Tudo teve início com uma pequena grande catástrofe. Voltando de uma viagem deixei o Zenfone 4 que estava testando em cima de uma mala, dessas que se coloca no bagageiro do avião, sabe? Nem tão altas são. Ele escorregou, caiu no chão e...
Sim, a tela ficou quebrada em vários pontos, mas mesmo assim continuei e concluí o teste. Ainda dava para usar. Foram 31 dias aferindo o consumo diário de bateria, como sempre faço, segundo o meu próprio padrão de uso. No meio do caminho tive uma conversa com Marcel Campos, Diretor de Marketing Global da Asus. Falamos sobre a minha impressão não boa relativa ao consumo de bateria. Marcel me lembrou do “Doze on the Go” e suas implicações, o aprendizado do perfil de consumo, que faria o comportamento melhorar. O vídeo-podcast com esta conversa pode ser vista aqui ou abaixo.
O fato concreto é ao final dos 31 dias o Zenfone 4
apresentou autonomia média de 15.3 horas, um valor razoavelmente bom, mas muito
longe das 18.2 horas do Zenfone 3, 22 horas do Moto Z Play ou 19 horas do Moto
Z 2 Play e longe do mega campeão, o Zenfone 3 Zoom (5000 mAh) com incríveis 27
horas.
O Zenfone 4 com seu incrível SoC Qualcomm Snapdragon 660, um quase top (derivado do sofisticado 821 com um pequeno downclock) apresentou usabilidade excelente, fluidez, velocidade, mas apesar de toda a teoria do “Doze on the Go” explicada pelo Marcel, definitivamente não tem autonomia de bateria como sua maior virtude. Eu explico o porquê. 15 horas não é ruim! Eu me lembro que há não muito tempo atrás eu testava smartphones que chegavam a 9, 10 12 horas apenas. Nessa ótica é bom, só que não. Várias vezes naqueles trinta e um dias do teste, precisei me conter, usar menos, ou dar uma carga extra para terminar o dia. Isso é o oposto da experiência com o Zenfone 3 Zoom que chamei de libertadora! “Autonomia da bateria do Zenfone 3 Zoom – Libertador!”.
O Zenfone 4 apresentou o seguinte comportamento nos 31 dias do teste original. Veja no gráfico abaixo.
Chega de preâmbulos, vamos direto ao ponto! Descobri que o Zenfone 4 é OUTRO APARELHO no segundo teste que fiz com ele!! SEGUNDO TESTE? Por que? Depois que acabei a avaliação original resolvi encaminhá-lo para a Asus para reparo da tela. Não foi considerado conserto em garantia, pois como eu falei, foi uma queda, de 45 cm, mas foi uma queda. Encaminhei em 13 de novembro para a assessoria de imprensa, que iria providenciar o reparo junto à Asus. Obtive orçamento no começo de dezembro, quase um mês depois. Tive que pagar adiantado a troca da tela, R$ 225. Paguei dia 11 de dezembro e esperei, esperei, esperei... Dia 26 de janeiro recebi o aparelho de volta. Mas não o mesmo. Como eles acharam que estava demorando muito, mandaram outro para mim. “Novo”, mas não 0 Km, devia ser uma unidade que já fora usada em review. Mas o estado era perfeito e assim acabou a novela do conserto.
ASUS este processo de assistência técnica precisa melhorar muito ainda!! Eu que tenho acesso “privilegiado” à assessoria precisei de quase um mês para obter o orçamento, tive que pagar um boleto (a vista) adiantado e ainda demorou mais 40 dias para ter outro aparelho (não o meu de volta)... Fica a dica ASUS. Produto fantástico, mas a assistência tem ainda o que melhorar.
Uma coisa que se vê no gráfico acima é que o consumo é alternante dia a dia, isso é normal. Mas não há uma linha de tendência de progresso, uma evidente melhoria. No texto do primeiro teste cheguei a levantar a hipótese de que o “Doze” não estava sendo eficaz...
Com o Zenfone 4 de novo em mãos não pensei em voltar a usá-lo imediatamente. Eu estava ainda testando o Samsung Note 8 e por isso eu apenas liguei e configurei via WiFi o Zenfone 4 naqueles dias, final de janeiro. Chamou minha atenção uma coisa. Em um prazo curto o telefone recebeu 2 ou 3 atualizações FOTA , ou seja, de seu Firmware, seu software básico.
Também chamou minha atenção que nessas atualizações, pude ler nas suas descrições, que endereçavam consumo de energia. Opa!! Levantei um flag em relação a isso!! Depois ouvi por aí (vou explicar melhor) que com a chegada do Android 8 o Zenfone 4 tinha ficado ainda melhor, inclusive bateria... Foi nessa hora que decidi, vou atualizar e testar de novo. Não foi automática a atualização (como fora para o Zenfone 3), baixei do site o arquivo necessário e tão logo terminou meu teste com o Note 8 comecei a testar de novo o Zenfone 4!! Pela primeira vez o mesmo aparelho!! Comecei do zero. Após ter o Android 8 fiz o resset para o padrão de fábrica, até para zerar o “Doze”.
Quando falei “ouvi por aí”, quis dizer que assisti vários vídeos com esta informação (Android Oreo no Z4). Sou um avaliador “veterano”, recém cinquentão, mas não por isso deixo de estar ligado nos ÓTIMOS produtores de conteúdo do Youtube. Sobre tecnologia há centenas deles!! Mas tem muito fulano sem noção, que está lá “tentando se dar bem” e quem não têm bagagem para falar sequer de um abajur, o que dizer de um smartphone!! Mas escolhi a dedo uma meia dúzia de produtores de conteúdo/vídeos como Rudy Caro (Technerd), Alexandre (Conexão A Tech), Fábio Moura (brasiliGEEKS), Rodrigo (Geek Loko), Becker (Be!tech), Dudu Rocha. Vejo também ocasionalmente vídeos do Barba Sou Eu, CanalTech, Loop Infinito... gente toda muito, mas muito muito boa!!
Depois de “velho”, estou aprendendo muito com esse pessoal!! Aliás, tê-los acompanhado mais amiúde que me influenciou a não mais fazer uma análise ampla sobre smartphones. Eles fazem muito melhor e conhecem muito mais do que eu! Quem vir seus vídeos estará muito bem servido e bem muito informado. Cada um deles tem uma pegada diferente, abordagens diferentes e complementares. Alguns deles conheço pessoalmente e sou fã de todos. Por isso euzinho aqui estou focando em análise de autonomia de bateria que, modéstia à parte acho que faço direito. Pelo menos eu tento.
Reverências prestadas, voltando ao Zenfone 4. Veja o gráfico abaixo do segundo teste. Ele encerra muitas informações!!
Em primeiro lugar a autonomia média! Subiu de 15.3 horas para 19.7 horas. Ou seja, grosso modo, cresceu 4 horas, mais precisamente 4.4 horas, cerca de 28%. Mas estes números não significam nada. O que importa é que com estas 4 horas a mais por dia, dá margem para oscilações normais. Vejam no gráfico que o pior dia foi o segundo, com 17 horas. No caso do primeiro teste (gráfico anterior), desconsiderando um dia muito atípico (o 31º), algumas vezes a bateria durou cerca de 11 horas. Onze horas é bem ruim!!!
Segunda informação importante do gráfico. Vocês perceberam uma linha pontilhada? Calculada pelo Excel é a linha de tendência. Evolução! Eu posso arriscar que aqui eu vejo o “Doze on The Go” trabalhando, o aprendizado do perfil de uso gerando melhor aproveitamento da energia pelos aplicativos. Mas vou fazer uma correção neste gráfico. Observe abaixo:
Sendo matematicamente mais rigoroso a curva que deve ser interpolada não é uma reta e sim um perfil assintótico como a aproximação logarítmica acima. Pela reta da figura anterior, em alguns dias o Zenfone 4 estaria com autonomia de 30 horas de bateria, que não é verdade. O Doze vai gerando aprendizado e uma hora estabiliza. Este é o sentido deste segundo gráfico.
É interessante olhar os gráficos combinados do primeiro e do segundo teste. Cabe ressaltar que apesar de ter 31 dias com dados no primeiro teste, eu considerei apenas os 20 primeiros dias, que é a quantidade de dias que avaliei o Zenfone 4 pela segunda vez. Quando assim combinados, se alguém ainda não tinha enxergado a diferença, acho que ficou bastante evidente!!
Ao olhar aplicativo específicos os ganhos também são percebidos, mas curiosamente os que eu escolhi para mostrar não trazem ganhos na proporção média de 28%. Mas há ganhos perceptíveis. Escolhi o destruidor de baterias que é o WAZE e YOUTUBE. O Waze melhorou 10% e assistir vídeos no Youtube ficou 16% melhor. A figura abaixo ilustra isso melhor. Por exemplo, antes conseguia assistir 9,3 horas de vídeo e agora 10,8 horas.
Este era para ser um texto curto!! Doce ilusão minha!! Não
consegui!! Mas preciso terminar contando duas outras coisas. Eu queria testar
de novo o Zenfone 4 pelos mesmos 31 dias que testei a primeira vez. Mas como
haverá o lançamento do Zenfone 5 em alguns dias, capitaneado pelo Mr. Campos,
achei que esta matéria ficaria esvaziada com o hype do lançamento. Se é que já
não está. Mas também penso que provavelmente o Z4 pode ter mais uma queda de preço
com o lançamento da nova versão e estas descobertas que fiz. As atualizações
FOTA mais o Android 8 (mesmo que instalado manualmente) tornam este smartphone
ainda melhor. Nem falei muito, mas no Oreo o Z4 está ainda mais fluido,
responsivo do que já era. Penso que o Z4 ainda será por um longo tempo uma
ótima alternativa, mesmo que com a chegada do 5 com notch, sem notch, com 3, 4
ou 5 câmeras! Não importa.
IMPORTANTE: para
uso no dia a dia o Zenfone 4 melhorou muito como eu mostrei, mas em certas
situações de imensa demanda eu consegui fazê-lo prostrar-se genuflexo com sua
energia drenada. Saí outro dia para correr, com o fone PowerBeats 3
(Bluetooth), ouvindo música no Spotify, com o aplicativo da Garmin sincronizado
com meu Forerunner 235 (relógio de corrida também Bluetooth), usando outros
aplicativos para rastrear corrida e passos (soürun e Stepfun) e recebendo
notificações de mensagens no relógio. Pouco né?? Claro que não. Em pouco mais
de uma hora a bateria gastou 20%!!! Nesse ritmo não duraria 6 horas. Mas
reconheço que é um modelo de uso excepcional. Mas prova que dá para “jogar no
chão” o mais competente smartphone com um tipo de uso intenso assim, qualquer
um!! Gravar vídeo é outra atividade extenuante para qualquer smartphone, quanto
maior a resolução/fps, mais intenso.
Por fim vou fazer um protesto, vazio porque não serei ouvido, mas vou contar uma grande dificuldade que tive neste teste. No Android 7 a tela para acompanhamento de consumo de bateria é incrivelmente melhor que no Oreo, ao menos na versão da Asus (nem meu Samsung S8+ nem meu Moto X4 receberam atualização ainda enquanto Z3 e Z4 já têm). Veja abaixo como era no Android 7:
Por fim vou fazer um protesto, vazio porque não serei ouvido, mas vou contar uma grande dificuldade que tive neste teste. No Android 7 a tela para acompanhamento de consumo de bateria é incrivelmente melhor que no Oreo, ao menos na versão da Asus (nem meu Samsung S8+ nem meu Moto X4 receberam atualização ainda enquanto Z3 e Z4 já têm). Veja abaixo como era no Android 7:
São telas simples, mas têm toda a informação de que preciso. Qual o percentual de consumo de cada aplicativo, todos eles. E se clicar no aplicativo os detalhes são mostrados como o tempo de uso daquele recurso e inclusive o consumo em mAh!!! Super legal! E útil. Neste caso, 24% consumido com a tela, em 4h21m de tela em uso, gastando 819 mAh. Agora veja a tela análoga do Android Oreo do Zenfone 4.
É só isso e nada mais!!! Não dá para saber o tempo de tela. Só mostra o aplicativo que mais consumiu, neste caso o Instagram com 4% e FIM!! Falta tudo!! Nem o tempo ligado com precisão de minutos nós temos. Um lixo!! Não sei se essa tela assim é uma simplificação da Asus ou se é do Oreo, mas fiquei muito bravo, afinal usava as informações que vinham antes de forma intensa e constante!
Precisava resolver o problema e resolvi! Comprei um aplicativo. Sim!! Aplicativo também se compra! Comprei o GSam Battery Monitor Pro (para Android aqui) que tem tudo que preciso e muito mais. É ótimo. Veja na tela abaixo. Tem versão gratuita, mas resolvi pagar, afinal será a partir de agora uma ferramenta de trabalho recorrente.
Os dados conferem com a tela do Android. Dentre os aplicativos é mesmo o Instagram que tinha consumido mais e ainda tenho dados de tempo de tela, de telefone, WiFi, Bluetooth, previsão da duração da bateria neste dia, pelo uso dos últimos 15 minutos, pela média histórica, etc. Cálculos estes parametrizáveis. Fantástico! Segundo o GSam Monitor, para obter os dados de consumo por aplicativo precisaria de uma permissão que não é padrão no Oreo e por isso tem que fazer root OU (graças a Deus) usar um comando de Depuração USB para habilitar essas informações. Foi assim que resolvi, usando no PC o programa ADB Fastboot.
Conclusão (finalmente)
Certa vez visitei uma vinícola na Califórnia a qual apreciei muito. Lá comprei um pôster que replico abaixo com a seguinte frase (já traduzida): “É fácil fazer bom vinho... Somente comece com uma excelente videira e pratique por mais de 100 anos”!! Isso tem tudo a ver com o que vivi com o Zenfone 4 revisitado.
Fazer um smartphone bom de verdade não é fácil. Comece com um ótimo chipset... Mas isso não basta. Claro que não são necessários 100 anos de prática, mas fica evidente a evolução dos Zenfones geração a geração. O Zenfone 4 por exemplo, tem um hardware ótimo! Mas parece que precisou de um tempo para amadurecimento de conceitos, do software, da integração com o sistema operacional... Ainda há lacunas. Há críticas ao que é o mote da Asus atualmente , o “We Love Photo” já que o hardware da câmera é primoroso, mas o pós processamento poderia/deveria evoluir, até mesmo no sentido de simplifica-lo.
As atualizações feitas no Zenfone 4 pela Asus (FOTA) e o ótimo trabalho de adaptação do Android 8 ao aparelho trouxeram resultados destacadamente importantes!! Afinal duração de bateria é muito, mas muito importante. E no meu caso, estas 4 horas a mais no dia tornam o Zenfone 4 um aparelho também libertador (das tomadas e recargas).
Tudo é aprendizado. CLARO que o nascente Zenfone 5, que está logo aí na esquina, será diferente do Zenfone 4 em cada modelo, mas a cultura, a experiência passada, erros e acertos, com certeza terão direcionado os engenheiros para a construção de um smartphone muito bom. Será perfeito? Claro que não!! Mas será o reflexo desse amadurecimento, dessa evolução. E o Zenfone 4 que está arrumadinho, todo eficiente segue como uma ótima alternativa após o lançamento, ainda mais a versão com SnapDragon 660 e com a possível redução adicional de preço.
Que dossiê Xandó! sensacional!
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