terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Test drive do Ford Fusion Hybrid - economia, silêncio e muita tecnologia

Fiz o test drive do novo Fusion Hybrid já faz várias semanas, em outubro para ser exato. Agora vou compartilhar com vocês minha experiência de várias formas. Há alguns anos eu experimentei a versão híbrida do Fusion que relatei no texto “As incríveis tecnologias contidas nos automóveis atuais”. Na ocasião fora minha primeira experiência com um carro movido por dois motores (gasolina e elétrico). Classifiquei como “pura diversão”, pois adorei ficar administrando o nível de carga da bateria, “ouvir o silêncio” do carro se movimentando apenas com eletricidade, experimentando as acelerações...
  







A propósito o mercado de carros híbridos tem apresentado crescimento bastante pronunciado. Entre 2013 e 2016 cresceu 190%, sendo que o Fusion híbrido tem 52% das vendas entre 2010 e 2016 neste segmento.
  

Pela experiência anterior, imaginei que dessa vez meu grau de surpresa seria menor, mas quis a Ford preparar uma série de evoluções no Fusion Hybrid que de novo me mantiveram entusiasmado durante todo o teste. Ao contrário de todos os outros veículos da Ford vendidos no Brasil (incluindo as diferentes versões de Fusion) o Hybrid conta com o câmbio do tipo CVT, que é na minha opinião muito apropriada a este tipo de carro. E sendo movido também por motor elétrico, contempla duas das tecnologias que mais me encantam, híbrido e CVT.

O câmbio do tipo CVT não é novo, vem sendo usado há alguns anos, mas por sua evolução tem caído no gosto dos consumidores. Sua principal característica é ser um câmbio automático com “infinitas marchas”. Não existem engrenagens para serem trocadas e encaixadas. Um engenhoso sistema correias faz variar o diâmetro do elemento motriz continuamente. O efeito prático disso é que não há percepção de troca de marchas por ser um ajuste contínuo a cada segundo. Não poderia haver escolha melhor para o Fusion Hybrid (explicarei porque).

Se quiser saber mais sobre tipos de câmbio, neste vídeo no qual exploro o assunto com meu amigo Guido Orlando do site Vida Moderna – “Vídeo- Câmbio automático, automatizado ou CVT? Tire suas dúvidas”.

Sobre a tecnologia de carros elétricos e híbridos também tivemos uma conversa extremamente interessante e bem ilustrada, registrada em vídeo que pode ser vista aqui, “Existirá um carro elétrico ou híbrido em seu caminho?”, na qual cito minha primeira experiência com o Fusion híbrido.

Quando se usa o termo “híbrido” o que se destaca é a junção de tecnologias, motor a combustão e motor elétrico, mas há outras variáveis nesta equação. Inclui a direção elétrica, mais macia sem consumir potência do motor a combustão, compressor do ar condicionado também elétrico, os freios que recuperam energia nas desacelerações e acumulam nas baterias...
  

A experiência diferente começa quando ligamos o carro. Não há barulho e apenas as luzes indicativas do painel nos mostram que ele está ligado. Ao acelerar se inicia o deslocamento, ainda sem barulho algum!! É o motor elétrico mostrando uma das suas características mais aprazíveis, o silêncio. Mas não é só isso. O Fusion Hybrid tem um tratamento acústico especial. Sistemas antirruído estão instalados no carro de tal forma que pequenos microfones captam o som que vem de fora e pequenos altofalantes geram onda sonora contrária para “matar” o ruído externo. É a mesma lógica dos conhecidos fones de ouvido com eliminação de ruídos.

Enquanto o nível de carga da bateria permitir ou se o motorista não demandar maior velocidade (até 100 Km/h), pode funcionar somente o motor elétrico. Não faz sentido perguntar a autonomia do sistema elétrico porque este Fusion foi projetado para funcionar em regime misto durante todo o tempo. Ora entregando potência elétrica, ora recarregando a bateria quando o carro está se deslocando apenas por inércia ou sendo freado (situações nas quais é gerada energia).


A propósito, a bateria tem garantia de 8 anos, que sugere ao seu proprietário um grande sossego em relação ao bom funcionamento do sistema. Devo ressaltar, para quem ainda não está totalmente ambientado com o conceito do carro híbrido que ele não requer tomada para carga de sua bateria, pois apenas os sistemas regenerativos (frenagem e inércia) que dão conta desta função.

O motor a gasolina entrega 143 CV enquanto o motor elétrico entrega 47 CV, potência combinada de 190 CV. É importante explicar que a despeito do sistema elétrico ter a potência do motor de um fusca 1.3 litro dos anos 70,  tem grande desenvoltura no trânsito do Fusion Hybrid quando operando apenas na eletricidade, ótima agilidade. Isso se deve ao fato dos motores elétricos terem sua capacidade de fazer força (torque) no nível máximo desde a primeira revolução do motor enquanto motores a combustão terão torque máximo apenas a 2000, 3000 ou 4000 rpm. Por isso o Fusion Hybrid operando eletricamente é muito ágil ao sair da imobilidade, mesmo com menor potência.

Outro grande destaque da aplicação da tecnologia híbrida no Fusion é seu nível baixo de consumo de combustível. É bastante econômico, ainda mais se considerarmos os carros de seu tamanho e peso. Na estrada rende 15.1 Km/l e na cidade 16.8 Km/l . Observando bem estes números, o consumo na cidade é melhor do que na estrada. Isso porque na cidade o sistema de regeneração de energia, seja pela inércia ou pelas freadas, atua com mais frequência propiciando maior uso do motor elétrico. Por isso mesmo ele ganha nota “A” (máxima) do Inmetro no programa de classificação de eficiência energética.

Eletronicamente pode ser selecionado o modo ECOSELECT que prioriza ainda mais a redução do consumo de combustível, com acelerações mais suaves e com menor emissão de poluentes, além de otimizar a recarga das baterias pelos freios regenerativos.
   
Mas não é só isso. O modo EV+ prioriza o modo elétrico e depois de 2 a 4 semanas de uso no percurso habitual do dia a dia algo interessantíssimo acontece. Usando as informações do GPS embutido (sistema SYNC), memoriza as necessidades de uso da potência, subidas e descidas que consomem ou recarregam as baterias e assim busca otimizar o comportamento dinâmico do carro visando utilização predominantemente no modo elétrico.


  
Os momentos  principais do test drive foram registrados e pode ser visto no vídeo abaixo no qual, aliás, descrevo e mostro detalhes que também comento neste texto.

Vídeo – Test drive do novo Fusion Hybrid 2017



Ao  longo do teste eu me diverti um bocado avaliando o piloto automático adaptativo. Já existia no Fusion que testei 4 anos atrás, mas agora, a experiência está bem aprimorada. Em sistemas de “cruize control” convencionais (que com certa licença poética chamamos de piloto automático), uma vez fixada certa velocidade o veículo a mantém, mas se um carro mais lento surgir na frente, isso obriga o motorista a encostar o pé no freio para diminuir a progressão (e não bater no carro da frente) e isso desarma o sistema. Na versão adaptativa do Fusion Hybrid, se algum veículo mais lento surgir, a velocidade é automaticamente reduzida. Quando o fator limitante se for, a velocidade originalmente programada volta a ser desenvolvida.

Mas tem mais! Na versão 2017 este recurso pode ser também usado na cidade (não apenas em estradas). Imagine uma dessas vias ditas “expressas”, com velocidade limitada a 50 Km/h, com carros passando pelas faixas a todo momento. Ou mesmo no caso do tráfego parar adiante, o Fusion Hybrid para o carro!! A experiência é muito prática e confortável. Se o tráfego fluir novamente o Fusion retoma sozinho sua marcha e se o tempo parado foi maior que alguns segundos, o sistema é desativado. Isso aconteceu em certo momento do vídeo, o sistema desarmou, não retomou a velocidade e gerou boas risadas.

Sistemas de alerta de proximidade de obstáculos, detecção de pedestres com parada do carro para evitar atropelamento, manutenção do veículo dentro da faixa das vias, pré carga do sistema de frenagem ao ser detectada situação de emergência (para melhorar a eficiência), sistema Stop&Go (desliga o motor nas paradas), tudo isso, somado ao piloto automático que diminui e aumenta a velocidade sozinho (e também freia sozinho o carro), são tecnologias denominadas “semiautônomas”. Estão evoluindo na direção da meta da Ford que é oferecer para o mercado carros totalmente autônomos até 2021 (menos de 5 anos no futuro).

Devo ressaltar que o ótimo porta-malas do Fusion (514 litros) tem redução na versão Hybrid por conta do espaço usado pelas baterias. Assim nesta versão seu porta-malas tem capacidade de 392 litros. Ainda um bom espaço, mas não tão generoso quanto o da versão movida apenas com motor a combustão.

Há um sem número de artefatos tecnológicos presentes que não comentarei em detalhes. Mas cito o sistema multimídia SYNC3 (emparelhamento de smartphone), comandos de voz, inclusive para o sistema de navegação GPS presente na ótima tela de LCD no console central, quadro de instrumentos composto de 2 telas LCD de 4.2 polegadas com visualização configurável (podem ser escolhidas as informações exibidas em cada tela), park assist (estaciona o carro sozinho), direção elétrica (mais eficiente e confortável que a tradicional hidráulica), Stopt&Go (para o motor a combustão quando o veículo interrompe sua movimentação), teto solar panorâmico, assistente de descida, 8 airbags, cintos traseiros laterais infláveis, assistência de frenagem com detecção de pedestres (imobiliza o carro sozinho ao perceber um pedestre no caminho), etc...
  


Conclusão

A experiência vivenciada no Hybrid é bastante diferenciada. A começar pela autonomia na cidade, cerca de 890 quilômetros (tanque com 52.7 litros). O incrível silêncio proporcionado pelo motor elétrico e sistemas de supressão de ruídos faz do Fusion Hybrid o carro mais silencioso que dirigi nos últimos tempos.

Não se trata de um carro barato. Consultado o site da Ford, em dezembro de 2016 o Fusion Hybrid tem preço de tabela sugerido de R$ 163.000, mas certamente pode ser negociada alguma redução nas concessionárias. Custa cerca de 20% mais caro que a versão Titanium com motor Ecoboost 2.0 de 234 CV.

Não posso esquecer de citar o câmbio automático do tipo CVT que agrega mais um fator objetivo e, porque não, também psicológico no ato de andar neste Fusion. O silêncio proporcionado pelo sistema antirruído, somado à experiência de não ser percebida troca alguma de marcha, faz mais ainda parecer que se está dirigindo um carro totalmente elétrico em todas as condições (mesmo com o motor a combustão em operação).

Essa combinação é muito feliz na percepção do motorista. Quem não está habituado a câmbio CVT pode achar as respostas à aceleração não tão vigorosas, mas não é bem assim. Como todo câmbio automático o simples ato de pisar um pouco mais fundo no acelerador faz com que seu sistema de marchas “infinitas” efetue a necessária redução de marchas e assim amplificar a força de seu motor combinado, elétrico e a combustão. Aliás, motor apenas a gasolina (não é flex).

Pelo grande conjunto de tecnologias embarcadas, a sensação diferenciada ao dirigir o Fusion Hybrid, aliado ao consumo de combustível bastante comedido, posso recomendar às pessoas que visam esta categoria de carros a experimentá-lo. Eu tinha gostado anos atrás e agora só ampliou minha percepção de evolução, conforto e eficiência, com emissão muito baixa de poluentes.
  



Vídeo - Existirá um carro elétrico ou híbrido em seu caminho?

 


Vídeo - Vídeo - Câmbio automático, automatizado ou CVT? Tire suas dúvidas

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