quinta-feira, 3 de março de 2016

Guardando nossos preciosos dados do jeito certo – WD RED!!

Em tempos de sistemas de armazenamento em memória flash (SSDs), ao contrário do que algumas pessoas falam,  os “velhos” e bons discos rígidos (HDs) de tecnologia mecânica-magnética estão e estarão sempre em alta. E o motivo é simples. Por mais que memória flash caia de preço, armazenamento magnético cai também e por isso o custo por Gigabyte é muito, mas muito mais barato nos HDs convencionais. Assim armazenamento de maiores volumes de informação sempre terão nos HDs seu melhor destino.

Tanto isso é verdade que em meus dois notebooks eu tenho SSDs de 500 GB para conter o sistema operacional, programas e arquivos de trabalho imediato, aqueles que estou mexendo toda hora e preciso grande agilidade. Mas hoje em dia, com a imensa digitalização, transformação que aconteceu no mundo, 500 GB de espaço é algo irrisório, é um espaço exíguo frente a quantidade de fotos, vídeos, músicas e documentos complexos com muitas imagens e gráficos. Não dá mesmo!! Por isso as pessoas e empresa hoje em dia usam soluções de armazenamento em rede (NAS). Eu mesmo uso vários!! Vejam a foto abaixo:


figura 01 – conjunto de dispositivos de armazenamento (clique para ampliar)

Em meu escritório de casa tenho a “prateleira do armazenamento”. Na foto acima podem ser vistos, além do modem da NET (há também o modem da VIVO que está na prateleira inferior), roteador de Internet dual WAN, 2 APs WiFi, existem os meus dispositivos de armazenamento. Um Western Digital MY BOOK LIVE, um Western Digital MY CLOUD, um NAS QNAP e um NAS Iomega StoreCenter IX2. A capacidade bruta de armazenamento total é de 18 Terabytes, mas como há alguns discos redundantes e espelhados, na prática tenho 11 TB de espaço total. Todos conectados a uma rede de Gigabit. Usado dessa forma o tempo necessário para acessar os arquivos é mais que suficiente para ter a impressão de use de um “HD local”.

Mas não pense você que tudo são flores. Meu NAS mais antigo, o QNAP teve pane de discos algumas vezes. O Iomega IX2 (atualmente Lenovo IX2) também. Como em ambos eu uso HDs espelhados, a pane de um HD não faz perder todos os dados. Mas em uma ocasião eu tive IMENSO prejuízo. O IX2 teve um HD que “morreu” e ele permaneceu com apenas um HD por um tempo. Não é que algumas semanas depois, antes de eu comprar um HD novo para repor, pifou o segundo HD!!!!!! Perdi TUDO!!! Algumas pastas eu tinha gravadas no WD MY CLOUD, graças a Deus o mais importante. Mas vejam, qual lição se aprende aqui? Mesmo eu, que sou uma pessoa razoavelmente informada em tecnologia tive perda de dados!! HD que apresenta defeito deve ser substituído imediatamente!! Fiar-se apenas na “cópia espelho” que ainda funciona é arriscado demais!!

Ao longo dos anos devo ter substituído nestes dispositivos (no QNAP e no IX2) uns 4 ou 5 HDs, talvez mais. E eu sempre me perguntei, será que não tem um jeito desses HDs durarem mais?? Permitindo-me ser um pouquinho técnico por alguns segundos, estes HDs têm um parâmetro chamado MTBF (tempo médio entre falhas) que costumava ser da ordem de 150 mil horas (ou mais), que em tese garantiria o funcionamento sem falhas por mais de 20 anos!! Mas porque então em 6 ou 7 anos eu precisei trocar 4 ou 5 HDs??


figura 02 – é assim que me sinto quando perco os dados do HD

A foto acima é apenas ilustrativa. Claro que a pane não acontece dessa forma!! Quando os fabricantes divulgam o MTBF eles o fazem pressupondo um modelo de uso “normal”, ou seja, quando o HD é usado em um computador que fica ligado de 4 a 8 horas por dia e não ligado 100% do tempo!! Um NAS como os meus Iomega e QNAP ficam ligados 24 horas por dia, 365 dias por ano, sujeitos a variações de demanda, calor ambiente, etc.

Por isso mesmo os fabricantes de HDs desenvolveram HDs que são adequados a este tipo de demanda. Eu cito os NAS que eu tenho, mas há computadores domésticos que por comodidade de seu dono também ficam 100% do tempo ligados. Nestas situações o HD certo deve ser utilizado!! Também em pequenos escritórios ou empresas, os servidores de arquivos.

A Western Digital me forneceu para testes duas unidades de seu modelo WD RED de 5 Terabytes, denominado NAS READY. Por tudo que contei ficou evidente que eu tinha um ambiente mais do que apropriado para testá-los. Já tinha sofrido com perda de HDs e até mesmo por imprudência de minha parte, perda de dados!

figura 03 – Western Digital RED 5 TB

Convém explicar que a Western Digital (bem como alguns outros fabricantes), visando endereçar os diferentes modelos de uso, criou famílias distintas. A saber são as famílias GREEN, BLUE e BLACK (mais detalhes aqui). Computadores domésticos, com menor demanda, a linha BLUE é mais adequada e preço mais em conta. A linha GREEN funciona de forma mais silenciosa e gasta menos energia. No site da WD é informado que a linha BLUE e GREEN irão se fundir, mas ainda existem as duas no mercado. A linha BLACK é para máximo desempenho, para entusiastas, gamers e quem usa aplicações que demandem alta taxa de transferência de dados em todas as situações. Ainda existe a linha PURPLE que é para aplicações de vídeo vigilância (registro de vídeos de câmeras de segurança 24x7) que precisam ter grande agilidade para gravar informação de forma constante (menos do que leitura). Importante citar que existe também uma versão RED PRO que é para usos ainda mais profissionais.

Muito resumidamente tentei explicar que HDs não são todos iguais. Isso foi assim tempos atrás, mas hoje em dia fica claro que cada aplicação demanda características diferentes.

Mas voltemos ao WD RED , o NAS Ready que recebi para testes. O destino do par recebido era certo, o NAS IX2 que continha 2 HDs de 3 TB do tipo comum (não vou citar o fabricante, mas não eram da WD). Mas antes eu quis conferir o WD RED em um ambiente mais controlado, ou seja, plugado diretamente em computador desktop. Isso me permitiria saber sua velocidade em diferentes situações. Seguem abaixo, para os mais detalhistas algumas telas com estes testes e suas considerações.


figura 04 – teste feito com o software HD Tune Pro com o WD RED

figura 05 – teste feito com o software CrystalDiskMark com o WD RED

O software HD Tune mede a velocidade em cada parte do HD. Por ser baseado em um prato magnético e uma cabeça de leitura que se move, a parte interna e externa do disco têm capacidades de transferência de dados distintas. Isso é absolutamente normal e esperado, é uma característica física decorrente da geometria do HD. Fiquei impressionado!! Taxas de transferência entre 200 MB/s e 100 MB/s, média de 160 MB/s!!! Já o teste CrystalDiskMark, mede outras situações. Além de taxa de transferência de arquivos grandes (1 GB), mede a situação de leitura de muitos arquivos pequeno (arquivos de 4 Kb - que é o pior caso para um HD). E também chegou perto dos 200 MB/s como taxas máximas de leitura e gravação.

Porque isso me impressionou? Tenho um SSD da Intel de primeira ou segunda geração de alguns anos atrás, cuja taxa de transferência era (constante) perto de 220 MB/s. Isso na época era incrivelmente rápido, pois nessa ocasião um bom HD convencional obtinha 60 ou 70 MB/s, quase um quarto da velocidade!


figura 06 - teste feito com o software HD Tune Pro no SSD Intel de geração anterior

Claro que os SSDs de hoje em dia, podem obter taxas de transferência de dados impressionantes, de 500 MB/s ou mais. Mas qual é o meu ponto? Muito se falou que a tecnologia magnética-mecânica dos HDs tradicionais tinha chegado a um limite e que não iriam evoluir muito mais e por isso que o futuro seria o flash (SSD). Isso se revelou impreciso e até errado. Os HDs tradicionais evoluíram muito SIM, tanto na velocidade como na capacidade. O WD RED, por exemplo, tem modelos de 2, 3, 4, 5 e 6 TB (cujos detalhes técnicos podem ser vistos aqui) e com esta taxa de transferência tão evoluída, mais do que suficiente, ou seja, muito rápida!!

Eu falei que o WD RED é adequado para uso em NAS, mas não fui muito claro quanto aos motivos. Engenharia! Apenas e “tão somente isso”. Partindo da premissa que será um HD que permanecerá ligado 24 horas pode dia, de forma ininterrupta, precisa ter refrigeração, sistema de troca de calor, materiais, circuito, otimizações do movimento da cabeça de leitura e gravação adequados a este modelo de uso. Há sistema de estabilização de trilhas, balanceamento 3D ativo e sistema de compensação de vibração. A especificação de MTBF (tempo médio entre falhas) do WD RED é de 1 milhão de horas. Isso significa 114 anos!!! Se os HDs comuns que ofereciam 25 anos de tempo entre falhas, davam defeito em 3 ou 4 anos (quando usados 24 horas por dia), o WD RED, mesmo que não chegue a 114 anos, se falhasse em 14 anos, este HD já terá sido trocado por um novo de 500 Terabyte ou 1 Exabyte nesta ocasião!

Abaixo mostro algumas fotos do processo de montagem dos dois WD RED no meu NAS Iomega IX2.


figura 07 – montagem dos WD RED no NAS

E qual foi o resultado obtido? A primeira foto deste artigo, aquela que contém todos os equipamentos na prateleira (tirada hoje mesmo, minutos atrás), já contempla o NAS com os HDs novos. De imediato percebi duas coisas. O NAS que antes fervia, hoje em dia ainda é quente, mas menos que antes. Também percebi que ele trabalha de forma mais silenciosa.

Também efetuei as medidas de velocidade e taxa de transferência. Por trabalhar via rede, obtive perto de 70 MB/s. Porque a diferença de 200 MB/s quando conectado direto em um computador desktop e apenas 70 MB/s quando acessado via NAS? É uma limitação do Iomega IX2, pois trata-se de um NAS que já tem 4 (ou mais) anos e mesmo usando rede Gigabit não extrai toda a velocidade (comprovada) do WD RED. Além disso, por se conectar via rede Gigabit, ainda haveria um limite físico de 100 a 110 MB/s, que é a velocidade máxima de transmissão no meio físico Ethernet (nesta rede).

Isso significa que o WD RED está pronto para ser usado em sistemas de Storage, NAS ou mais sofisticados, pois tem sobra de performance para isso. O próprio NAS WD MY CLOUD, que é mais moderno, mas com apenas um HD, entrega perto de 100 MB/s, velocidade nominal da rede.

A propósito eu adoraria poder testar e usar uma versão do WD MY CLOUD com 2 HDs para extrair o máximo do HD WD RED. Alguns tipos de NAS dispõem de 2 conexões de rede, de tal forma que convenientemente configuradas poderiam dobrar a velocidade e assim aproveitar o potencial de 200 MB/s do WD RED. Isso sem contar sistemas de Storage mais sofisticados, com dezenas de HDs e que se comunicam via fibre-channel ou mesmo rede de 10 Gbps ou 50 Gbps e assim, com a simultaneidade de acesso aproveitar toda a velocidade do WD RED. Alguns destes sistemas mais sofisticados misturam SSDs e HDs convencionais para terem melhor custo benefício.
 

figura 08 – montagem dos WD RED no NAS

No meu caso o NAS IX2 que contém os 2 HDs WD RED hoje em dia contém toda a minha biblioteca de vídeos (que capturei dos DVDs e Bluray que comprei), todas as minhas músicas, fotos, documentos da minha empresa, imagens de CD de softwares que eu vim adquirindo nos últimos anos, meu acervo de textos publicados ao longo dos últimos 20 anos (!!!)... enfim tudo que é importante para mim. Algumas pastas têm característica de backup (de dados que também moram no meu notebook) e outras pastas de uso principal (como os filmes e os textos que eu publico).

A despeito da “velocidade limitada” (pelo NAS), para este tipo de uso (mesmo filmes em 1080p) o uso é fluente. E eu sei que no dia que eu investir e comprar um Storage mais moderno, que por exemplo, tenha dupla conexão de rede, seja este ano, ano que vem ou em muitos anos os WD RED estarão firmes, fortes e aptos para seguirem funcionando.

A série RED custa mais que HDs convencionais, a versão de 2 TB acabo de achar por R$ 680, a de 3 TB R$ 850 e 4 TB por R$ 1220 em um site de comércio eletrônico. Mas vale bem a seguinte comparação. Se você pegar o seu Ford Fiesta, retirar os bancos traseiros, vai ser capaz de carregar 600 Kg de blocos de concreto neste espaço. Uma vez, duas vezes, três vezes... Mas depois de um tempo a suspensão vai estar destruída, o motor com os pistões deformados, os amortecedores sem fluido algum, pneus ovalados... Teria sido diferente se tivesse usado uma Ford Ranger (capacidade de 1450 Kg). O que quero dizer é, conseguir fazer algo com um recurso que não foi feito para aquela função pode até ser possível, mas apenas por algum tempo antes que não dê mais conta. HD convencional é para uso convencional enquanto regime constante, 24x7, para ser instalado em NAS ou servidores de arquivos, tem que ser do tipo certo. Estou agora sossegado com o meu NAS, espero que pelos próximos 114 anos sem falhas!!!!


figura 09 – WD CLOUD de dois HDs com WD RED




Um comentário:

  1. Flavio, poderia fazer um texto ou review sobre NAS. Vejo muito pouco conteúdo sobre esses hardware na net. Eu mesmo me aventurei com um modelo D-link que não me agradou pelo fato de não suportar arquivos MKV e o formato NTFS (talvez esse eu não soube configurar). Assim como você sou adepto a coleção de mídia físicas blu-rays etc. Esse é um apelo de um leitor assíduo desde dos tempos de forunsPcs.

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