos (na minha história fui extorquido pelo elemento).

O resto da história vocês já conhecem. Uma enxurrada de spam em nossa caixa postal contendo conteúdos estranhos, criativos, bizarros, tudo visando explorar alguma fragilidade psicológica da pessoa para forçá-la a clicar em determinado link ou instalar o programa “essencial”. Acho tão maravilhosos estes e-mails que até os coleciono! Desde que escrevi um artigo em 2011 comparando 10 antivírus do mercado no texto “Qual o melhor antivírus para você?” venho guardando estes e-mails (que usei para comparar as soluções). Ainda vou escrever um texto apenas dissecando estes e-mails de “phishing”. Aguarde.




figura 06 – exemplo de spam de phising recebido – nem pense em clicar em links assim (clique para ampliar)!


Mas na figura 06 mostro um dos muitos exemplos, uma “mensagem de voz vinda do Facebook” para mim. O que é estranho é que este recurso (ainda) não existe no Facebook e mesmo assim tem gente que clica para conferir. E cá entre nós, se existisse o Facebook iria mandar e-mail para avisar ou exiibiria uma notificação dentro do próprio site? Muitas pessoas não pensam. Mensagens assim visam instalar um programa espião ou um “bot” (bot é uma corruptela de robot – um robô – escravo em seu computador). Dessa forma coletam dados da pessoa para fins diversos, desde venda de identidade (dados pessoais) como os bancários para “limpar” a conta corrente da pessoa ou número de cartão de crédito para ser usado por outros.

Ataques de outros tipos surgiram. Sites comprometidos são aqueles que invadidos não são pichados, mas recebem um programa malicioso que infecta seus visitantes. Há ataques em redes sociais ou programas de mensagens instantâneas. Estes mandam mensagens em nome da pessoa infectada para sua lista de contatos os convidando a entrar em sites que contém ameaças. Existe também o envenenamento de DNS, responsável por direcionar as pessoas para sites falsos a partir de URLs (endereços de internet) legítimos, ataque “servidor proxy” que também direciona sites legítimos para cópias mal intencionadas. Só para citar alguns tipos!!

Agora dá para começar a entender porque no começo havia 29 ameaças e hoje em dia quase 24 milhões!! A ganância e a vontade de enganar e roubar as pessoas incautas é o grande motivador, não mais se mostrar para a “galera”. Mas existe um agravante. Tornou-se muito mais simples construir vírus. Há uma verdadeira indústria montada para isso. A começar pelo grau intelectual para criar malwares. Um adolescente mal intencionado com um “Kit para desenvolvimento de vírus” consegue rapidamente criar o seu bot, trojan espião, vírus, etc. em poucos minutos. Não precisa mais ser gênio talentoso para isso, apenas comprar o kit e dar uma dúzia de cliques para construir o malware. Chocante!!


figura 07 – existem kits para qualquer um construir um malware

A tal indústria que eu falei é extremamente organizada e hierarquizada. Vejam os diferentes elos da cadeia:

  1. Desenvolvedores criam os kits para construção de malwares
  2. Pessoas usam estes kits e criam milhares de malwares diferentes
  3. Spammers profissionais fazem o envio de phishing com a chamada para o vírus
  4. Outro grupo se incumbe da espionagem e roubos dos dados pessoais e bancários
  5. Há o grupo das pessoas que atuam nos bancos e cartões de crédito realizando o roubo
  6. “Laranjas” são recebem o dinheiro em contas que ficam abertas apenas alguns dias
  7. Cada elo da cadeia é remunerado de acordo com seu serviço e produtividade

Se isso não é Crime Organizado, nada mais é! E mais organizado que muita empresa séria, é terrível!

Espelhando-se no passado para disseminar mais malwares

A ideia para a produção deste texto veio da nota que repliquei dias atrás. Esta me foi enviada pela Kaspersy e tratava de “30% das infecções são disseminadas através de USB e cartões SD segundo Kaspesky Lab”. Não é fato novo o uso de pendrive e cartões de memória para disseminação de malware, mas o que me causou espanto foi saber que quase um terço da disseminação se dá por este caminho.



figura 08 – ameaças chegam agora via pendrive, DVDs e cartões e memória

E de certa forma usar estes meios de armazenamento modernos para isso é uma volta aos tempos do PONG, CASCADE e do STONED (e todos de sua época). Resumindo, o que você deve saber é que todo dispositivo de armazenamento externo como pendrives, cartão de memória (SD, microSD, CompactFlash, etc.) e CDs ou DVDs ao serem inseridos no computador podem disparar um processo de auto execução de algum programa que ali reside. Isso está ativo principalmente em computadores que não estão com todas as atualizações de segurança instaladas. Se há um programa de segurança instalado no computador este pode ter uma ação pró ativa e sugerir uma verificação do cartão, CD ou pendrive. Faça isso sempre que inserir um destes que não seja seu ou mesmo sendo o seu se ele esteve em uso por outra pessoa.

vide figura 09– sistema de segurança para checar mídias externas

Certa vez auxiliei uma professora de universidade que por usar seu pendrive em diferentes computadores havia “colecionado” 27 malwares em seu pendrive apenas por inseri-lo em vários PCs da escola. Se o PC está infectado basta inserir o pendrive que este ganha o “brinde” maligno. Cuidado!!


Como resolver, como se proteger!!?

A resposta é fácil e única. INFORMAÇÃO!! Acredite, há pessoas que não acreditam no perigo que estão expostas sem uma forma de proteção eficaz. Prova de que a informação é o ponto chave, meu amigo e também articulista André Gurgel costuma defender outra tese. Ele fala que para ele o melhor antivírus é não ter antivírus!!! Como assim?? É que ciente do perigo que  está correndo ele é extremamente cuidadoso e nada ousado no uso do computador e da Internet. Esta solução funciona muito bem para ele que é alguém muito sistemático e disciplinado. Mas não funciona para 99.999% das pessoas, incluindo os filhos e filhas adolescentes, bem como funcionários de empresas que têm uma rotina frenética, leem centenas de e-mails por dia e acessam quase outra centenas de sites para desempenhar seus trabalhos.

Não sou capaz de indicar uma solução de segurança específica neste momento. O teste que fiz dois anos atrás não é mais expressão da verdade uma vez que todos os produtos tiveram duas ou três atualizações neste período. Quem sabe viabilizo fazer um novo teste como aquele...

Não quero ferir o orgulho das empresas que fazem solução de segurança, mas atesto com total segurança que há 6 ou 7 fornecedores que têm produtos equivalentes. Qualquer pessoa estará extremamente bem servida e segura com quaisquer destas soluções. Claro que o produto A tem um recurso que o produto B não tem e estas diferenças podem nortear a escolha de cada um. Mas a mensagem é clara. NÃO HÁ COMO deixar de ter uma ferramenta de segurança moderna e atualizada em seu computador de casa, do trabalho (PC ou MAC) e mais atualmente nos smartphones.


vide figura 10 – cada um com sua proteção , isso que importa (clique para ampliar)!!



figura 11 – todo cuidado é pouco, ameaças estão à espreita

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Pesquisa McAfee - Infográfico - os brasileiros protegem seus dados móveis?

Segue abaixo replicado o infográfico feito pela McAfee a partir de uma pesquisa com brasileiros sobre a proteção de dados móveis. Os números, preocupantes, mostram que a maioria das pessoas ainda não se preocupa em proteger o conteúdo de seu celular, smartphone ou tablet. A própria figura é um hiperlink para um vídeo falando sobre o tema.

O que me chamou a atenção neste infográfico e no vídeo é o contraste que existe entre a importância que têm os dispositivos móveis para as pessoas, o valor mensurável de suas informações e o grau de consciência das pessoas em relação a medidas de proteção.
Flavio Xandó





ALERTA: 30% das infecções são disseminadas através de USB e cartões SD segundo Kaspesky Lab


As coisas vem e vão. Como dizem por aí o mundo dá voltas e por vezes chegamos no mesmo lugar. A Kaspersy alerta no nota abaixo sobre o perigo da disseminação de vírus e malwares por meio de dispositivos de armazenamento externo como pendrives, cartões de memória HDs USB, etc.

A história não é nova, muito pelo contrário. As primeiras manifestações de vírus em PC foram os famosos Pong, Michelangelo, Stoned, Pakistain Brain, Trojector (aliás nome dado por um amigo expert em segurança ao seu cachorrinho) e todos estes se propagavam por disquete. Quem se lembra? Os computadores tinham como alternativa iniciar o sistema operacional no drive de disquete e por isso estes eram lidos antes do disco rígido. Assim os criadores de vírus inseriam o código do vírus no setor de boot do disquete. Como todos usavam este tipo de armazenamento a coisa mais comum era esquecer o disquete no leitor. Assim no próximo boot ele era lido em primeiro lugar e se estava infectado passava a ameaça para a memória e para o disco rígido. A partir daí todos os disquetes que eram usados recebiam o vírus em seu setor de boot. Dessa forma o vírus se espalhava incrivelmente.

Tela mostrando PC sendo infectado pelo famigerado Stoned

Atualmente, segundo lembra a Kasperksy quem voltou a desempenhar este papel são os pendrives e cartões de memória, bem como HDs externos do tipo USB. O problema é o recurso "autorun" que é associado a estes dispositivos que aciona automaticamente um programa logo após a simples inserção dos mesmos nos computadores. Na nota abaixo a Kaspersky explica melhor isso e dá dicas para se defender deste tipo de ameaça.



Flavio Xandó

Kaspesky Lab: 30% das infecções são disseminadas através de USB e cartões SD
 
 


Os usuários estão bastante familiarizados com as ameaças que enfrentam enquanto navegam na Internet através de dispositivos digitais. De tentativas de phishing a banners com links maliciosos, navegar na Web sem um antivírus confiável é arriscado.

Mas é importante lembrar que os computadores não são vulneráveis ​​apenas a ataques cibernéticos, os agressores encontram cada vez mais maneiras de se infiltrar em dispositivos eletrônicos, por exemplo, através das mídias removíveis. Na verdade, cerca de 30% das infecções de malware são disseminadas por meio de mídias removíveis, como pen drives e cartões SD.
Estes dispositivos são utilizados com bastante frequência, seja para a compartilhar documentos entre colegas de trabalho ou repassar fotos de viagem a amigos e familiares. Esse comportamento parece inofensivo, mas se os dispositivos cair em mãos erradas poderiam ser usados ​​para fins altamente destrutivos.
Em 2012, duas usinas americanas foram invadidas por hackers quando um funcionário, sem querer, trouxe um pendrive infectado para as instalações. Embora este caso seja extremo, serve como prova de que um pequeno dispositivo pode provocar grandes danos.
Este tipo de ataque pode servir para duas finalidades. O agressor pode usar malwares capazes de detectar quando o USB é conectado a fim de infectar computadores, com a esperança de que a unidade infectada, será conectada a outras máquinas, espalhando o vírus. Ele também pode ser usado ​​para roubar informações diretamente de computadores, o que poderia ser prejudicial para qualquer pessoa que tenha dados confidenciais armazenados em seus sistemas. Além disso, o tamanho compacto destes dispositivos faz com que eles sejam fáceis de serem perdidos ou roubados.
A Kaspersky Lab compilou algumas dicas úteis para manter pen-drives limpos e computadores seguros.
·         Configure o sistema operacional para bloquear a execução automática: se um agressor deixasse cartões USB infectados em sua mesa e você os conectasse a seu computador, seria providencial ter um antivírus que impedisse a abertura e funcionamento de arquivos infectados instalados na máquina
·          
Corrija seu sistema operacional: sempre que seu sistema operacional oferecer uma atualização do patch, você deve baixá-la. Patches são liberados para melhorar imperfeições e vulnerabilidades dentro do software, usar versões obsoletas poderia torná-lo suscetível a vírus. No caso de malware USB, você vai querer certificar-se de seu sistema operacional esteja protegido contra exploits AutoRun e que não esteja executando automaticamente qualquer coisa de seus dispositivos removíveis.
·         
Não copie arquivos executáveis​​: arquivos executáveis ​​podem fazer seu computador realizar tarefas atribuídas por instruções codificadas. Você pode imaginar o perigo de copiar este tipo de arquivo a partir de uma fonte desconhecida, por isso é melhor evitar fazê-lo. Recomendamos fazer o download apenas de softwares oficiais de sites confiáveis.
 
·         Mantenha seus drives separados: além de ter certeza que você está usando apenas drives USB dados por fontes confiáveis​​, você também deve certificar-se de que não está misturando negócios com prazer. É mais seguro para manter o seu trabalho e informações pessoais separados um do outro, especialmente se seus pen drives estão sendo usados ​​por várias pessoas em sua casa ou escritório.


Ser cauteloso é a melhor forma de se proteger. Seguir nossos conselhos e usar um antivirus confiável te ajudará a usar seus discos removíveis.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

MercadoLivre abre inscrições para a 2ª MercadoLivre Developer Conference

Que nota interessante esta que me foi enviada pela assessoria da comunicação do Mercado Livre. Acontecerá nos começo de setembro uma conferência para desenvolvedores. Fiquei bastante intrigado para saber em detalhes do que se trata. Imagino que seja uma forma de disseminar o conhecimento entre quem desenvolve aplicações para interagir com os serviços do Mercado Livre. Mas para aplicativos móveis? Para ser usado em outros sites de parceiros? Para aplicativos para desktop? PC ou MAC ou ambos?

O evento acontece dia 4 de setembro de 2013, daqui a duas semanas e até hoje as inscrições são gratuitas.

Eu vou aparecer lá para conferir e matar minha curiosidade!  A nota completa está abaixo.

Flavio Xandó




  
MercadoLivre abre inscrições para a 2ª MercadoLivre Developer Conference
Evento acontece no próximo dia 4, no Hotel Renaissance, em São Paulo

São Paulo, 20 de agosto de 2013 - O MercadoLivre está com as inscrições abertas para a 2ª MercadoLivre Developer Conference que acontecerá no dia  4 de setembro no Hotel Renaissance, em São Paulo. A segunda edição do encontro de desenvolvedores promovido pela empresa contará com palestras, painéis de discussão, apresentações de casos de sucesso e troca de experiências entre desenvolvedores de aplicativos e executivos de lojas virtuais.

Na agenda do evento, já estão confirmadas as apresentações de Marcos Galperin, CEO e fundador do MercadoLivre, Daniel Rabinovich, do CTO da empresa, Helisson Lemos, diretor geral do MercadoLivre no Brasil,  além de Carlos Pessoa Filho, diretor da Wayra Brasil,  aceleradora global do Grupo Telefonica, que trabalha para identificar e reter talentos no país nas áreas de inovação e tecnologia.
Para Helisson Lemos, diretor geral do MercadoLivre Brasil, a realização da 2ª Developer Conference do MercadoLivre representa a consolidação de oportunidades de negócios para os desenvolvedores brasileiros.  “O evento do ano passado nos mostrou o potencial dos desenvolvedores no país. Em razão disso, em abril desse ano, lançamos o MercadoLibre Commerce Fund, por meio do qual  destinamos US$ 10 milhões para o financiamento de start-ups que podem desenvolver soluções que acelerem as unidades de negócio do nosso ecossistema, como o site MercadoLivre e MercadoPago”, comenta o executivo.
A inscrição pode ser feita gratuitamente pelo site (http://devconf.mercadolivre.com/) até o dia 21/08 com vagas limitadas. Após essa data, o valor da inscrição será de R$ 49,00 e a receita será doada para a ONG TETO, uma organização que busca superar a situação de pobreza em que vivem milhões de pessoas nas comunidades precárias, através da ação conjunta de seus moradores e jovens voluntários.

Abertura da plataforma
Em outubro de 2012, o MercadoLivre abriu sua plataforma tornando pública suas APIs. A partir daí médios e grandes varejistas conseguiram integrar automaticamente seus e-commerces com o site do MercadoLivre, que passou a ser mais um canal para venda de produtos e que conta com uma comunidade qualificada de 90,2 milhões de usuários. O primeiro case de sucesso foi o site vertical Bebê Store; no entanto varejistas como Kanui, 21Diamonds, PetLove, Tricae, Webfones, Brasil Brokers, Grupo Sinal, entre outros, também já estão integrados.
Serviço:

Quando: 4 de setembro (quarta-feira)
Onde: Hotel Renaissance – Alameda Santos, 2233, Cerqueira César, São Paulo
Inscrições: Gratuitas até 21/08; depois R$ 49
Horário: 9h às 16h


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Autodesk Apps, da engenharia até os usuários finais

Quando se fala em Autodesk o que é natural vir à nossa lembrança? Provavelmente 10 entre 10 pessoas irão citar o programa Autocad. Este que há 30 anos é referência no mercado de software de engenharia, usado para desenhar, projetar, calcular e com alguns módulos adicionais até interfacear com sistemas de produção para efetivamente fabricar os elementos projetados.

O que nem todos sabem é que a Autodesk por meio de desenvolvimento de novas áreas bem como aquisições de empresas desenvolveu ricas linhas de produtos em outras áreas. Por exemplo, software para animação 3D que são usados para filmes, jogos, televisão e propaganda interativa como Autodesk EntertainmentCreation Suite Premium.

O portfólio é extenso. Há produtos derivados de seu “carro chefe” que visam segmentos específicos. Falo do Building Design Suite, um software para ser usado em conjunto com projetos de CAD para projetar, simular, e produzir impressionantes visualizações dos projetos de construção de edificações.

Uma linha nova de atuação da Autodesk é de serviços na nuvem. Por meio do Autodesk 360 Cloud Services, serviços de colaboração para usuários em computadores desktop ou workstations, pela Web e dispositivos móveis estão presentes. Mas vai além disso. Está disponível um poder de processamento virtualmente “infinito” para que trabalhos de cálculo de renderização de projetos complexos e simulações possam ser feitos na nuvem da Autodesk. Seja por meio de “pague quanto usa” como pelo modelo de “assinatura”.

Estes poucos exemplos falam por si. São produtos altamente técnicos, especializados cujos usuários são predominantemente grupos de engenheiros e projetistas. Porém o último exemplo, o Autodesk 360 Cloud Services “deixa escapar” uma sutil detalhe. Entre complexos cálculos, simulações e renderizações a expressão “dispositivos móveis” capturou minha atenção. Na verdade este pequeno detalhe provavelmente abriu as portas para uma linha totalmente nova de produtos e serviços que a Autodesk trouxe para o mercado.

A notícia já foi dada há algum tempo. Mas minha reflexão acerca disso faço agora que entendi melhor o impacto destas mudanças. Há alguns poucos anos a Autodesk começou a oferecer produtos um pouco mais “caseiros”, como por exemplo o HomeStyler que surgiu em 2010 para design de casas, reformas e projetos de decoração. A novidade é que este tipo de produto, junto com alguns outros agora estão disponíveis em plataformas móveis como iOS e Android bem como online.



SocialCam – captura de vídeos em dispositivos móveis, aplicação de efeitos e filtros, armazenamento na nuvem, acessíveis por qualquer dispositivo e compartilhamento fácil para Facebook, Twitter, Youtube, e-mail, etc.

figura 01 – SocialCam no iPhone – efeitos aplicados nos vídeos


Sketchbook – software para fazer desenhos com riqueza de opções de pincéis, efeitos incentivando a criatividade de cada um. Anotações, desenhos simples bem como manifestação artística. Veja que interessante estevídeo que mostra passo a passo o desenho de “Nessie” e na figura 02 uma ilustração artística produzida com o aplicativo.



vide figura 02 – Desenho produzido no Sketchbook


Homestyler -  Com versões online e para dispositivo móveis permite que ambientes sejam criados em 2D ou 3D com facilidade com ações “arrastar-e-soltar” e fazer o projeto de decoração ou reforma da casa. Segundo as palavras da Autodesk: “Projete o lar do seus sonhos em 3D. Expresse a sua criatividade, inspire-se e faça escolhas mais inteligentes para o seu lar com mais rapidez”. Tem versãogratuita para iPad .



vide figura 03 – início do trabalho no Homestyler (online)


figura 04 – Resultado final obtido no Homestyler (aplicativo)



Pixlr – é um editor de fotos online com versões para dispositivos móveis. Experimentei a versão online e fiquei bem impressionado. Uso habitualmente um editor simples chamado PAINT.Net que tem todas as funções básicas como cortar, redimensionar, ajuste de imagens, brilho, cor contraste, etc. Para minha surpresa o Pixlr é ainda mais poderoso, tem mais funções e fácil de usar. Online e em muitos idiomas, incluindo o português.



figura 05 – Edição de imagem feita no Pixlr (online)



Intructables – Trata-se de um conceito diferente. Site e aplicativo para dispositivos móveis para acesso a uma popular comunidade online para pessoas que desejam descobrir, compartilhar e se inspirar por ideias de projetos e instruções do tipo "faça você mesmo". A Instructables.com é um destino para onde pessoas apaixonadas e criativas vão a fim de compartilhar seus projetos e ideias mais inovadores sobre tudo, de tecnologia e reformas de casas a trabalhos manuais.



figura 06 – Aplicativo para participação de comunidade Instructable 


O anúncio que foi feito no mês passado (julho de 2013) foi da disponibilidade dos sites e aplicativos Pixlr, Homestyler, Sketchbook e Socialcam em português. Isso pode ser comprovado nos links dos respectivos produtos citados acima. O Instructable também terá em breve versão em português. Importante destacar que esta linha da Autodesk tem além da versão online e versão aplicativos para dispositivos móveis há versões para PC ou Mac.

Penso que a metamorfose da Autodesk foi enorme. Na verdade ela não virou outra empresa, mas ampliou sobremaneira seus horizontes. O Autocad, seu produto principal que abriu caminho para uma grande linha de produtos técnicos e sofisticados têm características marcantes. Exigem largo poder de processamento, dispositivo robusto e sofisticado, bem como usuário tecnicamente habilitado. A nova geração de serviços e produtos amplia para usuários finais e seus dispositivos móveis amplo conjunto de possibilidades. São mundos bem distintos, não é?

Em princípio sim, mas o elo de ligação entre estes dois mundos é a nuvem da Autodesk. Na medida que serviços complexos de renderização de imagens e projetos podem ser feitos rapidamente usando poder de processamento da empresa, esta mesma infraestrutura ou conceito foram usados para prover recursos técnicos, mas no nível de usuário final. Assim a sequência de aquisições de empresas e tecnologias feitas pela Autodesk, integradas que foram neste novo conceito, provêm amplo espectro de possibilidades e serviços, incluindo muitos gratuitos (que podem evoluir para modelos mais robustos, sofisticados e pagos).

A mudança foi também retratada pela mudança de seu logotipo em 2013. Da versão baseada em linhas retas e semi-triângulos inscritos a versão atual é mais “suave”, colorida e modernizada.

 

figura 07 – logotipo  antigo e atual da Autodesk

O que aconteceu com a empresa foi uma transformação e tanto!! Fora de minha possibilidade de antecipar esta história. Testei alguns destes aplicativos como o Pixlr, o HomeStyler e o Sketchbook em versões online ou mobile. São a antítese do que se conhece dos produtos super técnicos da Autodesk, pois são amistosos ao extremo, focados no público em geral e não para engenheiros. Assim a Autodesk tem hoje um largo leque de produtos e serviços para públicos bem distintos que convergem para o ambiente de nuvem. A empresa que nasceu com diferenciado expertise em engenharia está em processo de fazer a sua própria reengenharia. E pelo que tem mostrado a lição está sendo muito bem feita.

domingo, 11 de agosto de 2013

Fiesta nas alturas – a experiência

Em julho de 2013 a Ford proporcionou uma interessante experiência para jornalistas, blogueiros e profissionais que estão de alguma forma envolvidos com a indústria automotiva ou de tecnologia. Tivemos a oportunidade de experimentar o New Fiesta Sedan na cidade de Campos do Jordão, situada a 200 Km de São Paulo. A cidade é conhecida por sua beleza natural, simpatia e por se situar a uma altura de 1.600 metros que confere um clima especialmente agradável. Por isso "Fiesta nas alturas".

figura 01 – a paisagem típica de Campos do Jordão


Eu escrevo sobre tecnologia há mais de 16 anos tendo colaborado com muitos veículos especializados. Porém a indústria automobilística bem como as pessoas em geral, perceberam que hoje em dia um automóvel é uma “máquina” extremamente integrada com recursos eletrônicos, sistemas de computação, etc. Exagerando um pouco é quase um “conjunto de computadores com rodas”. E isso vem bem ao encontro de minha área de interesse e dedicação por tantos anos. Foi com esta ótica que testei e vou compartilhar minhas opiniões com os leitores.

Tenho como todos os brasileiros um fraco por carros. Também como consumidor há mais de 30 anos desenvolvi minhas preferências pessoais, percepções e expectativas em relação aos automóveis. Já passou por minhas mãos um Jeep estilo militar do começo dos anos 70. Aliás carro com o qual aprendi a dirigir (inicialmente fabricado pela Willys e depois pela Ford no Brasil) até um LincolnTown Car (que me foi entregue contra minha vontade em uma locação de automóvel nos EUA – uma banheira gigante e absurdamente potente). Assim com toda a “autoridade” análoga a de qualquer brasileiro que se considera técnico de futebol (e se acha conhecedor de carros) mais minha vivência com informática e tecnologias, vamos em frente.

Recomendo a visita ao texto (também de minha autoria) chamado “As incríveis tecnologias contidas nos automóveis atuais” no qual eu mergulhei nas tecnologias do Ford Fusion no ano passado. Embora o New Fiesta e Fusion sejam carros de segmentos totalmente distintos, percebo um sorriso maroto nas pessoas da Ford ao ouvirem o New Fiesta ser chamado por alguns de “mini Fusion”. Declaradamente ou não, eles gostam e estimulam a comparação embora, repito, são carros destinados a públicos totalmente diferentes e com premissas bem distintas.

O test drive – a experiência com mais detalhes

Foi realizado em grupos com 2 ou 3 pessoas se revezando ao volante do New Fiesta Sedan. O percurso foi muito bem definido. Continha trechos urbanos, estradas amplas, estradas sinuosas, subidas, descidas... Foram 100 quilômetros, saindo de Campos do Jordão indo até uma simpática cidade no sul de Minas Gerais e retornado a Campos.

Os participantes dispunham de uma orientação de navegação, parecida com aquelas usadas em provas de Rally. Mas havia uma diferença. No lugar da prancheta e papel cada participante usou um iPad que mapeava trecho a trecho. E na dúvida bastava clicar no mapa que a foto do local que deveria acontecer a mudança de direção era mostradas. Não tinha como se perder.

figura 02 – frota de New Fiestas desfilando pelas estradas e pelo sul de Minas

Sem imaginar que iria aproveitar para ilustrar esta matéria eu produzi um simples vídeo que dá uma ideia do que foi o test-drive. Mostra as estradas por onde passamos, a paisagem, o local do teste. Quem tiver curiosidade pode assisti-lo usando o link Ford NewFiesta Sedan Test Drive Julho 2013. É informal e sem roteiro definido, mas que consegue passar um pouco do clima e da emoção do momento deste test-drive.




Falando mais do New Fiesta

Agrada-me mais carros no estilo hatch. Por isso eu fui bem racional ao testar o New Fiesta, sem me deixar levar pelo apelo emocional do design (estilo mini Fusion). É subjetivo, eu sei, mas fiquei com a impressão de que um carro do porte do New Fiesta poderia ser um pouco mais largo. Há ótimo espaço interno. Inclusive atrás, mas claramente nesta categoria de carro o habitáculo traseiro não foi feito para levar com folga 3 pessoas grandes. 2 pessoas atrás vão regiamente confortáveis (cabem 3 mas com menor conforto).

Um dos carros da frota da Ford que nos acompanhou era um New Fiesta Hatch. Eu o coloquei lado a lado com o New Fiesta Sedan na fotomontagem abaixo (figura 03) o que você vê?

figura 03 – Hatch e Sedan lado a lado

Para o meu particular gosto a visão traseira do Hatch parece mais harmoniosa. O Sedan parece mais estreito, não parece? Mas não é. Trata-se da MESMA largura (1977 mm – medido de roda a roda). A percepção que eu tenho se deve às formas mais arredondadas do Hatch perante as formas mais retas do Sedan e formato mais anguloso da carroceria. Afinal o Sedan é 43 cm maior (tem comprimento total de 440.6 cm) proporciona seu estilo próprio, maior porta malas, etc.

Tirando de lado os aspectos mais subjetivos (como o gosto pelo Sedan ou pelo Hatch) o New Fiesta Sedan dá um show de tecnologia, ainda mais quando ponderamos a categoria na qual ele está inserido. Seguindo aquela tendência de mini Fusion, vários recursos iguais ou semelhantes estão presentes. Vou ilustrar alguns deles.

Na figura 04 podemos ver em situação real de uso (foto um pouco comprometida pelo reflexo) o Sensor de Proximidade em manobras. Ao engatar a marcha a ré é mostrado na tela central do painel um diagrama indicando em que lado há obstáculo próximo. Além da figura um alerta sonoro é acionado de tal forma que quanto mais próximo mais intermitente é o bip. É um recurso simples por um lado, mas extremamente útil que não está presente em muitos carros supostamente de mesma categoria. Já danifiquei o para-choques de um carro no passado porque não vi que tinha um bloco de concreto de meia altura ali no chão.

figura 04 - Sensor de proximidade em manobras

A propósito a tela no centro do painel tem múltiplas funções.  Por exemplo, o carro só dá partida se o motorista pisar na embreagem para ligar, nos casos de carro com câmbio manual. E nos casos de carro com câmbio automático o freio deve ser pressionado e a alavanca deve estar na posição P (de estacionamento). A mensagem que aparece no painel não poderia ser mais clara e pode ser vista na figura 05.

figura 05- tela de mensagens alertando para erro no procedimento de partida do carro

No mesmo painel central obtemos acesso às opções do sistema SYNC (criado pela Microsoft). Este sistema permite integrar dispositivos bluetooth como smartphones para que as músicas sejam reproduzidas no sistema de som do automóvel. Chamadas telefônicas podem ser feitas usando o som do carro como viva voz. Mensagem de textos (SMS) são recebidas na tela do carro. Além disso SYNC também pode ser comandado por voz para realizar um grande número de tarefas incluindo achar músicas e efetuar ligações. Parte disso está ilustrado na figura 06.

 
figura 06- tela de do sistema SYNC reportando mensagens de texto recebidas pelo smartphone

Saindo um pouco da alta tecnologia, aquela geralmente associada a engenhocas eletrônicas existe um detalhe que me chamou a atenção. Preste atenção na foto abaixo, a figura 07. Trata-se do porta malas do New Fiesta aberto. Ou melhor a foto mostra a tampa do porta malas. Eu desconheço se existe alguma regulamentação, lei ou orientação a este respeito, mas sabem o que é aquele pequeno instrumento branco? Trata-se de um comando para abertura do porta malas. Curioso ele ficar na parte de dentro. Parece sem função, certo? Mas você vai mudar de ideia quando pensar na tenebrosa situação de ser trancado no porta malas em um assaltou o sequestro relâmpago. Eu nunca passei por isso, mas tenho dois amigos que passaram e quanta diferença teria feito para eles a existência de recurso semelhante!

figura 07- sistema de segurança – abertura interna do porta-malas

Falando em porta malas o New Fiesta Sedan tem capacidade divulgada de 465 litros. Subjetivamente a visão de seu interior impressiona pela profundidade, é bem comprido. Não se esqueçam que o Sedan é 43 cm maior que o Hatch e isso se dá na parte traseira, local do porta malas. A distância entre eixos é a mesma (248.9 cm) que confere espaço interno praticamente igual. Permanece ainda minha sensação de que ele é fundo e não tão largo quanto poderia, mas é um nicho impressionante. Maior que alguns de seus concorrentes e menor que outros sedans médios. Assim no quesito capacidade de bagagem um sedan como o New Fiesta é alternativa bem melhor que os “mini-SUVs” que existem no mercado como Stepway, Honda Fit ou Ecosport. Comparando com Sedans de mesma categoria é um pouco menor do que o porta-malas do Honda City (506 litros), do Grand Siena (520 litros) e Logan (530 litros). Mas é bem parecido com o VW Voyage (480 litros) e GM Sonic (477 litros).

A Ford explicou que a opção por um design mais equilibrado e harmonioso, com traseira mais alta (fazendo menos perceptível a sensação de um carro 3 volumes) foi o contraponto e compromisso com um porta-malas maior. Segundo a Ford se tivessem optado por uma traseira estilo “caixote” isso permitiria capacidade de porta-malas surpreendente, mas a solução adotada de estilo e design é tida como um bom comprometimento. Dou razão à Ford. Mas ainda permaneço achando que alguns poucos centímetros a mais na largura deixariam o carro ainda mais bonito e com porta-malas ainda maior. No momento isto não é possível, pois a base do carro é a mesma do Hatch e o custo de ter uma plataforma diferente apenas para o Sedan seria proibitivo. Mas como sonhar e sugerir não custa...

figura 08- Perfil do New Fiesta Sedan

 
figura 09- visão frontal do New Fiesta Sedan

Falando em estética veja o perfil do New Fiesta na figura 08 logo acima. O perfil de um carro é para mim sua alma. É entusiasmo à primeira vista ou apenas um “tá bom é bonitinho”. Tem linhas “fluídas” que remetem à sensação de movimento. É uma opção de estilo adotada pela Ford em outros veículos. Observe também a figura 09 do New Fiesta visto meio de frente e meio de lado. Não é à toa que a Ford sugere se tratar de um “mini Fusion”. Importante destacar que a grade dianteira tem o DNA da nova Ford, presente em vários modelos da marca. Também destaco o para-choques integrado e na mesma cor do veículo que confere um ar elegante e visualmente agradável. 

figura 10- Interior do New Fiesta

Seu interior é bem acabado e mais uma vez lembra um pouco seu irmão maior. Porém com as adaptações pertinentes a um segmento de mercado inferior. Tem o bom sistema SYNC, mas sem o GPS e tela sensível ao toque que existe no Fusion. É um sistema avançado, sofisticado e bem útil, apenas com alguns mimos a menos que os encontrados no Fusion. E isso não lhe tira o mérito.

Impressões ao dirigir

Do percurso total tive o New Fiesta em minhas mãos por 50 Km. Como disse antes eu o dirigi em tipos de vias distintas, cidades, ruas, estradas sinuosas, estradas mais retas, subidas e descidas. Algumas pessoas testaram o modelo automático, dotado do câmbio “Power Shift”. Não posso falar muito do automático de 6 marchas e dupla embreagem, pois o modelo que testei tinha câmbio manual de 5 marchas, a propósito muito suave e de engates bem fáceis e precisos. Mas foi acalorada e produtiva a discussão da Ford com os jornalistas especializados que definiam o Power Shift como um sistema automatizado e não “automático puro”. Para mim esta discussão é “sexo dos anjos”. O que importa é o resultado final. Os automatizados de primeiras gerações ficaram com a pecha de não sofisticados, um pouco lentos e sujeitos a trancos. Não ouvi crítica alguma a este respeito de quem dirigiu o Power Shift. Mais detalhes poderei dar em novo teste que venha a fazer de carro dotado de câmbio Power Shift.

Discussão à parte o motor de 1.6 litro cuja potência é de 130 CV e torque máximo de 157 NM (a 5000 rpm), considerado combustível etanol (com gasolina a potência é 5 CV menor e o torque 6 Nm menor – pouca diferença) é bastante agradável. Quem viu o despretensioso vídeo que publiquei no Youtube e citei no começo do texto, percebeu que havia 4 ocupantes adultos no carro e algumas sacolas no porta-malas. Assim a condição de uso foi relativamente rigorosa. As subidas da Serra da Mantiqueira não foram assustadoras para o New Fiesta, muito pelo contrário.

Desprovido de qualquer instrumento de medição, afinal o test-drive é algo para aguçar a sensação e percepção e não medições cartesianas, senti o que confirmei dias depois. Embora o torque máximo do motor (sua capacidade de realizar trabalho mecânico aplicando a força nas rodas) ocorra somente a 5000 rpm (motor bem acelerado) uma generosa porção deste toque já está disponível em rotações mais baixas. Venci calmamente as subidas de serra sem acelerar demais e sem reduzir muito as marchas. Às vezes enfrentava as subidas em 5ª marcha, outras em 4ª marcha e raramente em 3ª marcha.

Olhando o gráfico de torque do motor vi dos 16 Nm de torque, que 14 Nm (mais de 80%) já estão lá com apenas 1200 rpm, pouca coisa a mais que a marcha lenta (que costuma ser entre 600 e 800 rpm). O que significa? Isso é uma benção para os motoristas que não têm câmbio automático. Força em baixa rotação é essencial para que não seja necessário ficar trocando de marcha toda hora no anda e para do trânsito. Não tem nada pior que carro que você acelera e sente o motor “xoxo” e sem força para a mera tarefa de acelerar em um cruzamento. Mas não só quem tem câmbio manual se beneficia disso. Presença de bom torque permite que um câmbio automático possa trabalhar em rotações mais baixas e economizar combustível. Para o meu gosto, motor tem que ser assim, forte em baixa rotação. Em carros de competição ocorre quase que o contrário. Carros de F1, um exemplo extremo, têm força máxima perto da rotação máxima (entre 16.000 e 18.000 rpm). Mas carro para rua e carro para pista são bem diferentes.

 
figura 11- New Fiesta sendo testado na paisagem de Campos do Jordão

A direção é outro ponto de grande importância na eficácia e conforto ao dirigir um carro. As direções do tipo elétrica romperam um paradigma entre os usuários e críticos. É o tipo usado no New Fiesta Sedan. Os puristas dizem que a hidráulica transmite mais a sensação do carro para o motorista. Mas a elétrica consegue ser mais leve em pequenas velocidades e se ajustar às altas velocidades. Algumas hidráulicas também fazem isso. Mas a direção elétrica usada no New Fiesta é muito agradável, leve, precisa e ainda assim transmite bem a sensação da pista para o condutor. E sua leveza nas manobras de estacionamento é destaque. Como deveria ser!

Outras informações

A Ford tem em seu site um conjunto vasto de outras informações sobre o New Fiesta Sedan. Recomendo a visita. Detalhes técnicos, cores disponíveis, dados sobre revisões etc. estão todos lá. Mas não posso fechar este texto sem falar sobre alguns pontos não menos importantes.

A motorização do New Fiesta Sedan é sempre a mesma em todas as variações de acabamento. Trata-se do atualizado motor Sigma de 1.6 litros com bloco feito de alumínio (cujos dados já apresentei), diferente do modelo Hatch que dispõe de um motor de 1.5 litros como opção. Também está presente o sistema de partida a frio sem o antigo “tanquinho de gasolina”. Ao abrir a porta do carro o combustível já começa a ser analisado e em função na proporção gasolina/etanol os bicos injetores são aquecidos da forma correta (em temperaturas abaixo de 20 C) para que o motor inicie mais rapidamente seu funcionamento. Bem importante para os dias frios e com o tanque abastecido predominantemente com etanol.

Segundo a Ford o rendimento do motor com etanol seria 7,9 Km/l na cidade e 11,4 Km/l na estrada. Porém uma renomada revista especializada em automóveis, com mais de 50 anos (Revista Quatro Rodas da editora Abril), em seus testes apurou 8,6 Km/l na cidade e 12,0 Km/l na estrada também com etanol. Ou seja a Ford foi conservadora em seus dados uma vez que os dados apurados pela tal revista apresentou resultados ainda melhores. Ainda segundo a revista o New Fiesta Sedan acelera até 100 Km/h em 10,6 segundos, marca bem interessante que confirma a minha percepção de agilidade do carro e respostas rápidas e ágeis do motor.

Há também o prático assistente de partida em rampa, ou seja, o motorista não precisa dosar acelerador, freio e embreagem para partir em uma rampa de garagem ou subida. Também há controle eletrônico de estabilidade (ECS) e controle eletrônico de tração (TCS), auxílios de imensa serventia em prol da segurança em situações extremas, próximas do limite de dirigibilidade e perda de controle do carro.

Sistema ABS (freio que não trava as rodas e para o carro em menor distância) com EBD (distribuição de força de frenagem nas rodas em função da necessidade) e Airbags  estão presentes. Serão itens obrigatórios por lei no Brasil (a partir de 2014 – menos o EBD). Mas o New Fiesta pode vir com até 7 airbags. Nos testes de impacto feito com o New Fiesta Sedan ele obteve 4 de 5 estrelas possíveis na avaliação LATINCAP mesmo na versão de entrada que não tem os 7 airbags. Avaliado com todos os airbags ganharia as 5 estrelas possivelmente. Vamos esperar este teste e confirmar.


Conclusão

A linhagem do New Fiesta, tanto Hatch como Sedan são claras evoluções de suas antigas versões. Fossem membros da caserna eu diria que a geração anterior do Fiesta era um sargento a agora foram promovidos a primeiro tenente ou quem sabe capitão. Viraram oficiais. Isso já aconteceu há mais de um ano, mas só agora eu pude realizar isso por meio deste teste.

Brasileiro passou anos recebendo da indústria apenas maquiagens em seus modelos. O mercado está mais maduro, consciente, exigente e sabe o que quer. Promoção de cabo para sargento não tem mais espaço em nosso competitivo mercado. A Ford percebeu isso. Não que o New Fiesta, o novo primeiro tenente, não tenha alguma idiossincrasia ou “rabugices”. Parte disso é subjetivo. Comentei que adoraria se o carro fosse alguns centímetros mais largo. É minha opinião. Alguns podem achar um detalhe aqui ou outro ali. Mas há muita consistência no projeto. A experiência de dirigi-lo em situações bem diversas atestou estas qualidades.

Considero um carro apropriado para uma família com até 2 filhos, que façam viagens eventuais (seu porta-malas dá conta desta demanda) e que busquem conforto e benesses que a tecnologia pode proporcionar (segurança, desempenho, conectividade, etc.). Há bons concorrentes no competitivo mercado. Mas o New Fiesta Sedan tem méritos para enfrentar esta concorrência.

Quem sabe não seria o primeiro passo daquela família com 2 filhos rumo a uma nova promoção... O “primeiro tenente New Fiesta” pode virar um “Coronel Fusion” na garagem da família algum dia. A comparação implícita e explícita da Ford entre o New Fiesta e o Fusion é algo que faz sentido pelas propostas semelhantes adequadas a cada segmento. E esta comparação é benéfica para ela uma vez que associa a imagem do New Fiesta a um carro de nível superior e que foi bastante bem recebido pelo mercado. Agora cabe ao New Fiesta, o irmão menor mostrar que tem o mesmo pedigree e fazer sucesso por si mesmo. Condições ele tem.

figura 129- New Fiesta Sedan




figura 13 – Eu ao volante do New Fiesta Sedan