sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Armazenamento na rede para pequena e média empresa – Seagate Business Storage

A categoria de dispositivo de armazenamento intitulada NAS (Network Attached Storage) tem se popularizado e mais empresas têm adotado este tipo de solução. Inicialmente tinha valor inicial elevado, mas agora são acessíveis às empresas não tão grandes e nem com cofres tão cheios. E o melhor lado desta história é que há produtos bastante sofisticados e cheio de recursos para este segmento de empresa.

Testei o Seagate Business Storage conhecido também como “BlackArmor” na versão de 2 baias, ou seja, com 2 discos rígidos incluídos. Há versão também com 4 ou 8 discos (maior capacidade). Como já testei diversos outros NAS eu me senti à vontade de explorar os recursos mais usados e outros “escondidos” e muito importantes.

figura 01 – Seagate BlackArmor 2 HDs visão frontal
 
figura 02 – Seagate BlackArmor 2 HDs visão traseira

Mas convém destacar o modelo de uso deste tipo de dispositivo. É a maneira mais fácil de conectar um “aparelho” na rede e usá-lo imediatamente para compartilhar, ler e gravar arquivos, sem as complicações de um servidor. Pequeno, leve, baixo consumo e com opção padrão de espelhamento dos discos (RAID 1), ou seja, se um deles pifar o outro mantém o conjunto funcionando sem perda de dados bastando trocar o HD quebrado por um novo que o sistema se recompõe novamente.

O modelo que eu testei era exatamente assim, com 2 HDs de 2 TB espelhados. Segundo o site da Seagate este modelo existe disponível no mercado em quatro configurações distintas:
  • Sem HD algum (só o dispositivo), usuário adquire e insere os HDs
  • 2 HDs de 2 TB – modelo testado
  • 2 HDs de 3 TB
  • 2 HDs de 4 TB


Todas estas versões compartilham as seguintes características que merecem destaque:

2 conexões de rede : dessa forma existe uma conexão backup em caso de falha de cabo, porta de switch ou mesmo da interface do NAS. Mas o que é notável é o fato das duas poderem ser usadas ao mesmo tempo dobrando a capacidade de tráfego (exige switch que suporte este recurso). Vide figura 02.

2 conexões USB 3.0 : outros HDs externos podem ser conectados para função de backup ou para expandir a possibilidade de armazenamento. Novas pastas compartilhadas podem residir no HD externo. Mas o uso é extremamente simples. Em meu teste ao conectar um HD externo com muitos arquivos e pastas automaticamente foi criado um compartilhamento de nome usb1-share1 que deixou todos os arquivos disponíveis do HD externo para a rede. Vide figura 01 e 02.

1 “habitáculo” com conexão SATA: idêntica a dos HDs externos Seagate para expansão. É bastante prático uma vez que o HD externo Seagate pode ser considerado um “cartucho” a ser inserido. Além disso os dados aí armazenados podem ser facilmente transportados para outro local por conta da portabilidade da mídia. Embora não seja diferente de uma conexão USB 3.0 (inclusive pela velocidade de acesso que é semelhante entre USB 3 e SATA) a ideia tem muito mérito pela praticidade e portabilidade dos dados.

 
figura 03 – Conector SATA interno (mostrado no modelo de 4 baias)

Administração bastante simplificada. As telas foram criadas tendo em mente que o usuário do produto não seria extremamente técnico. Por isso mesmo há assistentes, lembretes, check-lists, etc. Se no começo dos dispositivos NAS era necessário um profissional experiente para tornar o produto disponível na rede o conceito agora é totalmente outro para esta linha de produtos. Um bom exemplo disso é a forma de atualizar o software do dispositivo (firmware). Há o processo clássico que consiste do usuário fazer download dos arquivos de atualização e carrega-los manualmente. Mas há também o processo automatizado que apenas um clique de mouse realiza todo o processo. Fiz isso durante o teste e fiquei animado com a simplicidade.


figura 04 – Tela administrativa “Dashboard” (clique para ampliar)

Suporte à tecnologia iSCSI: é um recurso denominado nas telas administrativas como “virtualização” porque visa atender algumas necessidades de ambientes como VMware ou Hyper-V. Isso permite que empresas que usem máquina virtuais armazenem-nas em um ponto da rede e não dentro dos servidores. Isso é bom pois em caso de pane do servidor de virtualização basta instalar um hardware novo com o software (VMware, Hyper-V, etc.) e apontar as VMs para o storage na rede. Bastante prático e seguro. A propósito eu associei meu VMware ESXi 5.1 ao Seagate Business Storage, transferi 3 VMs para lá e rodei tão bem quanto rodo no meu NAS atual. Compatibilidade garantida com VMware. Igualmente associei o storage ao meu Windows 2008 Server R2 qual via iniciador iSCSI o conectei ao storage e também executei VMs Hyper-V igualmente bem.

Mas o recurso iSCSI tem outras aplicações como associar o NAS a um servidor Windows (por exemplo) e fazer por ele o compartilhamento para usar políticas de segurança do mesmo (AD). Também se configurado PC a PC (algo mais técnico) é capaz de entregar o máximo desempenho no acesso ao NAS pois acesso via iSCSI é mais “direto” (menos camadas) e o PC considera o recurso como disco local e não disco de rede.

Proteção contra arquivos apagados: nem todos os ambientes de rede dispõem deste tipo de proteção. É similar ao conceito da “Lixeira” que existe na área de trabalho do Windows. Arquivos ou pastas apagadas são na verdade colocadas em uma área especial que permite serem recuperados no caso de algum usuário da rede se arrepender ou perceber que realizou a exclusão indevidamente.

Alternativas para uso dos HDs: este modelo que conta com 2 HDs permite que seja usado no modo “redundância”, ou seja, se um HD der defeito o outro que tem uma cópia fiel assume o seu papel (RAID 1- 2 HDs de 2 TB geram 2 TB de capacidade), modo “máximo desempenho” (Stripe ou RAID 0 – 2 HDs de 2 TB geram 4 TB de capacidade), ou seja, as gravações e leituras são feitas ao mesmo tempo nos dois HDs praticamente dobrando a velocidade de leitura de dados. Porém se um deles falhar o sistema todo para. Nos modelos superiores da Seagate (com 4 ou 8 HDs) há possibilidades diversas como RAID 5, RAID 6, RAID 10, outras configurações que equilibram velocidade e segurança da informação.

Segurança no compartilhamento dos arquivos: como em um servidor de arquivos tradicional cada pasta compartilhada no NAS pode ter seus direitos de acesso à leitura e gravação associados a usuários ou grupos de usuários específicos. Assim somente que pode ter acesso a determinado conteúdo (arquivos ou pastas) é que acessará a informação.

Backup automatizado: há como programar para ser executado em horários específicos rotinas de cópia do conteúdo do NAS para HDs externos conectados nas portas USB ou SATA (“cartucho”), para outro NAS na rede ou localmente (para outra pasta do próprio NAS). Além disso os PCs que acessam o NAS podem fazer backup de seus arquivos no dispositivo de rede por meio de do “NAS Backup Software”.

Outras funcionalidades: impressoras podem ser conectadas nas portas USB e assim o dispositivo assumir também o papel de servidor de impressão para a rede. Também pode desempenhar o papel de servidor de mídia para conexão com dispositivos (PCs, MACs, TVs, etc.) que aceitem o protocolo DLNA.

Desempenho

Testei na situação de apenas uma conexão Ethernet (uma conexão de rede apenas das duas disponíveis) porque meu switch Gigabit não tem a capacidade de realizar a agregação de portas, recurso aceito pelo Seagate Business Storage que dobraria sua taxa de transferência. Dessa forma a capacidade máxima teórica de troca de informações seria a velocidade nominal de 1 Gbit/segundo. Isso se traduz, usando outra unidade, em algo próximo de 90 MBYTES/segundo.

Lembro que um HD conectado diretamente a um conector SATA de um PC ou notebook vai entregar uma taxa de transferência entre 60 a 120 MBYTES/segundo. SSDs seriam capazes de taxas próxima a 450 MBYTES/segundo. A propósito se estes NAS usassem SSDs (não é este o caso) precisariam com certeza usar a dupla conexão de rede para poderem ter sua maior velocidade aproveitada. Por fim lembro que um HD externo USB 2.0 entrega entre 15 e 30 MBYTES/segundo de taxa de transferência.

Apresentadas todas estas referências seguem nas figuras 05, 06 e 07 três dos cenários testados. Comentários a seguir.

 
figura 05 – Cópia de arquivos (gravação) via compartilhamento de rede


 
figura 06 – Cópia de arquivos (gravação) via volume iSCSI


 
figura 07 – Cópia de arquivos (leitura) via compartilhamento de rede

A figura 05 e 06 mostram um arquivo de 4.0 Gb sendo gravado no NAS. Na figura 05 o acesso foi feito via compartilhamento de rede, ou seja, drive mapeado (algo como \\192.168.99.237\Public) e nesta situação a gravação ocorreu a 33.5 MB/s com picos de 40 MB/s (mais rápido que um HD externo USB 2.0). Na figura 06 vemos a mesma operação com o  mesmo arquivo, porém a gravação ocorrendo em um volume iSCSI do NAS. Existe uma diferença sensível entre as duas situações. Porém no dia a dia a imensa simplicidade de configuração do acesso pelo caminho de rede se sobrepõe à velocidade maior do iSCSI, modo que recomendo apenas para quem vai usar com frequência acesso a arquivos muito grandes.

Já na figura 07 é mostrada a operação de leitura do NAS na situação de caminho de rede na qual a transferência se dá a 56 MB/s. Nesta situação a diferença para uso do iSCSI é bem menor (90 MB/s), o que justifica minha recomendação de usar caminho de rede pela sua grande facilidade de configuração ante ao processo mais complexo de configuração do iSCSI.

De toda forma, por um meio ou por outro o desempenho do NAS é muito bom para uso no dia a dia. Vale ressaltar que somente em redes Gigabit se consegue extrair o máximo de desempenho. Em redes antigas (100 Mbits/s) o limite de taxa de transferências seria de 10 MB/s apenas.

A família está crescendo

Não foi com total surpresa, mas foi com admiração que tive breve contato com novas linhas de produtos da Seagate neste segmento de armazenamento na rede. São diversos modelos ainda mais robustos e mais evoluídos do que o modelo testado por mim. São soluções que visam mercado corporativo, com quantidade de maior de HDs (maior capacidade de armazenamento). Uma visão geral desta família de produtos pode ser vista aqui. Veja que o modelo testado é dentre todos dos mais simples. Só não é mais simples que o modelo de drive único e por outro lado há modelos que permitem disponibilizar até 32 TB de capacidade. Tenho grande interesse em conhecer mais de perto estas soluções e testá-las minuciosamente no futuro assim que a Seagate começar a trabalhar estes produtos no Brasil.

 
figura 08 – Modelo de Storage de 8 HDs
 
figura 09 – Família de Storages da Seagate (clique para ampliar)



Conclusão

O mercado de NAS está bastante maduro. Há opções tão simples como versões de apenas um HD bem como 8 HDs. Estas versões maiores conseguem se aproximar dos storages profissionais corporativos. Mas seja na versão máxima, mínima ou nesta de 2 HDs que eu testei o conjunto de recursos e funcionalidades é amplo, desempenho dentro do esperado e até acima. A diferença é que por sua popularização a interface de administração está mais acessível e mais simples. Penso que toda empresa pequena e média tem como alternativa o uso de um Business Storage para ampliar sua capacidade de armazenamento na rede e ainda ter funções de servidor de impressão, automação de backup, etc. Excelente produto. Fiquei apenas com o “gostinho de quero mais” já pensando em me aprofundar nas versões mais sofisticadasm de 4 e 8 HDs...

Um comentário:

  1. Olá Xandó
    Seu blog é de grande valia pra nós. Parabéns pelo trabalho e dá pra perceber que você faz porque gosta e com prazer.
    Preciso de uma dica. Tenho um servidor de arquivos DELL que está chegando na capacidade máxima, e nele uso o Dropbox para sincronizar com outro servidor em outra unidade. A minha dúvida é se adquirir um NAS para expandir a capacidade, conseguirei rodar o Dropbox no conteúdo do NAS. Obrigada

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