quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Transformando o notebook com um SSD – a confirmação

No começo de 2013 eu fiz um interessante experimento. Eu instalei um SSD em um notebook antigo (com quase 5 anos) para sentir qual seria o impacto de um sistema de armazenamento muito rápido e moderno no obsoleto equipamento. Eu contei esta história no texto chamado “Transformando um notebook com o SSD Kingston V300” . Não foi surpresa perceber melhora, mas na ocasião o que surpreendeu foi o quanto melhor ficou aquele antigo notebook. Dessa vez eu retorno ao tema, mas sob uma ótica absolutamente inversa. 

Há um ano eu comprei para meu uso pessoal um notebook bastante robusto. Trata-se de um Sony Vaio de 14 polegadas, com processador “top”, o Corei7 3820QM (Quad core mais hyperthreading – 8 CPUs lógicas e cache de 8 MB), 16 GB de memória RAM e um HD convencional de 1 TB (imenso espaço). Eu vinha usando este notebook desde então (início de 2013) com grande desenvoltura por sua avantajada configuração (CPU e memória). Mas ficava incomodado algumas vezes por causa de alguns processos que aconteciam lentamente.

Um dos casos críticos é hibernar o notebook e restaurar da hibernação. É fácil de entender. Como a memória deste notebook é de 16 GB o processo tem que gravar e depois ler esta grande quantidade de Gigabytes. Mas o pior é que a restauração da hibernação além de ser tão demorada ainda entrega a máquina em um estado que ela parece estar “zonza”, fazendo muito acesso a disco até que o comportamento se normalize. Lento, demorado e muito irritante.

Mesmo no dia a dia algumas ações eram inconsistentemente lentas, quando considerada a configuração hercúlea deste notebook. Um exemplo é a carga do Windows 8 (um tanto pesada). Por sua vez cargas de alguns programas iam bem, mas percebia que tudo que exigia múltiplas leituras do HD, como por exemplo, usar o SQL Server Managent Studio, carga de um PPT grande ou iniciar programas complexos (VMware Workstation, Photoshop, Outlook, etc.) eram mais lentos do que deveria ser.

Foi neste momento que oportunamente a KINGSTON me forneceu para testes seu SSD modelo HyperX de 480 GB de capacidade. Ao contrário do que pode parecer os SSDs não são todos iguais. O HyperX é o modelo mais aprimorado da Kingston. Conta com um tipo de memória de melhor tempo de resposta e controladores de acesso mais sofisticados. Por isso tem o melhor desempenho entre os SSD do fabricante apresentando taxas nominais de leitura (sequenciais) de até 540 MB/s e gravação perto de 450 MB/s!!! São valores estratosféricos em termos de desempenho. São taxas “nominais”, obtidas em condições ideias. Mesmo assim a metamorfose que aconteceu em meu robusto notebook fala por si. Isso que vou contar.


figura 01 – SSD Kingston HyperX

Existem um interessante vídeo no site da Kingston que ilustra bem a diferença entre um HD convencional e o SSD HyperX que pode ser visto aqui. Este vídeo mostra dois computadores que são ligados ao mesmo tempo, carregam o sistema operacional e desempenham várias tarefas. Aquele com SSD faz tudo no geral quase 4 vezes mais rápido!!



figura 02 – vídeo comparativo entre o Kingston HyperX e HD comum 

Mas será que isso tudo mostrado no vídeo se repetiu para mim? Não, na verdade não. Foi ainda mais intensa a transformação em meu computador!!! A começar pelo tempo de carga do Windows. Entre ligar a máquina e ter o computador 100% operacional são apenas 15 segundos, sendo que em 11 segundos já aparece a tela de senha do Windows (8.1) e mais 3 ou 4 segundos para eu poder usar com toda desenvoltura os aplicativos, abrir arquivos, etc.

Com o HD original demorava cerca de 30 segundos para aparecer a tela da senha que após digitada rapidamente surgia a área de trabalho. Mas precisava esperar cerca de 2 minutos até haver rapidez e agilidade. Brutal a diferença!! A mesma coisa em relação ao Outlook 2013. Eu tenho diversos arquivos PST com e-mails desde 1999 ano a ano (são cerca de 12 PSTs). Abrir o Outlook agora é muito rápido bem como fazer buscas amplas em todos estes 14 anos de e-mails é uma questão de poucos segundos.

Fiz medidas objetivas, cronômetro na mão, etc. Mas a percepção de ganho é tão intensa que pela primeira vez vou dar mais valor aos dados subjetivos que dados objetivos. Um programa que é bem pesado para carregar, o SQL Server Management Studio carrega em 7 segundos agora sendo que antes eram 40 segundos ou mais... Tudo assim.

Antes de fazer a troca eu suspeitava que da forma que meu computador estava era como se ele fosse uma Ferrari com motor de 12 cilindros, mas com apenas 4 cilindros funcionando. O carro continua lindo, imponente, painel fantástico, rodas que grudam no chão, mas... Quando eu queria acelerar a progressão da velocidade era de um Ford Fiesta e não de uma legítima Ferrari V12. Com o SSD o “carro” continua igualmente chamativo e imponente, mas ao acelerar sinto um coice nas costas e a velocidade vem como uma explosão!! Agora estou com uma Ferrari de verdade!!! Um conselho que dou para as pessoas. Se quer comprar um computador sofisticado, ótimo processador e muita memória, economizar e comprá-lo sem SSD é um imenso desperdício. É levar uma réplica de Ferrari no lugar que só parece rápido sem de fato sê-lo.

Testando mais detalhadamente

Mas alguma coisa ainda me intrigava. Apenas pensando nas especificações da Kingston, alguma tarefas deveriam ser de 3 a 6 vezes mais rápidas. Mas em algumas ocasiões eu tinha a nítida impressão de que a diferença era ainda maior. Será? Fiz algumas medidas mais objetivas e descobri algo extremamente interessante!!



figura 03 – Medidas objetivas de desempenho do SSD HyperX



figura 04 – Medidas objetivas de desempenho do HD convencional


Observando as tabelas acima vemos que a taxa de leitura do SSD (477 MB/s) é mais de 5 vezes maior que a taxa de leitura do HD comum (85 MB/s). Nenhuma novidade até aqui. Mas o tal software de teste realiza outras medidas muito interessantes. Também é testado o acesso a arquivos pequenos (4 KB). Este tipo de leitura é bastante “prejudicada” por causa da forma como os dados são gravados nos discos rígidos. Não convém detalhar, mas quando o arquivo é bem grande (como no caso do primeiro teste) o Windows descobre onde ele se localiza fisicamente e realiza a cópia de uma só vez. Quando o arquivo é pequeno (4 KB) a cópia é feita rapidamente e inúmeras vezes o Windows tem que parar a cópia para descobrir onde estão os blocos de dados para cada arquivo e isso é muito ineficiente. É lento porque estes dados estão situados em outra parte do disco e este como é mecânico, o prato gira, tem que posicionar a cabeça de leitura, esperar passar a parte certa do prato para ler...

Esse vai e vem é tão ineficiente que ocorre uma queda de desempenho bem grande mesmo no SSD. Arquivos pequenos (4 KB) são lidos a 14.5 MB/s no SSD. Impressionante é a queda de desempenho nesta situação no HD comum, pois a transferência ocorre a 0,42 MB/s, ou seja, 35 VEZES mais lento!!! A análise vai ainda mais longe. A terceira medida do teste é a leitura de arquivos pequenos (4 KB) simultaneamente (64 ao mesmo tempo), algo bem comum em sistemas operacionais multitarefa como o Windows. E neste cenário multitarefa e multicópia o SSD é 464 vezes mais rápido (158 MB/s contra 0,34 MB/s)!!!!!!

Nessa hora eu achei a minha resposta! O benefício do SSD no uso do notebook vai bem além dele ser capaz de ler informações 4, 5 ou até 10 vezes mais rapidamente. Há situações que são comuns no dia a dia nas quais alguns ou muitos arquivos pequenos são lidos de forma incrivelmente melhor!! Por isso a minha percepção de melhoria foi além do pura matemática da comparação de taxa de transferência de um e de outro.

Finalizando...

Sobre as virtudes e benefícios desta nova tecnologia (já se tornando madura) nada mais a dizer. Mas o leitor atento pode estar se fazendo uma pergunta bastante pertinente: “como pode ser substituído no notebook um HD convencional de 1 TB por um SSD de 480 GB?”. Curioso, não é? Quem lê minhas colunas habitualmente vai ser lembrar há poucas semanas eu publiquei um texto chamado “O SkyDrive do Windows 8.1 mudando minha forma de lidar com arquivos”. E essa é a resposta. Como o Skydrive do Windows 8.1 tem o recurso de manter arquivos e pastas escolhidos disponíveis off-line (sempre no computador) ou apenas online (apenas na nuvem), a migração para o SSD me obrigou a fazer algo que há muito eu já deveria ter feito que era uma revisão do conteúdo que eu vinha carregando no HD há muitos anos.

Resumidamente eu escolhi as pastas que menos uso, as mais antigas, ou mesmo nem tão antigas, mas que são bem grandes e pouco acessadas como, por exemplo, minha coleção de Podcasts (que se quiser ouvir faço o download de novo da minha própria nuvem), etc. Dessa forma em pouco tempo e escolhi as pastas que deveriam permanecer no SSD e dessa forma, com este tipo de organização o ainda fiquei com bastante espaço sobrando e tudo ali gravado sendo lido tão rápido como uma Ferrari de 12 cilindros!!


 figura 05 – SSD Kingston HyperX

11 comentários:

  1. Mas a pergunta que não quer calar. Quanto custa esta brincadeira ?

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  2. Vi alguns a venda no Mercado Livre por R$ 1600
    Na Amazon.com eu vi por US$ 400

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    1. Parece caro. É caro, mas vale a pena! É uma outra experiência !!

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  3. marcelobrrj
    para quem não quer gastar tanto pode procurar um hd hibrido(ssd+hd)

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  4. Qualquer notebook é compatível com um HD SSD? Estou perguntando pois tenho um Dell Vostro 3550 e estou tentado a colocar um nesse notebook.

    Aproveitando, parabéns pelo post.

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    1. sim ,se tiver uma controladora sata

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    2. Caro Marco muito obrigado por suas palavras de apoio.
      O amigo acima falou tudo. Se tem uma controladora SATA o SSD pode ser trocado como se fosse um HD comum.

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  5. O consumo de energia diminuiu? se possível diga uma porcentagem media por favor.
    to querendo colocar no meio vaio, esperar ele sair da garantia e colocar o hiper x..
    abraço

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    1. Caro Getulio com certeza o consumo é menor pois memória flash não tem partes móveis,motor, etc. Mas em relação ao notebook inteiro o ganho é pequeno, mas não desprezível. Um HD de notebook e um SSD, este gasta cerca de 2 W a menos. Abs

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  6. Excelente review, mesmo feito em 2013 é super válido para tirar as conclusões no dias de hoje q essa tecnologia esta mais acessível; Tks

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