segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Mercado Livre em novo patamar

Quem puxar pela memória vai se lembrar de que ao surgir, o site Mercado Livre era um local tipicamente frequentado por pessoas físicas. Eu, você e tantos que queriam vender seus objetos usados (ou eventualmente novos) usando a “novidade” que era este meio de comunicação chamado Internet. Era essencialmente um espaço frequentado por “camelôs virtuais”, exagerando um pouco a comparação, como aquelas praças das grandes cidades lotadas de pequenos comerciantes.


Por isso o começo foi a fase mais difícil. Era quase que um golpe de sorte encontrar o comerciante certo. Não que o problema fosse a correção ou honestidade do comerciante. O problema era mesmo o amadorismo, natural nesta fase inicial. Prazos nem sempre eram respeitados... E infelizmente vez por outra algum mais “esperto” se valia do ambiente virtual para se locupletar em cima dos incautos, fosse ele comprador ou vendedor. Mas como toda nova forma de negócio as regras foram se aprimorando e trazendo ordem e bom funcionamento para o sistema.

Falo por mim mesmo. Lembro-me de quando meus filhos deixaram de ser bebês eu vendi todos os apetrechos no Mercado Livre. E se bem me lembro o modelo mais usado à época ainda era do “leilão” no qual um preço mínimo era definido e as pessoas faziam seus lances até o final de prazo determinado. Ainda existe esta modalidade hoje em dia porém há momentos que o comprador necessita de agilidade para obter a mercadoria desejada. Por isso a alternativa de venda direta cresceu bastante no site e é dominante hoje em dia.

Mas muitos outros aperfeiçoamentos apareceram. Vendedores mais que eventuais, aqueles que têm vários produtos oferecidos ao mesmo tempo acumulam pontos de reputação em maior quantidade e esta informação traz segurança para compradores que não conhecem este lojista. Há alguns anos o Mercado Livre trouxe para seus clientes a alternativa do MERCADO PAGO. Trata-se de uma forma de realizar o pagamento tendo o Mercado Livre como intermediário. Assim o comprador realiza o pagamento, seja por cartão de crédito ou débito ou boleto e este crédito só vai para o vendedor assim que houver a confirmação da entrega da mercadoria. E a efetiva entrega só é feita após o site registra seu pagamento. Resumidamente é isto. Assim o vendedor tem a garantia de receber o seu crédito e o comprador de receber sua mercadoria.


Mas tudo isso descrito acima já é história. Apenas quis rememorar para ter certeza de que o leitor está familiarizado com estes conceitos todos. Lembro que no modelo de negócio do Mercado Livre suas fontes de receita vêm basicamente da comissão existente em cada venda e da receita da propaganda, pois seus vendedores podem dar algum destaque ou muito destaque aos seu produtos. Assim todo o interesse do site é aumentar bastante o volume de transações realizadas.

Minha ideia de escrever a respeito do Mercado Livre se deve a minha participação no começo de setembro na Conferência de Desenvolvedores. Sim isso mesmo! Também tive reação de estranheza inicial ao saber desta iniciativa. Precisava conferir para entender. Já há algum tempo o site proporciona para seus vendedores frequentes ferramentas bem interessantes para gerenciar seu relacionamento com compradores. Um vendedor eventual como eu não tem 1% da necessidade de organização de informação que tem o lojista profissional do Mercado Livre. Assim grande esforço de desenvolvimento tem sido feito pelo site para prover ferramentas que ajudem estes lojistas a se organizarem. Afinal, como disse antes, quanto mais transações o site realizar maior será a receita ambos.

Porém a tarefa de desenvolver todas as ferramentas e mesmo antecipar as necessidades destes vendedores começou a ficar bastante extensa. Assim o Mercado Livre decidiu criar uma plataforma aberta para que outras pessoas e empresas possam desenvolver softwares e aplicativos para sua plataforma. Assim as empresas que vendem produtos e que tenham expertise em TI e desenvolvimento podem fazer um sem número de aplicações de apoio.

Ainda melhor é a oportunidade para empresas de software profissionais para desenvolverem produtos prontos para os mesmos lojistas. Afinal é mais natural que as lojas não tenham recursos de TI para fazerem desenvolvimento. A integração do Mercado Livre com os aplicativos se faz por meio das APIs (Application Program Interface) que abrem para o desenvolvedor todas as funcionalidades do site em linhas de programação. Assim tanto as tarefas rotineiras da loja, necessárias para o fluxo diário de operações como ações de integração com os sistemas de informática como ERP, CRM, etc.

A conferência que tive oportunidade de participar estava em sua segunda edição e fiquei bastante impressionado com a quantidade de participantes. Informalmente eu contei mais de 400 pessoas naquele auditório o que mostra o interesse do mercado por este nicho de soluções. Também denota qualidade das ferramentas disponíveis (APIs) uma vez que se fosse algo complicadíssimo e inacessível haveria 10 ou 15 pessoas naquela sala.

Um dos destaques na Conferência foi a possibilidade de automatização dos processos do MERCADO ENVIO, recurso anunciado no primeiro semestre. Trata-se de um recurso que coloca o serviço de frete no site com muitas vantagens. O lojista usa as opções pelo próprio Mercado Livre, já emite a etiqueta pré-paga para o tipo de frete escolhido pelo seu cliente e pela quantidade de postagens concentradas pelo Mercado Livre há bons descontos no preço tornando assim o frete mais barato do que pelas vias convencionais. E tudo isso também pode ser acessado pelas APIs para os desenvolvedores criarem rotinas e processos mais aderentes às práticas das lojas.


Segundo o Mercado Livre tanto Mercado Pago como Mercado Envios são serviços oferecidos para a base de clientes, mas que não são “áreas fim de negócio”. Ou seja, a intenção da empresa é prover estes meios para agilizar as transações dos clientes e não ter lucros com elas.

Aqueles primeiros dias de “camelódromo virtual” estão muito longe. Grande profissionalização aconteceu no site, principalmente em relação aos vendedores. Estão hoje municiados de muitas ferramentas e agora com uma base de desenvolvedores para suportar novas e inovadoras aplicações. Segundo palavras do Mercado Livre eles visam se tornar na grande e dominante plataforma de negócios eletrônicos.

Como o mundo não é perfeito, nem o real nem o virtual, erros podem acontecer no sistema. Dois amigos tiveram sua conta no sistema invadidas e o usurpador aplicou golpes em seus nomes. Eu tive uma venda cancelada pelo sistema e fui quase expulso por conta de um erro de digitação do texto de meu anúncio. Contei esta história em um texto chamado “Cancelado no Mercado Livre – quase expulso”. Foi um excesso de rigor, algo desmedido, mas havia alguma razão por parte do Mercado Livre. E ainda existem vendedores que insistem em vender apenas via transferência bancária e que são um convite a levar um golpe.

Se insisto em contabilizar estas imperfeições é para fazer o contraponto para a situação atual bastante diferente, evoluída, avançada mesmo. Penso que a ambição do Mercado Livre ser tornar a grande referência de “Market Place” já é realidade fruto das decisões que vem sendo tomadas nos últimos anos.

Aliás, eu ia me esquecendo de citar as soluções de mobilidade para todos os tipos de smartphones. Estas permitem que consumidores chequem preços e condições a qualquer momento ao visitarem uma loja em um Shopping por exemplo. É  mais um interessante serviço a favor do consumidor. Se descobrir que o mesmo produto da loja “X” pode ser adquirido mais barato no Mercado Livre, a loja real perde uma venda e o Mercado Livre ganha uma venda. Ousada e inteligente ação como tantas outras apresentadas.

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