Já faz algum tempo que o gargalo de desempenho de PCs e notebooks vinha sendo o disco rígido. E não sem motivo. Os discos de tecnologia magnética cresceram incrivelmente no tamanho, mas proporcionalmente muito pouco em performance nos últimos dez anos. Arrisco-me a dizer que a capacidade aumentou 25 vezes e o desempenho talvez tenha dobrado, se muito. Se comparássemos com o aumento de velocidade experimentado pelos processadores... Seria uma comparação até injusta, desproporcional!!
Quando algo precisa evoluir de verdade, normalmente exige um salto de tecnologia, uma mudança de paradigma que cause impacto definitivo. Assim podemos definir a chegada da tecnologia SSD. Na verdade já faz algum tempo que os tais discos chegaram, mas somente agora que os preços começam a se tornar mais acessíveis (embora mais caros que discos convencionais).
Um SSD é um “solid state drive”, ou seja, uma unidade de armazenamento baseada somente em componentes eletrônicos. Não usa partes mecânicas, discos que giram, cabeças de leitura que se movimentam sobre pratos magnéticos e leem seu conteúdo. Isso torna um SSD em primeiro lugar muito robusto, pois há menos pontos frágeis que podem ser avariados (no transporte ou no uso). Mas principalmente um SSD é muito mais rápido para ser lido ou gravado e tem comportamento homogêneo. Um disco rígido convencional tem desempenho diferente dependendo se o dado desejado está na parte externa ou interna do disco, variações de quase 100%. Nos SSDs como as informações são gravadas em chips de memória, o desempenho é sensivelmente maior.
Pense em um “pendrive”. Este essencialmente é um SSD, usa tecnologia parecida (memória não volátil). A diferença é que um pendrive tem baixa capacidade, é mais lento por usar memória menos sofisticada e circuitos de controle mais simples, para torná-lo mais barato. Mas na verdade os SSDs e pendrives são pelo menos “primos” próximos.
Mas além da robustez e da maior velocidade o SSD tem outras vantagens. É pequeno, apropriado para ser usado em dispositivos móveis como, por exemplo, tablets. E também apresenta baixo consumo de energia, também um atributo valioso para aplicações de mobilidade que requerem longa duração de baterias.
Apresentado o SSD, vamos ao que interessa!! A INTEL me fez chegar às mãos um digno exemplar desta nova categoria de “discos”. Aliás nem faz mais sentido chamar de “disco” pois não há mais elementos girantes no dispositivo, mas acho que vai ser difícil chamar de outra forma.
Testei um INTEL SSD 510 Series de 120 GB de capacidade. Esta geração (série 510) dispõe de discos de 120 GB e de 250 GB de capacidade no formato 2.5 polgadas (tamanho de HD de notebook). Ainda mais importante usam a interface SATA III que têm limite de transferência de dados de 6 Gb/s, ou seja, aproximadamente 600 MB por segundo. Só para comparar, um HD de notebook típico (5400 rpm) tem taxas de transferência de 50 a 60 MB/segundo, dez vezes mais lento. Um bom HD de PC (desktop, 7200 rpm) tem desempenho perto de 100 MB/s.
Os SSDs vêm fazendo sucesso nos servidores corporativos pois para aplicações de bancos de dados, obtém-se performance sensivelmente melhor, com maior durabilidade. Quando associados entre si, vários discos em paralelo (RAID – array de discos), esta taxa de transferência de dados pode ser multiplicada várias vezes, chegando a níveis estelares!!
TESTANDO O SSD INTEL 510 SERIES
O primeiro teste, feito em base comparativa foi feito usando o software HDTUNE. No teste de leitura de uma só vez percebemos as sensíveis diferenças entre um HD comum, no caso um SEAGATE Momentus 7200 rpm (ST9500420AS) de 2.5”, um dos mais rápidos no mercado para notebooks. Vejam os dois gráficos abaixo, comentários a seguir.
HDTUNE – HD INTEL SSD 510 Series
O gráfico confirma a informação, o desempenho do SSD é o mesmo ao longo de todo o disco, diferente do HD convencional cuja taxa de transferência começa em 101 MB/se termina em 50 MB/s, valor médio de 80 MB/s. O SSD sustenta o tempo todo taxa de transferência de 217 MB/s. Ocorrem algumas variações mínimas fruto de atividade do próprio Windows ao longo do teste.
A segunda diferença é o tempo de acesso. É o tempo que um setor do disco necessita para ser alcançado pela cabeça de leitura. No HD convencional o gráfico é representado por uma “nuvem de pontos” que indicam maior agilidade no começo do disco (entre 5 e 15 ms) e mais lento no final do disco (entre 20 e 30 ms). Na média um setor do disco demora 17 ms para ser alcançado. No SSD nem se vê a tal nuvem de pontos, pois estes se encontram grudados na base do eixo X, com desempenho médio de 0.2 ms, cerca de 100 vezes mais rápido. Assim na operação do disco, no dia a dia, estas duas variáveis são importantes pois cada setor demora certo tempo para ser alcançado e mais certo tempo transferindo as informações da “superfície” do disco. Esta combinação de fatores explica o porquê da diferença imensa de um SSD quando comparados com disco convencional.
Estes testes foram feitos usando uma plataforma de respeito, que em momento algum seriam limitadores no desempenho do SSD:
- Placa mãe GIGABYTE G1.SNIPER
- Processador INTEL Core i7-920 2.66 Ghz (2.93 Ghz turbo)
- Memória 6 GB DDR3 1333 Mhz (3x 2 GB triple channel)
- Windows 7 Professional 64 bits
- Interface SATA III (6 GB/s)
Esta ótima placa mãe GIGABYTE será objeto de texto em futuro próximo. Aguarde.
Eu confirmei esta taxa de transferência em operações de leitura do HD usando outros programas. Porém medir taxa de gravação se mostrou algo problemático. Se usasse outro HD comum o desempenho seria mascarado pela velocidade menor de leitura/transferência do HD convencional. Assim a melhor foram de fazer este teste seria com 2 SSDs 510 Series. Como dispunha de apena um eu fiz a leitura e gravação no próprio HD. Isso com certeza faz diminuir um pouco a taxa de transferência para gravação, pois a interface SATA é usada nas duas direções. Mas a despeito disso obtive taxas de gravação de 145 MB/s aproximadamente, valor surpreendente.
CONCLUSÃO
Antes de proferir minha opinião final gostaria de dividir com os leitores as especificações oficiais da INTEL em relação aos modelos de 120 GB e 250 GB do SSD 510 Series.
Cabe destacar que os valores de taxa de transferência e leitura nominais são mais elevados do que os valores que eu obtive nos meus testes. Inicialmente pensei tratar-se de erro no teste, pois poderia ter usado interface SATA II e não SATA III. E de fato eu havia cometido este erro. Repeti este teste usando uma das duas interfaces SATA III da placa Gigabyte G1.SNIPER e os resultados foram praticamente os mesmo (apenas 3% de diferença). Ou na vida real o desempenho efetivo é menor que os valores nominais divulgados ou a interface SATA III da placa não estava entregando o desempenho todo prometido. Não acredito nisso.
Destaco que a taxa média antes de ocorrer falhas (MTBF – “mean time between failure”) é de 1.2 milhão de horas. Sabem o que isso significa?? Significa que se ligado 24 horas a previsão é que a primeira falha depois de CENTO E TRINTA E SEIS (136) ANOS!! Um HD convencional tem MTBF na ordem de 25000 horas, 50 vezes menos. Claro que este HD não durará 136 anos, mas segundo a INTEL este é o nível de confiabilidade atingido, 50 vezes melhor que um HD comum.
Não comentei ainda sobre a impressão subjetiva do uso do SSD no meu PC de testes. Isso é importante. É uma DELÍCIA!! Tudo acontece sensivelmente mais rápido. Nem precisaria usar um cronômetro para comparar. É claramente perceptível! Digo que um SSD no PC REDEFINE A EXPERIÊNCIA DE USO para o usuário. Difícil é voltar atrás... Só para dar uma ideia, meu PC com HD convencional demorava 57 segundos para iniciar o Windows 7 (da tela “Iniciando Windows 7” até a tela de logon). Com o SSD este tempo caiu para 18 segundos!!!!
E o preço?? Fiz uma pesquisa informal e achei pessoas vendendo este mesmo SSD (120 GB) no site Mercado Livre (que não é garantia de todos os impostos incluídos no preço final do produto) entre R$ 700 e R$ 750. O preço nos EUA é US$ 290 (R$ 445). É caro?? É, acho caro, ou melhor, custa uma quantia razoável de dinheiro. Porém não estamos falando de disco rígido convencional e sim de uma “coisa nova” que pode durar 136 anos sem dar defeito, tem no mínimo 3x o desempenho para leitura/gravação e gasta muito menos energia (importante para tablets, nebooks e notebooks). Com o aumento do volume de vendas, crescimento do mercado, maior nível de produção este preço pode cair ainda mais. Custava quase 4 vezes mais há 3 anos.
Após ter usado este SSD por quase um mês, tendo sentido objetivamente e subjetivamente as diferenças, prevejo : em cinco anos todos estarão usando SSDs em qualquer PC ou notebook!! Para volumes imensos de armazenamento, 2 TB ou mais os HDs convencionais ainda deverão ser muito usados. Mas quem experimentar um SSD não vai querer saber de outra forma para gravar seus dados e programas.
Xandó e a limitação de escrita/gravação (até citada pelo Piropo em um artigo), inerente aos SSD/pendrives.
ResponderExcluirPelo que entendi do artigo do Piropo, as leituras são praticamente ilimitadas, já as escritas/gravação, são bem mais limitadas (mais até que em HD magnetico).
Esses 136 anos de MTBF, vale pra escritas tbm, ou é só para a leitura?
Oi William, a limitação continua a existir, característica de tecnologia. Mas são 25000 ciclos se não me engano (para cada setor do drive). Mais que suficientes.
ResponderExcluirOs 136 anos de MTBF não restringem leitura ou gravação e sim do drive propriamente dito, circuitos, etc. Na prática um disco muito usado pode acabar com os ciclos de escrita em 6, 7 ou 8 anos.
Obrigado, pela resposta Xandó.
ResponderExcluirParticularmente, acho que essa limitação de escrita deveria ser citada e, principalmente, levada em consideração no calculo do MTBF.
Do jeito que é divulgado esse MTBF, me parece propaganda enganosa (por favor, não de sua parte Xandó, e sim das empresas, querendo "vender o seu peixe").
No mais parabéns pelos excelentes artigos, sempre leio todos. :)
Entendi seu ponto de vista William. Na verdade MTBF é uma estatística de "falhas" e não de uso. No fundo um drive com MTBF de 136 anos indica uma super robustez, 50 vezes mais que um HD comum.
ResponderExcluirPor outro lado eu concordo 100% com você que a limitação de ciclos de escrita deve SIM ser divulgada e conhecida pelo usuário!!! Embora o caso mais crítico, uso intenso, são 6 a 7 anos de escritas, que é bastante.
É delicado, mas você tem razão!!
Obrigado pelo importante e inteligente comentário!!
Olá Flávio, lembro da sua análise no ano passado sobre o HD hibrido da Seagate. De-lá pra cá o preço do SSD caiu bastante, já vi um na kabum da kingston de 64gb por 390 avista. Acho que até o final do ano vamos ver os de 128 nesse preço. Acho que o hibrido nem compensa mais.
ResponderExcluirTenho uma dúvida, estou começando a mexer com o 3D Max 2011, tenho um note core i3 com 8GB de memória e um HD convencional. Se eu colocar um HD SSD em que vai melhorar minha rotina com o 3D Max? Para renderizar os arquivos vou ter algum ganho? Ou somente quando salvar e abrir os arquivos?
Obrigado pela atenção.
Att.
Caro Felipe a diferença do SSD é sem dúvida leitura e gravação de arquivos. Não posso antecipar o impacto no seu uso do 3DMAX. Mas além do tempo de carga do programa e gravação mais rápida acredito que como qualquer programa faz uso de arquivos temporários, um SSD deve ajudar. Não sei dizer se será dramática a diferença. Vale a pena testar.
ResponderExcluirEntendo Flávio, pra mim a grande questão é na hora de renderizar o 3D final, que, penso eu é um arquivo que logo ocorre seu processamento ele está sendo salvo em algum lugar no disco. Por isso acho que deve ter alguma influência positiva. Esse processeo normalmente demora horas (dependendo do trabalho) e qualquer ganho na velocidade será bem vindo.
ResponderExcluirSei que a adoção a um processador i5 e i7 irá melhorar muito esse processo, mas fica a dúvida sobre qual a influência de um SSD na renderização e como tenho um notebook fica mais dificil o seu upgrade de processador.
Estou pesquisando no google, youtube e foruns da área. Até agora só encontrei mesmo videos demonstrando a inicialização do programa.
Se descobrir algo te passo aqui.
Obrigado pela atenção e parabéns pelas ótimas análises.
Abraço.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEssa série da Intel 510 é muito boa, mas ao meu ver, aconselho o uso das unidades da OCZ linha Vortex 3, chegam a ser mais velozes que a linha da intel e pelo mesmo preço. Realmente os SSDs são o que há de melhor no mercado, vale a pena o investimento em uma unidade de 128GB.
ResponderExcluirCaro Felipe, não tenho dúvidas de que mudar o processador de Core i3 para Core i7 seria de super ajuda para o seu tipo de processamento. Mas não dá para troca de forma simples o processador de notebook. O SSD terá ajuda sim, estimo que algo entre 5% e 15%... Se você mudar, compartilhe conosco aqui esta informação. Obrigado.
ResponderExcluirCaro Mauro a tecnologia SSD é ótima, independentemente da marca. Algumas marcas têm como diferencial circuitos "controladores" mais sofisticados, outros o preço é melhor, outros é a capacidade do SSD em GB... O importante é cada um que quiser já usar SSDs procurar o equilíbrio de Custo x Recursos.
ResponderExcluirCaro Flávio Xandó, recebi através de um link de um grande amigo meu o seu review sobre esse SSD da Intel. Acredito que talvez o SSD traga a revolução que a internet de banda larga de 10 Mb acima trouxe para a relação entre usuário-computador. Rapidez, flexibilidade, etc.
ResponderExcluirAdquirir recentemente um SSD, ainda estou esperando a entrega, entretanto gostaria de obter da sua pessoa em um futuro próximo análises sobre a resistência do material, pois infelizmente tem sido recorrente que se por um lado o benefício da tecnologia vem sendo acompanhado de fracassos retumbantes desses equipamentos quanto a sua vida útil. Há casos comprovado de pessoas que chegam ao ponto de comprar um SSD que "morre" em semanas ou mesmo dias, e ao fazer a troca recebe do fabricante equipamento igualmente defeituoso.
Tenho acompanhado a estratosférica campanha dos fabricantes em apresentar a qualidade desse tipo de material e seu benefício inigualável, mas por outro lado, há pouca e sistemática análise do uso do equipamento no seu dia a dia.
Abraços!
Oi Leandro, entendi seu ponto! Um SSD não teria porque "morrer" em poucos dias ou poucas semanas, a não ser que fosse por problema de fabricação. Nada sugere que exista na tecnologia em si um "vício oculto" . Mas temos que acompanhar esta tecnologia e esperar que permaneça "no alto" e mais barata a cada dia.
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