O texto abaixo eu publiquei no FORUMPCs já faz algum tempo. Mas por acaso hoje mesmo eu conversei com uma pessoa sobre o mercado de "tintas" e "cartuchos". Há opiniões conflitantes e divergentes. Eu mesmo mudei minha opinião depois que tive a oportunidade de conhecer a fábrica de cartuchos da HP anos atrás. E disso resultou um dos textos mais legais que escrevi e por isso mesmo resolvi "importá-lo" para o meu blog pessoal. Espero que gostem.
Flavio Xandó
A forma como as pessoas imprimem seus documentos mudou bastante ao longo dos últimos anos. Estão longe na memória os dias que impressoras matriciais eram as únicas alternativas. Muitas empresas participaram desta saga, desta evolução. A HP é sem dúvida uma delas e que trouxe uma grande colaboração no desenvolvimento das tecnologias de impressão. Visitei uma das fábricas da HP, situada em Aguadilla, uma pequena cidade na ilha de Porto Rico e pude testemunhar um pouco as mudanças em relação ao passado, como estamos hoje e o que nos reserva o futuro da impressão.
Mas não posso deixar de falar brevemente de Porto Rico, um lugar singular. Para ser honesto, quando soube do workshop que iria participar, tive que procurar um mapa para aprender onde se localiza este diminuto estado, mais um dos Estados Unidos da América, a sudeste de Cuba, na região do Caribe. Conta a história que no final do século XIX Porto Rico se tornou independente da Espanha e por conta da proximidade, desenvolveu uma estreita relação com a terra do tio Sam. Isso até que em 1952 por vontade própria e interesse americano (Cuba comunista ali do lado!) tornou-se mais um dos estados da federação, sendo tão “USA” como Califórnia ou Texas. Mas não é bem isso que observei. As únicas pessoas que ouvi falando em inglês foram os funcionários do hotel, que ao verem que era brasileiro, comutaram instantaneamente para espanhol suas simpáticas explicações. As pessoas na ilha se dividem entre os que adoram ser americanos, outros que têm idéias separatistas e outros que não concordam com nenhum dos grupos anteriores! Para ajudá-los a entender, imagine uma metrópole brasileira, com seus atrativos naturais (a ilha é deslumbrante com paisagens belíssimas), um trânsito caótico (existem um carro para cada dois habitantes na ilha), muitas manifestações de pobreza e ao mesmo tempo a opulência e o tecnicismo norte americano. Isso tudo misturado é uma boa descrição de San Juan a capital de Porto Rico.
Paisagem típica de Porto Rico
A HP se instalou na ilha no começo dos anos 80, assim como muitas outras empresas por conta de incentivos fiscais criados pelo governo americano, que foram diminuindo ao longo das décadas, até que no final de 2005 estes benefícios foram extintos. A HP tem uma fábrica e um centro de pesquisa e desenvolvimento formidável aqui. Atualmente [b]mais de 180 produtos[/b] são manufaturados em Aguadilla entre servidores, storages, desktops, impressoras, cartuchos, etc. Há outras fábricas de cartuchos da HP espalhadas pelo mundo, mas cada uma delas produz modelos diferentes. Se por acaso você tem uma impressora que utiliza os conhecidos cartuchos HP 56, 57 ou 58, pode ter certeza que seus cartuchos são caribenhos.
O preâmbulo desta coluna ficou grande, mas precisava situar para os leitores o contexto desta coluna. Indo agora direto ao aspecto mais tecnológico, fiquei muito impressionado com o que vi aqui. Impressoras não costumam cativar muito a atenção do leitor do ForumPCs, que estão mais ligado nos processadores, memórias, placas de vídeo, softwares, etc. Mas reconheço que aprendi muito em relação ao assunto.Como estive há um ano e meio fazendo visita semelhante nas instalações da Lexmark, relatado na coluna Um só cartucho,uma parte de meu desconhecimento em relação ao assunto foi eliminado pela Lexmark e outra boa parte agora pela HP.
A lição que já fora aprendida antes é a da importância do uso dos cartuchos originais. Sim, claro, isso é de interesse dos fabricantes, EPSON, HP, LEXMARK, etc., mas há fundamentos sólidos nos argumentos a favor dos cartuchos originais. Vou ilustrar isso de forma visual. Participei de um experimento que envolvia tintas de diferentes origens - HP e genéricas. Veja a primeira foto abaixo.
O que se vê é um recipiente no qual existe uma tinta amarela (parece alaranjada por causa da concentração). Esta tinta amarela é de fabricação da HP. Há dois pingos pretos nesta tinta. O menor foi feito também com tinta HP. O outro, bem maior, foi um pingo igual, mas feito com tinta genérica. Depois que fiz esta foto o pingo grande continuava a crescer e quase se juntou ao pingo menor que permaneceu estável e pequeno. É assim que a tinta deve ser comportar ao chegar ao papel ou ao se misturar com outras tintas, ou seja, estável. Deve cair e se estabilizar. Observe agora a foto abaixo, a seqüência da experiência.
Dispersão da tinta "genérica"
Agora a tinta amarela é genérica e cada um dos pingos pretos foi feito com tinta genérica e HP. O pingo com a tinta HP se expandiu mais que na experiência anterior, mas depois estabilizou. A combinação do amarelo genérico com preto genérico gerou um borrão preto que não parou de se expandir até que tomou todo o recipiente. Eu chamaria de combinação explosiva! Claro que no papel os efeitos não são assim tão dramáticos, pois devido à porosidade do mesmo a tinta acaba secando e não gera borrões assim grotescos, mas a diferença entre a tecnologia por trás de cada uma dessas amostras para mim é inquestionável.
Comprovando a autenticidade do experimento
Esta é uma realidade mundial, mesmo nos EUA, no qual cartuchos “remanufaturados” (são cartuchos originais preenchidos com outras tintas), chamados por eles de “remans”, são vendidos a baixo custo (ou recarregados por menos de US$ 5) enquanto um cartucho original (que contém uma cabeça de impressão novinha e tinta de qualidade) custa entre sete e oito vezes mais (cartucho colorido). A HP argumenta que os usuários deveriam comparar em igualdade de condições. Isso significa que o número de páginas impressas, uniformidade da qualidade de impressão, durabilidade do documento impresso (retenção da tinta no papel), etc. não são os mesmos.
Curiosamente os cartuchos são chamados pelos funcionários da HP de Porto Rico de “Las Plumas”. Isso se deve ao fato de no início da operação desta fábrica de Aguadilla (anos 80), terem sido fabricados os componentes para os plotters. Por conta disso, os cartuchos foram batizados de Plumas pela semelhança funcional com seus antigos pares.
A tecnologia eletrônica do cartucho eu já tinha assimilado na ocasião da visita ao outro fabricante. Mas destaco que a complexidade é similar à construção de um processador (como por exemplo, Intel ou AMD), com um agravante. Além de o silício ter que desempenhar o processamento dos sinais e computar as aberturas microscópicas das cabeças de impressão (que é o próprio chip), ainda flui tinta no interior deste ”chip molhado”!! Isso explica a foto abaixo. Não é a toa que se parece com uma foto tradicional de fabricante de processadores, sala limpa, funcionários com roupas de proteção, etc.
Sala onde são manipulados os waffers para fabricação dos chips do cartucho
Pode-se dizer que os cartuchos nascem aqui. Para depois serem montados nas estruturas plásticas, preenchidos com tinta e despachados. No final da linha de produção automatizada cada cartucho é testado individualmente. No preço final o componente eletrônico e a tinta representam cerca de 35% a 40% cada um e os restantes 30% ficam por conta da estrutura plástica em si, montagem, custo do projeto etc. A HP não divulga a capacidade de produção da fábrica por julgar ser informação sensível e estratégica.
A HP não se considera fabricante de impressoras ou cartuchos ou mídias para impressão. Ele se considera fornecedora de Sistemas de impressão, que na verdade é um tripé com todos estes elementos. O máximo desempenho só é atingido quando todos os fatores interagem entre si, a impressora com o papel correto, com a tinta correta e a cabeça de impressão correta.
O sistema de impressão no conceito da HP – uma solução integrada
Preciso destacar que as tintas da HP utilizadas no experimento retratado anteriormente, pertencem a uma nova geração de tintas que a HP já está fabricando e entregando para o mercado. Esta nova geração recebeu até um nome diferenciado (VIVERA) por causa de suas características especiais no aspecto durabilidade. Esta tinta em conjunto com os papéis fotográficos especiais pode alcançar durabilidade de 105 anos ou mais. Mas isso é assunto que detalharei futuramente.
É provável que haja entre os usuários do ForumPCs vários usuários de impressoras HP e também de outros fabricantes. Gostaria de abrir e estimular o debate em relação às experiências que tiveram ao usar componentes genéricos ou componentes originais em seus sistemas de impressão. Haverá argumentações interessantes de todos os lados, estou certo disso. Aguardo colaborações.
Em uma próxima coluna, ainda fruto desta experiência com a HP, irei detalhar mais a tecnologia das impressoras laser coloridas, bem como a diversidade de mídias para impressão e como elas influenciam o resultado final dos trabalhos de impressão.
PS : este texto foi originalmente publicado como "No es solamente tinta" na minha sessão de colunas no portal FORUMPCS
PS : este texto foi originalmente publicado como "No es solamente tinta" na minha sessão de colunas no portal FORUMPCS
Excelente Post Flávio, o grande problema é que muitas vezes as pessoas caem na ilusão de que as tintas utilizadas pelos remanufaturadores são iguais às das empresas. Eu só compro cartuchos originais e realmente posso constatar que os cartuchos remanufaturados são baratos mas apresentam borrões nas impressões e em algumas oportunidades chegam a "explodir" na impressora.
ResponderExcluirXandó, parabéns pelo artigo!
ResponderExcluirEu muitas vezes utilizei os cartuchos genéricos, sempre visando baixar os custos, porém é fato que estes genéricos perdem em qualidade e muitas vezes a relação custo/benefício não compensa. Por isto, voltei a utilizar somente cartuchos originais.
Grande Abraço.
Jorge Toledo
Caro "Outras Frequencias" obrigado por seu comentário. Cada um tem suas experiências e histórias e seu testemunho foi bem legal. Eu também só uso originais até porque meu volume de impressão é baixo e não vale a pena arriscar. Abraços
ResponderExcluirGraaaaaaaaande Jorge!! Que legal ter seu comentário por aqui. E me parece que sua experiência é parecida com a minha. Já vi cada "traquitana" para aproveitar tinta/cartucho... Umas até interessante. Mas o que vi nesta visita que citei no texto me fez perceber o que disse no título, que não é apenas tinta... Grande abraço
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