terça-feira, 29 de outubro de 2013

Minhas impressões da Futurecom 2013 – descobertas e atualidades

Não visito a Futurecom amiúde, mas este ano, apesar de ter acontecido no Rio de Janeiro dediquei dois dias para me integrar nesta grande comunidade conectada. Há quem questione por um lado a utilidade de um evento como este e outras pessoas que se queixam de que há poucos eventos e feiras de tecnologia no Brasil. A Futurecom tem acontecido ano após ano e penso que tem crescido em importância. Telecomunicações sempre foi importante para o mercado de tecnologia. Porém com a grande penetração de dispositivos móveis, computação em nuvem, etc. TI se apoia de uma maneira mais e mais definitiva podendo quase que fundir o conceito de telecomunicações com TI propriamente dito. 

Pescar os assuntos de interesse foi difícil. Não porque fossem poucos, muito pelo contrário. Assim escolhi minhas visitas em função de interesses pessoais e um pouco pelas competentes abordagens dos amigos assessores que fervilhavam na sala de imprensa do evento. Cada um dos temas que explorarei abaixo são assuntos que tenciono fazer uma revisita em breve, pois foram os que capturaram a minha atenção entre aqueles que tive tempo de desenvolver durante a feira.


figura 01 – corredores da Futurecom 2013 bastante concorridos em certos horários

UNIFY – “Harmonize your Enterprise”

A empresa que era conhecida como Siemens Enterprise Communications transformou-se em UNIFY. Deixar para trás (por razões contratuais) um nome de mais de 150 anos é muito difícil. Porém a empresa vem ao mercado repaginada e com um portfólio do produtos e serviços muito inovador. Tudo se baseia no conceito de comunicação unificada, ou seja, uma única plataforma e muitas alternativas. É um assunto muito vasto que escolhi retornar em análise futura mais detalhada. Mas o importante a destacar é que se sistemas de comunicação baseados em IP já debutaram há um certo tempo, o uso efetivo e integrado como a solução que vi da UNIFY é compartilhada por poucos.

A partir da tecnologia IP tanto terminais telefônicos como dispositivos móveis se tornam elementos de comunicação e recursos colaborativos entram em cena incrementando produtividade. Criada a partir do DNA de engenharia da Siemens, a Unify ergue-se sob seu legado de confiabilidade de produtos, inovação, padrões abertos e segurança para fornecer soluções integradas de colaboração para 75% das 500 maiores corporações do mundo. O foco da empresa é Inteligência em software a partir do qual produtividade e integração são alcançados. No passado a empresa tinha excelência em equipamentos (hardware), mas veio mudando e na nova fase, a fase UNIFY o software que comanda toda esta transformação. Um vídeo com bem interessante com a proposta da empresa pode ser visto aqui.



TELEFONICA Vivo traz aparelhos com Firefox OS (LG e Alcatel)

A TELEFONICA desenvolveu em conjunto com fundação Mozilla o sistema operacional Firefox OS para smartphones. Permite trazer para um patamar de custo mais acessível smartphones que tenham todos os recursos necessários, fácil utilização e baseado em desenvolvimento “open source”. Segundo Antônio Carlos Valente, presidente da Telefonica, “Pretendemos oferecer uma experiência totalmente nova ao cliente, a preços acessíveis e onde as funcionalidades e a evolução do sistema serão definidas pela imensa comunidade desenvolvedora do Firefox OS e não por alguma empresa em particular”, ou seja, a comunidade terá liberdade para trazer recursos e inovações. O Firefox OS traz uma interface simples e intuitiva, além de um aplicativo de controle de gastos e redes sociais integradas. O sistema é ainda mais leve que os atuais, o que permite que seja executado em hardwares mais simples.



figura 02 – Firefox OS – leve e poderoso querendo sua parte no mercado

A TELEFONICA em parceria com dois fabricantes, faz chegar ao mercado (agora apenas nas lojas da VIVO) os novos aparelhos. O LG Fireweb conta com uma tela tátil HVGA TFT de 4 polegadas e tem um processador Qualcomm 3G de 1 GHz, e 2 GBytes de memória interna. Também conta com uma câmara de 5 megapixels. O Alcatel Onetouch Fire dispõe de um display de 3,5 polegadas, câmera de 3,2 megapixels, processador Qualcomm 3G de 1 GHz, e cartão de memória de 2 GBytes. O modelo da LG já tem preço definido que parte de R$ 89,00 até R$ 309,00 dependendo do plano contratado. Veja mais em www.vivo.com.br/firefoxos.


figura 03 – Alcatel OneTouch Fire e LG Fireweb – aparelhos com Firefox OS


RUCKUS uma especialista em WiFi

Eu ainda não conhecia a Ruckus e tive uma boa surpresa ao saber do grau de especialização no segmento de redes sem fio. Há um grande portfólio de produtos que consiste desde access points individuais até sofisticados sistemas de gerenciamento de vários access points suportando milhares de usuários conectados. São dispositivos para uso interno (dentro da empresas, hotéis, etc.) bem como para uso externo como no alto de um poste na rua ou local público como uma praça. O que me surpreendeu foi a multiplicidade de soluções. Estes access points podem ser usados de forma independente, mas usados com o concentrador chamado SmartGateway é que eles realizam seu grande potencial. Diversos access points podem ser gerenciados (entre 4 e centenas). O gerenciamento consiste desde funcionalidade de Hot Spot (autenticação) até gerenciamento dinâmico dos access points para eliminar interferências dos canais de rádio. E muito mais.

figura 04 – Gerenciador SmartCell 200 e access point externo

Para locais com densidade de pessoas muito elevado há soluções de “smart cells” que minimizam interferências, bem como existe uma administração inteligente das antenas. Como cada access point tem várias antenas, dependendo das características da comunicação existe uma modulação dos sinais para otimizar comunicação com cada usuário (PC, smartphone, Tablet, etc.) em função de distância, potência de sinal, etc. Achei interessante o alto grau de especialização Ruckus e de seu capital humano uma vez que há muitas centenas de pessoas dedicadas apenas à tecnologia WiFi enquanto empresas concorrentes bem maiores, com milhares de funcionários têm poucas dezenas dedicadas a WiFi. É com certeza mais um assunto que vou retornar e me aprofundar!

HUAWEI - Ascend P6

A Huawei é uma empresa muito representativa no fornecimento de infraestrutura de telecomunicações há tempos também tem sua linha de smartphones. E acaba de apresentar um smartphone diferenciado no aspecto de design e no projeto de engenharia, pois trata-se do mais fino do mercado com apenas 6.18 mm! Isso configura uma mudança de estratégia por parte da Huawei uma vez que havia lançado alguns bons smartphones (como o Honor), mas em um segmento de preço bem competitivo.

O Ascend P6 é um “topo de linha” que tem um design privilegiado e características sofisticadas. São duas câmeras, uma de 8 MP com capacidade macro (fotos tiradas a 4 cm do objeto) e uma câmera frontal de 5 MP. Tem a capacidade de reconhecer as pessoas nas fotos na medida que vão sendo tiradas (parecido com o que faz o Facebook). Tiveram especial cuidado no desenho da interface permitindo alto grau de personalização por meio do “Me-Widget”. Utiliza processador próprio da empresa de 1.5 Ghz com 4 núcleos, 2 GB de RAM e 8 GB de ROM, mais micro-slot para cartão de memória, bateria de 2000 mAh (alta duração) e pesa apenas exíguos 118 gramas. Suporta rede de dados 3G. A notícia “ruim” é que o preço só será divulgado às vésperas do lançamento oficial que acontecerá dia 25 de novembro próximo. Estará disponível nas cores preto e rosa.


figura 05 – smartphone Huawei Ascend P6 super fino e super leve


OPENET – aliviando rede de dados de forma inteligente com WiFi

Muitas operadoras de celular, convém citar, OI, CLARO, VIVO e TIM têm problemas de fluxo de dados variável ao longo do dia e dos dias da semana. Por outro lado várias destas operadoras ou já têm ou estão implantando redes WiFi próprias nas principais cidades. Dessa forma seus clientes podem ou poderão usar WiFi no lugar de 2G, 3G ou 4G quando existir sinal de WiFi. Isso é bom? Certamente!! Mas sem gerenciamento isso pode ser uma faca de dois gumes. A empresa OPENET, presente da Futurecom mostrou uma solução de “Intelligent Offload to WiFi”. Basicamente trata-se de um software que analisa em tempo real o uso da rede de dados da operadora de celular e também analisa o tráfego do sistema de WiFi da mesma localidade. Dessa forma o sistema toma uma decisão em favor da melhor experiência do usuário. Se o WiFi estiver sobrecarregado o cliente continua na rede 2G, 3G ou 4G, mas se o WiFi estiver com disponibilidade excedente o cliente é movido para a rede WiFi. Sempre visando a melhor experiência de uso do cliente.

 
figura 06 – Solução Openet para aliviar tráfego de rede de dados com WiFi

A OPENET também tem um conjunto de ferramentas chamada DYNAMIC SERVICES que resumidamente consiste em uma análise muito precisa do comportamento do usuário e do tipo de tráfego que passa pela rede de dados da operadora de celular. Dessa forma esta pode acomodar o perfil de uso de sua clientela a planos especialmente criados para melhor atende-los e assim fazer a retenção do cliente. Por exemplo, ao descobrir que “x” Mbytes são tráfego de Facebook a operadora pode criar um plano em regime de custo diferenciado ou fixo apenas para isso, eximindo o tráfego do Facebook do montante de Mbytes apurado no final do mês.

 

figura 07 – Solução Openet Dynamic Services

HP Software Defined Network (SDN)

A HP trouxe para a Futurecom sua solução baseada no conceito de Rede Definida por Software (SDN – Software Defined Network) mais perto dos usuários. Falei sobre este assunto semanas atrás quando publiquei o texto “RedeDefinida por Software (SDN): afinal, o que é isso?” onde explico que ao “cobrir” a visão dos elementos de hardware da empresa por uma especial camada de software, muitas das complicadas e trabalhosas tarefas administrativas e de configuração são feita de maneira mais inteligente.  Resumidamente o administrador da rede será um grande gestor de políticas de qualidade de serviço, prioridade de bandas de rede para web, acesso a arquivos, comunicação instantânea, vídeo conferência, comunicação via IP, etc. Vale a releitura do texto citado acima.


figura 08 – HP Software Defined Network – modelo conceitual

O que a HP trouxe de novidade na Futurecom foi a disponibilidade de mais switches de sua fabricação que já usam o protocolo OpenStack (padrão de mercado) para permitir este nível de interação e gerenciamento. Até produtos de empresas concorrentes ou que usem VMware podem ser gerenciados pelo HP SDN. Também é novidade a presença de mais algumas aplicações que tiram proveito deste inteligência da rede (camada de aplicação). Mais um assunto que merece aprofundamento e nova visita.


EMC Software Defined Storage

O conceito “storagedefinido por software” vem se alastrando entre os fabricantes de infraestrutura e que são provedores de soluções. A EMC tem posição privilegiada uma vez que também tem fortíssima participação no mercado de virtualização com sua plataforma VMware. A propósito quem primeiro virtualizou armazenamento e também redes foi a VMware que criou o conceito de switches e VLANs virtuais e discos virtualizados. Mas a EMC fabricante de soluções “físicas” de storages percebeu que analogamente às redes virtuais seria muito importante isolar do administrador a complexidade física do ambiente de armazenamento. O administrador apenas define o que ele precisa e o sistema de storage por software vai alocar o espaço em tantos storages físicos quantos forem necessários e disponibilizar para o demandante. Isso faz muita diferença, pois existe um esforço grande por parte dos administradores de infraestrutura gerenciar todos estes detalhes. E na solução da EMC tanto storages físicos como datastores virtuais em sistemas VMware podem fazer parte do pool de recursos.

Se isso parece meio abstrato para você, não se preocupe, é isso mesmo. A ideia é esconder a parte física, todos os dispositivos de hardware e fazer parecer tudo um imenso pool de recursos de armazenamento que inclusive suportam dispositivos de outros fabricantes.

 
figura 09 – EMC Software Defined Storage – modelo conceitual


Conclusão

Longos corredores, muitos fabricantes e provedores de solução e tempo curto. Assim que senti a Futurecom 2013. Não pude desfrutar do último dia e este tempo fez falta pois tenho certeza de que estes destaques são uma pequena fração do que poderia ter absorvido no evento. Reforço minha ideia sobre a transformação da própria Futurecom que pela natureza conectada do mundo atualmente assume a própria importância de uma feira de TI. Lembro-me das primeiras edições da feira que aconteceram na maravilhosa cidade de Florianópolis, bem acanhadas no tamanho, mas que antevia a importância que viria a ter anos depois alternando sua realização entre Rio e São Paulo. Vejo a feira como um momento muito rico para rever amigos, fazer contatos, prospectar assuntos, novidades ou não, atualizar conhecimentos... Afinal não tem como saber tudo de tudo e a ocasião é muito adequada para garimpar novidades e fatos que passaram despercebidos. Só espero ter mais tempo e contar com a mesma receptividade por parte das empresas que tive nesta edição de 2013.



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