quarta-feira, 30 de julho de 2014

Minha primeira impressão 3D - desmistificando

Já se fala em impressão 3D há alguns anos. Acompanho as novidades e notícias com grande curiosidade. Afinal de uma forma ou de outra, apesar de ter abraçado minha carreira em informática desde a época da faculdade, minha formação primordial é na engenharia. Meus genes de engenheiro ficam estimulados com este assunto.

A Autodesk realizou um workshop com jornalistas de tecnologia para mostrar mais de perto esta tecnologia. Conhecida há mais de 30 anos pelo seu grande carro chefe, o AUTOCAD, a empresa se desenvolveu em muitas outras áreas e especializações. Contei essa história no texto “Autodesk Apps, da engenharia até os usuários finais”. Nesta oportunidade tivemos contato com o processo de elaboração da construção de uma impressão 3D.

As primeiras impressões que tinha sobre o assunto era que a impressão se 3D tratava de um processo automatizado de desgaste de um bloco de material, feito com grande precisão e automação. Grande engano. O processo se fundamenta na deposição gradual de uma resina líquida que vai camada a camada sendo depositada e catalisada (endurecida) pela exposição a uma luz específica (uma das técnicas possíveis). Isso pode ser informação irrelevante, mas é exatamente ao contrário!! Dessa forma, camada a camada, passo a passo, peças muito complexas, como por exemplo, elementos vazados, com partes móveis, orifícios internos... o céu é o limite.

Tive acesso a peças como uma corrente de bicicleta, um chuveiro, as tradicionais estátuas, modelos odontológicos... Mas acompanhei passo a passo a “impressão” (construção na verdade) de uma chave inglesa, funcional com todas as partes móveis. E ainda iria eu mesmo preparar e construir o meu próprio modelo 3D, elaborado e impresso por mim mesmo.


Figura 1 – impressora manufaturando uma chave inglesa funcional

Mas existe uma etapa que precede a impressão 3D totalmente essencial. Trata-se da etapa de modelagem 3D da peça a ser impressa. Este modelo gera a informação necessária para que a impressora 3D possa saber onde depositar cada micrograma de material para que passo a passo seja construído o produto final, por mais simples ou mais complexo que ele seja. Usando os softwares da Autodesk a peça a ser construída é elaborada de forma visual e totalmente precisa (em termos de engenharia).

Outra forma é usar um sistema de digitalização ou escaneamento (sistema de feixe de laser ou luz) que captura a imagem e detalhes da superfície do modelo e que podem ser retrabalhados nos softwares da Autodesk para sofisticar e aperfeiçoar o modelo ou feita a impressão direta do elemento capturado. Um uso muito importante é repor peças que não há mais venda e fabricação (por exemplo a base ou elemento de uma máquina). Uma vez que não existe o projeto técnico, a digitalização (com ou sem o aprimoramento da peça em um dos softwares da Autodesk).

 

Figura 2 – exemplo de digitalização 3D dessa escultura – exemplo extremo


Na elaboração ou na impressão os “suprimentos” (os diferentes tipos de plástico) podem ser combinados na manufatura. Isso permite que novos materiais com cor, textura e características (resistência, abrasão, sensação tátil) sejam compostos na peça sendo produzida. Mais versatilidade

A apresentação foi dividida com a empresa Stratasys, empresa que oferece produtos e serviços para rapidamente permitir que as ideias das pessoas e empresas possam se transformar em realidade em muitas indústrias como aeroespacial, médica, odontológica, militar, arquitetura, automotiva, etc. E hoje em dia há equipamentos de diversos tamanhos para os fins mais diversos feitos pela Stratasys. Desde máquinas pequenas que imprimem anéis, até máquinas bem grandes que fazem desde uma carcaça de TV até uma bicicleta (imagine o tamanho do equipamento). No outro extremo, além de impressoras para uso industrial sofisticadas a Stratasys tem modelos para uso doméstico capaz de produzir modelos mais simples dentro de casa.

São usados materiais especiais com diversas características como termoplásticos, fotopolímeros, em cor neutra e mesmo em várias cores. O uso principal da tecnologia vinha sendo elaboração de protótipos funcionais para novos produtos e projetos. Isso ainda é verdade, mas por conta da evolução dos materiais que estão disponíveis a aplicação cresceu para fabricação de elementos que não tenham obrigatoriamente fabricação em escala, modelos únicos, etc. A mesma modelagem feita para testar o produto em forma de protótipo pode ser também o ponto de partida para a elaboração do produto em futura escala industrial e usando outros processos produtivos. Isso acelera incrivelmente o ciclo de desenho, teste e início de produção.

A singela foto abaixo ilustra um ponto importante. Trata-se de um cubo montado com arestas com bordas de engrenagem em formato irregular. Estas bordas de movimentam e abrem ou fecham o cubo. Isso foi impresso em uma impressora 3D, sem partes móveis externas, eixos metálicos, nada disso. Sai pronta da impressora. Isso ilustra que não só uma impressora 3D pode fazer modelos de forma rápida, mas permite que os designers se libertem de algumas limitações técnicas que inviabilizariam a fabricação de algumas peças concebidas. A peça da figura abaixo sai “pronta” e montada da impressora.

 

Figura 3 – peça impressa já sai pronta e montada – mais liberdade para o projetista

Durante a apresentação tivemos a oportunidade de usar uma ferramenta online e gratuita (basta fazer um cadastro) que faz parte da família de produtos da Autodesk chamada TINKERCAD (http://www.tinkercad.com ). Com este software desenvolvemos um modelo 3D simples de uma casa. O software é bastante intuitivo e simples. Com algumas poucas dicas fomos capazes de criar o modelo proposto. O software permite que o produto final gere um arquivo para ser usado em uma impressora 3D bem como pode ser encomendada online a produção e impressão da peça (serviço disponível no mercado americano).

No final fizemos o download do arquivo STL (formato adequado) e uma vez gravado no pendrive foi enviado para a impressão 3D. Simples assim.
 

Figura 4 – utilizando o TinkedCAD para preparar o modelo 3D para ser impresso
 

Claro que o Tinkedcad é um software que visa utilização pelos usuários finais e é bastante simples!! Mas dá uma boa ideia do que pode ser feito em produtos mais sofisticados e especializados da Autodesk. Esta experiência me permitiu visualizar o procedimento necessário, do começo ao fim para o uso da tecnologia.

Confesso que teve um efeito totalmente desmistificante (se é que existe esta palavra). O que parecia ser algo muito complexo, indicado para cientistas ou pessoas muito iniciadas. Mas não é nada disso. Um usuário doméstico, bem como o engenheiro, o projetista, artista... quem quer que seja pode usar a mesma tecnologia adaptada ao grau de complexidade de sua necessidade usando o software certo para cada caso!! Missão cumprida!!

Neste link pode ser visto o vídeo que mostra a impressora 3D em ação produzindo a chave inglesa que falei no começo do texto.

sábado, 26 de julho de 2014

Sistema inédito em carro pode salvar sua vida, mesmo inconsciente

Quebrando um velho paradigma a Ford traz para o Brasil uma importante inovação tecnológica ligada à segurança. Geralmente a indústria traz seus recursos mais avançados para as versões mais sofisticadas de seus produtos. Sejam eles eletroeletrônicos, automóveis, etc. O novo KA+, que é o veículo de entrada da Ford, a ser lançado no começo de agosto próximo (2014) será o agente da ruptura dessa prática de mercado.

Trata-se de um sistema de emergência que em caso de colisão do veículo uma chamada telefônica é feita para o serviço 192 (SAMU) e dispara o processo de auxílio para o motorista e seus ocupantes. Baseia-se na premissa da imensa disseminação dos smartphones, ainda mais entre os condutores de veículos. O novo KA+ tem como item de série conectividade Blutooth (sistema SYNC - parceria com a Microsoft) em todas suas 3 versões. O referido sistema de segurança é opcional no modelo mais simples, mas de série nos outros dois.
   

Sabendo que 75% dos usuários que usam smartphone acreditam ser importante poder conectar seu aparelho ao automóvel, seja para ouvir suas músicas ou falar ao telefone pelo sistema de som do carro o novo sistema de segurança da Ford entra em ação. Sensores estrategicamente desenvolvidos e instalados detectam se na colisão os air-bags foram deflagrados (colisões predominantemente na parte dianteira do carro) ou se o sistema de corte de combustível foi acionado (colisões que não sejam exclusivamente na parte dianteira).

Tendo o usuário emparelhado seu smartphone com o KA+, na situação de colisão descrita acima o sistema avisa que efetuará a ligação de emergência. Caso o condutor ou seus ocupantes não julgarem necessário o processo pode ser interrompido facilmente. Se não for interrompido o KA+ obtém de um sistema de GPS (mais preciso e independente do smartphone) as coordenadas exatas, liga para o 192 (SAMU) e uma gravação informa ao atendente:

 Um veículo Ford esteve envolvido em um acidente, seus ocupantes precisam de socorro. O veículo se encontra nas coordenadas X de latitude e Y de longitude.” (a mensagem é repetida ).


Em seguida o canal de voz da ligação permanece aberto para que os ocupantes ainda possam interagir com o socorrista por meio do viva voz do veículo, passar mais informações, etc.

Uma demonstração deste procedimento pode ser visto neste vídeo fornecido pela Ford.



Alguns modelos da Ford já têm este sistema no exterior e que agora chega no Brasil pelo novato KA+. Aliás, que só tem o nome do KA antigo, pois trata-se de um veículo totalmente novo. Segundo a Ford este novo sistema de segurança chegará no Brasil também para os outros modelos vendidos aqui no país seguindo um cronograma de lançamentos a ser divulgado pela Ford.

Não há como o condutor do KA+ ou algum de seus ocupantes disparar uma falsa ligação uma vez que o sistema é automatizado, acionado apenas pela colisão ou acidente. A chamada é realizada mesmo se o ocupante estiver inconsciente. Não existe taxa por este serviço que está disponível ao longo de toda a vida útil do carro. E em nada prejudica o funcionamento do sistema Sync ou do uso do celular.

Muitos testes e simulações já foram realizados com a presença do SAMU, bem como treinamento dos operadores quer presenciais ou online.

Existe um importante e interessante depoimento de um usuário que teve sua vida salva por este sistema que pode ser acompanhado neste vídeo.




Minha avaliação do sistema

Como todo sistema ele não tem como obter taxa de sucesso de 100%. O próprio air-bag, que costuma salvar inúmeras vidas, mas se por um acaso o ângulo da colisão ou sua intensidade estiverem fora de algumas especificações ele pode não abrir ou abrir de uma forma que não proteja completamente seu ocupante. Mas mesmo assim o air-bag é um recurso tão valioso para mitigar lesões e mesmo mortes que no mundo todo é largamente usado e hoje em dia obrigatório no Brasil e em muitos países.

O Ford Assistência de Emergência pode ser analisado da mesma forma que o sistema de air-bag. Se o smartphone não estiver ligado ou pareado com o veículo, ou se não existir sinal de operadora alguma naquele local, claro que não acontecerá a chamada de socorro automática.

Lembro que para realizar chamadas de emergência como 192 (SAMU) nem precisa existir sinal da operadora contratada pelo motorista (VIVO, TIM, CLARO, OI, etc.) porque chamadas de emergência são feitas por qualquer operadora por qualquer aparelho.

Eu vejo este sistema como uma forma de aumentar bastante a chance de conseguir obter socorro em uma situação de real emergência e por conseguinte, salvar a vida de muitas pessoas. É muito comum o telefone do motorista ficar no console do carro ou preso em um suporte fixado no vidro. No caso de uma colisão ou capotamento o telefone pode ir parar sabe-se lá onde. Até o motorista achá-lo e pedir ajuda por si mesmo (isso se ele estiver consciente)... Nas duas versões superiores do carro o recurso já está incluído e não tem custo recorrente (mensalidade).

Assim penso que toda inovação que de alguma forma visa proteger a integridade dos ocupantes do veículo é extremamente bem vinda. E por mais surpreendente que seja, chegando ao Brasil por meio do veículo mais simples da Ford, o novo KA+. Simples não quer dizer despojado, nem sem avanços tecnológicos. Espero que a Ford estenda rapidamente esta novidade para toda a sua linha, bem como, quem sabe, pode estimular fabricantes concorrentes a desenvolver soluções parecidas. 

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Força emoção e tecnologia – test-drive do Troller T4

Quem disse que tecnologia, robustez e força não se misturam nos automóveis? Eu não pensava assim. Mas tenho bons e saudosos motivos. Que meus filhos adolescentes, ávidos por tomar um volante nas mãos não leiam este meu relato (não permito que eles pensem em dirigir até terem a idade correta). Minha saudosa mãe me introduziu ao mundo dos automóveis de uma forma singular. Minha família tinha uma fazenda no interior de São Paulo. Eu com 10 ou 11 anos de idade fui levado para o meio de um pasto nesta fazenda (sem animais) e tomei assento em um antigo Jeep Willys CJ-3B (foto abaixo), aquele cujo projeto era oriundo dos campos de batalha da 2ª guerra mundial. Assim aprendi a dirigir. Até meus 18 anos o Jeep Willys, depois trocado por um modelo mais novo já da fase Ford (que adquiriu a Willys no final dos anos 60), foi o único carro que dirigi. Predominantemente no pasto onde não havia local para colidir e posteriormente em estreitas e arenosas estradas. E já perto dos 18 anos explorava os cantos mais inóspitos da fazenda andando em riachos, lagos, pirambeiras, lamaçais... Que lembranças!


figura 01 – o velho Jeep Willys que me ensinou a dirigir

Não foi pouco tempo que desfrutei desse carro (quase 8 anos) e por isso mesmo tornou-se uma excelente escola, talvez a melhor que eu poderia ter. Tempos depois o primeiro fusca dirigido por mim parecia um carro de alto luxo, de extrema maciez e conforto tal a diferença existente em relação ao heroico Jeep desprovido de bancos confortáveis, com capota de lona, marcha extremamente dura, posição de dirigir parecida com um caminhão. Até o limpador de para-brisas do passageiro era manual (acionado por uma pequena alavanca). O próprio fusca também é um carro da época da 2ª guerra mundial e mesmo assim era muito diferente. Mas era um carro e não um “fora de estrada”. O Jeep era um carro rústico e de grande valor para o contexto da fazenda. Eu o vi desatolar carros presos, puxar arado, carreta carregada de milho ou cana por muitas vezes.

Esta foi minha escola de “fora de estrada”. Estas eram as minhas referências. Mas quis o destino que eu nunca mais chegasse perto de um veículo “valente” e muito menos andasse em terrenos difíceis e complicados. Por isso quando a Ford me convidou para conhecer a fábrica do Troller T4 e experimentá-lo nas estradas e areias do Ceará, meu lado aventureiro, há muito adormecido ficou bastante estimulado.

O novo Troller T4

Caso você leitor não saiba (eu não sabia até pouco tempo atrás) a Ford adquiriu a fábrica do Troller em 2007, um veículo fora de estrada genuinamente nacional. Fabricado originalmente usando processos próprios (semi artesanais) e alguns componentes de terceiros, agora em 2014 foi totalmente remodelado. Em uma renovada e ampliada fábrica localizada em Horizonte, uma cidade próxima de Fortaleza no estado do Ceará, o novo veículo tomou forma. Mas a Troller teve o grande cuidado (e sabedoria) em reprojetar o carro com toda a identidade visual do Troller, conhecido pelo mercado desde meados dos anos 90. Mas mais do que isso, o novo Troller respeita o conceito criado por seu fundador, um carro forte, robusto, capaz de enfrentar caminhos impensáveis, mas com estilo, conforto e proporcionando a seu dono desfrutar do fora de estrada, em companhia de seus colegas que também curtem muito este estilo de vida, urbano durante a semana e radical no final de semana ou férias.

 
figura 02 – Troller T4

O leitor pode pensar que comecei o texto do jeito errado falando do heroico Jeep da fazenda. Até porque quem é “trollero” não se considera “jipeiro”. São tribos, estilos e conceitos diferentes. É verdade. Mas a comparação para mim é importante porque o Troller T4 tem a capacidade de fora de estrada que o velho Willys tinha, porém com muito estilo, sofisticação, conforto e tecnologia.

Não vou explorar em detalhes as especificações do Troller T4 que são facilmente encontradas no link que acabo de inserir neste texto. Mas alguns detalhes merecem destaque:
  • Motor diesel 3.2l de 200 CV e
  • Torque de 470 Nm disponíveis a 1700 rpm
  • Consumo urbano 9,8 Km/l Estrada 12,3 Km/l
  • Transmissão de 6 velocidades
  • Baixo nível de ruído
  • Tração eletrônica: 4x2 traseira, 4x4 e 4x4 low - acionamento por um botão no console central
  • Diferencial autoblocante que transfere o torque para a roda com maior aderência que compensa variações do piso
  • Chassi com projeto de estrutura reforçada, estrutura metálica tubular
  • Dimensionado para trilhas e ruas
  • Freios a disco nas 4 rodas com ABS e EBD
  • Ângulo de entrada 51º e ângulo de saída 51º(+14)
  • Aclive máximo 45º
  • Capacidade de imersão de 80 cm

 
figura 03 – Troller T4 – chassis tubular reforçado

As características acima são mais relacionadas ao uso fora de estrada. Porém um conjunto de amenidades, tecnologias e confortos estão presentes neste carro:
  • Ar condicionado “dual zone” (controles separados para motorista e passageiro)
  • Computador de bordo com 8 funções
  • Vidros e espelhos elétricos
  • Direção hidráulica
  • Sistema de som com USB, Bluetooth e 4 falantes
  • Console central com porta objetos
  • Lanternas em Led, aerofólio e brake light
  • Teto solar panorâmico duplo


 
figura 04 – Troller T4 – interior moderno e avançado
 
figura 05 – Linha de montagem do Troller T4


O “trollero”

É normalmente alguém que tem no Troller o terceiro carro da casa. Utiliza-o para se descontrair no tempo livre e se confraternizar com outros “trolleros”. Estão disponíveis na rede revendas (exclusiva da Troller) mais de 130 acessórios para customização e personalização do carro. Desde protetores para diversas partes do inferior do carro, guincho, para choques off-road, câmera de ré, bagageiro de teto, capa de estepe, calha de chuva, bagageiro, capacete, cintas para desatolamento, estribo de metal, pneus lameiros, manilha, quebra mato... Só para citar alguns.


figura 06 – detalhe da suspensão e protetor inferior (amarelo)

 
figura 07 – Troller T4 com guincho instalado

O “trollero” curte o seu carro, estar com amigos, aprimorar seu carro passo a passo, como se fosse um grande LEGO para adultos. Alguns até participam de rally (Copa Troller). Por isso tudo não espere encontrar um Troller puxando arado ou carregando uma carreta com sementes e fertilizantes como o velho Jeep. Também por isso o “trollero” se diferencia do “jipeiro” e não gosta de ser confundido com eles. Outro fator é o preço do carro. Nessa nova versão, remodelada e reprojetada (motor, estrutura, suspensão, interior, dimensões, conforto, acessórios, tecnologia) o preço do carro é de R$ 110.990,00.

O test-drive (urbano e rodoviário)

O percurso de aproximadamente 100 Km foi bastante variado. Estrada, cidade e trilha. Embora a vocação natural do Troller seja andar por terrenos acidentados ele foi construído de forma a ter um comportamento muito dócil no asfalto. Ao assumir o volante não tive no início a sensação de que estava em um carro capaz de vencer rampas íngremes andar em todo tipo de terreno, como minha história de “jipeiro” me fazia lembrar. Os confortos a bordo não passam despercebidos. Computador de bordo, ar condicionado dual zone, vidros elétricos, direção assistida... Em nada lembra o velho jipe que me fora tão íntimo nos meus primeiros dias dirigindo automóveis. É sem dúvida um carro que tem dupla personalidade. E ambas são fortes e propícias para respectivas emoções. 

 
figura 08 – início do test-drive – caravana formada

Seu câmbio de 6 marchas permite uma condução muito tranquila nas estradas e ruas da cidade.  Por falta de hábito tive alguma dificuldade em achar algumas marchas, principalmente a 6ª e a ré. Mas não é um grau de imprecisão que comprometa.

Ao acelerá-lo nas estradas, por saber que se tratava de um belo motor diesel, com alto torque em baixas rotações e que eu “cavalgava” 200 cavalos, imaginei que a reposta do motor fosse um pouco mais vigorosa. Ele de fato acelera muito bem, mas não posso deixar de citar que naquele momento o Troller levava perto de 2500 Kg. Eram cerca de 2150 Kg do próprio carro somados a mais 320 Kg de 4 adultos (não pequenos).

Sobre o trecho rodoviário e urbano não há muito mais o que falar. O nível de ruído baixo chamou minha atenção, algo que surpreendeu, pois esperava (e até aceitaria um pouco mais pelo tipo de carro). O T4 proporciona ao seu motorista as facilidades e confortos de um carro “comum”, guardando alguma similaridade com os SUVs que existem. Apenas com uma personalidade mais fora de estrada real (já que há muitos carros no mercado que tentam passar uma imagem de fora de estrada apenas no visual).

 
figura 09 – em dos pontos de parada do test-drive

Apenas faço um último comentário sobre este momento urbano/estrada do test-drive. Como éramos 3 (depois 4) pessoas no carro eu ocupei algumas vezes o banco traseiro do Troller. É um espaço pequeno, é fato. Mas até que duas pessoas adultas podem se encontrar razoavelmente confortáveis ali, mesmo que tenham que se acomodar meio de lado. Antes de ocupar este espaço parecia menos adequado do que se revelou. Afinal a proposta de andar fora de estrada não pressupõe fazê-lo com 3 ou 4 ocupantes. Fica a sugestão para que seja melhorado um pouco mais o acesso aos bancos traseiros, apertado e difícil. Eu com 1.77m tive que me espremer para chegar ali e fazer mais de uma tentativa para conseguir entrar. Eu concordo que não tenho um perfil de esguio jogador de tênis (pelo contrário, sobram alguns quilos aqui e ali), mas exigiu alguma força para eu chegar ao banco traseiro.

O test-drive nas trilhas arenosas

O último trecho previsto trazia uma incursão em terreno fora de estrada. Meus companheiros de viagem optaram por permanecer no hotel e por isso fiz sozinho este trecho. Descobri que fazer navegação e dirigir mesmo tempo (ainda mais um carro que neste terreno desperta interessantes emoções) não funciona. Eu me perdi da trilha proposta após 2 ou 3 minutos. Fazer o quê? Segui em frente e explorei por mim mesmo pequenas estradas, trilhas, areia e até duna!! Eu não iria me perder, estava perto do hotel, assim segui meu instinto e bom senso pelo caminho. Claro que com cuidado, pois não iria expor o carro a situações radicais além do que ele foi projetado.

Foi neste momento que senti a verdadeira força do motor. Eu senti que as duas primeiras marchas (as mais curtas) têm uma força extraordinária e forte resposta ao acelerador. Isso em uma estrada de terra recoberta com muita areia trazida pelo vento das dunas próximas.

Os pneus que vêm com o carro são para uso “geral”, ou seja, 50% asfalto e 50% estrada. Mas mesmo assim, com certa dose de cautela eu me aventurei pelas estradas não usuais. Confesso que desafiei o Troller algumas vezes. Sabia que ele seria capaz de transpor trechos com muita areia ou terra, mas de propósito eu parei o carro em pontos que com certeza um carro “comum” não sairia de lá, ficaria atolado. Começavam aí meus momentos de pura provocação e emoção.

E nesta hora aconteceu o que eu estava esperando, fiquei atolado no areal. A grande força aplicada nas rodas traseiras não me movia um centímetro sequer para a frente. Nessa hora sabia o que fazer. Girei o controle que fica ao lado da alavanca de marchas e coloquei na posição 4x4. Tentei novamente. Nem parecia que tinha areia ali, saí de forma imediata de minha armadilha branca e fina. Não apenas a tração das 4 rodas foi importante nessa hora. O  modo 4x4 do T4 tem um sistema inteligente de distribuição de torque privilegiando as rodas que têm melhor ou alguma aderência.


figura 10 – chave de seleção da tração 4x2, 4x4 e 4x4 reduzida

Dei meia volta, invadindo uma relva (parecia um pasto, mas não era) e retornei para o mesmo lugar. De novo no modo 4x2 certifiquei-me que estava de novo aprisionado em meu proposital cativeiro. Mas dessa vez testei o modo 4x4 low, ou seja, o 4x4 com redução ainda maior na caixa de câmbio elevando ainda mais a força motriz. Por ser a primeira vez que usei este modo eu levei um susto. Foi como um coice de mula nas costas tal a força e desenvoltura que percebi para sair da imobilidade na areia. Aprendi que o modo 4x4 low exige delicadeza e sutileza na embreagem. Lição assimilada!

Após explorar esta estrada sinuosa e delicada por mais algum tempo eu me atrevi a me aproximar de algumas dunas que havia ali. Eu vira outro Troller se dirigindo para lá. Isso me deixou mais animado e seguro. Não poderia ser muito atrevido nas dunas. Andar neste terreno extremo exige pneus de tipo mais apropriado. Mas mesmo sem este pneu os entendidos do assunto o fazem com “pneu baixo”, ou seja, retirando boa parte da pressão dos pneus deixando-os mais adaptáveis ao terreno.

Comecei com 4x2, ao perceber que iria atolar mudei para 4x4 (o Troller permite que 4x4 seja ligado mesmo em movimente até 120 Km/h). A sensação foi maravilhosa! Como descrever? O que mais se aproxima é “eu estou no controle e nada vai me deter”. Isso chega perto do que eu senti. Parar na duna era o convite para usar 4x4 reduzida, dessa vez muito mais dócil e sutil na embreagem... Neste meio tempo o outro Troller se aventurou muito para cima e ficou (aparentemente) definitivamente preso em uma rampa de grande inclinação de areia. Parei o carro, pensei em ajudá-lo de alguma forma. Não foi necessário. Se o 4x4 low não conseguiu movê-lo para a frente naquele areal todo, seu condutor, esperto e experiente que era, engatou marcha a ré com reduzida e escapou da areia. A foto abaixo mostra este momento logo após sua libertação.


figura 11 – nas dunas , ao fundo o outro Troller recém desatolado via marcha a ré reduzida (veja marca na areia)

E por mais alguns minutos eu me diverti, mesmo sem ser “trollero”, sentindo aquela emoção forte de conduzir um carro por terrenos pouco comuns. É uma experiência única na qual a emoção vem não da velocidade e sim da sutil condução, que exige técnica e delicadeza por locais que poucas pessoas passariam. Mais alguns minutos estava estacionando o carro no pátio do hotel e encerrando minha experiência.

Conclusão

O novo Troller é um veículo de nicho evidentemente. Tem um público fiel com 48% de seus compradores já possuidores de modelo anterior do carro. Tem capacidade e conforto para uso urbano por conta da tecnologia embarcada, itens de conforto e sofisticação. Mas o que seu dono quer mesmo é desafiar-se por caminhos, trilhas, lamaçais, dunas, areia, lama, riachos... Quer também desfrutar do prazer da companhia de pessoas de mesmos gostos, comparar seu carro com o de amigos, acrescentar pouco a pouco itens e acessórios que o permita ir cada vez mais longe com seu Troller.

Não é um carro barato. Tem preço similar ao de um Ford Fusion. Mas qualquer comparação com carros que não sejam off-road não faz sentido algum. São proposta diferentes, objetivos diferentes e principalmente emoções diferentes. A reformulação da fábrica e processos produtivos melhorou a capacidade de produzi-lo em maior escala, mas principalmente com maior uniformidade e controle de qualidade.

De minha própria experiência ressalto como pontos de possível melhoria algum avanço na precisão do câmbio (embora já melhor que a versão anterior) e melhor acesso ao banco traseiro. Em algum momento foi questionada a falta de air-bag, não obrigatório neste tipo de veículo utilitário fora de estrada. Eu entendo que a questão da legislação norteou essa decisão. Mas também penso no perigo de um air-bag ser inflado sem necessidade em algum impacto seco e brusco no uso off-road. Não seria boa ideia. Assim como última sugestão, se possível, provê-lo de um sistema de proteção tipo air-bag, porém calibrado para uso off-road. Será possível?

Por fim trago comigo dessa experiência a forte emoção e sensação de “estar sempre no controle” e vivenciar fortes emoções mesmo entre 5 Km/h e 10 Km/h ao buscar o caminho certo, a aderência certa, a tração certa... São sensações que remetem minhas lembranças aos pastos e riachos da fazenda que foi da família décadas atrás, de meu aprendizado de direção em terrenos acidentados, mas que nos dias de hoje podem ser desfrutados em um Troller com segurança e grande conforto.


figura 12 – na praia, outro habitat comum do T4

figura 13 – nas dunas



figura 14 – pose e sorriso de “trollero”, tive meu dia!!

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Entrevista Kingston – o que são memórias proprietárias?

Quando eu ouvi pela primeira vez o termo “memória proprietária” confesso que não entendi direito e fiquei um pouco desconfiado. Afinal memória é memória. É tudo igual, certo? Errado. Tive a oportunidade de conversar com Gerardo Rocha, diretor executivo da Kingston do Brasil, da qual também participaram sua equipe de marketing e também vendas para o segmento corporativo. Nessa conversa transcrita abaixo aprendi muito sobre o assunto e entendi o valor, aplicação e vantagens das memórias proprietárias.


Xandó: Gerardo é um prazer voltar a conversar com você! Queria iniciar pedindo para que você conceituasse para que todos entendam, o que é uma memória proprietária e como ela difere dos outros tipos de memória? É importante homogeneizar este conceito.

Gerardo: Sem dúvida. A Kingston tem vários tipos de produtos dependendo do tipo de utilização. Temos a memória KVR (Kingston Value RAM) que são usadas nos computadores “White box”, ou seja, aqueles montados pelas próprias pessoas e temos outro tipo de memória que são feitas especificamente para os computadores de marca. Por exemplo, se você tem um computador HP a Kingston projeta uma memória especialmente para este computador.

Xandó: Existem que cuidados a mais neste tipo de memória proprietária? Como ela é diferente?

Gerardo: Elas são testadas não apenas com o hardware específico como com o software também associado. Se é memória para um servidor e este servidor será usado com Windows ou Linux, é dessa forma que os testes e controle de qualidade são feitos. Se é um servidor da base de dados, também dessa forma será feito o teste, em todos os níveis.

Xandó: Mas então deve existir uma variedade muito grande de modelos. Como o usuário pode saber qual a memória correta para cada caso?

Gerardo: No próprio site da Kingston existe uma ferramenta muito útil chamada “Configurador de memória” que baseada na marca e modelo de computador vai indicar o modelo certo, exato para aquela situação. Seja qual for a marca a Kingston tem um modelo fabricado especialmente para aquele caso.

Xandó: A Kingston ao fabricar estas memórias para certo fabricante, existe alguma característica ou funcionalidade, algo especial que vise atender alguma necessidade dele?

Gerardo: A memória proprietária tem um chip chamado SPD. Neste local são gravadas informações sobre o computador no qual ela será instalada. Por isso que ela é reconhecida pelo computador que a identifica como específica para ele. Em um caso mais avançado como de um servidor a memória trabalha em conjunto com um software de gerenciamento, análise e diagnóstico. Assim o sistema acompanha como está a saúde desta memória, se ela apresenta um nível de falhas, se está dentro das especificações para correto funcionamento do sistema (se algo não está 100% será emitido um alerta para a troca daquele módulo). Fabricantes de servidores também oferecem memórias com estas características, como a dos nossos produtos.


Xandó: Nestes casos de servidor, que é um cenário crítico, como funciona a política de trocas e garantia do produto?

Gerardo: Isso é muito interessante e importante. Toda memória fabricada pela Kingston tem garantia “para a vida toda” (lifetime warranty). Os nossos processos de fabricação, bastante sofisticados, nos permite oferecer esta garantia vitalícia.

Xandó: Você citou o exemplo de memórias para servidores. O mercado sabe que são distintas até porque são memórias que trabalham com um chip a mais para paridade, chamada de ECC (Error Checking and Correction). Mas o que o usuário comum tem mais dificuldade de entender é o real valor da memória proprietária para equipamentos do dia a dia, sejam eles Apple, HP, Lenovo, etc.

Gerardo: Isso é muito importante. A tecnologia vai mudando. Cada dia os fabricantes de chips vão aumentando a densidade colocando cada vez maior capacidade no mesmo módulo de memória. O que vai acontecer se você usar uma memória KVR em um computador de marca? Possivelmente funcionará, mas eventualmente não. A KVR é uma memória genérica e que tem certa velocidade, capacidade e densidade dos chips. Mas aquele computador de marca pode ter sua placa mãe que exija velocidade e densidade específica. E como disse, estes cenários de uso são testados intensamente pela Kingston com cada computador e sua memória proprietária. Se a tecnologia muda, por exemplo, aumentado a densidade, nós não vamos aumentar a densidade na memória daquele modelo específico, pois sabemos que poderá não funcionar. Temos um cuidado bastante especial para garantir sempre a compatibilidade.

Xandó: Certo computador pode ter 16 GB de memória usando 4 módulos de 4 GB ou dois de 8 GB, mas nem todo computador aceitará os módulos de 8 GB. É isso, certo?

Gerardo: Sim, mas além disso o chip de 8 GB pode ter sido fabricado de diferentes maneiras, com diferentes velocidades e especificações. Mesmo em um módulo de 4 GB se foram usados chips de maior densidade (menor quantidade e chips por módulo – 4 de 1 GB e não 8 de 512 MB) este pode não ser compatível com aquele computador. Por isso as memórias proprietárias são 100% aderentes às especificações e necessidades do fabricante.

Xandó: Isso exige grande controle sobre os processos de fabricação e imensa gama de variedades, certo?

Gerardo: A Kingston tem também forte controle de qualidade e materiais usados porque a memória fabricada tem que ser exatamente sempre igual para garantir a compatibilidade com cada marca e modelo, comprada hoje ou daqui a muito tempo.

Xandó: Vou dar um rápido depoimento. Eu comprei tempos atrás um MAC Mini que veio com 4 GB de RAM. Eu o usei por ano e meio com índice de falhas zero! Um belo dia eu comprei dois módulos de memória novos e venho usando-o desde então. Comprei memórias KVR. Está funcionando, mas ao longo de mais um ano tive quatro ou cinco situações de pane (travamento ou reboot). Pelo que estou entendendo pode ser que com a memória específica para MAC eu teria um sistema tão estável quanto antes.

Gerardo: O cliente de MAC tem grande aceitação pela memória específica, pois ele entende que são produzidas especialmente para aquele modelo de MAC possuído por ele. É a recomendação do fabricante e a nossa usa a memória exata para aquele modelo, não apenas a marca.

Xandó: Agora está claro para mim o benefício e os motivos. Mas quanto a mais pode custar uma memória proprietária?

Gerardo: Pode variar, mas algo entre 5% e 10% é uma média. Mas esta é a comparação com o preço da memória KVR. Nossa memória proprietária é sensivelmente mais barata que a memória proprietária vendida pelo próprio fabricante. Isso é uma diferença muito importante. E no caso de memórias de servidor a diferença do preço cobrado pelo fabricante e a nossa memória proprietária é ainda maior. Às vezes nossa opção é entre 30% a 50% mais barata.

Xandó: Mas posso ficar seguro que o comportamento e desempenho das memórias proprietárias da Kingston serão iguais às memórias dos próprios fabricantes, tanto para computadores pessoais como para servidores?

Gerardo: Vejamos da seguinte forma. A Kingston é líder mundial do segmento de memórias. Temos cerca de 47% mercado. O segundo maior fabricante tem 7% do mercado. Somando os 9 fabricantes abaixo de nós ainda não chega no nosso percentual de participação. E preciso dizer que a maior parte desse nosso mercado são os próprios fabricantes! Todos eles usam nossas memórias, não apenas as nossas, mas as nossas em grande volume porque eles confiam muito nos nossos produtos. Os 10 maiores fabricantes de computadores do mundo, todos eles são nossos clientes.

Xandó: Isso quer dizer que uma memória que vem embarcada em um servidor, desktop, notebook de marca e a memória que o próprio fabricante vende para troca ou expansão destes equipamentos é da Kingston.

Gerardo: Alguns deles falam abertamente que a memória embarcada é da Kingston. Alguns vendem em seus próprios sites a nossa memória e alguns deles têm nossos produtos sem a identificação, mas são de nossa fabricação. Muito provavelmente nos computadores que você usa, todos ou boa parte deles usa as nossas memórias, identificadas ou não.

Xandó: E aqui no Brasil, como é a receptividade do mercado? As pessoas já estão cientes destas diferenças, já existe boa aceitação para este tipo de produto?

Gerardo: Nós temos aqui alguns produtos que no varejo são identificados nas embalagens, por exemplo, Apple, Lenovo, Toshiba, Acer, HP... Uma parcelas dos consumidores já percebe a diferença. Mas nós estamos trabalhando no mercado, junto às revendas para que elas também trabalhem com as memórias proprietárias. Normalmente uma revenda trabalha mais a memória KVR porque ela entende que esta serve para todos os casos. Por isso estamos fazendo um trabalho de conscientização baseado em treinamento e certificação para que estes canais conhecendo os benefícios possam também oferecer os modelos proprietários.  Algumas grandes empresas multinacionais já têm de sua matriz a orientação para expandir ou substituir memórias usando os nossos modelos específicos.

Xandó: Às vezes saber com precisão o tipo certo, a quantidade de memória para um equipamento é problema. Recentemente quis expandir a memória de um Ultrabook Vaio que tenho e no próprio site do fabricante falava que aquele modelo teria apenas um módulo de memória. Comprei uma peça nova de 8 GB para substituir a de 4 GB existente. Quando abri o computador descobri que havia dois slots. Acabei ficando com 12 GB que foi ótimo, mas gastei mais pelo de 8 GB e teria sido melhor ter duas memórias de mesma capacidade, certo?

Gerardo: Exato. E para isso mesmo nos temos em nosso site http://www.kingston.com.br uma ferramenta chamada CONFIGURADORDE MEMÓRIA. Temos um banco de dados muito completo. O usuário pesquisa pelo fabricante, tipo, modelo por meio de caixas de seleção que vão sendo montadas. Por exemplo, ao escolher marca LENOVO e em seguida notebook a próxima caixa de seleção conterá todos os modelos de notebook para escolha. Em seguida serão apresentadas todas as informações: quantos módulo de memória o sistema aceita, quanto de memória vem pré-instalada (se em apenas um ou mais módulos), o máximo de memória possível para aquele produto e por fim os modelos de memória Kingston que são compatíveis , tanto as memórias proprietárias (quando disponíveis) como as gerais do tipo KVR.



Xandó: Isso é um serviço extremamente importante e útil para o consumidor!! Que fantástico! Isso também vale para servidores? Tanto servidores novos como mais antigos? É razoavelmente comum procurar com o fabricante a memória para expandir um servidor com mais de 3 ou 4 anos e ele não ter a memória para venda e mandarem procurar no mercado.

Gerardo: Como o nosso business é somente memória, além de nosso configurador ter as informações e especificações para memórias de qualquer servidor, seja ele modelo novo ou de muitos anos atrás, temos as memórias mais antigas.  Nós mantemos estoque dessas memórias por muito mais tempo que os próprios fabricante que muitas vezes vem nos procurara para resolver o problema de algum cliente deles.

Xandó: Uma vez localizada a memória correta para determinado modelo, como o cliente pode adquiri-la?

Gerardo: A tela do configurador tem link imediato para a função “comprar”. Esta compra pode ser feita em um parceiro. Mas também indicamos, especialmente no caso de memórias proprietárias o site http://www.kingstonstore.com.br no qual o cliente pode achar tanto as memórias dedicadas a determinado modelo como as mais antigas. Na eventualidade de nós não termos disponível na loja aquela memória desejada nosso suporte pode ser acionado para buscá-la, seja no Brasil ou lá fora, aquele produto que atenderá às necessidades do cliente. Existe link para a LOJA no CONFIGURADOR bem como existe link para o CONFIGURADOR na LOJA, pois o cliente que foi direto em busca do produto pode não ter certeza e assim pode descobrir o modelo certo.
 


Xandó: Tenho uma curiosidade. Eu mesmo me atrevi a trocar a memória do meu Ultrabook da mesma forma que já fiz com PC de mesa ou mesmo servidores. Como fica a garantia do equipamento nestas situações? Corro algum risco, perco a garantia?

Gerardo: Existe um mito, uma pressão por parte dos fabricantes que induzem consumidores a pensar que abrir seu produto para alterar a memória o faz perder a garantia. Isso não é correto e o termo de uso e garantia diz exatamente o contrário. Mas existe uma diferença importante a citar. Memória trocada no equipamento o fabricante obviamente não mais será responsável por este componente. Porém o consumidor ganha algo muito importante. Como nossos memórias têm garantia “lifetime”, a memória trocada deixa de ter a garantia de um, dois ou três anos do fabricante inerente ao produto e passa a ser garantida por toda vida.

Xandó: Gerardo eu agradeço muito a oportunidade dessa nova conversa e pelas tantas informações que pode me passar e por conseguinte para meus leitores. Obrigado.


sexta-feira, 4 de julho de 2014

Mantendo energia em alta e sempre disponível – UPS TS SHARA 1500

A fabricante TS SHARA disponibilizou para avaliação em de seus UPSs, o modelo Professional1500 2BS full-range o qual passou algumas semanas comigo. Foi um teste de uso real. Tenho em meu escritório uma estrutura já protegida por outro UPS. Sendo assim ficou mais simples apurar as características do TS SHARA sendo aplicado em caso de uso real.
 Figura 01 – TS SHARA Professional 1500 2BS full-range

Uma curiosidade, apenas aqui no Brasil os equipamentos para prover energia em caso de pico de luz ou indisponibilidade são chamados de “no-break”. Esta categoria de produto é mundialmente conhecida como UPS, ou seja, “Uninterruptible Power Supply” (fonte de energia sem interrupção). Aliás esta designação faz mais sentido frente ao objetivo deste tipo de dispositivo, manter a energia sem interrupção em caso de sua falta. Certa vez há muitos anos eu tive curiosidade de saber quais tipos de “no-break” existiam no exterior e por mais que eu procurasse por este nome não conseguia achar. Até que percebi este detalhe da nomenclatura. Mas isso já outra história.

 
Figura 02 – TS SHARA Professional 1500 2BS full-range visão traseira mostrando suas 8 tomadas

Há muitas características que compõem e diferenciam um UPS. Porém a mais importante delas é sua função nativa de manter vários equipamentos em funcionamento na situação de pico de energia ou mesmo no caso de sua interrupção. Isso é óbvio, porém há alguns UPSs de menor qualidade que, por exemplo, têm ciclos de entrada em funcionamento mais lentos que inviabiliza seu uso para determinadas aplicações. Mais adiante vou abordar mais este aspecto. Neste momento vamos aos resultados práticos mais tangíveis do teste que é a autonomia conseguida com este UPS. Durante a avaliação o TS SHARA 1500 esteve submetido à demanda dos seguintes equipamentos:
  • Switch de 24 portas 10/100/1000 Mbps marca Netgear
  • Roteador Dual Wan Cisco Linksys RV042
  • Modem de Internet da operadora NET ARRIS TG862
  • Modem de Internet da operadora VIVO DLINK DSL-500B
  • Roteador WiFi Dual Band Netgear WNDR3700
  • Monitor LCD Samsung SyncMaster 226BW (nem sempre ligado)
  • Servidor de virtualização rodando VMware ESXi 5.1, Core i7 2600K (3.4 Ghz)
  • Firewall virtual Endian rodando em uma máquina virtual (host acima)
  • Servidor de mídia (Windows 7) rodando em uma máquina virtual (host acima)

 
Figura 03 – principais dispositivos protegidos pelo TS SHARA Professional 1500 2BS full-range

Este conjunto de dispositivos é típico em um escritório de porte pequeno ou médio, situação adequado ao modelo de uso deste UPS. Todos estes aparelhos consomem em operação normal entre 150W e 170W. Isto foi medido de forma objetiva com acessório chamado Kill-A-Watt, que em tempo real mostra entre outras informações o consumo, voltagem, amperagem, etc.


figura 04 – medidor Kill-A-Watt usado no teste para apurar o gasto de energia

Ter esta informação é muito importante uma vez que o tempo de autonomia de um UPS é inversamente proporcional à carga (consumo de energia) que ele é submetido. Uma confusão comum no mercado é fazer certas falsas inferências. O TS SHARA testado tem o número 1500 em seu nome porque é a capacidade máxima recomendada, ou seja 1500 VA (volt ampere). Por conta deste fato algumas pessoas pensam que ele suporta até 1500 Watts de carga, o que não é verdade. Sem entrar em detalhes muito técnicos um UPS bem dimensionado não pode trabalhar no limite de sua capacidade para não haver risco de sobrecarga e também para que ele possa entregar autonomia que seja minimamente útil. De nada adiantaria um UPS oferece alguns segundos de proteção apenas.

Este modelo, segundo as especificações do fabricante entrega 60 minutos de autonomia quando submetido a uma carga de 80 Watts (um PC, um monitor LCD de 15” e uma impressora jato de tinta). Meu ambiente de testes por ser um pouco mais complexo exigia entre 145W e 170W.

Importante destacar que normalmente dispositivos como switches, roteadores, modems de Internet têm consumo baixo, entre 10W e 25W. E são extremamente importantes permanecerem funcionado para manter a operação normal durante uma falta de luz. O PC usado usa um processador bastante rápido, mas que conserva energia em regime de baixa demanda. Por isso nos testes apareceram variações na autonomia fruto da atividade sendo realizada em cada uma das máquinas virtuais, uso de Internet, rede, etc.


Figura 05 – autonomia em diversas situações

O gráfico acima mostra várias situações dentro de um regime de uso normal, alternando maior ou menor demanda. No pior caso obtive 25 minutos de autonomia e no melhor caso 37 minutos (em média 32 minutos). Levando em conta o dado do fabricante (60 minutos com 80W de carga) os números são equivalentes, explicada a diferença pelo regime de uso (80W contra 145-170W).

Mas havia uma surpresa reservada para a segunda parte do teste. A TS SHARA também forneceu o módulo adicional de baterias que complementa este modelo. Trata-se de um habitáculo para duas baterias automotivas de 12V e 45aH e que tem aparência semelhante ao UPS. Eles são agregados por meio de um conector (mostrado na figura 06). Simples assim, com aparelhos desligados faz-se a conexão e após ligá-lo esperar algo entre 12 a 14 horas para o conjunto obter máxima carga e estar pronto para prover máxima autonomia em caso de falta de energia.


Figura 06 – Módulo de expansão de baterias

Evidentemente tive minha curiosidade aguçada e por isso também testei algumas situações de  falta de energia para saber quanto mais teria de autonomia neste cenário. Lembro que na primeira parte do teste (sem o módulo extra) na média pude ficar 32 minutos sem energia.

 
Figura 07 – autonomia em diversas situações – com módulo extra

Em regime de uso muito semelhante ao do primeiro teste obtive autonomia de 187 minutos no pior caso e 241 minutos no melhor caso, média de 222 minutos. Estes resultados também são compatíveis com a informação do fabricante que informa 8 horas de autonomia sob regime de uso de 80 Watts. No meu caso foram 4 horas aproximadamente, mas com o dobro do consumo.

UPSs mais bem preparados dispõem de capacidade de monitoração e isso é muito importante. O TS SHARA não traz o software “na caixa”, mas ele está disponível para download no site da empresa. Um cabo USB padrão “impressora” (quadrado em uma ponta e chato na outra) é necessário (não incluído) para conectar o PC ao UPS e usar o software PowerNT.

A figura abaixo mostra o painel de informação principal exibindo voltagem de entrada (recebida da tomada), voltagem de saída (alimentando os dispositivos), percentual de carga da bateria, nível de solicitação (em percentagem) e frequência da corrente elétrica.

 
Figura 08 – software PowerNT

Eu senti falta da informação “autonomia estimada”. Questionada a TS SHARA informou que não há como obter com precisão esta informação uma vez que o padrão de consumo é variável e por isso este dado não está presente no software.

Há também como programar uma ação a ser tomada após “x” minutos do UPS entrar em operação, como por exemplo, desligar o computador ou hiberná-lo. No meu caso, sem o módulo de bateria extra, eu programei para hibernar meu PC após 25 minutos.

Outras informações úteis estão disponíveis em forma de gráfico como, por exemplo, a variação da carga ao longo do tempo. O gráfico da figura abaixo mostra bem isso em um período no qual as variações foram pequenas, oscilando entre 11% e 20% (maior parte do tempo perto dos 12%). Acho particularmente útil este gráfico para conhecer o perfil de uso e com isso poder estimar o tempo de autonomia baseado em experiências anteriores.

 
Figura 09 – monitoração da carga em função do tempo

O TS SHARA 1500 apresenta muitas características técnicas importantes que merecem destaque. Segundo o site do fabricante:
  • Line Interactive (Nobreak Interativo com Regulação On-Line);
  • Tensão de entrada FULL RANGE inteligente;
  • Função True RMS;
  • Autoteste na inicialização;
  • Microprocessador CISC/Flash;
  • Forma de onda senoidal por aproximação (PWM) controle de largura e amplitude;
  • Circuito desmagnetizador;
  • 2 baterias internas de 12V / 7Ah;
  • Conector (engate rápido) para expansão de autonomia;
  • Expansão de autonomia;
  • Painel com leds indicativos: rede e inversor;
  • Inversor sincronizado com a rede (sistema PLL);
  • 8 tomadas tripolares de saída padrão 2P+T NBR14136;
  • Proteção contra sobrecarga de potência em rede e bateria com alarme e desligamento automático;
  • Proteção contra sobreaquecimento no inversor e transformador com alarme sonoro e desligamento automático;
  • Proteção contra sub e sobre tensão na rede elétrica;
  • Proteção contra curto-circuito em rede e inversor;
  • Desligamento automático ao final do tempo de autonomia;
  • Proteção para baterias que evita consumo desnecessário das baterias;
  • Proteção contra descarga total das baterias;
  • Aviso para substituição das baterias quando necessário;
  • Recarregador inteligente de baterias: carga mesmo em níveis baixos (inclusive com Nobreak desligado);
  • Inibidor de Alarme sonoro;
  • Comunicação inteligente USB e software de gerenciamento compatível com sistema operacional Windows;
  • Proteção para linha telefônica;
  • Chave liga-desliga embutida e temporizada que evita acionamentos acidentais;
  • Função Blecaute – DC Start (permite ser ligado na ausência de rede elétrica);
  • Estabilizador de 8 estágios de regulação (modelo mono);
  • Estabilizador de 16 estágios de regulação (modelo full-range);
  • Filtro de linha interno;
  • Porta fusível externo com unidade reserva;
  • Correção da tensão de saída, em TRUE-RMS;
  • Alarme intermitente visual e sonoro para queda de rede e final do tempo de autonomia;
  • Autonomia típica de até 1 hora com baterias internas (1 micro, 1 monitor LCD de 15" e 1 impressora a jato de tinta) com 80W de potência total;
  • Autonomia típica de até 8 horas com baterias externas, (1 micro, 1 monitor LCD de 15" e 1 impressora) com 80W de potência total.
Dentre tantos atributos quero relembrar algo muito básico e ao mesmo tempo muito importante. Quando equipamentos são ligados a um UPS com as qualidades deste TS SHARA a energia que alimenta os dispositivos é tratada pelo dispositivo. No software PowerNT pude constatar que a tensão de entrada era de 127 V e a tensão de saída de 112 V. Isso significa que todas as alterações de tensão que possam ocorrer são atenuadas e compensadas pelo UPS proporcionando assim uma corrente regular e estabilizada. Já vi UPSs sendo usados em conjunto com estabilizadores de tensão o que é algo redundante e desnecessário. Também existe a função de filtro de linha.

Outro fator importante é o tempo e resposta, ou seja, a velocidade de comutação entre prover a energia a partir da fonte externa ou a partir das baterias. Alguns trabalham o tempo todo a partir das baterias enquanto outros têm um ciclo (muito curto) de comutação entre “sem energia” para “por bateria”. Mas o que importa para o usuário final é que equipamentos não sintam a transição (e por conseguinte não sejam ressetados/religados na transição). E isso jamais aconteceu durante as dezenas de vezes que simulei falta de energia durante os testes.

Conclusão

O TS SHARA Professional 1500 2BS full-range é um UPS bastante eficaz. Ele cumpre totalmente seu objetivo que é oferecer proteção contra picos de energia (estes que ocorrem com certa frequência interrompendo a força por alguns segundos) bem como interrupções mais prolongadas (entre 25 e 37 minutos nos meus testes).

A possibilidade de contar com módulo de expansão é extremamente útil. A instalação é muito simples, apenas encaixar um conector. Mas o maior valor é principalmente multiplicar por quase 7 vezes a autonomia. Há casos e casos que podem ou não requerer este tipo de uso e expansão. Assim alguém pode obter este UPS sem o módulo de expansão e se descobrir que precisa de mais autonomia basta ampliar o sistema.

Eu senti falta de apenas dois recursos. Por mais impreciso que seja estimar a autonomia restante é um recurso ainda útil. Dessa forma não apenas o usuário pode ter uma ideia de quanto tempo ainda resta de carga (alguns UPSs mostram esta informação em um visor) bem como o software PowerNT poderia ser configurado para desligar o equipamento quando houvesse apenas 5%, 10% ou 15% da carga restando e não um valor fixo definido em minutos como é hoje. Outra falta que senti, principalmente em um UPS de maior capacidade como este é a possibilidade dele ser gerenciado via rede Ethernet (UPS conectado na rede e acessado via navegador como IE, Chrome, etc.). Geralmente UPSs com este tipo de recurso permitem que agentes sejam instalados em diferentes computadores (ou servidores) para que se o UPS chegar no nível crítico de carga mandar um sinal na rede e comandar o desligamento de todos os computadores alimentados por ele. Acredito que a TS SHARA deva ter este recurso em UPSs mais sofisticados.

Consultada, a TS SHARA informou que o preço do produto é : UPS Professional 1500 2Bs /BA Full Range a partir de R$ 670,00, UPS Professional 1500 2Bs/BA mono 115V a partir de  R$ 610,00 e a expansão de autonomia  para baterias Automotivas Externas - opcional:  Rack para 2BA com cabo engate rápido polarizado (sem baterias): R$ 197,00.

Esta linha chamada “
Professional” tem produtos de capacidade entre 1000 VA e 1700 VA. A TS SHARA tem uma ampla linha de produtos que vai filtros de linha, pequenos e simples estabilizadores, UPSs compactos, profissionais de média potência (como este testado) até UPSs de alta potência (entre 10 KVA e 300 KVA!!!). É um fabricante que está consolidado no mercado e seus produtos podem ser encontrados facilmente no varejo (real ou virtual).

 
Figura 10 – TS SHARA Professional 1500 2BS full-range em ação