quinta-feira, 17 de julho de 2014

Entrevista Kingston – o que são memórias proprietárias?

Quando eu ouvi pela primeira vez o termo “memória proprietária” confesso que não entendi direito e fiquei um pouco desconfiado. Afinal memória é memória. É tudo igual, certo? Errado. Tive a oportunidade de conversar com Gerardo Rocha, diretor executivo da Kingston do Brasil, da qual também participaram sua equipe de marketing e também vendas para o segmento corporativo. Nessa conversa transcrita abaixo aprendi muito sobre o assunto e entendi o valor, aplicação e vantagens das memórias proprietárias.


Xandó: Gerardo é um prazer voltar a conversar com você! Queria iniciar pedindo para que você conceituasse para que todos entendam, o que é uma memória proprietária e como ela difere dos outros tipos de memória? É importante homogeneizar este conceito.

Gerardo: Sem dúvida. A Kingston tem vários tipos de produtos dependendo do tipo de utilização. Temos a memória KVR (Kingston Value RAM) que são usadas nos computadores “White box”, ou seja, aqueles montados pelas próprias pessoas e temos outro tipo de memória que são feitas especificamente para os computadores de marca. Por exemplo, se você tem um computador HP a Kingston projeta uma memória especialmente para este computador.

Xandó: Existem que cuidados a mais neste tipo de memória proprietária? Como ela é diferente?

Gerardo: Elas são testadas não apenas com o hardware específico como com o software também associado. Se é memória para um servidor e este servidor será usado com Windows ou Linux, é dessa forma que os testes e controle de qualidade são feitos. Se é um servidor da base de dados, também dessa forma será feito o teste, em todos os níveis.

Xandó: Mas então deve existir uma variedade muito grande de modelos. Como o usuário pode saber qual a memória correta para cada caso?

Gerardo: No próprio site da Kingston existe uma ferramenta muito útil chamada “Configurador de memória” que baseada na marca e modelo de computador vai indicar o modelo certo, exato para aquela situação. Seja qual for a marca a Kingston tem um modelo fabricado especialmente para aquele caso.

Xandó: A Kingston ao fabricar estas memórias para certo fabricante, existe alguma característica ou funcionalidade, algo especial que vise atender alguma necessidade dele?

Gerardo: A memória proprietária tem um chip chamado SPD. Neste local são gravadas informações sobre o computador no qual ela será instalada. Por isso que ela é reconhecida pelo computador que a identifica como específica para ele. Em um caso mais avançado como de um servidor a memória trabalha em conjunto com um software de gerenciamento, análise e diagnóstico. Assim o sistema acompanha como está a saúde desta memória, se ela apresenta um nível de falhas, se está dentro das especificações para correto funcionamento do sistema (se algo não está 100% será emitido um alerta para a troca daquele módulo). Fabricantes de servidores também oferecem memórias com estas características, como a dos nossos produtos.


Xandó: Nestes casos de servidor, que é um cenário crítico, como funciona a política de trocas e garantia do produto?

Gerardo: Isso é muito interessante e importante. Toda memória fabricada pela Kingston tem garantia “para a vida toda” (lifetime warranty). Os nossos processos de fabricação, bastante sofisticados, nos permite oferecer esta garantia vitalícia.

Xandó: Você citou o exemplo de memórias para servidores. O mercado sabe que são distintas até porque são memórias que trabalham com um chip a mais para paridade, chamada de ECC (Error Checking and Correction). Mas o que o usuário comum tem mais dificuldade de entender é o real valor da memória proprietária para equipamentos do dia a dia, sejam eles Apple, HP, Lenovo, etc.

Gerardo: Isso é muito importante. A tecnologia vai mudando. Cada dia os fabricantes de chips vão aumentando a densidade colocando cada vez maior capacidade no mesmo módulo de memória. O que vai acontecer se você usar uma memória KVR em um computador de marca? Possivelmente funcionará, mas eventualmente não. A KVR é uma memória genérica e que tem certa velocidade, capacidade e densidade dos chips. Mas aquele computador de marca pode ter sua placa mãe que exija velocidade e densidade específica. E como disse, estes cenários de uso são testados intensamente pela Kingston com cada computador e sua memória proprietária. Se a tecnologia muda, por exemplo, aumentado a densidade, nós não vamos aumentar a densidade na memória daquele modelo específico, pois sabemos que poderá não funcionar. Temos um cuidado bastante especial para garantir sempre a compatibilidade.

Xandó: Certo computador pode ter 16 GB de memória usando 4 módulos de 4 GB ou dois de 8 GB, mas nem todo computador aceitará os módulos de 8 GB. É isso, certo?

Gerardo: Sim, mas além disso o chip de 8 GB pode ter sido fabricado de diferentes maneiras, com diferentes velocidades e especificações. Mesmo em um módulo de 4 GB se foram usados chips de maior densidade (menor quantidade e chips por módulo – 4 de 1 GB e não 8 de 512 MB) este pode não ser compatível com aquele computador. Por isso as memórias proprietárias são 100% aderentes às especificações e necessidades do fabricante.

Xandó: Isso exige grande controle sobre os processos de fabricação e imensa gama de variedades, certo?

Gerardo: A Kingston tem também forte controle de qualidade e materiais usados porque a memória fabricada tem que ser exatamente sempre igual para garantir a compatibilidade com cada marca e modelo, comprada hoje ou daqui a muito tempo.

Xandó: Vou dar um rápido depoimento. Eu comprei tempos atrás um MAC Mini que veio com 4 GB de RAM. Eu o usei por ano e meio com índice de falhas zero! Um belo dia eu comprei dois módulos de memória novos e venho usando-o desde então. Comprei memórias KVR. Está funcionando, mas ao longo de mais um ano tive quatro ou cinco situações de pane (travamento ou reboot). Pelo que estou entendendo pode ser que com a memória específica para MAC eu teria um sistema tão estável quanto antes.

Gerardo: O cliente de MAC tem grande aceitação pela memória específica, pois ele entende que são produzidas especialmente para aquele modelo de MAC possuído por ele. É a recomendação do fabricante e a nossa usa a memória exata para aquele modelo, não apenas a marca.

Xandó: Agora está claro para mim o benefício e os motivos. Mas quanto a mais pode custar uma memória proprietária?

Gerardo: Pode variar, mas algo entre 5% e 10% é uma média. Mas esta é a comparação com o preço da memória KVR. Nossa memória proprietária é sensivelmente mais barata que a memória proprietária vendida pelo próprio fabricante. Isso é uma diferença muito importante. E no caso de memórias de servidor a diferença do preço cobrado pelo fabricante e a nossa memória proprietária é ainda maior. Às vezes nossa opção é entre 30% a 50% mais barata.

Xandó: Mas posso ficar seguro que o comportamento e desempenho das memórias proprietárias da Kingston serão iguais às memórias dos próprios fabricantes, tanto para computadores pessoais como para servidores?

Gerardo: Vejamos da seguinte forma. A Kingston é líder mundial do segmento de memórias. Temos cerca de 47% mercado. O segundo maior fabricante tem 7% do mercado. Somando os 9 fabricantes abaixo de nós ainda não chega no nosso percentual de participação. E preciso dizer que a maior parte desse nosso mercado são os próprios fabricantes! Todos eles usam nossas memórias, não apenas as nossas, mas as nossas em grande volume porque eles confiam muito nos nossos produtos. Os 10 maiores fabricantes de computadores do mundo, todos eles são nossos clientes.

Xandó: Isso quer dizer que uma memória que vem embarcada em um servidor, desktop, notebook de marca e a memória que o próprio fabricante vende para troca ou expansão destes equipamentos é da Kingston.

Gerardo: Alguns deles falam abertamente que a memória embarcada é da Kingston. Alguns vendem em seus próprios sites a nossa memória e alguns deles têm nossos produtos sem a identificação, mas são de nossa fabricação. Muito provavelmente nos computadores que você usa, todos ou boa parte deles usa as nossas memórias, identificadas ou não.

Xandó: E aqui no Brasil, como é a receptividade do mercado? As pessoas já estão cientes destas diferenças, já existe boa aceitação para este tipo de produto?

Gerardo: Nós temos aqui alguns produtos que no varejo são identificados nas embalagens, por exemplo, Apple, Lenovo, Toshiba, Acer, HP... Uma parcelas dos consumidores já percebe a diferença. Mas nós estamos trabalhando no mercado, junto às revendas para que elas também trabalhem com as memórias proprietárias. Normalmente uma revenda trabalha mais a memória KVR porque ela entende que esta serve para todos os casos. Por isso estamos fazendo um trabalho de conscientização baseado em treinamento e certificação para que estes canais conhecendo os benefícios possam também oferecer os modelos proprietários.  Algumas grandes empresas multinacionais já têm de sua matriz a orientação para expandir ou substituir memórias usando os nossos modelos específicos.

Xandó: Às vezes saber com precisão o tipo certo, a quantidade de memória para um equipamento é problema. Recentemente quis expandir a memória de um Ultrabook Vaio que tenho e no próprio site do fabricante falava que aquele modelo teria apenas um módulo de memória. Comprei uma peça nova de 8 GB para substituir a de 4 GB existente. Quando abri o computador descobri que havia dois slots. Acabei ficando com 12 GB que foi ótimo, mas gastei mais pelo de 8 GB e teria sido melhor ter duas memórias de mesma capacidade, certo?

Gerardo: Exato. E para isso mesmo nos temos em nosso site http://www.kingston.com.br uma ferramenta chamada CONFIGURADORDE MEMÓRIA. Temos um banco de dados muito completo. O usuário pesquisa pelo fabricante, tipo, modelo por meio de caixas de seleção que vão sendo montadas. Por exemplo, ao escolher marca LENOVO e em seguida notebook a próxima caixa de seleção conterá todos os modelos de notebook para escolha. Em seguida serão apresentadas todas as informações: quantos módulo de memória o sistema aceita, quanto de memória vem pré-instalada (se em apenas um ou mais módulos), o máximo de memória possível para aquele produto e por fim os modelos de memória Kingston que são compatíveis , tanto as memórias proprietárias (quando disponíveis) como as gerais do tipo KVR.



Xandó: Isso é um serviço extremamente importante e útil para o consumidor!! Que fantástico! Isso também vale para servidores? Tanto servidores novos como mais antigos? É razoavelmente comum procurar com o fabricante a memória para expandir um servidor com mais de 3 ou 4 anos e ele não ter a memória para venda e mandarem procurar no mercado.

Gerardo: Como o nosso business é somente memória, além de nosso configurador ter as informações e especificações para memórias de qualquer servidor, seja ele modelo novo ou de muitos anos atrás, temos as memórias mais antigas.  Nós mantemos estoque dessas memórias por muito mais tempo que os próprios fabricante que muitas vezes vem nos procurara para resolver o problema de algum cliente deles.

Xandó: Uma vez localizada a memória correta para determinado modelo, como o cliente pode adquiri-la?

Gerardo: A tela do configurador tem link imediato para a função “comprar”. Esta compra pode ser feita em um parceiro. Mas também indicamos, especialmente no caso de memórias proprietárias o site http://www.kingstonstore.com.br no qual o cliente pode achar tanto as memórias dedicadas a determinado modelo como as mais antigas. Na eventualidade de nós não termos disponível na loja aquela memória desejada nosso suporte pode ser acionado para buscá-la, seja no Brasil ou lá fora, aquele produto que atenderá às necessidades do cliente. Existe link para a LOJA no CONFIGURADOR bem como existe link para o CONFIGURADOR na LOJA, pois o cliente que foi direto em busca do produto pode não ter certeza e assim pode descobrir o modelo certo.
 


Xandó: Tenho uma curiosidade. Eu mesmo me atrevi a trocar a memória do meu Ultrabook da mesma forma que já fiz com PC de mesa ou mesmo servidores. Como fica a garantia do equipamento nestas situações? Corro algum risco, perco a garantia?

Gerardo: Existe um mito, uma pressão por parte dos fabricantes que induzem consumidores a pensar que abrir seu produto para alterar a memória o faz perder a garantia. Isso não é correto e o termo de uso e garantia diz exatamente o contrário. Mas existe uma diferença importante a citar. Memória trocada no equipamento o fabricante obviamente não mais será responsável por este componente. Porém o consumidor ganha algo muito importante. Como nossos memórias têm garantia “lifetime”, a memória trocada deixa de ter a garantia de um, dois ou três anos do fabricante inerente ao produto e passa a ser garantida por toda vida.

Xandó: Gerardo eu agradeço muito a oportunidade dessa nova conversa e pelas tantas informações que pode me passar e por conseguinte para meus leitores. Obrigado.


Nenhum comentário:

Postar um comentário