quarta-feira, 31 de outubro de 2012

As incríveis tecnologias contidas nos automóveis atuais

No lado direito do painel a selecione a alavanca partida/magneto na posição “partida” e em seguida gire a manivela na frente algumas vezes. No lado esquerdo (junto à porta) desloque a alavanca da posição posterior para a posição central (freado para neutro), que também funciona como freio de estacionamento. No lado esquerdo do volante posicione a pequena alavanca (“bigode”) para a posição superior para ajuste de centelha no nível mínimo e no lado direito avance um pouco o nível de aceleração. Pisando levemente no pedal da direita (que é o freio) , também pise no pedal da esquerda para selecionar a “marcha baixa” (são apenas duas marchas). Muito cuidado, não pise nesta hora no pedal central que seleciona a marcha a ré. Vá acelerando aos poucos na alavanca do lado direito do volante e ao mesmo tempo vá ajustando o nível da centelha com a outra alavanca senão o motor perderá força e irá parar de funcionar. Como não há bomba de combustível, o mesmo chega por gravidade ao motor, subidas muito íngremes fazem o veículo parar e a única solução é subir de marcha ré. E nem queira saber como usá-la, pois não consegui entender todo o processo...

O precursor de tudo o lendário Ford T com seu criador Henry Ford

O parágrafo acima mais parece a descrição de uma máquina de tortura medieval, mas trata-se do histórico Ford T, também conhecido como “Ford Bigode” por causa das duas alavancas na coluna de direção. Imensamente bem sucedido, com mais de 15 milhões de unidades produzidas entre 1908 e 1927 em uma época que o mercado era uma fração ínfima do que é hoje. Por isso mesmo em termos relativos, em minha opinião considero o carro mais bem sucedido de todos os tempos. Por isso mesmo considerado o “carro do século” por 133 jornalistas especializados entre 700 veículos marcantes do século XX.


Controles do Ford T

Foi impossível não me lembrar do Ford T ao ter a oportunidade de realizar um “test-drive” no moderno Ford Fusion 2013. Não sou jornalista especializado em automóveis e sim em tecnologia. Por isso mesmo foi chocante ter contato com inovações e recursos que sabia da existência, mas não os tinha experimentado, bem como recursos que nem imaginava existir. Novidades de fato. Pensar que tudo começou com o famoso “Ford Bigode”, quanta evolução!!



Ford Fusion 2013

 
Detalhe do logotipo do Fusion Titanium

O Ford Fusion por conta do novo motor denominado Ecoboost de 2 litros, dispõe de torque maior que o motor anterior. Mas mais do que isso, este torque está 80% disponível a 1500 rpm. O que isso significa? Pense em um carro com câmbio manual. Você se aproxima de um cruzamento, tira o pé do acelerador em 3ª marcha, olha para os dois lados e... Se o carro não dispõe de força em baixa rotação (torque), você precisa reduzir para 2ª ou 1ª marcha para seguir. Se o carro tem câmbio automático você sente um leve tranco (a marcha sendo reduzida). Seja câmbio manual ou câmbio automático a ação de reduzir a marcha tem como consequência elevar a rotação do motor visando encontrar o torque necessário para a arrancada mais ágil. Um carro em marcha lenta está a 800 rpm e o mais leve toque no acelerador faz com que ele facilmente supere 1500 rpm. Dessa forma com 80% do torque a 1500 rpm o veículo responde prontamente, sem necessidade de reduzir marchas (manual ou automático). É a sensação de força instantânea, atributo muito desejável em um carro, fator de conforto, mas também de segurança.

Nos motores concebidos até anos atrás os atributos de força, torque, potência eram todos determinados por características 100% mecânicas do projeto. Tecnicismos como diâmetro e curso de pistão, formato do cilindro, válvulas, tipo de alimentação de combustível... Nem posso falar mais, pois não é de meu domínio. O que sei é que hoje em dia logicamente motores ainda usam todas estas partes, mas controles eletrônicos, sistemas computadorizados, monitoram, e coordenam as ações e comportamentos. Elementos de software atribuem as características finais aos motores. Duplamente mais complexo (mecânica e eletrônica), mas também muito mais eficiente. Ao conversar com um amigo sobre este texto que estava para escrito ele me disse “hoje em dia um carro é essencialmente um conjunto de computadores sobre rodas”. Exageros à parte, eu penso que ele não está totalmente errado. O desafio que as fábricas de automóveis tiveram foi se reinventar para harmonizar a mecânica e a eletrônica. E cada dia mais por conta da evolução da eletrônica.

Descreverei abaixo os recursos de me chamaram a atenção neste test-drive do Fusion. Vou me preocupar em explicar de forma prosaica cada um deles, pois entendo que o leitor deste texto não é um expert em automóveis. E mesmo que seja fica convite a ler e colaborar nos comentários com mais informações e eventuais correções às minhas explicações.

Diversos Ford Fusion sendo degustados no test-drive

O motor

 A nova versão é surpreendente pela eficiência. O motor anterior do Fusion era um V6 de 3.0 litros quase 30 kg mais pesado, tinha menos torque e aproximadamente 10 HP a mais de que o motor 2.0 litros (243 HP no atual). O Ecoboost 2.0 (denominação do novo motor) dispõe de um turbo compressor que eleva suas respostas dinâmicas a estes níveis. Importante explicar que para o leigo (como eu) um turbo compressor estava apenas associado a veículos esportivos ou de competição. Mas devidamente ajustado e calibrado (mecânica e eletronicamente) faz esta versão do motor ser equivalente em potência, ter mais torque em baixa rotação e consumir menos 20% de combustível que a versão anterior. E se 20% não lhe parece muito, faça uma conta rápida. Quem consome um tanque por semana gasta quase R$ 10.000 por ano em combustível, ou seja, quase R$ 2000 de economia em um ano!! E não menos importante é citar que este motor emite 15% menos de CO2. O meio ambiente agradece muito. Destaque para o bloco totalmente de alumínio, injeção direta de combustível e elevada taxa de compressão (queima mais eficiente), mais o uso inteligente do turbo compressor explicam a diferença de comportamento do novo motor.

 
Motor Ford Ecoboost 2.0

Auxiliar de Manutenção de Faixa

Ao dirigir em ruas ou estradas que têm faixas delimitando as pistas as normas da boa condução nos ensinam a manter-nos sempre nas respectivas pistas. Um motorista sonolento ou mesmo aquele que tem sua atenção desviada por alguns segundos pode sem perceber cruzar a faixa trazendo perigo para si ou para os outros motoristas. Existe no Fusion um sistema de câmeras que têm a habilidade de reconhecer as faixas pintadas no chão e tomar ações para ajudar o motorista. Uma vez acionado o sistema, no caso de movimentação indevida tendendo a cruzar as faixas ele pode apenas alertar o condutor por meio de uma vibração no volante. Mas se acionado na forma completa o sistema corrige a trajetória trazendo sozinho o carro de volta ao centro da via de rolamento.

Pude experimentar este recurso. De imediato surgiu a dúvida, “e se eu precisar trocar de faixa de forma deliberada?”. Simples. Desde que o sinalizador de seta de direção (o famoso pisca-pisca) seja acionado o sistema sabe que a troca é proposital e não entra em ação. Da mesma forma se as faixas não existirem ou estiverem muito desgastadas o sistema indica que não pode entrar em operação.   Cabe ao motorista optar por ligar o recurso e escolher se quer apenas ser alertado (vibração) ou correção de trajetória, ainda maior segurança para o motorista, principalmente em longas e cansativas viagens.


Sistema auxiliar de manutenção de faixa


Piloto automático adaptativo

O termo “piloto automático” nunca foi bem aplicado. Em inglês é conhecido como “cruise control”, até mais apropriado. É responsável por manter a velocidade do veículo constante não importa se em subida, descida, reta, curva... O carro acelera e desacelera para manter sempre a mesma velocidade. Porém em sistemas convencionais no caso de haver um veículo mais lento adiante obriga o motorista a dar uma pisada no freio, ação esta que automaticamente desarma o sistema. Assim superado o veículo mais lento o motorista deve novamente acelerar até a velocidade desejada e religar o sistema. Isso é muito chato ter que ficar religando toda hora. Principalmente em viagens um pouco mais longas.

No caso do Fusion não é assim. Ao perceber (por meio de seu sistema de radares) um obstáculo adiante, carro mais lento, ele desacelera automaticamente. Uma vez desviado do obstáculo ele ainda com o sistema ligado acelera o carro até a velocidade desejada e mantém novamente o curso constante.

Associado ao piloto automático adaptativo há também o sistema de alerta de colisão. Na foto abaixo há uma fileira de leds vermelhos que se acendem ao perceber que por causa de um obstáculo há risco eminente de colisão. Neste caso uma pré-carga é dada ao freio (mas sem freá-lo) visando aumentar a eficiência da frenagem ao máximo assim que solicitada pelo motorista.

Alerta de colisão eminente e piloto automático adaptativo

Assistente para estacionamento automático

Já sabia da existência deste recurso, pois algum fabricante já divulgara um de seus produtos com este recurso. Mas nunca tinha experimentado. É fantástico. Resumindo, o carro faz a “baliza” para você estacionando o carro. A forma de uso é muito simples. Ativa-se ao sistema ao se aproximar da vaga, passando por ela. Um alerta luminoso indica se há realmente espaço para o Fusion naquele espaço e deste momento em diante o carro assume o controle e realiza todo o trabalho. É um maravilhoso comodismo, conforto de fato. Do ponto de vista de tecnologia é algo quase que assombroso. Câmeras têm que reconhecer o espaço e comandar aceleração leve e ajustes no volante para a realização do estacionamento. Como é minha área posso dizer, há muita inteligência e processamento para a execução desta “simples” tarefa.

Sistema de estacionamento automático

Monitor de pontos cegos com alerta de tráfego cruzado

O Fusion conta com um vasto conjunto de radares que monitoram o perímetro completo do veículo. Veja na figura abaixo. Desde alerta de colisão e proximidade a monitoração de pontos cegos (locais não visíveis pelos espelhos nas laterais do veículo). Na foto abaixo podemos ver conjugado ao espelho externo o led indicativo de alerta sinalizando que há um obstáculo não visível fora do alcance dos olhos do motorista. Este obstáculo pode ser desde um elemento fixo, uma motocicleta ou um carro que se desloca de um lado para o outro fora da visão do condutor. Segurança extra!!

Sistema de alerta para pontos cegos

Sistema de radares e sensores do Fusion


Câmera de ré

Ideia bastante prática pois desobriga o motorista a virar o pescoço para trás ao efetuar uma marcha ré. Basta olhar para o visor no meio do painel. Não é uma novidade, pois alguns carros de categoria superior já têm esta funcionalidade. Porém a Ford aperfeiçoou a ideia. Na foto abaixo isso fica mais claro. Observe que além da imagem do estacionamento há linhas no chão demarcando a trajetória que o Fusion vai fazer. Se endireitar o volante a trajetória seria uma linha reta para trás e se virasse o volante para o outro lado, mostraria a outra trajetória. Assim a chance de atropelar um incauto pedestre, passar em cima de uma bicicleta largada no chão, ou mesmo ferir um animal de estimação fica extremamente reduzida. Ideia simples e de grande serventia.

Sistema de câmera de ré com previsão de trajetória

 
Sistema de câmera de ré com previsão de trajetória

Sistema de alerta (anti-sono)

Trata-se de um sistema de análise comportamental. Em função dos deslocamentos do carro, oscilações laterais (dirigir de lá para cá) quando em linha reta, o sistema infere o estado de cansaço do motorista. Na foto abaixo há uma graduação na qual é mostrado o caminho para um “cafezinho”, ou seja, é hora de um descanso pois o comportamento não está mais seguro. Em caso mais extremo o alerta enfático é exibido aconselhando “Descanse AGORA” (veja figura abaixo).

Sistema de alerta anti-sono

Sistema de controle de estabilidade e Tração integral (AWD)

Também conhecido como “tração nas quatro rodas em tempo integral”. Para que serve? O recurso tração nas quatro rodas era associado a veículos “fora de estrada”, jipes, carros para andar em trilhas. Isso porque o uso típico deste recurso era em carros se encontravam em uma situação de baixa aderência ou mesmo com rodas “no ar” por conta de imperfeições do terreno (grandes buracos), não conseguindo tracionar e sair do lugar. Assim o carro poderia ter o sistema 4x4 acionado (ligado explicitamente), ter força atuante nas quatro rodas e sair da situação difícil e depois desligá-lo. Mas então porque uma das versões do Fusion dispõe deste recurso? A tração integral (AWD – All Wheel Drive) desempenha hoje um papel importantíssimo na segurança e dirigibilidade dos automóveis. Controlado por uma central inteligente a força das rodas é distribuída de acordo com a necessidade. Se uma roda se encontra sem tração (no ar ou atolada) as outras três rodas terão a força total. Mais do que isso, em caso de condução no limite da aderência (maior velocidade) a tração é otimizada para que cada roda receba a quantidade de força ideal para que seja possível contornar aquela curva em situação difícil sem derrapar (maior estabilidade). É um sistema bem inteligente, pois as quatro rodas estão “ligadas” todo o tempo atuando apropriadamente para cada necessidade. O sistema também pode alocar tração predominantemente em apenas um eixo mantendo o nível de consumo de combustível no nível igual ao de um carro com tração apenas em duas rodas.

Sistema Start-Stop

Ideia simples com resultados claramente vantajosos. No anda-e-para no trânsito, onde o carro fica parado por muito tempo e várias vezes, muito combustível é desperdiçado e muito CO2 é expelido para a atmosfera. A central eletrônica do Fusion interrompe o funcionamento do motor automaticamente ao, por exemplo, parar em um farol. Ao pisar no acelerador para retomar o curso o carro é automaticamente religado. Em regime de uso urbano a economia de gasolina e emissão de gases é sensível (justifica o custo do sistema facilmente). Pude testar o recurso no Fusion americano, mas convém destacar que na versão brasileira, pelo menos por enquanto, não terá esta opção, pois o sistema ainda não está aperfeiçoado para uso em países de clima mais quente como o Brasil. Mas vale saber da existência do recurso e da tecnologia, que podemos ter no futuro.

Sistema SYNC e comando de voz

Smartphones com comunicação bluetooth estão largamente disponíveis. Que tal usar seu smarthphone de forma ampla conectado ao seu carro? É um recurso relativamente novo presente em alguns automóveis de nível superior que no caso do Fusion é denominado SYNC27. Confesso que apesar de ser entusiasta de novas tecnologias não imaginava que o uso fosse simples. Previa dificuldades de configuração…

Não foi a experiência que tive no test-drive.  Ativado o bluetooth no smartphone este localiza o carro e  se conecta a ele. A partir daí a experiência é incrível. Usando comandos de voz ligações telefônicas podem ser feitas, inclusive localizando contatos armazenados no aparelho. “Hands free”, ou seja, o viva voz é proporcionado pelo próprio sistema de som do veículo.
Mas podemos ir além. As músicas contidas no smartphone também são reproduzidas no sistema de som e a navegação pelas músicas, avançar, retroceder, mudar de faixa, mudar de pastas são todas acionadas por comando de voz.

Por fim testei a navegação via GPS, contido no painel central do Fusion, também por comandos de voz. A sequência é bem lógica : pronuncia-se a cidade, em seguida rua e número. O GPS repete para você e no caso de dúvida são pronunciadas as alternativas para que você confirme. Simples, fácil e o melhor de tudo, funciona de fato!!! Na versão americana do Fusion o sistema faz automaticamente uma ligação telefônica para emergência (911) em caso de acidente que tenha sido inflado o airbag do carro, bem interessante.




Sistema SYNC e comando de voz


ABS – sistema de freio antiblocante

ABS é uma tecnologia já consolidada. Essencialmente trata-se de um recurso para aumentar bastante a eficiência dos freios. No Brasil será obrigatório em 2014 e por isso sua presença é certa apenas em veículos de mais alto nível. No mercado americano nem é anunciada sua presença no automóvel, uma vez que é item obrigatório de segurança e por isso mesmo presente no Fusion testado. Basicamente o ABS não deixa as rodas travarem. Quando as rodas estão travadas e sendo arrastadas no solo, devido a características físicas (não relevantes neste momento), o atrito é menor do que o atrito das rodas em movimento. Assim sempre será mais eficiente parar um carro sem travamento. Sensores em cada uma das rodas detectam a parada de movimento (ou a iminência da parada) e o sistema ABS alivia gradualmente a pressão do freio naquela roda até que ela recupere movimento e siga desacelerando sem travar. Isso reduz sensivelmente o espaço necessário para imobilizar o veículo.

Mas o ABS é elemento de segurança que vai mais longe. Nem sempre o piso tem mesmo nível de aderência. Imagine uma parte da pista seca e outra parte molhada ou, por exemplo, com duas rodas no asfalto e duas rodas na terra. O ABS ao analisar a aderência em cada uma das quatro rodas garante que nenhuma delas travará, fato que se ocorresse lançaria o carro como um pião rodando sobre seu eixo ou no mínimo desviando muito sua trajetória durante a frenagem. Fator de segurança essencial, por isso mesmo obrigatório nos EUA e no Brasil em 2014.
AirBags Inteligentes

Ideia simples e genial. Existe um sensor nos bancos que já cumpre a missão de resgatar as memórias dos ajustes de posição do banco e dos espelhos de acordo com o peso do motorista. Mas este mesmo sensor presente nos outros bancos também cumpre a tarefa de ajustar os parâmetros de funcionamento dos airbags de forma apropriada. Um adulto de 120 Kg e um garoto de 12 anos de 40 Kg têm reações fisiológicas distintas no momento da abertura do airbag e por isso o tempo de abertura, velocidade para inflá-lo, força usada são adaptadas em função das características da pessoa, isso tudo em favor da segurança e eficiência do airbag.  


O divertido e ecologicamente correto Ford Fusion Hybrid

Carro elétrico, você ainda vai ter um. Parodiando a frase que falava do carro a álcool no final da década de 70, penso ser totalmente verdade esta afirmação. O carro elétrico é uma tendência irrefreável. Mas há obstáculos a serem superados no caminho. As garagens de prédios não estão preparadas, não há uma tomada para cada morador. Baterias ainda ocupam muito espaço (e são pesadas). Cargas mais rápidas só em tomadas com características especiais. Será viável o processo de troca da bateria inteira no posto de recarga? São dúvidas e problemas que serão sobrepujados, mas leva algum tempo. Já existem bons exemplares de carros elétricos no mercado feitos por vários fabricantes, mas o ecossistema ainda requer evolução.

Enquanto isso os fabricantes criaram uma solução genial, quase um meio termo. Trata-se do carro híbrido (motor a combustão e motor elétrico). É um carro “comum” que dispõe adicionalmente motor elétrico e de bateria de pequena capacidade. A personalidade “elétrica” do carro é essencialmente usada no momento da partida e como auxiliar ao motor a combustão, reduzindo o esforço deste e reduzindo sensivelmente o consumo de combustível.

No test-drive que fiz pude também experimentar a versão híbrida do Fusion. O relato abaixo conta em detalhes esta história com momentos muito interessantes.

 

Fusion Híbrido usado no test-drive



 
Detalhe do logotipo do Fusion Hybrid

Dei a partida no Fusion e... Não ouvi o barulho do motor. Abri a janela e continuei não ouvindo. Mas ao menor toque no acelerador o carro começou a se mover. Não sei precisar em que velocidade o motor a gasolina começou a operar. Há um sistema computadorizado que regula a entrada do motor em função do nível de potência exigida e velocidade. Em ritmo constante, enquanto houver carga acumulada na bateria o motor elétrico ajuda o motor a gasolina. Curiosamente o gasto é menor na cidade Segundo os dados da Ford em ciclo urbano pode render cerca de 20 Km/l (47 mpg) ou perto de 18 Km/l (44 mpg) na estrada. porque neste cenário o motor elétrico é usado mais amiúde.

Mas a bateria é pequena. O que acontece quando ela fica descarregada? Acredite isso é difícil de acontecer porque o sistema é muito versátil e inteligente. Sabe quando você está dirigindo e percebe que o trânsito vai parar e apenas tira o pé do acelerador e deixa o carro ir no embalo? Pois é, nesta hora o Fusion híbrido aproveita o movimento do eixo do motor e atua como um gerador de energia, recarregando a bateria. Além disso, toda vez que o pé aciona o freio, tanto pelo movimento do motor como pela dissipação de energia da freada (calor), energia é gerada levando mais carga para a bateria. Dessa forma durante o ciclo normal de condução do Fusion, a todo o momento a bateria está alimentando o motor elétrico, auxiliando o motor a gasolina e sendo recarregada pelo movimento livre do carro ou nas frenagens.

Na condução do Fusion híbrido também percebi que manobras em baixa velocidade ou mesmo deslocamentos ligeiros no trânsito também são executados exclusivamente pelo motor elétrico. E vou confessar algo para os leitores. Para mim a experiência foi pura diversão. Explico o motivo. Veja a foto abaixo.

 
Painel completo do Fusion Hybrid

No lado esquerdo do velocímetro pode ser notado o desenho de uma bateria, que neste caso apresentava cerca de 1/3 de sua carga máxima. No lado direito do painel há um conjunto de folhas que ficam mais densas à medida que a condução é mais econômica. Observe agora a próxima foto. Aliás, a qualidade desta foto não está muito boa porque foi tirada com o carro em movimento durante o test-drive. Fique sossegado, eu não dirigi e tirei foto ao mesmo tempo, foi tirada por mim enquanto outra pessoa também testava o híbrido.

 
Regeneração de energia do Fusion Hybrid em progresso

Pode ser visto que a bateria está quase cheia. Há dois semicírculos “em movimento” e na parte superior da bateria uma seta apontando para cima, indicando que a bateria está sendo carregada. No caso de freadas acontece da mesma forma e no painel é mostrada a informação do percentual de energia do movimento que foi reaproveitado para a recarga.

Achei muito divertido dirigir o carro com atenção neste painel. Procurava dirigir com o maior número de “folhas” possível, procurando manter a bateria sempre com nível alto de carga e vez por outra ao exigir mais do motor observar sendo usada a energia elétrica. Adorei acompanhar este processo!! Alguns podem dizer que se trata de “diversão Nerd” e vou até concordar com isso. Mas o que importa é que o condutor do Fusion Hybrid pode jamais olhar neste painel que citei, mas ele com certeza estará gastando menos combustível, expelindo menos CO2 e ganhando até no nível de ruído que é praticamente zero nos deslocamentos mais lentos (totalmente proporcionado pelo motor elétrico). O custo do carro híbrido ainda é sensivelmente maior do que o carro comum, possivelmente pela falta de economia de escala de componentes, baterias, etc. Mas isso tem tudo para mudar e o diferencial de preço ser bem menor. Pessoalmente eu prevejo e adoraria que em dez anos a grande maioria dos carros já tivesse essa tecnologia.


Conclusão

Carros atualmente não são computadores sobre rodas como anteriormente citei. Mas não está muito longe disso. Este texto começou com a descrição da forma de dirigir do centenário Ford T. No outro extremo temos diversas características do Ford Fusion Titanium ou Hybrid versão 2013. Não parece que estamos falando de dois exemplares de automóveis e sim de entidades diferentes. Estão separados por cem anos de história e evolução.

Basicamente o progresso se deu na dirigibilidade e segurança. Mas para obter este avanço quantos itens de tecnologia foram objeto de extensas pesquisas até se tornarem elementos constituintes do Ford Fusion atual. A tecnologia evoluiu não somente no projeto mecânico e eletrônico. Nem citei outros aspectos para este texto não se tornar ainda maior, mas, por exemplo, há intensa pesquisa na evolução do material de que são feitos os bancos para que possam ser mais finos e ao mesmo tempo dar mais conforto ao motorista e permitir que o banco seja mais estreito para que os ocupantes do banco traseiro tenham mais espaço. São detalhes. A câmera de ré com a delimitação da trajetória, o motor menor, mais leve, mas mais econômico e com mais força (torque) mesmo em baixas rotações.

Não vou repetir a extensa lista de itens de alta tecnologia que estão presentes no Ford Fusion 2013 que tive a grata oportunidade de testar. Sei que daqui para frente avaliar um carro será uma tarefa diferente para mim. Tive meus conceitos e padrões de qualidade bastante jogados para cima por conta desta experiência. O Fusion estará disponível no mercado brasileiro nos últimos dois meses deste ano. Preço? Já foi largamente noticiado pela mídia, algo em torno de R$ 113.000,00 para a versão Titanium AWD (topo de linha). Este é o atributo que ainda falta evolução, ou melhor, involução. Mas não depende somente da Ford, VW, Fiat, GM, Honda, Toyota, etc., depende de regulamentação governamental, política de impostos, etc. que nem vou comentar, pois é outra longa discussão a qual nem de perto conheço detalhes. Mas a Ford fez a parte dela trazendo para o mercado brasileiro um carro com um conjunto grande de evoluções tecnológicas por um preço, embora alto de forma absoluta, mas muito competitivo em relação a outros carros também bastante evoluídos e também mais caros.

 
Momento descontraído durante o test-drive do Fusion

4 comentários:

  1. O que mais me assusta nessa tecnologia toda é que nao bastasse nossos aparelhos para serem invadidos, agora teremos q tomar cuidado pra nao invadirem nossos veículos tb, e nisso se cria mais um nicho na tecnologia: segurança da tecnologia em aparelhos embarcados.... (nao q eu tenha um carro desses, tenho um simpático ford ka!rs)

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    1. Paulo isso é parcialmente verdade, e vale também para caixas automáticas (banco), GPSs, aparelhos de exames médicos... Ainda bem que são ambientes "fechados" e por isso mais isolados e menos passíveis de invasão, mas eu ficaria de antena ligada... Abs

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    2. Na teoria o sistema é fechado e o usuário não pode modificar partes importantes como no Windows, nem instalar aplicativos, muito menos navegar na internet e clicar em links com virus.
      Na pratica dá para invadir um carro, mas precisa de acesso fisico, se alguem tem acesso fisico ao seu carro pode sabotar, mesmo não tendo nada eletronico.
      De qualquer forma, basta um pouco de conhecimento e cuidados, eu não pego virus no meu computador por exemplo. É que as pessoas são idiotas ou não se importam nem se o carro tem oleo para funcionar.

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    3. Caro anônimo, bem importante os pontos que você citou!! Obrigado pela colaboração. Abs

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