quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Beats Studio Buds e Beats Solo Pro – totalmente complementares

No começo de 2021 eu escrevi aqui no FXREVIEW minha avaliação do Beats Flex, uma experiência muito interessante e que mostrou muitas virtudes deste (sem trocadilho) flexível fone de ouvido. Pois bem, tive a grata oportunidade de receber para testes um tempo depois não um e sim mais dois fones da Beats, o Studio Buds e o Solo Pro. São fones totalmente diferentes, nas características, modelo de uso e nas suas propostas. E exatamente por isso faz tanto sentido falar dos dois neste texto, por sua complementariedade, inclusive o próprio Beats Flex será citado, também pelo “encaixe” com a família.


Não foi uma semana de testes, não foi um mês de testes, foram muitos meses. Mas por quê? Conforme ia alternando no uso de ambos essa sensação de mutualidade aumentava mais e mais. Não são fones baratos, aliás, hoje em novembro de 2021 estão com preço mais acessível em relação aos seus lançamentos. Hoje o Solo Pro pode ser achado no mercado por aproximadamente R$ 1599 (era R$ 2499 no lançamento) enquanto o Studio Buds é encontrado por R$ 1099 (era R$ 1799 no lançamento), o Beats Flex é encontrado hoje por R$ 579. Qualidade tem seu preço e há alternativas no mercado que custam menos, mas será que entregam os mesmos resultados?

Buds Solo Pro

É o fone de ouvido para apreciar música em sua casa com uma qualidade notável, realmente diferenciada. É do tipo “on-the-ear”, ou seja, ele se acomoda sobre a orelha, ao contrário do Studio Buds que é do tipo “in-ear”, que fica dentro da orelha e também diferente de alguns fones que são “over-the-ear” (como uma concha cobrindo a orelha). O encaixe do Solo Pro sobre a orelha é muito firme e o efeito disso é que o isolamento acústico do meio externo já é muito bom.



Mas isso é apenas o começo. Embora eu seja um amante inveterado da música e também fanático por fones de ouvido (contei essa história no texto do Beats Flex inclusive meu passado como DJ), não sou um expert em áudio, mas pelo meu passado sei minimamente reconhecer uma “assinatura sonora” diferenciada. O Solo Pro é extremamente equilibrado, sem exageros.

Se você gosta de fones com aquele grave intenso, quase capaz de chacoalhar sua orelha, não espere isso do Solo Pro. Todas as frequências são claras, nítidas e sem excessos. Os agudos são limpos, cristalinos e, mais uma vez, sem exageros. Claro que se o ouvinte gosta de frequências intensificadas, usar um equalizador, seja no PC, no smartphone ou no sistema de som de casa, resolve este aspecto do gosto pessoal.

Mas não acaba aqui. Além da qualidade sonoro o Solo Pro tem sistema de cancelamento de ruído ativo! Seu próprio encaixe sobre a orelha já traz um isolamento de ruído bem interessante. Mas caso você não saiba, o sistema de cancelamento é dito “ativo” porque microfones do lado de fora do fone captam o ruído de fundo e o fone gera ondas sonoras de características opostas ao ruído tendo como efeito final seu cancelamento praticamente total. Estou escrevendo este texto ouvindo uma playlist eclética, que vai de Chopin a Led Zeppelin, passando por Bach e Jazz. A sensação de imersão na música é intensa.

Mas às vezes eu uso o Solo Pro apenas para “ouvir o silêncio”, sem música alguma tocando. A eliminação do ruído de fundo é muito perceptível. É uma experiência muito boa também para momentos de intensa concentração. Há três modos de uso, cancelamento ativo ligado, desligado e modo ambiente que ao contrário do cancelamento, capta, amplifica e traz o som externo para os ouvidos, bom para, por exemplo, conversar com alguém ao lado, mesmo usando o fone de ouvido. O Studio Buds que falaremos a seguir também funciona assim.

Comparado com outros fones o Solo Pro tem um nível de volume um pouco menor, mas acredito que isso seja reflexo das escolhas da Dre (que projetou o fone – atualmente de propriedade da Apple) em não reforçar as frequências. É o tal equilíbrio de que falei antes. Nada que alguns pontos a mais no knob de volume não resolvam.

A duração da bateria é segundo a empresa de até 40 horas de duração, sem o sistema de cancelamento de ruído ligado e cerca de metade disso quando ativado. O fone demora hora e meia para o carregamento total, mas entre 10 e 15 minutos de carga conferem uma autonomia de 3 horas de audição. Nos meus testes não aferi com precisão isso, mas em regime de uso misto, com e sem cancelamento de ruído cheguei a demorar quatro dias para precisar fazer uma recarga, usando entre 6 e 8 horas por dia.

Um alerta para quem tem a cabeça um pouco maior. Eu preciso usar o Solo Pro no máximo de sua extensão, obtendo a cobertura perfeita da minha orelha, mas quem tiver cabeça maior não conseguirá um encaixe perfeito. O Solo Pro faz pressão nas orelhas para conferir o isolamento acústico mecânico e encaixe. Isso pode depois de algum tempo incomodar algumas pessoas. No meu caso, nos dias que passei muitas e muitas horas trabalhando com o fone, chegava no final do dia com certo desconforto, mas apenas nessas situações extremas.

Ele também dispõe de um microfone para ser usado como headset, para videoconferências. Presta-se muito bem para este tipo de uso, mas a qualidade do som captado é aquém da qualidade da reprodução. Quem mandou ter um som tão bom? Tenho um headset com microfone “haste” (aquele que sai do fone e vem até próximo da boca) que capta o som um pouco melhor que o Solo Pro. Mas para esta categoria de fone, esse tipo de uso com certeza, não será tão frequente, embora funcione adequadamente.

Sincronizar seu bluetooth é imediato com dispositivos Apple, abriu, ligou e já aparece no iPhone ou no Macbook o alerta de conexão. Com smartphones Android ou PCs rodando Windows basta apertar o botão que ativa/desativa o cancelamento de ruído até que comece a piscar o led e mandar o smartphone ou Windows procurar o dispositivo, uma etapa a mais, mas muito, muito fácil.

Finalizando, seu sistema de liga/desliga é muito simples, basta desdobrar o fone que ele liga e dobrá-lo para desligá-lo. Para carregamento ele usa o cabo tipo lightning (padrão Apple), portanto se você não é usuário do ecossistema da maçã não perca o cabo. Pena que ele não use para carregamento cabo USB-C como o Studio Buds e o Beats Flex já utilizam, mais comum, fácil de achar e mais acessível.  

Beats Studio Buds

Ao contrário do Beats Flex já mencionado neste texto, o Studio Buds é um fone bluetooth sem o fio que conecta ambos auriculares. São duas “pecinhas” independentes que encaixamos dentro de cada orelha. Isso tem grandes vantagens pela mobilidade, conforto, mas um ou outro recurso se perde ou deve ser usado de forma diferente (como o volume).

O Studio Buds é do tipo “in-ear”, aquele tipo de encaixe que entra dentro do canal auditivo proporcionando também um ótimo isolamento acústico mecânico do ambiente externo. Assim como o Beats Flex é crucial que seja escolhido o adaptador de silicone do tamanho que proporciona melhor firmeza e conforto. Um adaptador pequeno não só não isola bem o ambiente externo como deixa o fone mais suscetível a cair no meio de uma atividade física, um dos usos principais do Studio Buds (mas não apenas).

Vários fabricantes usam a solução de ter uma caixinha para guardar o fone que ao mesmo tempo é onde se faz a recarga da bateria. A própria caixa tem também uma bateria para que se possa, por exemplo, em uma viagem de avião, fazer a recarga dos fones sem precisar de uma tomada. A propósito, como o Beats Flex o cabo para recarga é no formato USB-C, diferente do Solo Pro que usa cabo Lightning. Já que falei de carga de bateria, o Studio Buds tem segundo o fabricante autonomia de 8 horas de uso, 5 horas usando o recurso de cancelamento ativo de ruídos e a caixa tem capacidade de dar mais duas cargas nos fones. Assim até 24 horas de utilização podem ser obtidas. Sabe aquele dia que você se esqueceu de carregar o fone? Segundo a Dre/Apple, cinco minutos no estojo conferem uma autonomia de uma hora de uso. Fiz isso algumas vezes e comprovei!

E sobre a qualidade do som? Lembro que como o Beats Flex o uso principal do Studio Buds é em ambiente externo, mas não só. Estou agora na minha casa ouvindo música com ele enquanto escrevo este texto. O Beats Solo Pro é um ponto fora da curva em relação à fidelidade e equilíbrio do som, mas o Studio Buds não fica longe. O Beats Flex intensifica mais a faixa das frequências médias, algo útil para quando se quer dar realce em vozes e alguns instrumentos musicais. O Studio Buds também faz sobressair um pouco as frequências para a faixa dos médios, mas está mais próximo do Solo Pro do que do Flex.

Indo direto ao ponto, é um baita som. Só mesmo ficando aqui quarenta minutos alternando o uso dos três fones para apontar as diferenças. Alguns fones bluetooth de baixo custo têm um som muito comprometido, quase como se fosse um “radinho de pilha”, fujam desses fones. Mas nesta linha da Beats a experiência de uso e qualidade de som é muito boa.

Citei rapidamente que o Studio Buds tem assim como o Solo Pro o cancelamento de ruído ativo. Da mesma forma o fone gera sons em frequências inversas às dos ruídos de fundo para cancelá-los. Confesso que minha experiência com este recurso em fones com os auriculares independentes, não fora muito boa. Tenho também um Samsung Buds Live, um ótimo fone, bom mesmo, mas o recurso de cancelamento de ruído dele é bastante tímido. Talvez por não ser do tipo in-ear de verdade, mas fato é que minha expectativa em relação ao Studio Buds era baixa. E fui surpreendido. Muito. Para exemplificar isso vou contar minha primeira experiência de uso com ele na rua.

Começo com um potencial problema que eu antecipei, mas que foi superado. O Studio Buds não tem controle de volume no fone ao contrário do Beats Flex (ele tem no fio que une os auriculares). No Studio Buds tem como pausar, retomar, avançar ou retroceder música, mas não tem controle de volume. Saí para uma longa caminhada preocupado com isso pois para compensar as diferenças do barulho da rua eu precisaria mexer de vez em quando no volume, teria que ficar tirando o smartphone do bolso (nada seguro). Qual não foi minha surpresa ao ativar o cancelamento de ruído do Studio Buds (recurso que o Beats Flex não tem) e perceber que o nível de cancelamento era quase tão bom como o do Solo Pro (que é ainda melhor). Mas meu medo que era precisar ficar mexendo no volume para compensar os barulhos de fundo da rua, não foi necessário!! Falta-lhe o controle de volume no fone, é verdade, mas por conta da eficiente redução de ruídos mal é necessário alterar o volume durante a atividade física, seja caminhada ou corrida.

O Beats Flex não dispõe da certificação IPX4, presente no Studio Buds, que garante proteção contra humidade, respingos e suor. Nunca tive problemas com o Beats Flex, porém com o Studio Buds se eu estiver na rua e cair um toró, ou se eu transpirar em demasia, não serei pego de surpresa com o fone danificado. Ponto a favor do Studio Buds. Dá para sair de casa mais relaxado com ele. Em relação ao Solo Pro, por ser um fone destinado a uso “doméstico”, não faz sentido ele ter algum nível de proteção IP, e não tem mesmo, pois não precisa.

 

Como escolher, Solo Pro, Beats Flex e Studio Buds?

O título deste texto fala em complementariedade. Essa foi a minha percepção mais forte ao usar rotineiramente estes três fones. O Solo Pro é o mais fácil de explicar, pois o caráter “premium”, do tipo on-the-ear, qualidade máxima, conferem seu talento natural para uso doméstico. Não se sai na rua com um fone desses, seja pela não proteção contra água, seja pelo fato de ser um fone premium, de custo mais elevado.   

Já entre o Beats Flex e o Studio Buds há margem para discussão. Desde fatores muito simples. Por exemplo, nestes tempos de pandemia, uso de máscara, o Beats Flex me incomoda, pois, ao tentar retirá-lo eu sempre enrosco os fios do fone nas alças da máscara. É chato, mas um dia não precisaremos usar máscara. Por outro lado, quando usando o Studio Buds em uma caminhada ou corrida, quando encontro alguém conhecido e retiro o fone, onde guardar as duas peças? Com o Beats Flex, por sua vez, basta tirar dos ouvidos e “deixar cair” que seu sistema magnético gruda cada parte e fica em volta do pescoço (como um colar). Eu perdi um PowerBeats anos atrás por causa disso, tirar e não ter onde guardar. Mas e se estiver ameaçando chover, melhor o Studio Buds que tem resistência a água. E se o percurso do exercício for um local com mais barulho? Vou de Beats Flex e fico ajustando o volume de acordo com a necessidade ou vou de Studio Buds, pois o cancelamento de ruído (que o Flex não tem) dá conta do recado? Ambos também têm a funcionalidade de headset e seus microfones os permitem serem usados em aplicações de videoconferência.

No dia a dia estes três fones ficam na minha mesa e nunca penso para pegar um deles. Já é automático para mim, como se meu inconsciente tivesse tomado a decisão em função de como vou precisar. O Beats Flex é ótimo e tem custo mais acessível. Já o Solo Pro e o Studio Buds têm preços maiores, mas entregam benefícios ainda mais interessantes.

Se eu tivesse que abrir mão de qualquer um deles, eu teria muita dificuldade. Entenderam agora o porquê do “complementares” do título deste texto?

Os fones usados nestes testes foram cedidos pela Beats By Dre aqui no Brasil.  

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