domingo, 20 de maio de 2012

Como não vender (e não comprar) um notebook

Existem bons e maus vendedores em qualquer lugar do planeta. Por isso a história que vou contar poderia ter acontecido com você. O cenário real foi Orlando (Estados Unidos) e o tema principal, a compra de um notebook. Não para mim. Quem precisava era uma jornalista de um periódico de São Paulo que também estava presente no mesmo evento que eu e resolveu aproveitar a viagem para adquirir uma boa ferramenta de trabalho.

Um dia após o encerramento das atividades do evento fomos a uma loja bastante apreciada pelos admiradores de tecnologia e eletrônicos de forma geral. A tal famosa loja que cito era a BESTBUY. Eu estava apenas acompanhando e de prontidão caso alguma ajuda fosse necessária. Na verdade acabei comprando um ampliador de alcance para WiFi, mas isso já é outra história, para outro texto. Minha colega jornalista me mostrou vários modelos de notebook em uma bancada. Nós dois ficamos encantados com um modelo de SONY Vaio. Fantástico, uma configuração e tanto!!
  •          Processador Core i7 32 nm
  •          Disco rígido de 750 GB
  •          8 GB de memória
  •          Drive de Blu-ray (e gravador de DVD)
  •          Design fino e leve
  •          Preço atraente US$ 999
Embora não se tratasse de um Ultrabook, passava perto do conceito pela configuração robusta (veloz) e pela pequena espessura e peso do notebook. A tal loja BESTBUY tem um posto de venda diferenciado para produtos como notebooks e naquele dia o atendimento  estava particularmente ruim pelo acúmulo de clientes na loja. Demoramos para descobrir que aquele sedutor modelo do mostruário não estava mais disponível na loja (estoque esgotado).

Nas imediações havia outras lojas, inclusive uma delas que se denominava “SONY OUTLET”, ou seja, um local onde produtos da SONY seriam vendidos com bom preços e ofertas. Entramos na loja e a variedade de notebooks à mostra não era tão extensa. Um “vendedor” (depois vão perceber porque coloquei entre aspas o substantivo vendedor) veio falar conosco e disse que poderíamos falar em português, pois ele entendia o idioma (mas falava conosco em espanhol). Quem falou com ele foi a jornalista que buscava por aquele modelo visto na outra loja. O diálogo que se seguiu foi bastante bizarro, inacreditável. Digno de ser replicado aqui.

Vimos em outra loja um notebook Sony, Core i7, com 8 GB de memória, 750 GB de disco rígido, Blu-ray, etc. e estou procurando por este modelo. Você tem para me mostrar?

Para que a senhorita deseja este notebook? Que uso vai fazer dele?

Nesta hora ele até me pareceu bem consciencioso, mas logo depois me decepcionei.

Sou jornalista e quero um notebook rápido e leve para trabalhar e poder usá-lo por um bom tempo.

Este notebook que citou não serve para você. Este notebook é para ser usado como servidor em empresas. Serve para que dezenas de pessoas se conectem nele e usem a Internet e abram seus arquivos.

COMO ASSIM!!??? Notebook como servidor?? Em que planeta se usa notebook como servidor de dezenas e dezenas de pessoas? Em um pequeno escritório com meia dúzia de funcionários, provisoriamente, vá lá. Provavelmente ele não tinha o sofisticado modelo  por isso desacreditou a opção feita pela jornalista que eu acompanhava.

Eu tenho este outro modelo aqui que é ótimo para você. Tem tudo que precisa e um preço fantástico.

Nesta hora eu comecei a falar diretamente com ele. O modelo mostrado era um bonito VAIO, mas consideravelmente mais grosso, aparentava ser bem mais pesado, mas não sabíamos ainda sua configuração em detalhes. Mas antes disso eu pude pegá-lo em minhas mãos.

Este modelo é mais pesado que o que vimos na outra loja. E está SEM A BATERIA, isso distorce bastante a sensação do peso do notebook. Não acho certo mostrar para um cliente o notebook sem a bateria.

É que a bateria deste SONY é muito leve. É uma bateria de última geração. Não faz diferença alguma o peso do notebook com ou sem a bateria, por isso que nem deixamos com ela.

Nesta hora tive certeza de que estávamos sendo atendido por um picareta e não por um vendedor. Em qualquer notebook  o peso da bateria é bastante considerável, no mínimo um terço do peso final, ou seja, 50% a mais do peso que estávamos percebendo naquele momento.

Mas qual é o processador? Tem disco de Blu-ray?

É um Core i35 (isso mesmo três cinco), última palavra de processador para notebooks. E não precisa de Blu-ray pois você não vai ligar o notebook na sua TV para ver filmes. DVD é mais que suficiente.



Meu amigo, ou é Core i3 ou Core i5, não existe Core i35. E você não falou a quantidade de memória que tem este notebook, HD, nem seu preço.

Se o i5 é melhor deve ser este mesmo (deve ser é ótimo, sic). E a memória é de 4 GB, 500 GB de disco. Ele custa US$ 899.

Mas o outro notebook que vimos tem 8 GB de memória, o dobro desse além de um monte de outros atributos mais evoluídos como Core i7, 750 Gb de HD, etc.

Não precisa ter 8GB. Em primeiro lugar porque ninguém precisa de 8 GB em um notebook. E esta memória de 4 GB deste notebook é de última tecnologia, de alta velocidade, super rápida e equivale a 8 GB, talvez até mais!!



Nesta hora a paciência acabou. MEMÓRIA ESPECIAL, 4 GB QUE VALEM POR 8 GB!!!??Eu chamei de lado a jornalista, falei que queria mostra algo para ela. Eu a aconselhei a dar costas para o tal fulano e esquecer aquele notebook O preço apenas US$ 100 menor, mas por uma máquina infinitamente menos evoluída? E quando entramos na loja falamos  entre nós o preço de US$ 999 do outro modelo. Na minha interpretação o que o “vendedor” fez? Como ele não tinha aquele modelo ele nos ofereceu um bonito VAIO, mas claramente defasado tecnicamente. Provavelmente um modelo de penúltima geração, cujo preço de mercado deveria ser bem menor, mas como ele nos ouviu falar em U$ 999, pensou que ao oferecer algo “quase igual” e por US$ 100 a menos, faria a venda de teria um lucro escandaloso com a operação.

Eu sei que Orlando é uma cidade cheia de turistas e que os vendedores querem faturar alto em cima dos clientes. E é mais fácil quando se convence alguém a comprar algo menos evoluído e pagando caro. “Ele não vai aparecer aqui de novo mesmo”. Os consumidores americanos são exigentes e têm direitos. Por 7 dias qualquer pessoa pode devolver o produto que comprou em qualquer loja sem perguntas ou burocracias!! Eu mesmo comprei um cabo HDMI errado nesta viagem e fui devolver. Acabei trocando por outro (pinagem certa), mas tive em menos de 5 minutos o valor da outra compra devolvida no meu cartão de crédito e comprei o novo cabo.

Mas nem todos são assim. Anos atrás eu contei uma história que mostra duas diferentes abordagens de vendedores no texto “Se quiser levar é assim mesmo”. Embora o título do texto seja meio desencorajador, tem final feliz e com um vendedor dando um show de competência, pois acabei gastando bem mais do que imaginava e fiquei muito feliz com minha aquisição. Quiséramos nós fosse o vendedor da SONY OUTLET de Orlando tão profissional como o rapaz que me vendeu a câmera do texto citado. Mas com a evolução e maturidade do consumidor apenas os vendedores de verdade, bem intencionados, bem informados e comprometidos de fato com o cliente terão espaço!! Seja no Brasil ou qualquer parte do mundo este dia chegará. Temos que estar atentos e fazermos valer os nossos direitos.



7 comentários:

  1. Excelente post Flávio! É muito comum vendedores de produtos tecnológicos não terem treinamento adequado e/ou conhecimento dos produtos que vendem. Certo dia estava numa loja e o vendedor sequer sabia ligar um aparelho de tv do qual era representante.

    Só fiquei impressionado em saber que em qualquer lugar (e não apenas no Brasil) as coisas sejam assim.

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    1. Nossa!! nem saber ligar a TV que vende, este é o máximo do mínimo!! :-)

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  2. Olha a Hyunday fabrica processadores tb? Rachei com o "i35".

    Esse tipo de venda tem em todo lugar. Já vi isso acontecer na Fnac e Casas Bahia muitas vezes, eu só fico escutando as asneiras que certos vendedores despreparados fazem pra vender produtos de tecnologia. Outro dia o cara vendeu um MacBook Pro para um empresario do setor finaceiro que trabalhava muito com o Excel. Lamentável. Mas sei-la tb o dinheiro a mais que ele gastou não iria fazer diferença pro cara, mas nesse caso o vendedor me pareceu querer ganhar em cima do cliente mesmo. Outro dia meu cunhado foi comprar um notebook nas Casas Bahia, ele ia parcelar, ai a sorte dele que ele me ligou antes de comprar. O vendedor queria vender um Positivo Celeron que era 100x mais caro que um Samsung RV410 dual-core só por que era 3D. Ai ele comprou o samsung conforme eu indiquei.

    Abrs Flávio, continue com suas otimas análises e experiências.

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    1. O que estes "vendedores" não entendem, pelo menos este tipo de vendedor, é que a pessoa que é enrolada uma vez não volta mais e ainda faz propaganda negativa da loja. Ele ganha uma vez em vez de conquistar um cliente...

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  3. Ahuahauhauha será q ele nao é aqueles vendedores contratados "sem experiência" ou algum imigrante q pegou o primeiro emprego q viu? Aliás, nao seria um pouco de culpa da loja em contratrar alguem q nao tem nada a ver com tecnologia, q nao domina ou mesmo q nao foi adequadamente treinado por ela mesma?

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    1. Acho que você tem razão. Sem maldade, talvez o emprego anterior do fulano tenha sido cobrador de ônibus ou coisa parecida. Seria bem melhor ele ter permanecido como cobrador (só um exemplo), que é um emprego digno e nobre como qualquer outro a ele se meter a fazer o que não conhece!!

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  4. Boa Xandó, é o "serverbook".

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