Tempos atrás eu escrevi alguns textos constatando alguns problemas de
comunicação que experimentamos nestes tempos de Internet. O anonimato por trás
da rede propicia incidentes bizarros como os que relato no texto “Internet,
a terra dos cara de pau”. Analogamente eu já me queixava da forma como os
e-mails vinham sendo tratados ou usados por algumas pessoas no texto “O
e-mail transformando as pessoas (para pior)”. Resolvi votar ao tema, pois
percebo que algumas destas constatações que fiz antes estão se intensificando.
E de uma forma bastante ousada procuro tentar explicar os porquês disso tudo...
Se você tem menos de 20 anos, exagerando um pouco talvez nem saiba o que é e-mail. Ou se sabe, não o utiliza amiúde. Meu filho de 15 anos só usa e-mail quando um de seus professores o avisa para buscar algum conteúdo que fora enviado para a classe toda. Fora isso ele utiliza intensamente o Facebook e mensagens de texto (SMS) para falar com os amigos. Para este grupo de adolescentes e pós adolescentes (perto do 20 anos), nem mesmo o Twitter tem muita relevância. Twitter é “coisa de velho”!! Será?
Eu relato bem a decadência do e-mail no texto “O e-mail transformando as pessoas (para pior)”, mas resolvi retomar o assunto porque um dos pontos que cito se intensificou muito. Vou explicar. Por um momento imagine que duas pessoas estão frente a frente e uma delas fala para a outra:
“Aquelas orientações que você me passou, pensei nelas e resolvi mudar a maneira que eu fazia aquele tipo de trabalho. Obrigado por sua dica e orientação”
Uma vez falada esta frase exemplo, você frente a frente com seu interlocutor, o que você acharia se ele apenas e tão somente se virasse e fosse embora sem ao menos lhe dirigir uma só palavra?? Penso que no mínimo seria algo muito rude, insensível e até mal educado. Ou não? Pense no cenário, ambos frente a frente e isso acontecendo.
Mas o que tem isso a ver com e-mails? Infelizmente tudo! Atualmente o grau de respostas que obtenho aos e-mails que eu envio é cada vez menor, tendendo a zero... Por vezes o e-mail que envio é uma informação complementar, algo que em tese não precisaria de uma resposta. Vá lá! Mas algumas vezes envio e-mails mais ou menos assim:
“Depois de nossa conversa eu alterei a data de início do projeto. Sei que nem todos têm disponibilidade na mesma ocasião. Peço que me confirme se assim está bom para todos.”
ou
“Fizemos alterações na infraestrutura de sua rede sem fio. Antes havia pontos de falha. Preciso que você me fale se agora o funcionamento está adequado para todos os tipos de uso e todas as situações. Obrigado.”
Na minha visão em diálogos com este teor (diálogo que vira monólogo) uma resposta é premente! Seja confirmando ou negando, mas é necessária resposta. Mas as pessoas ignoram solenemente. Porque? Talvez porque ela percebe que está tudo bem e que não tem nada a acrescentar. Ou porque tem que falar com outras pessoas para saber e depois simplesmente se esquece do assunto. Ou porque ele ou ela foram copiados na mensagem e dessa forma não é problema dele ou dela... Isenção cômoda de responsabilidade.
Se você que está lendo acha que o colunista é chato e exagerado, eu garanto que não. Eu não levantaria este tema não fosse a intensidade com que isso acontece. Ou melhor, posso até ser chato, pode ser sua opinião, mas exagerado não...
Não sou sociólogo, não tenho autoridade para concluir nada, mas vou dar o meu melhor palpite. Tenho algumas teorias para este comportamento. A partir de 1996 quando a Internet chegou ao Brasil vem se desenvolvendo junto às crianças (que já se tornaram ou estão se tornando adultos), das decantadas geração “Y” e geração “Z”, um senso de imediatismo muito grande! Quem tem mais de 25 anos se lembra quando pesquisa era apenas nos livros, enciclopédias, etc. A geração da Internet (Y) já começou totalmente diferente. A informação da ponta dos dedos faz parte de seu DNA. Em seu vocabulário não existe enciclopédia e se tirar o Google terão crise de abstinência como se fosse algum drogado em recuperação!!
Mas não parou por aí. A geração “Z” é para mim a “geração vídeo-clip”, ou seja, precisam de 5 cenas diferentes em um segundo para que sua atenção seja merecida. Consomem informação de maneira rápida e também descartável. O Tablet é para mim o ícone deste tipo de cultura, embora pessoas bem mais velhas também tenham aderido ao prático e valoroso dispositivo. O Tablet é o melhor meio para consumir informação, em uma velocidade voraz! Tome como exemplo alguém olhando sua linha do tempo no Facebook (ou twitter). Os dedos deslizam velozmente na tela enquanto milhares de letras passam na frente dos olhos fazendo com que estas pessoas ACHEM que leram tudo. Na verdade viram algumas dezenas de palavras e inferiram em seu cérebro o resto, a mensagem que supostamente foi criada. E em grande parte das vezes a mensagem errada.
Vejo o descaso com os e-mails como uma consequência deste tipo de postura das pessoas. Ao “ler” os e-mails estão tratando da mesma forma que tratam as centenas de páginas do Tablet (que pode ser também o notebook) que são consumidas rapidamente. Prova disso para mim é que algumas das vezes que obtenho respostas, estas várias vezes são desconexas, incompletas, como se o e-mail não tivesse sido lido inteiro (na verdade foi exatamente isso que aconteceu).
Mas a tecnologia é culpada disso? Não acho. Penso que é culpa das pessoas que estão acelerando tanto suas ações que acabam por fazer mal feito. Seria radicalismo meu? Pode ser, mas penso que podemos estar presenciando uma mudança nas pessoas. Será que um processo de seleção natural Darwiniano vai acontecer de forma que as pessoas vão interagir entre si e com as máquinas por ondas cerebrais e telepáticas rapidamente como elas estão agindo hoje? Pode ser, mas por favor, enquanto isso ainda não é realidade, enquanto o ser humano (ou seria o “cerumano”? Segundo Piropo) ainda não evolui (evolui?) dessa forma eu apenas peço duas coisas:
Leia o meu e-mail, palavra por palavra
e
Não deixe sem reposta o meu e-mail
POR FAVOR!!!!!!!!!!!!!
Difícil justificar quando você envia, por e-mail, o escopo de um job para um webdesigner e ele só faz o que você pediu na primeira linha, ignorando o resto da mensagem...
ResponderExcluirÉ isso mesmo Robinson, como citei no texto, ele lê o começo e "deduz" o resto para "não perder tempo" e dá nessas coisas. É a geração "touch" que esfrega o dedo na tela e "lê" tudo enquanto a tela é rolada... Fazer o quê? Obrigado pelo comentário!
ExcluirPura verdade! Meu chefe apronta cada uma por causa de "deduções".... Clientes que tenho que solicito resposta e nada. Complexo!
ResponderExcluirComplexo!!?? Põe complexo nisso!! Não é "preguiça" apenas, passa pelo desrespeito ao outro...
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