sexta-feira, 4 de março de 2011

E tinha um parafuso no meio do caminho

Este caso remete a uma história antiga, da década de noventa, mas coisas parecidas, na minha visão, ainda ocorrem até hoje!! Por isso resgato o caso e convido à reflexão!!

No começo de minha carreira profissional trabalhei durante certo tempo com comunicação micro-mainframe , que me fez aproximar também deste outro mundo que são estas máquinas de milhões de dólares. Nesta época toda e qualquer ampliação de plataforma era um acontecimento, pois sempre exigia grandes investimentos e um grande planejamento.O tal mainframe era usado por muitas centenas de usuários, em épocas de pico por mais de mil, quase dois mil com certeza. O problema era um dos conjuntos de discos utilizados, que estava chegando perto de sua capacidade máxima.

Quando eu falo disco não pense no HD se seu PC, pequeno, discreto e eficaz. Pense em um pequeno armário com mais ou menos 130 cm de altura, 90 cm de largura e uns 50 cm de profundidade. Este tal disco tinha a astronômica capacidade de 4 Gigabytes. Para a época era astronômica mesmo pois os PCs ainda eram PCs XTs e os mais afortunados tinham entre 20 Mbytes e 40 Mbytes. Incrível!!


Exemplo de Mainframe dos anos 90

Tinha sido contratada da IBM a ampliação do tal “disk pack”. Um belo dia o responsável pela operação me perguntou “vem o pessoal da IBM aí para trocar o disk-pack, você quer ir ver para conhecer?”. Garotão de tudo e ávido por conhecer coisas novas não me fiz de rogado e aceitei prontamente o convite.Mas minha supresa começou quando o “pessoal” da IBM chegou. Era um técnico, impecavelmente vestido com o tradicional terno azul (era marca registrada da IBM na época) com uma valise tipo 007. Mas cadê o disco novo????

O técnico, de forma muito educada, respondeu “conforme contratado estou aqui para realizar a troca de capacidade do disco”. Isso me deixou ainda mais encafifado! Seguindo seu trabalho o técnico retirou uma tampa situada na parte superior do “armário” (disk-pack) e em seguida abriu sua valise tipo 007 e retirou uma longa chave de fenda (ou seria uma chave de boca de meia polegada ?) e de maneira firme e determinada encaixou-a em algo que parecia a ponta de um parafuso. Após algumas dezenas de voltas ele retirou um longo parafuso, de uns 30 cm mais ou menos e no local onde este estava colocou um parafuso bem pequeno, como se fosse só para tampar aquele buraco. Fechou a porta do compartimento e disse “pronto”.

Como pronto!!!??? Pasmem! O tal sofisticado disk-pack instalado, que custava algumas dezenas de milhares de dólares,tinha capacidade de 8 Gigabytes, mas um longo parafuso, que funcionava de fato como um limitador mecânico de curso para as cabeças de leitura do disco, limitava o acesso somente até uma parte dos “pratos” magnéticos do sistema de discos. Retirado o parafuso, as cabeças de leitura podiam agora acessar toda a superfície disponível e, por conseguinte, usar todos os 8 Gigabytes!! “Pronto, agora só mandar o sistema operacional alocar a nova área livre”.

Alguns podem achar uma solução brilhante e criativa, outros podem achar de ética duvidosa. Era mais barato para a IBM instalar os discos já com a capacidade grande e cobrar do cliente só pelos 4 Gigabytes usados. No dia que quisesse a ampliação o custo dessa ampliação era virtualmente zero e o cliente passaria a pagar pelo espaço total.

Mas não era só a IBM que tinha idéias “criativas” assim.Episódio semelhante, mas protagonizado pela Intel na época do saudoso (??!!) processador 486. Para baratear o produto 486 que fora recém lançado, a Intel criou uma versão mais simples, com menos memória cachê e clock mais baixo. Inventou uma motherboard que tinha, além do soquete para o processador, um soquete extra para um tal “Overdrive Processor”. Seria um segundo processador que supostamente somaria forças com o processador existente no dia que o usuário resolvesse que precisaria de mais força em seu PC. Mas  este segundo processador especial, o tal “Overdrive” era na verdade um 486 comum, aquele mais caro, com mais cachê e clock maior, travestido por razões de marketing de uma aparência diferenciada, mas que ao ser plugado nesta placa mãe “especial” fazia somente desabilitar o 486 mais simples pré existente e este novo assumia completamente o controle do outro que provavelmente até frio ficava (se não ficava frio ficava com certeza na ociosidade 100% do tempo).

Nos dias atuais convivemos com processadores com múltiplos núcleos, 2, 3,4, 6... Sabemos que alguns destes têm núcleos desativados para serem vendidos mais baratos. Tanto INTEL como AMD fazem isso.

Isso barateia o processo pois existe apenas uma linha de produção. Assim quem compra o processador de 3 núcleos tem na verdade consigo um de quatro. Não sei se isso ocorre entre os processadores de 4 ou 6 núcleos.

A dúvida, ou mesmo pergunta que faço, é se você considera corretas estas abordagens de marketing afetando a suposta utilidade técnica dos produtos? Seria correto ou algum tipo de “grupo”?


PS: este texto foi originalmente publicado por mim como uma coluna no site FORUMPCS

quinta-feira, 3 de março de 2011

PCWARE FLAME X58 e Core i7 Extreme 980X uma dupla e tanto!!

Muito tem se falado nestes dias da nova geração de processadores e placas da Intel, a afamada geração SandyBridge. Eu mesmo recentemente testei um excelente conjunto (placa mais processador) desta nova geração. Mas é uma grande tolice pensar que a geração anterior perde sua graça ou o seu brilho. MUITO PELO CONTRÁRIO!! E não falo isso por causa do famigerado problema do chipset série 6 dos SandyBridge recentemente descoberto. Não. Falo pela qualidade técnica da solução ainda primorosa desta geração.

A DIGITRON me enviou para testes uma dupla “infernal” (no bom sentido, é claro). Placa mãe PCWARE FLAME X58 Extreme e o processador Intel Core i7 980X Extreme Edition. A propósito esta combinação é perfeita, pois esta placa tem como sua maior virtude para os entusiastas a possibilidade de fazer overclock com o Core i7 Extreme Edition. Não vou explorar este lado desta placa, pois deixo esta função para os especialistas desta nobre arte do overclock. Possivelmente eu não chegaria ao limite com esta dupla. Sendo assim vou explorar esta placa na sua forma “convencional” e não por isso de forma menos intensa. Castiguei a FLAME X58 e também a comparei com a geração Sandy Bridge. Mais detalhes abaixo.



A FLAME X58 trata-se de uma placa completa, com acabamento refinado. É direcionada para o público que tem grau de exigência diferenciado. Traz recursos só encontrados em placas “high end”, soluções avançadas do tipo : capacitores sólidos (maior durabilidade), sistemas de refrigeração das placa e do chipset super dimensionados, botões na própria placa para ligá-la (não precisa ficar descobrindo qual jumper usar para ligar a placa), botão de reset também onboard, bem como forma de ressetar configurações da BIOS (caso de overclock mal sucedido que exija voltar um passo atrás). Também dispõe de acesso à memória em TRIPLE CHANNEL, a forma mais eficiente para o processador recuperar os dados de forma ainda mais rápida. Por fim não poderia deixar de existir na FLAME X58 suporte a CROSSFIRE e SLI com duas conexões PCI-express.


Detalhe dos botões de ligar e reset na própria placa mãe


Especificações técnicas detalhadas
·         Chipset            : Northbridge: Intel® X58 Express, Southbridge: Intel® ICH10R
·         Bus do Sistema :Até 6.4GT/s
·         Formato / Dimensões : Formato ATX (305x269)mm
·         Suporte a processadores Intel® Core i7 e Core i7 Extreme soquete LGA1366
·         Memória : 3 soquetes (Suporta até 12GB de memória)
o   memória DDR3 Triple Channel 1066/1333/1600
o   Memória em overclock : OC*/1800 OC*/ 2000 OC*MHz
·         Slots de expansão
o   2 x slots PCIe x16 (2.0)
o   1 x slot PCIe x1 (2.0)
o   1 x slot PCIe x4 (2.0)
o   2x slots PCI (32-bits)
·         Rede Integrada Gigabit Realtek® RTL8111C DUAL (dois conectores)
·         Áudio Integrado de Alta Definição Realtek® ALC888 de 7.1 canais
·         Painel Traseiro
o   1 Porta PS/2 para teclado
o   1 porta SPDIF fibra ótica
o   2 portas eSATA II (SATA Externo)
o   8 portas USB 2.0
o   2 conectores RJ45
o   6 conectores de áudio


A FLAME X58 disponibiliza ao usuário velocidade de transferência dos dados de até 3Gb/s, por meio das 6 portas SATA II e a utilização de duas placas de vídeo simultaneamente possibilitando ao usuário desempenho extrair o máximo em programas com gráficos 3D.

Para suportar a demanda por mais potência e distribuição correta da carga em cada fase do circuito regulador, o modelo foi dimensionado com a utilização de capacitores sólidos e ferrite choke, além de uma solução térmica para resfriamento por meio de “heat pipes”. O heat pipe e os dissipadores fazem parte de um sistema de resfriamento entre os chipsets principais da motherboard e o circuito regulador de tensão. Sua construção interna é feita de tubo de cobre que contém internamente um líquido, que por meio do processo de evaporação e condensação, transferem calor de um ponto a outro, refrigerando os componentes críticos, o que torna o sistema muito mais confiável.

Para aplicações onde é exigida alta capacidade de gerenciamento de vídeo, o modelo possibilita a utilização de duas placas de vídeo simultaneamente, através da montagem em ATI Crossfire ou Nvidia SLI. Dispõe de rede integrada Intel de 10/100/1000 Mb/s e é compatível com os processadores Intel® LGA1366 Core i7 e Core i7 Extreme Edition. Um dos grandes diferenciais da FLAME é a possibilidade de overclocking do Corei7 versão Extreme Edition, tornando a placa uma excelente opção para o mercado de entusiastas, inclusive tendo sido usada por alguns especialistas em competições para quebra de recordes.






E OS TESTES??

Por mais cruel que pareça fiz a comparação “para cima”. Analisei esta placa comparando-a com a geração mais nova da INTEL, processador e chipset. CLARO que se esperariam resultados sensivelmente melhores da geração nova. Isso aconteceu, mas em alguns casos, alguns testes por uma margem não tão grande assim ou até muito próxima e casos nos quais a plataforma X58 foi mais rápida!!

DESEMPENHO DE VÍDEO : foram usados os programas 3DMARK03, 3DMARK VANTAGE E 3DMARK11. Não eram esperadas diferenças muito significativas uma vez que a placa de vídeo é o componente mais relevante neste teste e nos dois casos foi usada uma AMD RADEON 6950. Nestes testes números MAIORES indicam melhores resultados.







DVDSHRINK : clássico teste de compressão de vídeo, codificação de DVD. Neste teste, que usa apenas um núcleo do processador, a frequência maior do processador e TurboBoost mais aprimorado trouxe uma considerável vantagem para a nova plataforma. Em nenhum outro teste se repetiu vantagem assim tão pronunciada. Neste teste números MENORES indicam melhor resultado.




TESTES COMPOSTOS : foram usados os programas PASSMARK e PCMARK VANTAGE que analisam diversos aspectos do PC e criam índices combinados que refletem esta “cesta de avaliações”. O PACMARK VANTAGE tem um foco maior em operações de multimídia e por isso mesmo a plataforma mais nova saiu-se melhor. Mas no PASSMARK as diferenças são pequenas.





TESTES MATEMÁTICOS : foram usados os programas SIS SANDRA, SUPERPI e WPRIME. O Core i7 X980 da plataforma X58 por dispor de 6 núcleos sem hyperthreading foi mais eficiente que o Core i7 2600K Sandy Bridge que tem 4 núcleos com hyperthreading (8 filas de execução tarefas). Salvo no clássico teste SUPERPI que ainda usa apenas um dos núcleos do processador e isso acabou por transformar este teste em um embate de diferentes gerações do recurso TurboBoost do Core i7, com ganho para a plataforma Sandy Bridge. Nestes testes números MENORES indicam melhores resultados menos no SIS SANDRA que números maiores indicam melhor resultado.









CONCLUSÃO

A DIGITRON ao trazer para o Brasil a placa PCWARE FLAME X58 aproveitou-se muito bem de uma oportunidade de mercado. Seu lançamento no Brasil em meados de fevereiro de 2011, quando já havia sido lançada a plataforma Sandy Bridge pode parecer estranho. Mas esta placa extremamente sofisticada, de refinada engenharia e usada inclusive em campeonatos de overclock mundo afora ganhou nova vida no nosso país. Pois se antes tinha um preço que tornava seu mercado muito restrito, agora ainda não sendo uma placa barata, entrega uma qualidade excepcional para o mercado de “gamers” e entusiastas de forma mais acessível.

No meio do caminho a plataforma Sandy Bridge teve seu tropeço técnico, o problema de desempenho dos dispositivos SATA. Este caso já está em processo de solução, mas a X58 é robusta e bem testada. Os testes que fiz mostram que há pequenas diferenças em alguns segmentos, mas não tão longe assim como se poderia supor. Em casos isolados como codificação de vídeo a X58 ficou bem atrás da nova geração, mas em processamento matemático, usado muito em jogos, por exemplo,  ela brilha intensamente. O aspecto de desempenho do sistema de vídeo, como depende muito mais da placa do que do processador, os resultados configuram um empate técnico.

Desta forma eu destaco as virtudes técnicas da plataforma Sandy Bridge, a qual recentemente eu testei e publiquei um texto a respeito. Mas a plataforma incorporada na placa DIGITRON PCWARE FLAME X58 é robusta, estável e entrega um nível de desempenho diferenciado, por um preço interessante. Em busca informal pela Internet achei lojistas comercializando a placa por valores entre R$ 580 e R$ 640. O preço oficial sugerido pela DIGITRON é de R$ 600. Lembro ainda que a FLAME X58 é preparada para trabalhar em overclock, inclusive situações extremas, a ponto desta placa ter sido usada em competições de overclock mundo afora no ano passado pela sua robustez e qualidade de componentes.

É mais uma lição que se aprende, neste mundo tecnológico, onde tudo muda muito rápido. Não é porque surge uma nova plataforma que a anterior perde o seu brilho. Neste caso muito pelo contrário, pois o custo benefício da solução e a qualidade dos resultados que podem ser obtidos ainda valem muito a pena.


GALERIA DE IMAGENS











quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A DIGNA resposta do BALÃO DA INFORMÁTICA

No dia 22/02/2011 Fabrizio Marchese  diretor comercial do site BALÃO DA INFORMÁTICA entrou em contato comigo. Ligou em minha casa a minha procura. Em seguida me mandou um e-mail no qual explica o que aconteceu. O incidente com o SAC do BALÃO foi péssimo, mas na hora que o problema “escalou dentro da empresa” (como falou o Fabrizio) eles foram atrás, descobriram o que houve e me procuraram. Atitude MUITO DIGNA e correta, desculpando-se pelo mau atendimento e até agradecendo pelo alerta.

Aliás não falaram NADA sobre o teor do texto no site. Eu que tive a iniciativa de fazer chegar aos leitores o final da história com o mesmo destaque que tivera o caso original. Segue abaixo na íntegra o e-mail do BALÃO.

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Prezado Flavio,

Em nome do Balão da Informática venho colocar nossas desculpas pelo atendimento negativo e equivocado realizado pela atendente do departamento de pós vendas, Srta. Franciele da Silva Ferreira, decorrente de seu pedido de compra n.º 893322.

Informamos que em momento algum houve divergência de dados cadastrais ou não autorização de venda comunicada pela operadora de seu cartão de crédito.

O que de fato ocorreu, é que no momento de envio dos dados de sua compra para a operadora do cartão, a transação foi recebida pela operadora, mas não houve o retorno da informação do sistema da operadora para nossa plataforma. Esse erro é raro, mas por vezes ocorre, principalmente quando as operações acontecem em momento de alto tráfego na rede.

A atendente, equivocadamente, entendeu o não retorno da informação, como uma negativa de autorização de venda da empresa responsável pelo controle de risco das operações realizadas na internet via cartão de crédito.

O posicionamento correto da atendente deveria ter sido a simples explicação do acontecimento, tranqüilizando o cliente sobre o fato de que a transação não havia sido concluída e solicitando ao mesmo que realizasse novamente o pagamento.

O erro da atendente se perpetuou, visto a insistência nas respostas inconsistentes aos chamados abertos pelo cliente, e por não ter tratado o caso como situação passível de orientação da supervisão de atendimento.

No momento em que tomamos conhecimento do ocorrido, nos reunimos com todo departamento de atendimento ao cliente (pós vendas), abordamos especificamente o caso, dirimimos as eventuais dúvidas sobre a situação e procuramos orientar os atendentes sobre a interpretação correta do sistema e principalmente a análise detalhista do que está sendo solicitado no chamado.

O Balão da Informática está há 17 anos no mercado de venda e distribuição de produtos de informática e eletrônicos, atendendo centenas de clientes todos os dias nas unidades de lojas físicas e através de nosso e-commerce, e temos a consciência de que tudo isso só é possível por que há séria determinação dentro de nossos ideais de trabalho, de que nossos clientes merecem o melhor, e devem ser atendidos com zelo, honestidade e presteza.

A área de atendimento ao cliente vem recebendo mês após mês,  sérios investimentos em treinamento, aperfeiçoamento de ferramentas de comunicação e ampliação de canais de atendimento, e índices importantes de aferição de qualidade estão estabelecidos como metas claras de trabalho para o departamento, e fica aqui registrada a não concordância dessa Direção com o atendimento que lhe foi prestado.

Seguem nossas sinceras desculpas pelo transtorno causado, esperamos que as explicações por telefone e agora formalizadas por esse documento possam ter sido satisfatórias, agradecemos o alerta que nos foi transmitido através da publicação do texto no blog, e esperamos de todo coração poder servi-lo com maior dedicação e eficiência em próxima oportunidade.

O desejo do Balão da Informática jamais foi o de ser reconhecido como simples empresa de vendas, mas sim como uma organização parceira e próxima de seus clientes, procurando servir e ser útil em suas necessidades e solicitações.

Atenciosamente,

Fabrizio Marchese - Direção Comercial


sábado, 19 de fevereiro de 2011

Demolindo um computador com uma linha!


Estamos sempre falando sobre a evolução do hardware e a evolução do software. Tudo leva a crer que o ritmo de desenvolvimento do software não tem sido suficiente, ou seja, os desenvolvedores não são tão caprichosos atualmente como poderiam. Isso me fez lembrar um episódio muito interessante que aconteceu há anos atrás que ajuda a ilustrar este ponto de vista de forma surpreendente.

No começinho de década de 90 eu trabalhava na Proceda, uma empresa que era “bureau” de serviços de informática do grupo Bunge Y Born e que também vendia serviços de processamento de dados baseado em mainframe para outras empresas do mercado. A Proceda tinha uma área de processamento de contas de fundo de garantia, usando programas que já vinham sendo usados desde a década de 60!!! Nessa época a empresa tinha um mainframe que era o “supra-sumo” da época, um IBM 3090 com 6 módulos processadores atendendo cerca de 6000 terminais (locais e remotos). Na ocasião só a Petrobrás e Embraer tinham mainframes mais potentes no Brasil. Além disso havia um ambiente de desenvolvimento, totalmente separado usando um ambiente muito mais modesto, embora ainda muito custoso. Tudo no mundo dos mainframes custa milhões de dólares!
(foto ilustrativa-IBM 3090 modelo mais simples)

Definido o cenário, preciso explicar o que fazia eu nesse contexto. Eu me desenvolvi desde o começo de minha carreira profissional na área de microcomputadores. Mas como tinha desenvolvido um projeto de comunicação micro-mainframe eu tive um ponto de intersecção com este outro mundo da informática. Como os custos relacionados a mainframe são muito altos, a empresa apostou em um projeto que eu tive a felicidade de iniciar, que era a implantação de um ambiente de desenvolvimento para mainframe baseado em rede local de microcomputadores. Havia uma simulação de CICS, CMS, IMS e tantas outras engenhocas de mainframe de forma a baratear e agilizar os custos de operação. Para vocês terem uma idéia, os programadores da época economizavam compilações de programa, pois sabiam que usavam preciosos ciclos de CPU a cada rodada. Se o programa funcionava o custo de fazer os testes, mesmo no ambiente de desenvolvimento (no mainframe) eram também elevados. Por isso fazia total sentido trazer para a rede de PCs o trabalho de desenvolvimento. Compilações e testes ilimitados a custo zero ou quase zero se comparado com o mesmo trabalho feito no mainframe.

Isso define bem o que fazia eu neste processo. Voltando ao assunto, existia um tal processamento de contas de fundo de garantia que era muito pesado. Toda vez que entrava consumia cerca de 0,25% de CPU do sistema. Não se esqueça que era uma HIPER máquina com 6 módulos de processamento só pior que o mainframe das duas estatais citadas anteriormente. Um belo dia a Proceda herdou de um outro bureau o processamento das contas de fundo de garantia do extinto banco Comind, que falira há alguns anos. Outros lotes de processamento de outras origens eram muito mais pesadas e já era tratadas pelo tal programa. Iria ser fácil engolir mais esses milhares de contas.

Para surpresa geral, na primeira vez que as novas contas foram agregadas para o processamento (vários milhares frente quase um milhão que já eram processadas) a CPU “entrou em parafuso”!!! Quase 40% de uso uma CPU gigante como aquela era assombroso!!! Afinal o que acontecera???
A área de análise e programação não conseguia descobrir. Eles estavam muito céticos frente àquela rede local ser utilizada para desenvolvimento. Falando em bom português eu sentia que apesar deles virem a ter um grande aumento na qualidade de seu trabalho no ambiente da rede local, eles se sentiam sendo “diminuídos” deixando de usar aqueles terminais 3270 ligados à “mamãe IBM”.

Nessa hora eles de forma muito “perspicaz” (para não dizer sacana), falaram que se aquela engenhoca era tão boa, nós seríamos capazes de achar o problema. Ou seja, como não conseguiram resolver o assunto, passaram a “batata quente” para frente. Se desse certo o trabalho teria seria feito em benefício deles. Se desse errado serviria de pretexto para falar mal da solução. Situação ingrata fomos colocados.

O que eles não sabiam que “apesar” de rodar em microcomputador, aquela solução já dispunha de recursos inimagináveis para os desenvolvedores de mainframe. Só para citar dois recursos, os famosos “breakpoint” e “profiler” foram suficientes para achar o problema. O profiler é um recurso que “mapea” o consumo de recursos por trechos do programa. Conseguimos uma massa de testes de 1% do tamanho original, suficiente para investigar o nefasto fenômeno. Localizado o trecho “vilão”, usamos o recurso de breakpoint para fazer interromper o programa e executar passo a passo olhando o código fonte do programa. Arrisco-me a dizer que nem hoje, quase 15 anos depois, existem estes recursos para desenvolvimento em mainframe. Indo direto ao ponto, achamos o problema, a despeito da torcida contra. Vou explicar o que aconteceu.

O programa original, feito em 1965, e alterado por uma ou duas dezenas de pessoas ao longo do tempo, previa uma tabela para processamento de lançamentos de exceções. Esta tabela era relativamente pequena, com alguns poucos milhares de registros. Em uma manutenção feita em 1976 um brilhante programador resolveu acessar os dados dessa tabela em uma outra ordem e por isso incluiu um comando de ordenação dessa tabela. Até aí nada de mais, certo? Quase. Ele na pressa de fazer o seu trabalho incluiu UMA ÚNICA LINHA NO PROGRAMA, este comando de ordenação, dentro de um loop de processamento principal. Assim a cada registro processado essa tabela auxiliar era novamente ordenada. Apesar desse erro conceitual a catástrofe ainda não tinha sido estabelecida, pois como disse essa tabela auxiliar era pequena. Quando a Proceda herdou o processamento do finado Comind, no processo de migração de dados por algum motivo obscuro, alguém decidiu “para separar bem as coisas”, usar a tal tabela de lançamentos de exceções para este fim. Esta tabela subiu de 5 mil registros para 125 milhões de um dia para outro!!!! Imagine essa tabela imensa sendo ordenada cerca de 200 milhões de vezes. Achado o “absurdo”, deslocamos o comando de ordenação para ser executado fora do loop principal.

Para resumir o final da história o programa original teve feita a mudança recomendada pela minha equipe e de o uso do mainframe caiu 40%, para 0,12% apenas por esta simples mudança!!! Menos que o consumo de CPU pré Comind. Mas nada valeu mais a pena que ver a expressão incrédula da equipe que era responsável por este sistema, que tinham certeza que não conseguiríamos, ao ver o resultado da empreitada.

Alguns meses depois eu saí da empresa e soube que motivos políticos fizeram inviabilizar aquele belo projeto. Como não estava mais lá, não cabe a mim julgar se a decisão foi certa ou errada. A experiência foi muito rica e a lição aprendida foi grande. Mas em sua opinião o problema foi causado por um problema de projeto ou mau uso do sistema?


PS : este texto foi originalmente publicado por mim na sessão de colunas no site FORUMPCs com o título "E a base de dados cresceu!!"

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Levei um BALÃO do site BALÃO DA INFORMÁTICA

Todos nós, usuários de computador precisamos vez por outra comprar alguns equipamentos ou componentes de informática. Ora compramos em um lugar, ora em outro. A escolha do local depende de disponibilidade do produto necessário, prazo de entrega, bom preço e também da confiabilidade da mesma.

Eu tenho um grande conjunto de placas mãe para serem testadas e percebi que a memória DDR3 de que dispunha não era apropriada. Resolvi comprar módulos de 2 Gb. Compraria 4 módulos para ter 8 Gb, podendo assim com certa folga testar duas placas por vez. Após alguma pesquisa fiz no dia 7 de janeiro passado um pedido destas memórias no conceituado site BALÃO DA INFORMÁTICA. Era uma sexta feira de tarde. Concluí o pedido e usei para pagamento um de meus cartões de crédito o qual uso frequentemente, tanto em lojas virtuais na Internet como em estabelecimentos comerciais como posto de gasolina, supermercados, etc.

No sábado chequei o status de meu pedido e estava como “aguardando pagamento”. Eu entendo que alguns processos demandam conferências e podem demorar um pouco. Relaxei. Na 3ª feita, dia 11/01, quase 5 dias após a criação do pedido ele continuava como “aguardando pagamento”. Consegui falar com o suporte via CHAT do BALÃO e eles me disseram que houvera um problema com o pagamento.

Imaginei que poderia ter acontecido algum problema com a autorização por parte da empresa de cartão crédito. VISA ou MASTERCARD já me fizeram o favor de sem motivo algum não autorizarem uma compra pela Internet e eu ter que ligar para lá para solicitar a aprovação. Imaginando ser este o problema liguei para o suporte da VISA. Fui informado não apenas de que a compra fora autorizada, também me foi fornecido o tal número ou protocolo de autorização e fui finalmente informado que pagaria pela compra na próxima fatura. No lado do cartão de crédito estava tudo certo.

A propósito, em todo site de comércio eletrônico obter suporte é um suplício. Acesso telefônico é apenas para quem quer gastar e não para quem precisa reclamar. Depois de mais algumas tentativas consegui pelo CHAT a informação de que precisaria abrir um chamado formal e ser atendido. E foi o começo da novela...

A EPOPÉIA E O DESRESPEITO

O que aconteceu depois foi total “non sense”. Vou replicar fielmente o meu diálogo COMPLETO com o atendimento do BALÃO. Sei que será enfadonho para vocês lerem tudo e por isso mesmo segue antes de cada trecho,  dos bizarros diálogos, um resumo do ocorrido. Os mais curiosos ou interessados poderão ler na íntegra o dantesco colóquio.

Expliquei o caso, pedido feito e recusado pela sessão financeira. Expliquei que a VISA tinha autorizado o pagamento e que seria debitado. Por que não fora aceito meu pedido?

A resposta foi que não basta o cartão de crédito autorizar. Eles têm seus próprios controles e conferências e o BALÃO não tinha aprovado minha compra.



Retruquei perguntando então qual fora o motivo da não aprovação de minha compra por parte do site BALÃO. Ainda preciso do produto comprado!! Não tive resposta e perguntei de novo no dia seguinte inclusive citando que já utilizara este cartão em diversas outras compras.

Já estamos no dia 17, dez dias após o pedido ter sido feito. E a resposta foi ABSURDA. Disseram que o processo de autorização é SIGILOSO e que eles não poderiam me explicar o porquê da não aprovação por parte do site BALÃO. Segundo eles fora cancelado/estornado o valor na administradora do cartão VISA.



Eu discordei e retruquei educadamente que precisava saber o REAL MOTIVO da não aprovação. Citei inclusive que o referido cartão era usado no sistema PAYPAL, super eficiente e seguro sem problema algum. Sugeri que eu estava sendo convidado a não mais ser cliente do BALÃO uma vez que minhas compras não eram aceitas.

No dia 20/01 (quase duas semanas após ter feito o pedido) recebi a resposta mais sem sentido possível  : “no dia 17/01 apresentamos ao senhor as todas as explicações para a questão apresentada”. PÁRA COM ISSO!! Eles disseram que não iam me dizer o motivo da recusa e chamam isso de EXPLICAÇÕES!?!?!?!?!? Que brincadeira é esta?? Eles fingem que leem minha reclamação e respondem com um COPIA E COLA padrão e sem sentido!!!!




Obviamente eu DISCORDEI da explicação “non sense” e questionei novamente que precisava saber do MOTIVO do BALÃO ter recusado a minha compra, uma vez que a VISA tinha autorizado. Eu confesso que a partir deste momento eu comecei a ficar “mal intencionado”. Eu meio que percebi que eu seria tratado como idiota, como aquele boi inútil no meio de uma boiada e resolvi INSISTIR até que algo acontecesse.

A mesma INEPTA Franciele se recusou a fornecer a informação e tentou me enrolar dizendo que as informações trocadas com a administradora do cartão são sigilosas e que a VISA não revela o motivo da recusa. MAS QUEM RECUSOU NÃO FOI A VISA E SIM O BALÃO!!! A VISA me deu até o número de autorização!!

Comentei que essa postura era inaceitável. A loja ou site é ótimo, tinha boa variedade de produtos, preços competitivos, mas que não me restaria nada a fazer que não fosse fazer divulgar onde eu pudesse esta história macabra e bizarra! 




A resposta deles enviada no dia 27/01  foi algo assim (está abaixo para quem quiser conferir). Apesar de já termos explicado (explicado o quê??), como o senhor insiste, vamos ligar para o senhor para maiores explicações.

Antes deles ligarem fui checar o pedido no site. O pedido tinha sido APAGADO!!!! Não existia mais!!!! Eles ligaram para minha, mas eu não estava. Minha esposa me ligou e eu disse que não havia mais pedido e que o que eu queria saber era o motivo da não aprovação do pedido pelo BALÃO uma vez que a VISA tinha aprovado. Disseram que se estava então tudo OK, se o pedido não estava mais pendente não tinha mais o que fazer. EU ESPUMEI de raiva quando soube!!

Ainda pelo sistema de chamados eles me disseram que como já tinha recebido a informação que eu deveria ENCERRAR o chamado no site.


Expliquei que já tinha obtido as memórias por outro meio, não precisava mais. Mas ainda INSISTIA em saber o PORQUÊ da recusa de meu pedido!!!! Fiz isso no dia 31/01. Já se passara 24 dias do pedido ter sido feito.





No dia 02/02 mais uma vez disseram que por minha insistência alguém iria me ligar para maiores explicações. NINGUÉM LIGOU nesta segunda vez.

No dia 5/02, mesmo sem ninguém ter me ligado pediram para que eu finalizasse o chamado no site.

No dia 07/02, um mês exato da confecção do pedido eu os respondi dizendo que ninguém havia me ligado e que eu ainda queria saber o motivo da recusa de minha compra. Estou escrevendo este texto no dia 13/02 e até hoje não tive mais notícias. É o que mostra o último conjunto de telas mostrado abaixo.







CONCLUSÃO

Não há conclusão!! Eles não trataram seu cliente com o devido respeito!! Se aconteceu algum procedimento indevido, um erro operacional, tudo bem. Isso acontece!! Mas apesar da VISA ter autorizado a minha compra, algum erro interno aconteceu que o BALÃO não autorizou!!! E depois me dizem que o motivo da recusa é SIGILOSO?!?!?!? Se eu quisesse comprar de novo neste site, que segurança eu teria de minha compra não ser arbitrariamente recusada de novo pelo BALÃO de novo?? E no meio do caminho a solução encontrada foi APAGAR o meu pedido do sistema, ele SUMIU sumariamente!! E o telefonema que me dariam e não deram?? E as tentativas insistentes para que eu encerrasse o chamado?? Está certo isso tudo?? CLARO QUE NÃO!! Este relato será replicado em tantos meios, sites, blogs quantos eu conseguir (citando a fonte original) para que sirva de alerta às pessoas. O BALÃO é uma empresa séria, não conhecia casos desta natureza até então. Mas se não é a empresa o problema deve ser o LIXO deste sistema de atendimento e suporte a cliente, provavelmente terceirizado que é INCAPAZ de prestar um serviço DECENTE ao consumidor!! E fiquei sem minhas memórias!! LEVEI UM BALÃO DO BALÃO!!!! Precisei recorrer a outro meio para obter as memórias de que precisava!!

A propósito minha ÚTIMA interação com o BALÃO neste chamado será para apresentar para eles a URL deste texto publicado na Internet onde eu conseguir publicar!!





PS : dia 22/02/2011 publiquei novo texto com a resposta da empresa Balão da Informática que resolveu olhar o meu caso. O texto está aqui neste link : A digna reposta do Balão da Informática