segunda-feira, 21 de março de 2016

Inteligência em tempo real: repensando o papel da monitoração na TI

Estive há duas semanas conversando com Ricardo Clemente, CEO da empresa Intelie, cujo DNA contém em essência uma capacidade singular. É uma empresa relativamente nova, que tem crescido muito e se dedica a monitorar a TI dos clientes, mas de uma forma diferente.

 figura 01 - Ricardo Clemente, CEO da Intelie

Existe um importante e necessário nível de monitoração de TI que é fundamentalmente técnico. Saber se servidores cruciais estão no ar, se a rede está sem problema de comunicação, se as conexões da empresa com o mundo externo via WAN ou Internet estão operacionais, etc. Embora essencial, isso não é tudo. A Intelie desenvolveu uma tecnologia que faz o acompanhamento de informações críticas para os processos de negócio.

Na nossa conversa eu entendi que se trata de uma análise que se baseia no tratamento em tempo real de uma avalanche de informações que hoje em dia é possível obter a partir dos equipamentos de TI, sensores, etc., mas principalmente a partir dos pontos sensíveis da gestão do negócio e que podem impactar no resultado imediato da empresa. Se eu tivesse que resumir o que eu aprendi da Intelie em uma única frase, foi exatamente isso!


Grandes empresas são clientes da Intelie como, por exemplo, GLOBO.COM, Walmart, Vale, Sul América, Petrobrás, etc.


 figura 02 - Alguns dos clientes

Apenas para introduzir ao leitor um pouco mais deste conceito, vou apresentar o caso da GLOBO.COM, como está descrito no site da Intelie e que dá uma ideia do tipo existente de problema e sua solução

PROBLEMA
  • Lentidão na identificação de riscos e problemas pela grande quantidade de dados e produtos monitorados;
  • Falta de uma visão unificada das métricas de negócio;
  • Dificuldade no gerenciamento de logs e riscos gerados pelo acesso direto à equipamentos para ter acesso aos logs.


RESULTADO
  • Redução de downtime;
  • Identificação de incidente significativo no Big Brother (que gerou um case apresentado na Inglaterra);
  • Maior rapidez na gestão de logs, com buscas por padrões dentro da massa de logs e melhor utilização de ferramentas de logging.

Segundo Cristiano Casado, Gerente de TI da GLOBO.COM: "Um grande diferencial do Intelie Live sobre outras soluções de monitoração no mercado é a utilização da tecnologia CEP (Complex Event Processing) para análise de dados em tempo real [...]. O resultado disso é a redução das iterações de suporte e do tempo médio de resolução de incidentes, evitando aumento de custos com headcount em equipes de suporte e o aumento da confiabilidade quando um alerta é gerado e recebido pelas equipes envolvidas."

Tendo apresentado um pouco melhor a Intelie, o próprio Ricardo Clemente mostra sua visão neste interessante texto no qual ele explora o conceito da monitoração dos processos de negócios e a imensa massa de informação que está disponível no dia a dia.

Flavio Xandó


Inteligência em tempo real: repensando o papel da monitoração na TI
   

 Com o grande movimento de digitalização, TI vem buscando se adaptar as novas demandas. Como fica a monitoração neste processo de transformação?
                                                                       
* por Ricardo Clemente

Hoje, em meio a um mercado competitivo, é praticamente impossível pensar na expansão ou sobrevivência dos negócios de uma empresa, seja qual for a área, sem a participação ativa da tecnologia. Com a digitalização vivida em diferentes setores, não há espaço para o pensamento retrógrado de que a função do setor de TI é suporte apenas. TI é cada vez mais o negócio. 

Quando olhamos para o papel de monitoração da TI, também não podemos apenas vê-lo mais como o monitoramento de recursos, como servidores, links e páginas, e de serviços, como webservices e filas. Muitas vezes a única célula 24x7 (24 horas sete dias por semana) da empresa é o time de monitoração e service desk da TI. Profissionais que se revezam em turnos e cuidam para que os serviços de TI estejam disponíveis. Analisam gráficos, recebem alertas e acionam procedimentos operacionais quando há algum problema em curso.
  
Diante de toda a transformação que se impõe com a digitalização, precisamos reinventar esta função de monitoração, ampliando o escopo para uma célula de real-time intelligence. Esta modificação, como de costume, engloba pessoas, processos e tecnologia.

Do ponto de vista tecnológico é preciso ampliar o escopo dos dados capturados para passarem a englobar, por exemplo, as experiências do cliente final, dados de venda, eficiência logística, desempenham de canais, entre outros. É claro, que este fluxo de dados gigantesco precisar ser tratado em tempo real por ferramentas especialistas para ajudar quem está na tomada de decisão. As tecnologias de Stream Analytics, ou real-time analtytics, são a base para este tipo de solução.

Do ponto de vista de processos e pessoas, certamente será uma transformação cultural a ser gerenciada.  É preciso vencer barreiras nas diferentes áreas, TI e negócio, estabelecer procedimentos em conjunto e treinar os profissionais de TI neste novo papel. Com certeza um grande desafio, mas a boa notícia é que já existem empresas no Brasil com histórias de sucesso neste ponto.

Talvez o movimento certo seja começar com pequenos casos de negócio a serem monitorados e procedimentos bem elaborados. O simples fato de trazer números de negócio para a operação do dia-a-dia da TI é uma alavanca incrível na direção de uma nova cultura de tecnologia e negócio. É um ciclo virtuoso, onde aos poucos a preocupação com vendas não realizadas, o preço errado cadastrado, ou a lentidão para o parceiro fazer uma cotação, passam a ser a preocupação (e objeto de monitoração) de todos na organização.

Pensar na tecnologia como parceira e como elemento essencial ao negócio será ainda mais decisivo nos próximos anos e pode fazer a diferença para se sobressair em qualquer segmento, especialmente aqueles com atuação digital e que apostam em inovações. Monitoração é apenas um pequeno aspecto neste mundo de desafios, mas com um grande poder de influenciar em uma cultura orientada aos negócios.

* Ricardo Clemente é formado em engenharia elétrica pela UFRJ, pós-graduado e possui mestrado em Ciências da Computação pela PUC – RJ. Com mais de dez anos de experiência em TI é CEO da Intelie há sete anos.

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