terça-feira, 6 de março de 2012

A Nvidia e Microsoft querem reinventar os PCs desktop?

Os dispositivos móveis vêm ocupando cada vez mais o espaço antes ocupado pelos tradicionais PCs. E nas últimas semanas também aconteceu a “virada”, ou seja, em números absolutos smartphones e celulares acumularam vendas maiores que PCs e notebooks. É o conforto da mobilidade extrema sobrepujando os tradicionais equipamentos de computação pessoal. Mas será que é isso mesmo? 

Dias atrás li um breve comunicado de imprensa que chamou tanto a minha atenção que o replico abaixo. Para posterior discussão.

Microsoft e NVIDIA fecham parceria para distribuir PCs com Tegra 3

A Microsoft irá fornecer desktops de teste equipados com o processador móvel NVIDIA Tegra 3 a desenvolvedores e fabricantes de dispositivos para o Windows 8.

A NVIDIA anuncia durante o Mobile World Congress, em Barcelona, que está trabalhando com a Microsoft em um programa para distribuir PCs para teste do Windows 8, equipados com o processador móvel Tegra3 quad-core e a arquitetura 4-Plus-1™, a desenvolvedores de software e fabricantes de dispositivos. Este fornecimento habilita os desenvolvedores a criarem um rico e enorme ecossistema de aplicativos e dispositivos baseados em processadores ARM para Windows 8.

“A NVIDIA possui um longo histórico de suporte a desenvolvedores de software que trabalham com inovações de ponta”, destaca Tony Tamasi, vice-presidente sênior de conteúdo e tecnologia da NVIDIA. “Estamos mantendo essa tradição, contribuindo para o aproveitamento do extraordinário potencial do Windows em processadores ARM, como o Tegra 3.”

“A Microsoft está ansiosa para trabalhar em parceria com a NVIDIA para levar aos desenvolvedores um Windows de ponta em PCs de teste ARM, de forma a dar suporte à criação de aplicativos com estilo Metro e experiências com dispositivos incríveis no Windows 8”, afirmou Aidan Marcuss, diretor sênior de planejamento comercial da Microsoft.

Primeiro algumas explicações. O que é exatamente o tal TEGRA 3? Trata-se de um processador fabricado pela NVIDIA que nasceu e se consolidou em dispositivos móveis. Essencialmente é uma versão do também famoso processador ARM (licenciado pela empresa de mesmo nome) e aperfeiçoado pela NVIDIA. O que tem de tão especial o tal TEGRA 3 é sua qualidade de aliar (o que parece inaliável) desempenho com economia de energia. Dispõe de 4 núcleos, que o torna ideal para dispositivos móveis que necessitem repostas ágeis.

Tempos atrás eu publiquei um texto chamado “Smartphone? Tablet? Ultrabook?”Smartphone? Tablet? Ultrabook?” que discutia as aplicações de cada um destes dispositivos e em certo ponto apresenta algumas soluções engenhosas de smartphones que podem virar Tablet ou Netbooks usando acessórios engenhosos. Eu vi isso pela primeira vez há quase dois anos em uma apresentação da Nvidia e naquele momento enxerguei a relevância deste novo tipo de solução. Ainda era época de TEGRA 2, mas com o anúncio do TEGRA 3 (que estava a caminho), enxerguei que poderia ser uma ótima alternativa.

Mas porquê? Eu me encantei com a possibilidade de “carregar seu computador no bolso”, na forma de um telefone depois chegar em casa ou no escritório, poder acoplar um acessório “vídeo/teclado” e fazer daquele smartphone algo mais poderoso e apropriado para uso como um PC desktop. Àquela época ainda não havia “potência” suficiente para felicidade plena com este tipo de solução. Agora já existe.

Mas por outro lado, como explicar a presença da Microsoft nesta iniciativa junto com a Nvidia? Vamos somar dois mais dois que a explicação é muito simples!! A solução que eu vira consistia de um smartphone Motorola com processador Nvidia TEGRA 2 que acoplado a um acessório vídeo/teclado o transformava em algo parecido com um Netbook, uma boa plataforma para navegação na Internet. Mas qual o sistema operacional em uso? ANDROID. E pelo que vi dava muito bem conta do recado. E neste ambiente o natural seria usar de forma intensa aplicativos online como Google Docs, Gmail, etc. Se esta moda pega para valer a Microsoft teria um avantajado quinhão de seu mercado dissolvido, menos Windows, menos Office...

Na verdade não penso como neste cenário como uma “perda de mercado” e sim um “não ganho de mercado”, pois o uso de dispositivos móveis desta forma engenhosa faz ampliar os modelos de uso. Mas no final das contas, com ou sem perda absoluta a Microsoft veria sua participação percentual, seu “market share” ser reduzido.

A parceria da Microsoft com a Nvidia no meu ponto de vista é brilhante ao fazer o Windows 8 rodar nesta plataforma, pois ataca vários aspectos de uma vez só. Como diz o ditado popular “mata dois coelhos com um tiro só”. Talvez sejam bem mais que apenas dois coelhos. Vamos analisar:


·         Uma futura versão “móvel” ou para dispositivos “leves” do Windows 8 estará disponível para ainda mais  plataformas.
·         Confronta o pujante Android em sua atual forte escalada com uma solução rica e compatível com o sistema operacional que será usado no desktop (o Windows 8).
·         Permite que uma categoria de PCs de baixo custo e baixo consumo (usando o processador TEGRA 3) seja ainda mais barato e com a possibilidade de uso do Windows 8.
·         Força a Microsoft a desenvolver seu sistema operacional para uma plataforma nova, mais modesta e que necessita do máximo de otimizações para ter um destacado desempenho. Isso pode também refletir na qualidade do produto que roda no desktop.
·         Amplia o leque de mercado da Microsoft também para o segmento de “PCs” que não sejam apenas baseados em processadores Intel ou AMD x86.



Uma curiosidade. Algo ligeiramente parecido fez a Microsoft no começo dos anos 90, quando desenvolveu o Windows NT, o bisavô dos atuais Windows Server 2008 e Windows 7. À época a Microsoft que tinha pleno domínio dos processadores Intel x86 forçou sua equipe de desenvolvimento a criar a primeira versão do Windows NT para a plataforma DEC ALPHA. Dessa forma seus desenvolvedores foram obrigados a separar tudo que dependia do hardware em uma camada diferente do sistema operacional e assim abrir as portas para a existência de um mesmo sistema para muitas plataformas (apenas trocando a tal camada de abstração de hardware).

É saudável e benéfica esta incursão da Microsoft em outros ambientes que não sejam apenas Intel e AMD x86. Na verdade o grau de evolução da plataforma x86 é tão grande, Intel e AMD têm soluções tão sofisticadas e avançadas... Mas no “topo” da cadeia evolutiva, nos poderosíssimos processadores Core i7, APU Fusion, etc., mas nem tanto no segmento de entrada que agora como o TEGRA 3 nem tão é “modesto” em termos de desempenho assim pela sua característica (ter quatro núcleos).

Fica na minha cabeça uma dúvida. A Microsoft lançou em 2011 seu Windows Phone. Sabemos que a interface do Windows Phone empresta ideias para a interface do Windows 8 e que ambos têm algumas semelhanças. Mas com o Windows Phone, haverá smartphones rodando Windows 8? Ou será que uma futura evolução do sistema operacional do Windows Phone convergirá para uma versão móvel do Windows 8? São perguntas que neste momento não sei responder e que se alguém tem alguma pista será de bom grado ouvi-los na forma de comentários deste texto. Seja para complementar ou mesmo corrigir algum eventual equívoco da minha parte.

O fato concreto é que parcerias se estabelecem. Novas perspectivas são abertas. Inovação é o que está capitaneando todas estas ações. O que se espera é que frutos destas ações sempre mais alternativas, mais atraentes, mais evoluídas e mais acessíveis estejam a disposição do mercado. Microsoft e Nvidia têm tudo para usufruir desta parceria. Bom para todos.







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