quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A reinvenção da microinformática, legado de Steve Jobs?

O tempo passa e as coisas mudam muito rápido. Os PCs nascidos em meados dos anos 80 praticamente não têm nada a ver com os atuais. Uso o termo PC com seu significado mais puro, “computador pessoal” e não um dispositivo usando Windows. 

O próprio termo “microinformática” já não é mais usado. Já faz um bom tempo que não ouço alguém falar assim. Eu pude testemunhar, por causa de meus anos de “experiência”, o nascimento dos computadores pessoais. Época dos Sinclair, Apple II, TRS-80, CP-500 e finalmente o IBM PC. Aliás, era uma época muito diferente. Um “PC” era totalmente isolado, independente dos outros, no máximo algo era trocado via anacrônicos disquetes. Tudo era muito simples.

Abrindo um parêntese, a ideia central deste texto está em minha cabeça há muito tempo, mas a morte de Steve Jobs foi o estopim de sua concretização. Percebi que provavelmente Jobs tivera uma participação no que chamo da reinvenção da microinformática. E que fique bem claro, não sou “fan-boy” da Apple. Meu celular é um Blackberry, não tenho iPod e sim um Sansa Clip como tocador de MP3, meu PC roda Windows 7 e é montado por mim mesmo e meu notebook não é um MacBook e sim um Thinkpad. E não tenho Tablet. Por tudo isso pode parecer que sou avesso à Apple. Mas isso também não é verdade. Mesmo tendo escrito recentemente o texto “O MAC é ótimo. Nem sempre”.

Nos primórdios dos computadores pessoais eles eram realmente pessoais. Nem rede havia. Ter um destes em casa era um luxo para poucos. Ainda mais sofisticado era ter também uma impressora. Normalmente as pessoas associavam seus computadores às tarefas singulares que necessitavam. Eram máquinas para desenhar, ou escrever ou jogar ou fazer cálculos... Nesta época o termo microinformática se estabeleceu principalmente nas empresas, como o contrário de apenas “informática”, representada pelos computadores de “grande porte” ou mainframes.

O tempo passou e os computadores pessoais tornaram-se conectados. Ganharam funções e mais funções. Na minha visão, para um uso “democrático”, tornaram-se complexos. Veio o tempo das grandes redes locais, cliente-servidor, “downsizing” e muitos computadores grandes (claro que não todos) perderam seu lugar para os “micros”.

Principalmente nas empresas, o que era simples ficou complicado. Regras e mais regras, políticas de segurança, boas normas, boas práticas... Isso tudo está certo, era necessário mesmo. Mas aquele tempo do PC como uma grande e muito melhor calculadora que se podia usar para tomar decisões de forma isolada e com privacidade, se foi. Novos tempos, novas necessidades, enfim, a evolução.

Não é questão de saudosismo. Mas tudo foi ficando mais complexo. Surgiu vírus para computador. Depois programas para rastrear o disco em busca de ameaças. Mais tarde isso não era mais suficiente, tinha que ter uma ferramenta 100% do tempo buscando por programas maliciosos! Computadores que vinham de fábrica com um sem número de programas pré-instalados pelo fabricante, os quais não eram usados e enxovalhavam ainda mais o ambiente.

Até aqui Mr Jobs não foi citado, mas ele sempre foi uma voz contrária a esta direção. Seu modelo de produto era “homogêneo”, sem interoperabilidade com o mundo PC (pelo menos no começo). Criticado por fazer de seu produto um “feudo”, em uma época que “plataforma aberta” era a palavra da moda. Ia na direção contrária. Mas por outro lado tinha o controle total da qualidade de sua solução. E também conquistava o seu cliente pelo lado “charmoso” e de design arrojado de seus produtos. Assim era capaz de fazer muito dinheiro, como de fato fez ao longo dos 35 anos de existência da Apple Computers (1976-2011).

Steve Jobs e sua criação – o Mac
Assim o lado “charmoso” ou como dizem os americanos, o lado “cool” dos produtos da Apple amealharam milhões de fiéis seguidores, digo, consumidores. Mas na verdade o que as pessoas que aderiam à seita de Jobs (provocação leve) queriam era a essência da microinformática, ou seja, algo simples e fácil e com muito charme.


Steve Jobs um dos primeiros Macs

Não quero fazer a retrospectiva dos sucessos da Apple ou de Steve Jobs, mas Apple II, Lisa, Mac, Macbook, iMac, iPod, iPhone e iPad são termos que estarão marcados na história para sempre.


Steve Jobs mostrando um iPod
Porém não só o Sr. Jobs deu passos nestas direções. Quando eu vi inicialmente um Netbook, um MID, depois um Smartbook pensei que o lado simples, despojado e objetivo da microinformática estava  voltando. Quase lá! Os smartbooks não decolaram, bem como os Mobile Internet Devices (MID). Já os netbooks “bateram na trave”. Eram pequenos, simples e propositalmente despojados de maior poder de processamento, para que fossem direcionados a tarefas básicas. Mas parte do mercado entendeu tudo errado. Pessoas compraram netbook para usar como notebook e isso gerou hordas de consumidores frustrados. Alguns fabricantes “robusteceram” seus netbooks que quase ficaram iguais aos seus irmãos mais velhos, na capacidade e no preço. Assim a esperada simplicidade ainda não se concretizou.

A ideia do Tablet é antiga! Vi um pela primeira vez ainda nos anos 90, fabricado pela Compaq. A própria Microsoft criou versões “tablet” de seu Windows à ocasião. Mesmo assim não houve eco por parte do mercado. E aquele produto caiu no esquecimento. Neste ponto sou obrigado a reverenciar Steve Jobs. Anos depois, a Apple reinventa o Tablet na forma de iPad.



Steve Jobs mostrando um iPad

Mas o que é iPad?? É para mim um computador pessoal minimalista. É simples. É propositalmente limitado. Mas tem um algo mais. É conectado à Internet o que lhe permite atender às necessidades de um mundo online. Também permite que aplicativos (também minimalistas) sejam instalados ampliando (um pouco mais) sua utilidade. Mas ninguém jamais confundirá um iPad com um notebook. E eu vejo pessoas que nem notebook ou netbook tinham e hoje em dia são contumazes usuários do iPad. Claro que na esteira do sucesso da Apple muitos outros fabricantes lançaram e estão por lançar seu Tablet, que provoca uma saudável competição.


Buscando em um passado recente, vamos analisar alguns outros produtos concebidos por Steve Jobs. Exagerando um pouco nas comparações, um iPod pode ser entendido como um computador minimalista especializado em tocar músicas (e também vídeos). Um iPhone pode ser também entendido como um computador especializado em comunicação (e mais outras funções de um smartphone). E por fim os próprios computadores da Apple, também têm suas “simplificações”.  O hardware sempre é “lindo”, muito bem construído, mas nunca é o “máximo” esperado. Falta uma USB aqui, um leitor e DVD ali, quantidade de softwares que rodam no MAC muito menor que um PC com Windows... Há concorrentes que tentam competir com a Apple com miríades de recursos adicionais, pelo mesmo (ou menor) preço, e mesmo assim a Apple se destaca pois tem os recursos que as pessoas realmente gostam e querem.


Steve Jobs e um iPhone

Assim aquela minha expectativa, meu anseio pelo retorno de um tempo mais despojado, mais simples pode ter chegado pelas mãos da empresa de Jobs. E esta simplificação rende frutos, pois faz crescer o número de consumidores. Como disse penso que o mercado foi ampliado com esta abordagem. Há mais pessoas que usam um Tablet hoje em dia. Seja como seu “PC” principal (pessoas que não usavam diuturnamente um computador) ou aquelas que o adotaram como sua segunda (ou até terceira) solução. O mérito de Steve Jobs foi ter se preocupado em diferenciar seus produtos ao extremo. Mesmo assim ter sabido simplificar em alguns momentos e ainda ser mais bem sucedido. Como disse, não sou usuário de nenhum dos produtos da Apple, pelo menos até agora. Mas tenho todas as razões para reverenciar e prestar minha homenagem a este gênio contemporâneo. Que seu brilhantismo e arrojadas ideias permaneçam nos anos vindouros da empresa. 

4 comentários:

  1. Compartilho da sua opnião Xandó, não sou lá muito fâ dessa arquitetura fechada da Apple, mas realmente tenho de reconhecer a simplicidade empregada sempre nos produtos! Minha mãe é completamente leiga em informática, mas tenho certeza que se colocasse ela para "se virar" entre um Pc com Windows e um Mac com MacOS, tenho certeza que ela iria conseguir aprender mais rapidamente no Mac... Eu somente possuo 1 produto da Apple, um já velho Ipod Nano 1ª geração. Eu não o comprei na época por causa dos seus recursos (parcos) e sim pela qualidade do áudio! Eu na época testei 4 MP3 players, o Sansa, o Zune, um xing-ling que não recordo o nome e o Ipod nano, foi gritante a diferença de qualidade do áudio no Ipod em relação a todos estes, principalmente quando o testei com meu headphone da linha phonotopia da Sony, a clareza nos tons agudos e médios, além da potência nas frequencias graves / subgraves foram destaque, ele superou em muito os outros que citei acima, não titubiei em comprá-lo!

    Não há como negar que o Steve foi uma mente brilhante no mundo da tecnologia da informação, dificilmente será igualada...

    ResponderExcluir
  2. olá, p@z & b3m!

    boa Xandó; análise perfeita.

    parece que agora a bola do minimalismo está com o Jeff BEZOS, que com senso preciso de oportunidade acabou de lançar seu tablet Kindle para dar vazão ao seu conteúdo "Amazonico".

    []s livres,

    ResponderExcluir
  3. É Daniel podemos falar muita coisa do Jobs, mas que ele tinha uma mente brilhante, é inquestionável. Obrigado por seu comentário.

    ResponderExcluir
  4. Obrigado pelo comentário Leocadio!! Ótima lembrança essa sua!! O KINDLE é um outro brilhante exemplo do minimalismo mas com objetividade funcional a favor do usuário!! Abraços

    ResponderExcluir